Siamo Tutti in Pericolo
"(...) - Fala de um pensamento mágico que não apenas procuro mas no qual acredito, e não porque me considere uma espécie de feiticeiro, mas porque sei que batendo sempre no mesmo prego é possível derrubar uma casa.
Aqueles que mudaram a história não foram nem os cortesãos nem os assistentes dos cardeais, mas aqueles que souberam dizer 'não'.
A recusa sempre foi um gesto essencial e, na verdade, para funcionar deve ser grande, absoluto, absurdo.
O bom senso nunca conseguiu parar a 'situação'.
Veja bem, são três os discursos:
-> qual é 'a situação'?
-> Por que razão pará-la ou destruí-la?
-> E de que forma?
Aqueles que mudaram a história não foram nem os cortesãos nem os assistentes dos cardeais, mas aqueles que souberam dizer 'não'.
A recusa sempre foi um gesto essencial e, na verdade, para funcionar deve ser grande, absoluto, absurdo.
O bom senso nunca conseguiu parar a 'situação'.
Veja bem, são três os discursos:
-> qual é 'a situação'?
-> Por que razão pará-la ou destruí-la?
-> E de que forma?
.- Bem, descreva 'a situação'. Tu sabes perfeitamente que a tua escrita e a tua linguagem tem o efeito da luz do sol que atravessa a poeira. Que é uma bela imagem mas é difícil de entender.
- Sim, obrigado pela imagem do sol, mas a minha pretensão é bem menor. Pretendo somente que todos acordem desta tragédia. Qual é a tragédia? A tragédia é que não existem mais seres humanos, somente estranhas máquinas que se batem umas nas outras. E essa tragédia começou com aquele universal, obrigatório e perverso sistema de educação que forma a todos nós, desde as ditas classes dirigentes até os pobres. Que nos joga a todos dentro da arena do 'querer tudo' cada coisa a qualquer preço. Daí a razão pelo qual todos querem as mesmas coisas e se comportam do mesmo modo. Por isso, se tenho em mãos um conselho de administração ou uma manobra financeira, uso tudo isso. Ou posso usar um porrete. E quando decido usar um porrete eu uso minha violência para obter aquilo que quero. Por que eu quero? Porque me disseram que é uma virtude querer. Eu exercito meu direito, minha virtude. Sou um assassino, e sou um grande homem. Dessa forma, hoje as pessoas se matam sem escrúpulos. Por isso o panorama mudou, agora existe o desejo de matar e esse desejo nos liga a todos como irmãos sinistros na derrocada sinistra de um sistema social inteiro que fabrica gladiadores, todos educados para ter, possuir e destruir.
- Vês-nos como pequenos pastores sem educação escolástica, ignorantes mas felizes.
- Vou te dizer francamente: eu desço ao inferno e sei muitas coisas que ainda não tiram a paz dos outros. Mas fiquem atentos. O inferno vai chegar em vocês. É verdade que ele usa uniformes diversos e coloca diferentes máscaras. Somos todos vítimas e somos todos culpados. Mas a vontade, o desejo de dar a porretada, de agredir, de matar, é forte e está em todos. Não vai restar por muito tempo a experiência privada e arriscada de quem... como posso dizer?!... De que tocou 'a vida violenta'. Não se iludam. E vocês, com a vossa escola, a televisão, a pacatez dos seus jornais, vocês são os grandes conservadores dessa ordem horrenda baseada na ideia de possuir e na ideia de destruir.(...)"
P. P. Pasolini
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