Situação do deputado fluminense se agravou quando ele decidiu colocar apenas parlamentares alinhados ao Planalto em comissão que analisará impedimento de Dilma
Deputados dos PMDB protocolaram nesta quarta-feira pedido de destituição do líder do partido na Câmara, Leonardo Picciani (PMDB-RJ), um dos principais parlamentares que trabalhavam contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
A ofensiva contra Picciani ganhou força depois de o político fluminense ter indicado apenas deputados pró-governo para a chapa oficial da comissão que dará parecer prévio sobre o pedido de afastamento da petista. A chapa oficial acabou derrotada ontem, por 272 votos a 199, abrindo caminho para que oposicionistas possam controlar a comissão do impeachment.
O documento que determina a substituição sumária do líder tem 35 assinaturas de dissidentes do PMDB, que agora vão aclamar o mineiro Leonardo Quintão como o novo responsável pela liderança da legenda. Ao todo, a bancada do partido tem 66 deputados: para derrubar ou aclamar um novo líder, é necessária maioria simples, ou seja, as assinaturas de metade da bancada mais um.
A escolha de Quintão se dá em cumprimento a um acordo selado pelo próprio Picciani no começo do ano. Ele contou com os votos da bancada mineira da sigla para eleger-se e, em troca, ofereceu apoio ao colega na eleição para a liderança no ano que vem - Quintão já era, portanto, o nome na fila para o lugar de Picciani. O deputado fluminense, contudo, planejava reeleger-se em 2016.
Leonardo Picciani se aproximou do Palácio do Planalto nas negociações da última reforma ministerial, quando conseguiu emplacar Marcelo Castro na pasta da Saúde e Celso Pansera na Ciência e Tecnologia. O peemedebista rompeu com o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e, diante do enfraquecimento do correligionário, alvejado por denúncias de corrupção, buscava a reeleição para liderança da sigla e almejava ocupar a própria presidência da Casa.
O deputado fluminense foi eleito este ano para a liderança da bancada com apenas um voto de diferença para Lúcio Vieira Lima (BA) e sempre esteve longe de ser unanimidade na sigla. Vieira Lima é hoje um dos principais defensores no PMDB do impeachmente da presidente Dilma. Setores do partido criticavam Picciani por defender os interesses do PMDB do Rio em detrimento aos da banca - o que acentuou as divisões na legenda e contribuiu para isolá-lo. Picciani, contudo, travata a coleta de assinaturas para tirá-lo do cargo como um 'blefe' e imaginava que o movimento não reuniria mais de 20 nomes. O deputado pode ser recolocado no cargo se conseguir o número de assinaturas necessárias. Por isso, tenta articular agora a reversão desse processo.
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