Juiz encaminha ofício ao Tribunal Regional Federal para análise do pedido de liberdade de Alexandrino Alencar, preso na 14ª fase da Lava Jato
O juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, defendeu nesta sexta-feira a manutenção da prisão preventiva do ex-diretor da Odebrecht Alexandrino Alencar e alegou que, se colocado em liberdade, o executivo poderia comprometer as investigações do escândalo de corrupção na Petrobras, destruir provas e continuar a praticar crimes. Em ofício enviado ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que vai analisar o mérito dos pedidos de liberdade de investigados ligados à construtora, Moro repetiu argumento usado para sustentar a prisão de Marcelo Odebrecht: "O quadro probatório aponta, em cognição sumária, para o envolvimento profundo da Odebrecht no esquema criminoso que comprometeu a Petrobras. As provas têm desde a decretação da prisão apenas se avolumado".
Em acordo de delação premiada, o carregador de malas de dinheiro de Alberto Youssef, Rafael Ângulo Lopes, disse que o doleiro discutia o pagamento de propinas com Alexandrino Alencar - apontado como companhia frequente do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em viagens internacionais - e recolhia comprovantes de que os recursos tinham sido pagos. De acordo com o relato do auxiliar do doleiro, Youssef entregava ao executivo as contas bancárias situadas no exterior para que os depósitos de propina fossem feitos. Depois da transferência dos valores, os comprovantes dos depósitos de propina eram entregues pelo próprio executivo, sendo que, "em geral", a petroquímica Braskem, ligada à Odebrecht, fazia as transferências internacionais. A partir de 2011, quando Alexandrino Alencar já estava na Odebrecht, os comprovantes de depósitos eram retirados por Ângulo Lopes na própria empreiteira.
Sergio Moro disse que, ao longo da investigação, delatores como o empresário Augusto Mendonça forneceram documentos que comprovariam a participação da Odebrecht no cartel de obras e em fraudes em contratos, como os da refinaria Abreu e Lima. Ele afirmou que a prisão dos executivos é "necessária para interromper o ciclo delitivo e interromper a sangria aos cofres públicos". Braskem e Odebrecht negam participação no esquema.
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