sexta-feira 19 2015

Delator entrega à Lava Jato registro de propina da Odebrecht


Pedro Barusco, que afirmou ter recebido quase US$ 1 mi da empreiteira, entregou comprovantes de depósito de offshore que seria usada para pagamentos no exterior

Pedro Barusco durante a CPI da Petrobras
Pedro Barusco durante a CPI da Petrobras (Ueslei Marcelino/Reuters)
O ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco entregou aos investigadores da Operação Lava Jato cópias de depósitos feitos pela offshore Constructora Del Sur em uma de suas contas em paraísos fiscais. A offshore seria usada pela empreiteira Odebrecht para pagamento de propina no megaesquema de corrupção instaurado na Petrobras. A gigante da construção é uma das únicas grandes empreiteiras do país que não teve diretores presos na Lava Jato, mas um dos braços da companhia, a Odebrecht Plantas Industriais, é alvo de inquérito policial na operação.
Segundo informações do jornal O Estado de S. Paulo, ao menos dez depósitos da Constructora Del Sur foram identificados para a conta da offshore Pexo Corporation, registrada por Barusco em 2008, ao longo do ano de 2009. Aberta no Panamá, a Construtora também fez pagamentos diretos ao ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, preso pela Polícia Federal e apontado como operador do PT no petrolão.
Em depoimento à Justiça, Barusco já havia afirmado que recebeu 916.697 dólares da Odebrecht referentes a pagamento de propina. Segundo o executivo, que firmou acordo de delação premiada, o valor foi transferido de maio a setembro de 2009. Barusco era braço-direito de Renato Duque, que comandava a Diretoria de Serviços por indicação do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.
Barusco detalhou a engenharia do processo: o dinheiro era transferido para uma conta localizada do Panamá, de propriedade da offshore Constructora Internacional Del Sur SA. Em seguida, o dinheiro era repassado para outra conta dele também localizada no Panamá. Essa estratégia servia para dificultar o rastreamento do dinheiro.
Conforme o delator, o diretor da Odebrecht Rogério Araújo atuava como operador nos pagamentos das propinas. Barusco afirmou que "mantinha contato direto com Rogério, pois o recebia com frequência por encontros de trabalhos e às vezes almoçava com ele". Em depoimento à Justiça, o executivo disse ainda que a Odebrecht era "jogo duro", porque não concordava com o pagamento de propinas em determinados contratos.
Barusco anexou à Justiça documentos que mostram que a empreiteira firmou nove contratos com a Petrobras, sendo cinco na área de Gás e Energia, um na Área de Exploração e Produção e três na área de Abastecimento. O valor total dos contratos era de 8,6 bilhões de reais em um "período de 2004 a 2010 ou 2011".
Em nota, a Odebrecht afirma que "não possui, nem nunca possuiu, qualquer vínculo com a empresa Construtora Internacional del Sur, a qual não é, nem nunca foi de sua propriedade, ou de qualquer outra empresa controlada ou coligada". Diz ainda que nunca fez pagamentos à referida empresa.
(Da redação)

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