Em defesa apresentada à Justiça Federal, ex-diretor da Petrobras afirma que não houve sobrepreço em contratos da estatal: 'Valores eram retirados da margem das empreiteiras'
Em defesa preliminar apresentada nesta quinta-feira à Justiça Federal, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, um dos principais delatores do petrolão, reafirmou o pagamento de propina para o PT e o PP, mas disse que os repasses saíam da margem de lucro das empreiteiras. Em um dos depoimentos de sua delação premiada, em setembro de 2014, Costa havia dito que o valor da propina vinha de um "sobrepreço de cerca de 3% em média" nos contratos das empresas com a Petrobras.
Costa responde por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro na Operação Lava Jato e está em prisão domiciliar desde setembro. A defesa do ex-diretor da estatal pede o perdão judicial.
Na petição apresentada à Justiça nesta quinta, a defesa de Costa afirma que, em obras como Abreu e Lima e o Complexo Petroquímico do Rio, as empreiteiras "repassavam em média até 3% (1% para o PP e 2% para o PT). Estes valores eram retirados da margem das empresas." Em seguida, o documento frisa que os contratos não foram superfaturados: "Não se pode dizer que houve sobrepreço". No mesmo trecho, Costa exemplifica como funcionaria o repasse. "Se uma empresa oferecia uma proposta de 15% acima do orçamento básico e repassava os 3% ela ficava com o lucro de 12%, no caso de não repasse ficaria com um lucro de 15%."
Costa teve sua delação premiada homologada pelo Supremo Tribunal Federal em setembro do ano passado. Caso a Justiça constate que o ex-diretor da Petrobras mentiu, ele pode perder os benefícios conquistados com sua colaboração. Em declaração para o jornal Folha de S. Paulo, o advogado do delator negou que Costa tenha mudado sua versão dos fatos. "Não é uma mudança de delação", afirmou João Mestieri. Para o defensor, o ex-diretor da estatal apenas esclareceu alguns pontos do depoimento. "Isso não foi bem explicado antes."
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