Governo suíço identificou cerca de 60 informações sobre transações suspeitas envolvendo a petroleira do Brasil; nove investigações foram abertas
O Ministério Público da Suíça informou nesta quarta-feira que bloqueou 400 milhões de dólares (cerca de 1,3 bilhão de reais) em recursos desviados da Petrobras. Desse montante, 120 milhões de dólares já foram devolvidos ao Brasil. Segundo a procuradoria suíça, nove investigações foram abertas para mapear todas as transações utilizadas por agentes que atuaram no escândalo do petrolão - ex-dirigentes da Petrobras, operadores do propinoduto e empresários que detinham contratos com a estatal.
Os processos de apuração foram instaurados na Suíça em 2014 depois que o Ofício de Comunicação em Matéria de Lavagem de Dinheiro - o equivalente ao Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) brasileiro - identificou cerca de sessenta informações sobre transações suspeitas relacionadas à petroleira do Brasil.
De acordo com o Ministério Público suíço, as suspeitas são que ex-dirigentes da Petrobras, empreiteiros, operadores do esquema criminoso, intermediários financeiros e empresas brasileiras e estrangeiras atuavam em um esquema de lavagem de dinheiro por meio de 300 contas bancárias em mais de trinta bancos do país europeu.
"Na Suíça temos nove procedimentos de investigação sobre o complexo da Petrobras e, neste caso, bloqueamos de 400 milhões de francos suíços [398 milhões de dólares ou 1,3 bilhão de reais]", informou o procurador Geral da Confederação, Michael Lauber, após reunião em Brasília com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. "Estamos apoiando no melhor da nossa possibilidade as investigações. O principal objetivo é obter decisões claras de tribunais condenando atividades de lavagem e devolvendo o dinheiro bloqueado na Suíça para o Brasil."
O montante de dinheiro congelado atualmente na Suíça é ainda maior se contabilizados os recursos de correntistas de outras nacionalidades: 5,5 bilhões de francos suíços (16,2 bilhões de reais).
Segundo os investigadores suíços, cerca de 1.000 transações bancárias ligadas ao escândalo do petrolão estão sendo analisadas - um terço ligadas a bancos suíços, um terço em bancos fora da Suíça e o restante ainda não identificado. "O caso da Petrobras é muito especial. Estou em visita de trabalho para intercambiar com meu contraparte [informações]. Estamos convencidos de que um caso tão complexo para ambos os países necessitam esforços comuns. Não toleramos uso indevido do sistema financeiro suíço para corrupção e lavagem", disse procurador Michael Lauber.
Ele se recusou a comentar casos específicos de autoridades investigadas no escândalo do petrolão, como o ex-diretor da Petrobras, Renato Duque, preso após as autoridades detectarem que ele esvaziou contas bancárias na Suíça e transferiu recursos para o principado de Mônaco. "Não posso citar nomes específicos, mas quando temos nove investigações internas na Suíça, isso contempla mais do que nove indivíduos. Há empresas bancárias, investigações contra bancos suíços", disse. "Se eu citar algum nome vou fazer a pior coisa que um procurador pode fazer, vou dizer exatamente as pessoas investigadas."
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