Acordo de líderes aprova convocação de delator do petrolão, ex-presidentes e ex-diretores da estatal. PT e PSDB têm interesse no depoimento
O ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco, um dos delatores do petrolão, deve ser o primeiro depoente ouvido pela nova CPI da estatal. A convocação foi aprovada nesta quinta-feira, com a de outros nomes envolvidos esquema de lavagem de dinheiro, corrupção e desvio de verbas da petrolífera brasileira. Foi a primeira reunião deliberativa da Comissão Parlamentar de Inquérito.
A oitiva de Barusco é resultado de um acordo de líderes parlamentares. O PT quer ouvir Barusco sobre sua revelação de que recebeu propina da holandesa SBM Offshore, ainda em 1997, durante o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Os petistas querem fazer disso um motivo para estender o período investigado pela CPI e, assim, transformar a comissão em um campo de batalha política e atingir o PSDB.
Os tucanos também concordaram com o depoimento imediato de Barusco porque o ex-gerente revelou aos investigadores da Operação Lava Jato detalhes sobre como o dinheiro desviado da Petrobras foi pago em propina para o PT. Ele afirmou que cerca de 200 milhões de dólares abasteceram o partido de 2010 a 2013.
A CPI aprovou nesta quinta-feira 43 requerimentos. Entre os convocados, estão os ex-presidentes da estatal Graça Foster e José Sérgio Gabrielli, além dos ex-diretores Paulo Roberto Costa (Abastecimento), Jorge Zelada (Internacional) e Renato Duque (Serviços). O plano de trabalho, sugerido pelo relator Luiz Sérgio (PT-RJ), passou com uma mudança - justamente a que permitiu que Barusco fosse o primeiro a ser ouvido. Se a sequência for mantida, Gabrielli e Graça Foster serão os próximos depoentes.
Os parlamentares também aprovaram pedidos de acesso às investigações conduzidas pelo Tribunal de Contas da União (TCU), pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e a Justiça Federal no Paraná. Além disso, solicitaram o compartilhamento do material obtido pela CPMI da Petrobras, encerrada no fim do ano passado.
Outro requerimento aprovado nesta quinta-feira prevê a contratação da empresa americana Kroll para auxiliar os trabalhos de investigação.
Mais cedo, houve bate-boca quando parlamentares do PT e do Psol discordaram da criação de quatro sub-relatorias por ato unilateral do presidente da CPI, Hugo Motta (PMDB-PB). Ainda assim, a decisão foi formalizada nesta quinta. O PT acabou ficando sem sub-relator, mas a lista pode aumentar a pedido dos deputados Júlio Delgado (PSB-MG) e Luiz Sérgio.
Após a reunião, o petista criticou a criação das sub-relatorias: "Isso cria uma dificuldade. Minha avó dizia que bolo em que muita gente mexe acaba solado. Aqui nós teremos muita gente mexendo nessa massa. Se no final sair um bolo solado, a culpa não pode ser só minha".
Embora seja contraditório, ele disse que a nomeação de dois sub-relatores adicionais, vinculados a ele, talvez seja uma forma de facilitar as investigações. Na prática, o PT quer aumentar seu poder após ter sido preterido na distribuição das sub-relatorias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário