Congresso
Cássio Cunha Lima (PSDB) discutiu com Lindbergh Farias (PT) após o tucano afirmar que um eventual impeachment não pode ser tratado como 'golpismo'
Laryssa Borges, de Brasília
Cássio Cunha Lima bateu boca com Lindbergh Farias (Lula Marques/Folha Imagem/VEJA)
O líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), bateu boca nesta segunda-feira com o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) após o tucano afirmar que a discussão sobre um eventual impeachment da presidente Dilma Rousseff não pode ser tratada como “golpismo”. Cunha Lima disse que a sociedade começa a se mobilizar contra a “inércia” e “omissão” do governo, atolado em sucessivas denúncias de corrupção.
“Durante o final de semana, houve uma profusão de mensagens convocando para um ato público no próximo dia 15 de março e já defendendo o impeachment da presidente, num ambiente em que o Brasil se depara com uma grave crise ética, sem precedentes na nossa história. O que se percebe é um governo inerte, um governo absolutamente omisso diante da gravidade da situação que o país enfrenta. Ao se pronunciar a palavra impeachment, não pode haver arrepios nem sequer reações que possam ser traduzidas como golpistas”, disse o tucano. A fala causou protestos do senador petista Lindbergh Farias, que, como "cara-pintada", participou ativamente dos protestos pelo impeachment do ex-presidente Fernando Collor.
“Não é acusar o povo de golpista, mas tem uma minoria golpista se organizando nesse país, como fizeram com Getúlio Vargas, João Goulart. Estimuladas, sim, pelo PSDB, que questionou o processo eleitoral ao seu final", disse Lindberg. Irritado, ele criticou a comparação entre o ambiente político-institucional do governo Collor e as denúncias de corrupção na Petrobras. " Vocês estão sendo maus perdedores. Isso é golpismo. Não me venha comparar momentos que não têm nada a ver na história. Aqui, é grito de quem perdeu a eleição e está querendo mudar o resultado”, disse o petista.
“Não é esse o caminho que nós queremos trilhar”, retrucou o senador do PSDB. “Quem fala nisso [impeachment] e fala em tom cada vez mais alto é o povo brasileiro. É o povo na rua que está falando cada vez mais nisso. Não se pode falar em golpismo quando se pronuncia a palavra impeachment”, disse ele.
Insatisfação – A discussão sobre um eventual pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff tomou boa parte dos debates no Plenário do Senado nesta segunda-feira. “A insatisfação dos brasileiros é um copo que já está quase cheio. O que parecia dois meses atrás um palavrão [impeachment], hoje é tema de articulistas. Está feito na internet um apelo, uma convocação para o dia 15 de março [em prol do impeachment]”, disse o senador José Agripino (DEM-RN), para quem a escolha do ex-presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, para a Petrobras amplia ainda mais a crise do governo. "O governo colocou um homem comprometido com linhas e diretrizes do Palácio do Planalto. Qual o nível de confiança que se pode ter um governo desses?", completou Agripino.
Ex-ministro do governo Lula, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) disse que o governo Dilma e os partidos aliados são responsáveis pelo momento político instável. “A palavra impeachment não deve causar arrepio, até porque está na Constituição. O que me causa arrepio é que está na boca do povo, está se generalizando. E, quando fica na boca do povo, não adianta querer silenciar, porque, aí sim, é golpismo”, disse. “A palavra não chegou à boca do povo insuflada pelas oposições, mas chegou à boca do povo inspirada pelos equívocos, pelos erros, pelo isolamento do governo”, completou.
Pessimismo - Pesquisa Datafolha divulgada no fim de semana apontou uma grave crise de rejeição da presidente Dilma Rousseff – 44% dos entrevistados consideram o governo da petista como ruim ou péssimo, 20 pontos porcentuais a mais do que o último levantamento, em dezembro. O patamar é a pior avaliação desde 1999, quando Fernando Henrique Cardoso (PSDB) amargava 46% de avaliações de “ruim” ou “péssimo”.
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