França
Atentado aconteceu na sede da revista de humor 'Charlie Hebdo', que atraiu a fúria de extremistas no passado ao publicar charges de Maomé, em 2011
Jornalistas levantam seus cartões de imprensa e canetas, durante manifestação na Place de la Republique (Praça da República), em Paris - 07/01/2015 - Martin Bureau/AFP
Terroristas muçulmanos assassinaram pelo menos doze pessoas nesta quarta-feira em Paris, em um ataque a tiros no escritório da revista semanal satírica Charlie Hebdo. A revista é alvo da ira de fundamentalistas desde que publicou, em 2011, uma charge do profeta Maomé, mas nunca cedeu diante das ameaças nem alterou sua linha editorial. Mesmo depois de ser alvo de uma bomba incendiária, publicou outra charge de Maomé, em 2012. Nesta quarta-feira pela manhã, satirizava em sua conta no Twitter Abu Bakr al-Baghdadi, o fanático que lidera o grupo Estado Islâmico (EI). O atentado em Paris começou pouco depois da divulgação do tuíte, e deixou dez jornalistas e dois policiais mortos, além de cinco feridos em estado grave. O presidente François Hollande foi até o local do ataque e convocou uma reunião de crise no palácio presidencial para as 11h de Brasília. As autoridades também anunciaram que a região parisiense foi colocada em estado de alerta máximo. "Os autores do atentado serão processados. A França está diante de um choque. É um ataque terrorista, é sem dúvida", disse Hollande.
Vincent Justin, um jornalista que trabalha em um edifício próximo à sede do Charlie Hebdo, afirmou que duas pessoas entraram na redação do semanário e começaram a atirar. Segundo Justin, os autores do ataque gritavam a frase “vamos vingar o profeta”. Outras testemunhas disseram ao canal de notícias francês iTELE terem visto o incidente a partir de um prédio próximo, no coração da capital francesa. “Cerca de meia hora atrás dois homens com capuz preto entraram no prédio com fuzis Kalashnikovs”, disse Benoit Bringer à emissora. "Poucos minutos depois, nós ouvimos vários tiros", disse, acrescentando que os homens depois foram vistos fugindo do prédio. A chargista Corinne Rey, que assina como Coco, presenciou o atentado e afirmou ao site francês L'Humanité que os terroristas "falavam francês perfeitamente" e "reivindicaram ser da Al-Qaeda". Porém, as autoridades não confirmaram a autoria do atentado.
Rocco Contento, porta-voz da polícia, disse que os terroristas entraram em um carro que os esperava para fugir. O carro foi conduzido até Port de Pantin, no nordeste de Paris, onde foi abandonado. Os terroristas então roubaram o carro de um motorista e desapareceram. A polícia francesa montou uma grande operação para localizá-los. Contento também disse que o escritório da Charlie Hebdo, que já contava com proteção especial, teve a vigilância aumentada há algumas semanas porque novas ameaças vinham sendo feitas. As medidas não foram capazes de impedir o massacre. O jornalista Antonio Fischetti, que trabalha na revista, mas não estava na redação no momento do atentado, disse ao jornal Libération: “Sabíamos que a ameaça era real, mas não era uma paranoia. Ameaças contra o Charlie Hebdo eram recorrentes, habituais. A vigilância foi relaxada”.
O cartunista Charb, que desenhou uma charge de Maomé em 2012, é um dos mortos, segundo o jornal Libération. A Al-Qaeda o havia apontado como um alvo permanente. Os cartunistas Cabu, Wolinski et Tignous também estão entre os mortos. Todos eram amplamente conhecidos na França.
VEJA
Capa da edição de setembro de 2012
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, reagiu condenando o ataque terrorista e expressou solidariedade com a França na luta contra o terrorismo. "Os assassinatos em Paris são revoltantes. Estamos ao lado do povo francês na luta contra o terrorismo e na defesa da liberdade de imprensa", declarou Cameron em sua conta no Twitter.
(Com agências Reuters e France-Presse)
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