Lava Jato
'Há aqueles que ainda acham que estamos em uma disputa eleitoral', disse ministro, sem citar nomes. Na véspera, Aécio disse que 'as coisas estão chegando muito perto dos mais altos dirigentes desse governo'
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, falou sobre a Operação Lava Jato neste sábado, em São Paulo (J.F. Diório/Estadão Conteúdo)
Cardoso afirmou que contou à presidente Dilma Rousseff, que participa da cúpula do G20, na Austrália, os detalhes da operação: “Ela está ciente”
A oposição foi o principal alvo de José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, na entrevista coletiva em que ele comentou as prisões da sétima fase da Operação Lava Jato, na sexta-feira. Ele falou sobre o caso neste sábado, em São Paulo, enquanto a Polícia Federal começava a colher os depoimentos dos suspeitos presos na véspera. Cardozo disse que a PF está cumprindo seu papel e que o governo não aceita “insinuações de que se criaram obstáculos” para a investigação do esquema de propinas na Petrobras. Sem citar nomes, o ministro criticou parlamentares e partidos de oposição por suas declarações sobre a corrupção na estatal. “Há aqueles que ainda acham que estamos em uma disputa eleitoral. Talvez não tenham percebido que o resultado das urnas já foi dado e que há vencedores”, alfinetou. Na sexta, o senador Aécio Neves disse que “tem muita gente sem dormir em Brasília” por causa da operação e que “as coisas estão chegando muito perto dos mais altos dirigentes desse governo”.
Cardozo recorreu a um termo que ficou notório nas falas do ex-ministro José Dirceu durante as investigações de outro escândalo, o do mensalão, para defender sua posição. “Repilo veementemente a tentativa de se politizar essa operação”, disse o ministro. Questionado sobre se a crítica se dirigia a algum político em particular, o ministro respondeu que se referia “a qualquer pessoa que esteja tentando transformar isso em palanque, tentando manter o clima eleitoral”. Cardozo também fez uso de algumas das mais consagradas frases feitas da política para comentar a operação – disse, por exemplo, que as investigações vão continuar “doa a quem doer” e que “se houver culpados, eles serão punidos”, qualquer que seja o partido dos acusados. Cardoso afirmou ainda que contou à presidente Dilma Rousseff, que participa da cúpula do G20, na Austrália, os detalhes da operação: “Ela está ciente”.
Conforme o ministro, Dilma pediu que a Polícia Federal “prossiga com firmeza na apuração das irregularidades e que proceda com lisura e imparcialidade nas investigações e zele para que tudo seja esclarecido”. Cardozo também deixou transparecer sua preocupação com a situação da Petrobras em meio ao terremoto que sacode a estatal. “Se por um lado as investigações têm de prosseguir, de outro, a Petrobras não pode parar”, defendeu, dizendo ainda que pretende conversar com a presidente da empresa, Graça Foster, “para que se tenha clareza” sobre como o governo atuará nos casos de contratos firmados com as empreiteiras envolvidas na investigação de corrupção. “A Petrobras continuará atuando e a lei será respeitada. A melhor defesa que precisamos fazer da Petrobras, que é uma empresa vital para o país, é investigar os fatos, apurar as ocorrências e punir pessoas”. Os contratos, disse o ministro, “serão analisados caso a caso para ver que medidas serão tomadas”
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