Eleições 2014
Candidato tucano voltou neste sábado a convidar a presidente Dilma para um debate de ideias e propostas. Enquanto isso, Lula descia o nível dos ataques
Marcela Mattos, de Porto Alegre
O candidato do PSDB à presidência da República, Aécio Neves, participa de ato de campanha na quadra da escola de samba Império da Zona Norte , em Porto Alegre, na manhã deste sábado (18) ( Adriana Franciosi/Ag.RBS/Folhapress)
Alvo da campanha de baixarias petista, o candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, voltou neste sábado a convidar a presidente Dilma Rousseff para um debate de ideias e propostas. Em visita a Porto Alegre, o tucano adotou discurso na contramão das apelações protagonizadas pelos adversários e clamou pelo fim do “ringue” na disputa ao Planalto. “Na política, ganhar ou perder as eleições faz parte do jogo. O que não se pode perder na política é a dignidade e a compostura”, afirmou.
Enquanto Aécio fazia o pronunciamento, um comício do diretório mineiro do PT em Belo Horizonte desfilava um repertório de ataques ainda piores do que os de que o próprio Lula foi alvo em 1989. Petistas reduziram ainda mais o nível da campanha e ofenderam o candidato tucano – foram pronunciados xingamentos como "coisa ruim", "cafajeste", "playboy mimado", "moleque" e "desprezível". Ao discursar, Lula insinuou que o adversário agride mulheres costumeiramente e o comparou a Collor. Em meio ao desfile de ofensas, chegou a afirmar que é Aécio quem “parte para cima”.
“Não adianta querer ganhar perdendo. O que os nossos adversários estão fazendo nessa campanha não os dignifica. Eu acho que essa postura já os faz derrotados antes sequer das urnas serem abertas”, afirmou Aécio. “As pessoas querem ouvir as soluções para a saúde, para a segurança pública e para fazermos um Brasil crescer, gerando melhores empregos. Mas eu vejo um governo à beira do desespero, uma candidata à beira de um ataque de nervos e, obviamente não tendo como apresentar ao Brasil uma proposta de futuro, prefere fazer uma campanha com os olhos no retrovisor”, disse. O candidato anunciou que vai ingressar com uma nova ação contra Dilma na Justiça Eleitoral - que tenta, ainda sem sucesso, conter o baixo nível da campanha.
Alianças - Com a bandeira da unificação, Aécio participou de ato multipartidário em Porto Alegre ao lado de representantes de siglas como o PMDB, o PP e o PSB. O tucano defendeu a tese de que não é mais um candidato do PSDB, mas sim representante daqueles que querem um novo governo, e sinalizou que, se eleito, pode convidar nomes dessas legendas para a formação de um “núcleo de governo”. “A minha proposta para o Brasil é absolutamente convergente com aquilo que Marina Silva propôs: no que depender de mim, a base do núcleo do futuro governo está aqui representada, com PSB, PP, PSDB e esse lado tão bom que o PMDB tem representado pelo Rio Grande do Sul.
Diferentemente da aliança nacional, o PMDB gaúcho é oposição a presidente Dilma Rousseff: começou as eleições apoiando Eduardo Campos e Marina Silva, candidatos pelo PSB, e no segundo turno se aliou a Aécio Neves. Na disputa local, o favorito para vencer as eleições contra Tarso Genro (PT) é o peemedebista Ivo Sartori, que tem espalhado pelas ruas fotos ao lado do tucano. “Aqui nós temos um conjunto de forças políticas para dizer que basta de tanto desgoverno e que vamos fazer uma grande parceria para uma gestão da generosidade, da união nacional, do fortalecimento da nossa economia e da geração de empregos”, afirmou Aécio.
Durante ato que lotou o ginásio da Escola de Samba Império da Zona Norte, uma das mais tradicionais do Estado, Aécio foi ungido por diversos parlamentares gaúchos – e ganhou de presente um chimarrão, o qual prontamente tomou no palco. Primeiro a falar, o vice de Marina Silva, Beto Albuquerque (PSB), afirmou que o Brasil não quer mais ser representado por nomes como Fernando Collor (PTB-AL), José Sarney (PMDB-AP) e Jader Barbalho (PMDB-PA) – todos aliados a presidente Dilma – e pediu votos a Aécio. “Eu e Marina fomos ofendidos, vilipendiados por essa turma que não tem mais argumentos para explicar a corrupção no Brasil. Hoje o Aécio não é mais o candidato de um partido ou de uma aliança. É candidato da maioria que quer mudar”, afirmou.
Um dos maiores ícones do PMDB, Pedro Simon também discursou: “Votar na presidente Dilma é uma interrogação cruel. Como ela vai governar se todos os nomes do seu partido estão envolvidos em corrupção?”, questionou. “O Aécio representa a última esperança de paz neste país”, disse.
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