Eleições 2014
Depois das agendas disfarçadas de presidente e candidata, Dilma Rousseff mergulhou de cabeça na campanha e quase não pisou no Palácio do Planalto
Gabriel Castro, de Brasília
PRESIDENTE-CANDIDATA - Dilma Rousseff visita as obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Agendas de candidata disfarçada de presidente (Ichiro Guerra/Divulgação/VEJA)
Quando a campanha eleitoral teve início, em 7 de julho, a presidente Dilma Rousseff parecia pouco se importar: nos primeiros dias, enquanto os adversários começavam a rodar o país o país para pedir votos, ela manteve uma rotina de reuniões, despachos e viagens oficiais.
Aos poucos, entretanto, a petista passou a vestir o figurino de candidata. No início de agosto, surgiram as primeiras agendas eleitorais disfarçadas – ou "mistas", segundo a definição da própria campanha. A propaganda na televisão começaria em breve e era preciso gravar imagens de Dilma Brasil afora.
Um passeio pela Ferrovia Norte-Sul, uma inspeção na hidrelétrica de Jirau, uma visita à casa da Dona Nalvinha, na comunidade rural de Batatinha, na Bahia, um encontro com alunos do Pronatec em Belo Horizonte Todos esses eventos (e muitos outros) foram incluídos na agenda presidencial, mas só aconteceram para que Dilma pudesse ser filmada em imagens que depois seriam exibidas em seu programa de TV. Ainda assim, havia a justificativa de que ela estava vistoriando – na condição de presidente – o trabalho que realizou nos anos anteriores. O fotógrafo presidencial e o fotógrafo da campanha nunca atuavam juntos, embora frequentemente estivessem presentes no mesmo evento. Os ministros em exercício só lidavam com a Dilma-presidente, nunca com a Dilma-candidata.
Os atos explicitamente eleitorais, como comícios, eram agendados preferencialmente para o início da noite. Mas não demorou muito para que ela passasse a relaxar as regras: os eventos de campanha invadiram o horário de expediente, os ministros mais próximos passaram a ficar à disposição da Dilma-candidata e o gabinete presidencial no Palácio do Planalto foi deixado às moscas.
Aos poucos, entretanto, a petista passou a vestir o figurino de candidata. No início de agosto, surgiram as primeiras agendas eleitorais disfarçadas – ou "mistas", segundo a definição da própria campanha. A propaganda na televisão começaria em breve e era preciso gravar imagens de Dilma Brasil afora.
Um passeio pela Ferrovia Norte-Sul, uma inspeção na hidrelétrica de Jirau, uma visita à casa da Dona Nalvinha, na comunidade rural de Batatinha, na Bahia, um encontro com alunos do Pronatec em Belo Horizonte Todos esses eventos (e muitos outros) foram incluídos na agenda presidencial, mas só aconteceram para que Dilma pudesse ser filmada em imagens que depois seriam exibidas em seu programa de TV. Ainda assim, havia a justificativa de que ela estava vistoriando – na condição de presidente – o trabalho que realizou nos anos anteriores. O fotógrafo presidencial e o fotógrafo da campanha nunca atuavam juntos, embora frequentemente estivessem presentes no mesmo evento. Os ministros em exercício só lidavam com a Dilma-presidente, nunca com a Dilma-candidata.
Os atos explicitamente eleitorais, como comícios, eram agendados preferencialmente para o início da noite. Mas não demorou muito para que ela passasse a relaxar as regras: os eventos de campanha invadiram o horário de expediente, os ministros mais próximos passaram a ficar à disposição da Dilma-candidata e o gabinete presidencial no Palácio do Planalto foi deixado às moscas.
Desde 1º de agosto, a presidente compareceu ao seu local oficial de trabalho apenas cinco vezes A última delas foi em 25 de agosto, em um encontro com o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Raymundo Damasceno. Eles discutiram a reforma política e, minutos depois, a Dilma-candidata já estava no Palácio da Alvorada dando uma entrevista sobre o encontro.
Apesar da ausência prolongada, nem mesmo a oposição gasta energia apontando a ausência dela na cadeira de presidente. O caso de Dilma mostra que a reeleição abre portas para um desequilíbrio evidente: Dilma usa o avião presidencial para se deslocar – embora o comitê de campanha pague o combustível da aeronave –, e, a cada lugar que visita, a estrutura de segurança da Presidência a acompanha.
Viagens não têm faltado: na semana passada, por exemplo, ela esteve em cinco estados do Nordeste num período de dois dias: Piauí, Paraíba, Bahia, Sergipe e Alagoas. Depois, seguiu para compromissos eleitorais em São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio de Janeiro. Mas, como a legislação permite que candidatos à reeleição permaneçam no cargo, e como Dilma Rousseff não tem folha de ponto para assinar, não há ilegalidade na jornada eleitoral da petista.
Apesar da ausência prolongada, nem mesmo a oposição gasta energia apontando a ausência dela na cadeira de presidente. O caso de Dilma mostra que a reeleição abre portas para um desequilíbrio evidente: Dilma usa o avião presidencial para se deslocar – embora o comitê de campanha pague o combustível da aeronave –, e, a cada lugar que visita, a estrutura de segurança da Presidência a acompanha.
Viagens não têm faltado: na semana passada, por exemplo, ela esteve em cinco estados do Nordeste num período de dois dias: Piauí, Paraíba, Bahia, Sergipe e Alagoas. Depois, seguiu para compromissos eleitorais em São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio de Janeiro. Mas, como a legislação permite que candidatos à reeleição permaneçam no cargo, e como Dilma Rousseff não tem folha de ponto para assinar, não há ilegalidade na jornada eleitoral da petista.
Sempre que é indagada sobre o assunto, Dilma afirma que graças à tecnologia consegue governar longe do palácio e que mantém contato frequente com seus ministros. O principal deles, Aloizio Mercadante, da Casa Civil, também está licenciado do cargo para atuar na campanha. Também se afastaram do governo para atuar na campanha os ministros Ricardo Berzoini (Relações Institutcionais) e Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário), e outros, como Miriam Belchior (Planejamento), têm andado a tiracolo com a presidente pelo país. Como disse o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), José Dias Toffoli, crítico do longo e exaustivo processo eleitoral brasileiro, "o país não deveria ficar parado durante seis meses a cada quatro anos".
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