domingo 21 2014

Tesoureiro do PT procurou doleiro Youssef, aponta jornal

Lava Jato

João Vaccari Neto esteve em uma das empresas administradas pelo doleiro. Depoimento de contadora de Youssef poderá trazer mais detalhes sobre esquema bilionário

João Vaccari Neto, tesoureiro do PT
João Vaccari Neto, tesoureiro do PT (Lula Marques/Folhapress/VEJA)
O tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, procurou o doleiro Alberto Youssef dias antes da Operação Lava Jato ser deflagrada pela Polícia Federal. Youssef é investigado em um esquema bilionário de lavagem de dinheiro e está preso desde março. Já Vaccari é tesoureiro do partido desde 2010 e considerado um dos homens mais próximos ao ex-presidente Lula e articulador do ministro das Relações Institucionais, Ricardo Berzoini. As informações foram divulgadas pelo jornal Folha de S.Paulo nesta quarta-feira.

Vaccari procurou o doleiro na sede de uma das empresas usadas por Youssef, a GFD Investimentos, com sede em São Paulo. Segundo relatório elaborado pela Polícia Federal, Vaccari procurou Youssef no dia 11 de fevereiro. Ao não encontrar o doleiro, Vaccari deixou o prédio apenas quatro minutos depois. 
Questionado sobre a relação que mantém com Youssef, o petista afirmou “não ter relacionamento”, mas não explicou o motivo que o levou a procurar Youssef. "Conheço o sr. Alberto Youssef, mas não tenho nenhum relacionamento com ele. Na data citada estive no local, mas fui informado de que ele não se encontrava", disse Vaccari. A PF diz que irá apurar o motivo da visita.
Segundo a contadora Meire Poza, que trabalhava para o doleiro e prestava serviços também a GFD, “a empresa não tinha atividades comerciais de fato”. Meire revelou à PF detalhes do esquema comandado por Youssef, conforme revelou VEJA. Meire era responsável por manusear notas fiscais frias, assinar contratos de serviços que jamais foram feitos e montar empresas de fachada destinadas à lavagem de dinheiro. Nesse período, ela viu malas de dinheiro saindo da sede de grandes empreiteiras e chegando às mãos de notórios políticos. Nesta quarta-feira, Meire prestará depoimento ao Conselho de Ética da Câmara para falar sobre as denúncias de envolvimento de parlamentares com Youssef.
Ela contou que foi para a GFD a convite de Enivaldo Quadrado, que se apresentava como diretor financeiro da empresa. Condenado no julgamento do mensalão por ter usado sua corretora para abastecer o esquema de compra de apoio parlamentar durante o primeiro governo Lula, Quadrado trabalhava na sede da GFD até a PF deflagrar a Lava Jato.
No relatório elaborado pela investigação da PF, Quadrado cita o nome de Vaccari em uma troca de e-mails datada de fevereiro de 2012. O tema do e-mail era o fundo de previdência da Petrobras, Petros. 
A PF irá investigar se o tesoureiro do PT teria intermediado negócios entre o Petros e empresas de Youssef, como detalhou reportagem do jornal.

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