sexta-feira 22 2014

Fernanda Montenegro ofusca Marta Suplicy na abertura da Bienal

Veja.Com

fernanda montenegro bienal
Meire Kusumoto
Fernanda Montenegro ofuscou a ministra da Cultura, Marta Suplicy, na abertura da 23ª edição daBienal Internacional do Livro de São Paulo, nesta sexta-feira, no Anhembi, Zona Norte da capital paulista. A atriz, convidada a ler alguns trechos de sermões do padre português Antônio Vieira (1608-1697), se apresentou acompanhada do Conjunto de Música Antiga da USP e do Grupo Vocal Audi Coelum, que cantavam e tocavam nas pausas da leitura, e foi o alívio dos presentes em uma cerimônia pautada pela burocracia, em grande parte centrada na figura de Marta. Uma pena que a participação da atriz e dos músicos durou pouco, enquanto a ministra ficou o que pareceu ser uma eternidade no palco.
Karine Pansa, presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL), organizadora da Bienal, abriu os trabalhos falando sobre um tema já conhecido pelo público: a ampliação do evento a partir da parceria com o Sesc, algo repetido por quase todos que tiveram a chance de falar ao microfone. “A Bienal está mais cultural do que nunca. Ela foi feita para amantes da leitura e de todas as artes”, disse. A programação cultural inclui mais de 400 atrações, entre apresentações de música, filmes, dança e teatro e debates com autores.
Em sua vez, a ministra Marta Suplicy começou sua fala lembrando as mortes que marcaram a literatura brasileira nos últimos meses: as de João Ubaldo Ribeiro, Rubem Alves, Ariano Suassuna e Rose Marie Muraro. “Eles plantaram sementes no solo fértil que é a nossa literatura”, afirmou. A menção, ainda que simpática, pareceu gratuita na abertura do evento, já que não há planos de homenagear os escritores na programação da feira. A assessoria da Bienal explica que, como as mortes foram recentes, não houve tempo para preparar algo.
A burocracia então se estabeleceu por completo. Marta aproveitou para lembrar os feitos de sua gestão no Ministério da Cultura, como as homenagens ao Brasil na Feira do Livro de Frankfurt, na Alemanha, em 2013, e na Feira do Livro Infantil de Bolonha, na Itália, entre março e abril de 2014. A ministra também anunciou a escritora mineira Guiomar de Grammont como curadora da programação brasileira no Salão do Livro de Paris de 2015, que terá o Brasil como país homenageado.
Marta ainda falou sobre o Vale-Cultura, benefício que concede 50 reais por mês ao trabalhador que recebe até cinco salários mínimos, e que poderá ser utilizado na Bienal para a compra de ingressos para a feira ou de livros. Ela apresentou o dado de que 82% dos beneficiados usam o vale para a compra de livros. Mas o momento mais burocrático de toda a cerimônia veio logo a seguir. Ao lado do ministro da Educação, José Henrique Paim, Marta assinou uma portaria para designar os integrantes do conselho diretivo e da coordenação executiva do Plano Nacional do Livro e da Leitura (PNLL). Importante, mas desnecessário acontecer ali, em frente a uma plateia já ansiosa para deixar o auditório.

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