quarta-feira 25 2014

PT arrecadou R$ 50 milhões em três anos com 'dízimo'

Política

Número de filiados cresce significativamente e atinge quase 8.000 novos membros por mês

Dilma Rousseff durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, no Palácio do Planalto, em Brasília
Dilma Rousseff durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, no Palácio do Planalto, em Brasília(Evaristo/AFP)
O PT acelerou as filiações ao partido durante o governo Dilma Rousseff e nos últimos três anos arrecadou a cifra recorde de 49,7 milhões de reais apenas com os petistas de carteirinha que, pelo estatuto da legenda, são obrigados a pagar a chamada contribuição partidária. Na comparação com os dois mandatos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o processo de arregimentação foi aperfeiçoado e o PT filia atualmente quase 8.000 pessoas por mês.
Só no ano passado, com filiados, o partido bateu outro recorde ao arrecadar 32,6 milhões de reais, cerca de 20% das receitas do diretório nacional, com os dízimos - contribuição obrigatória, que varia de acordo com a renda e o fato de o filiado ocupar ou não cargo público. O aumento da arrecadação por meio da contribuição partidária coincide com a possibilidade de as siglas não poderem contar mais com recursos de empresas para financiar suas atividades e as campanhas eleitorais dos seus candidatos.
No início de abril, a maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal posicionou-se contra tais doações, proibidas Comissão de Contitução e Justiça (CCJ) do Senado, ao julgar ação movida pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). O julgamento foi interrompido na ocasião por um pedido de vista do ministro Gilmar Mendes.
O aumento do número de filiados também se explica pela ascensão do PT ao governo federal em outubro de 2002, com a eleição de Lula. Na ocasião, segundo o Tribunal Superior Eleitoral, a sigla contava com 828.000 filiados. Já em abril deste ano, a legenda contou registro de 1,6 milhão de petistas de carteirinha - um crescimento de expressivos 91%. Ao todo, o aumento médio dos filiados de todos os partidos foi de 37% no período. O PMDB, que sempre foi conhecido como o maior partido em número de filados, cresceu apenas 6% nos últimos doze anos – conta atualmente com 2,3 milhões de filiados.
Apesar de ter sido impulsionado com o governo Lula, o maior aumento tem sido registrado no governo Dilma. Foram 196.000 filiados entre janeiro de 2011 e abril passado, mais que o dobro do segundo colocado no período, o PSB, com 92.000 novos membros. A contribuição mínima do PT é de 15 reais por semestre - para os membros que não ocupam cargo público e recebem até três salários mínimos -, mas pode superar 3.200 reais por mês, caso o filiado ocupe um cargo eletivo na esfera federal.
Preocupação - Com relação ao financiamento privado, os partidos se surpreenderam com os números de arrecadação apresentados pelo PT. "Aí está a preocupação dos partidos quando acabar o financiamento privado: o PT não sofreria tanto", reconhece o atual presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), que já tentou lançar, sem sucesso, uma campanha de arrecadação na sigla. Com o maior número de filiados, no PMDB de Raupp as contribuições são optativas.
Em contrapartida, o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), avaliou que o PT consegue tal desempenho, não somente pelo número de membros, mas também pelo fato de ter participação efetiva em cargos no Executivo, principalmente no governo federal. Ele admite que não será possível contar com contribuições partidárias equivalentes aos dos petistas e que o principal desafio do PP é, em primeiro lugar, mobilizar os já filiados. "Não temos como objetivo arrecadar com as pessoas agora e não temos como fazer", disse, ao criticar a discussão sobre o financiamento privado no Supremo. "Jogaram muito para a plateia e, no meu ponto de vista, até irresponsavelmente."
(Com Estadão conteúdo)

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