sábado 31 2014
Aconteceu: Passione
Tony Ramos, Mariana Ximenes, Fernanda Montenegro e Daniel Boaventura na cena que deu a Passione a maior audiência (54 pontos) antes do último capítulo
AS FILHAS DA MÃE
Quem diria que uma novela criada por Sílvio de Abreu, com nomes como Tony Ramos, Fernanda Montenegro e Francisco Cuoco no elenco, poderia ser algo tão sem noção? Pois foi o que aconteceu com A Incrível Batalha das Filhas da Mãe no Jardim do Éden (sim, esse era o nome completo da obra-prima).
Aconteceu: Fernanda no Fashion Rio 2010
Acompanhada de sua filha Sofia, Fernanda esteve presente no desfile da marca Mara Mac. Vários sites deram destaque para sua presença no evento. Abaixo algumas notas e fotos publicadas.
Site da revista QUEM:
Lilia Cabral levou a filha Giulia até o Píer Mauá, no Rio de Janeiro, para conferir a 16ª edição do Fashion Rio, neste domingo (10). As duas sentaram na primeira fila para assistirem ao desfile da marca Mara Mac. “É a primeira vez que eu venho com a Giulia. A trouxe porque minha vida está uma correria por conta das gravações da novela e, dessa forma, podemos passar algumas horas juntas”, disse. Lilia revelou ser fã da marca Mara Mac: “Gosto muito. Uso alguns dos modelos na novela Viver a Vida. Eu me identifico com vários modelitos e confesso que estou até usando alguns na minha vida real (risos)”.
Usando óculos escuros e um vestido branco, Fernanda Abreu foi fotografada ao chegar ao local.
“Eu gosto muito da Mara Mac, porque nas coleções sempre tem um pouco de malha e de tricô. E o legal é que mesmo no inverno, o tecido tem um pouco de leveza”, contou Fernanda.
A cantora ainda deu sua dica sobre moda: “Adoro os acessórios. Por exemplo, hoje estou de branco, mas coloquei cordões dourados.”
Fernanda falou também da filha Sophia, que adora moda: “Ela sempre vem comigo no Fashion Rio. Ela até usa algumas roupas do meu guarda-roupa. Porém, as mais básicas que correspondem com a idade dela.”
Por Laís Rissato
Site da Revista Estilo
Mara Mac reúne nomes da música e da TV na primeira fila
Nem o forte calor que faz no Rio inibiu os fashionistas no terceiro dia de Fashion Rio. O primeiro desfile de hoje foi da Mara Mac, e tinha primeira fila estrelada. Fernanda Abreu e Sofia, habitués das apresentações da marca, sentaram ao lado de Lilia Cabral e Giulia, filha da atriz e fazendo sua estreia no Fashion Rio. “Gosto de moda, e sempre troco informações com a Marie Salles, figurinista da novela”, contou Lilia, elogiadíssima interpretando a personagem Tereza, na trama de Viver a Vida. Para o inverno, ela aposta em peças básicas e infalíveis: jeans e meia-calça preta fio 80.
Escrito por Jeff às 19h31
Hoje é o seu último dia de trabalho para o governo
Impostos
Neste 31 de maio completam-se cinco meses que o brasileiro trabalhou para pagar impostos. Pelo ritmo atual de arrecadação, em menos de 30 anos o país baterá os seis meses
Naiara Infante Bertão
Em um ano, o brasileiro trabalha 5 meses para pagar impostos
O ano de 1994 marca o início do período de estabilidade da economia com a criação do Plano Real. Naquele ano, o brasileiro precisava trabalhar 3 meses e 14 dias para pagar todos os seus impostos. Vinte anos depois, o país bate um recorde (que não deve ser comemorado). Este 31 de maio encerra um ciclo de cinco meses trabalhados para o governo.
Hoje são 63 tipos de tributos federal, estaduais ou municipais que estão embutidos na renda, no patrimônio ou nos produtos e serviços - um desembolso diário e quase imperceptível. São muitos “is” para lembrar se o imposto é progressivo ou cumulativo. Há o Imposto de Renda, o Imposto Sobre Serviços, o Imposto Predial e Territorial Urbano, o Imposto sobre Produtos Industrializados e por aí vai. Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), cerca de 70% da carga tributária incide sobre o consumo e o restante está dividido entre tributação sobre o rendimento, patrimônio e outras taxas para limpeza pública, coleta de lixo, emissão de documentos, iluminação pública etc.
Nos últimos seis anos, o governo não reduziu nem um dia na arrecadação tributária. Só somou. Se o ritmo continuar galopante, em menos de três décadas o brasileiro terá de entregar meio ano para os cofres públicos. "Com o ímpeto arrecadatório do governo, não levará 30 anos. Se o país precisar de um aumento muito grande na arrecadação, como pode acontecer em breve, essa data chegará bem antes", disse João Eloi Olenike presidente-executivo do IBPT.
A arrecadação federal somou 399,3 bilhões de reais - recorde para o período - nos quatro primeiros meses de 2014. A má notícia é que a necessidade de caixa para custear a máquina pública também está em alta. Em 2013, o aumento foi superior a 20%. “Para compensar uma menor economia para o pagamento dos juros da dívida, o governo escolhe o caminho mais fácil da elevação dos impostos”, diz Myrian Lund, economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Ela destaca que entre 2003 e 2010 houve um aumento de 10% na carga tributária total.
Os impostos têm um efeito tão perverso quanto a inflação. Eles diminuem o poder de consumo e de poupança das famílias. O aumento real de salário não compensa a elevação dos gastos e compromete o padrão de vida. "Os tributos estão dentro da lei, mas, somados, eles representam muito da renda”, diz Ricardo Becker, sócio da área tributária do Pinheiro Neto Advogados
Mundo - O brasileiro trabalha mais do que argentinos, uruguaios, chilenos e mexicanos para pagar impostos. Mas fica atrás de dinamarqueses, franceses, suecos e italianos, que precisam entregar mais dias de trabalho para o poder público – a Dinamarca é o país mais próximo do seis meses de arrecadação.
No entanto, esses países têm uma vantagem sobre o Brasil: o dinheiro arrecadado pelo governo é investido no desenvolvimento econômico e social, com o aprimoramento de educação, saúde, transporte público e infraestrutura. Todos eles têm um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) superior ao brasileiro. Esse indicador é usado para medir o progresso de um país em três dimensões básicas do desenvolvimento humano: renda, educação e saúde. O Brasil estava em 2012 na 85ª posição, com IDH de 0,730, contra 0,901 da Dinamarca (15º), 0,893 da França (20º), 0,916 da Suécia (8º) e 0,881 da Itália (25º), segundo dados da Organização das Nações Unidas.
A única chance de mudar a trajetória de alta dos impostos é realizar a reforma tributária, um tema que tem sido empurrado para escanteio na última década pelos poderes Executivo e Legislativo. Governo federal, estados e municípios sabem que planejar uma cobrança mais simples e justa vai exigir uma revisão dos gastos públicos. É um custo que deve ser pago. Se nada for feito, o bolso do brasileiro ficará cada vez mais minguado.
sexta-feira 30 2014
Nunca antes um partido indicou tantos ministros para o Supremo
Judiciário
Em 12 anos no poder, Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva chegarão ao número de 13 ministros indicados para o STF. Só Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto bateram esse recorde
Laryssa Borges e Talita Fernandes, de Brasília
PLENÁRIO – Os dez ministros remanescentes no Supremo Tribunal Federal. A presidente Dilma Rousseff indicará o 11º nome para ocupar a vaga de Joaquim Barbosa (ABR)
Nos últimos anos, à medida em que o julgamento do mensalão avançava, sinalizando que políticos petistas não escapariam de pagar por seus crimes na cadeia, o PT e a esquerda passaram a repetir a ladainha de que a composição do Supremo Tribunal Federal (STF) pesou nas condenações. O principal alvo sempre foi o presidente do STF e relator do mensalão, Joaquim Barbosa, mas os petistas também miravam outros integrantes da corte. O discurso capenga sempre esbarrou num dado concreto: no Brasil pós-redemocratização, nunca um partido político indicou tantos ministros para o Supremo quanto o PT, legenda que completa neste ano seu terceiro mandato na Presidência da República. Agora, com a saída precoce de Joaquim Barbosa, a presidente Dilma Rousseff fará sua quinta indicação para compor a suprema corte. Seu antecessor no cargo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fez oito. Juntos, os dois fecharão a conta de treze indicações – média superior a uma para cada ano de mandato. O saldo só é comparável às indicações feitas por Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto no início da República – cada um indicou quinze ministros.
Na história do STF, durante a ditadura militar, João Baptista Figueiredo e Humberto Castelo Branco também indicaram diversos ministros para o tribunal – nove e oito, respectivamente. Getúlio Vargas, recordista, contabiliza 21 indicações.
Indicações para o Supremo
LULA - 8
Cezar Peluso, Carlos Alberto Menezes Direito, Carlos Ayres Britto, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Eros Grau, Joaquim Barbosa e José Antonio Dias Toffoli
Cezar Peluso, Carlos Alberto Menezes Direito, Carlos Ayres Britto, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Eros Grau, Joaquim Barbosa e José Antonio Dias Toffoli
DILMA ROUSSEFF - 4
Luiz Fux, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber e Teori Zavascki
Luiz Fux, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber e Teori Zavascki
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO - 3
Ellen Gracie, Gilmar Mendes e Nelson Jobim
Ellen Gracie, Gilmar Mendes e Nelson Jobim
ITAMAR FRANCO - 1
Maurício Corrêa
Maurício Corrêa
FERNANDO COLLOR - 4
Carlos Velloso, Ilmar Galvão, Francisco Rezek e Marco Aurélio Mello
Carlos Velloso, Ilmar Galvão, Francisco Rezek e Marco Aurélio Mello
JOSÉ SARNEY - 5
Carlos Madeira, Célio Borja, Celso de Mello, Sepúlveda Pertence e Paulo Brossard
Carlos Madeira, Célio Borja, Celso de Mello, Sepúlveda Pertence e Paulo Brossard
Nos próximos anos, independentemente da saída de Joaquim Barbosa, outras vagas serão abertas no Supremo. As primeiras ocorrerão com as aposentadorias compulsórias de Celso de Mello (2015) e Marco Aurélio Mello (2016), aos 70 anos. Indicados por José Sarney e Fernando Collor de Mello, respectivamente, os dois são, ao lado do ministro Gilmar Mendes – indicado no governo Fernando Henrique Cardoso –, os únicos que não chegaram à corte em mandatos do PT. Em 2018, completarão 70 anos Rosa Weber, Teori Zavascki e Ricardo Lewandowski.
A indicação por um presidente do PT não faz do ministro – e assim espera-se dele – um representante do partido no plenário do tribunal. Barbosa assumiu a cadeira na corte levado pelas mãos de Lula. Luiz Fux também foi apontado por Dilma. Os dois marcaram duros votos contra mensaleiros petistas. No entanto, há o exemplo contrário: Ricardo Lewandowski, indicado por Lula, é idolatrado por militantes petistas por assumir o papel de antagonista de Barbosa no julgamento do mensalão. Recentemente, os novatos Luís Roberto Barroso e Teori Zavascki, indicados por Dilma, foram decisivos para reverter condenações pelo crime de formação de quadrilha, atenuando penas.
Nos corredores do tribunal, a lista de possíveis sucessores de Barbosa é grande: os ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Benedito Gonçalves, Luis Felipe Salomão, Herman Benjamin e Nancy Andringhi; e os advogados Heleno Torres e Luiz Eduardo Fachin. E ainda algumas apostas temerárias para a plena independência dos Poderes, como Luís Inácio Adams, advogado-geral da União (AGU), candidato a repetir o mau exemplo de José Dias Toffoli, que antes da toga deu expediente como advogado do PT.
MP quer multar Padilha e barrar caravanas do PT em SP
São Paulo
Procuradoria Regional Eleitoral acusa pré-candidato ao governo paulista de fazer propaganda antecipada e exige pagamento de 750.000 reais
Felipe Frazão
Thássia Alves (esposa de Alexandre Padilha), o ex-ministro Alexandre Padilha, ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o empresário Maurílio Biagio, participam de jantar com lideranças locais, em Ribeirão Preto (Paulo Pinto/Divulgação)
O Ministério Público ingressou nesta quarta-feira com uma representação contra o pré-candidato do PT ao governo de São Paulo, o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, no Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo. A Procuradoria Regional Eleitoral acusa o petista de fazer propaganda antecipada nas caravanas promovidas pelo partido desde fevereiro. O procurador regional eleitoral, André de Carvalho Ramos, quer barrar imediatamente a incursão de Padilha pelo interior paulista e obrigar o ex-ministro e o PT a pagarem multa de 750.000 reais.
No pedido de liminar, Ramos pretende proibir a realização de novas caravanas com o mesmo formato – semelhante a comícios abertos, no entender na procuradoria. Durante a pré-campanha, a legislação eleitoral proíbe eventos públicos de promoção dos pré-candidatos, sobretudo em ambientes abertos. A lei permite apenas encontros, seminários ou congressos em ambientes fechados, bancados pelos partidos, para organização da estratégia eleitoral, discussão de planos de governo e alianças partidárias.
Porém, o procurador afirmou que as caravanas de Padilha tiveram “caráter eminentemente proibido pela norma eleitoral, porque os discursos e os temas nelas debatidos quase sempre se restringiram a enaltecer o pré-candidato”. Até a noite desta quinta-feira, o site da pré-campanha de Padilha divulgava que o petista já visitou 125 cidades de São Paulo, em catorze caravanas.
Carvalhos Ramos argumentou que o PT paulista "promoveu encontros públicos com pessoas não filiadas ao PT – grupos de jovens, grupos de mulheres e outras minorias sociais, trabalhadores de diversos setores e empresários". Ele disse que a continuidade das caravanas "fere a igualdade de oportunidades entre os candidatos que concorrerão às eleições, em escancarada violação à isonomia”. O Ministério Público também contesta a publicação de notícias e fotos em redes sociais, meios de comunicação locais dos municípios e transmissão de eventos em tempo real.
A representação da procuradoria é contra o pré-candidato e o diretório paulista do PT. Após deixar o ministério da Saúde, Padilha recebeu do partido o cargo eufemístico de "coordenador de caravana" e salário de 10.000 reais.
O presidente do PT paulista, Emídio de Souza, disse que o partido ainda não foi notificado pelo tribunal. Quando inaugurou as caravanas, o partido anunciou percorreria o Estado em busca subsídios para elaborar plano de governo a ser apresentado pelo candidato. "A caravana é realizada às expensas do Partido dos Trabalhadores exclusivamente, estando absolutamente de acordo com a legislação eleitoral, que permite também cobertura dos meios de comunicação social, inclusive via internet", afirmou em nota.
quinta-feira 29 2014
Tentativa de assalto à filha e ex-mulher do ministro Cardozo não é lição de moral, mas instrui
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/
Na tarde desta quarta, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou que os turistas devem se sentir seguros no Brasil. À noite, sua ex-mulher e sua filha foram vítimas de uma tentativa de assalto, em São Paulo (leia post). É claro que a gente é tentado a fazer a crítica fácil, que, convenham, já vem pronta: “E aí, hein, ministro? Quer dizer que turista pode se sentir seguro!? Já os brasileiros…”.
Pois é. Trata-se de uma crítica tão fácil como errada. Todas as pessoas estão sujeitas a assaltos. A bobagem que seus respectivos pais ou ex-maridos falam não tem nenhuma relação com o episódio em si. Os burros e os inteligentes, os bons e os maus, os esquerdistas e os direitistas, os carnívoros, os vegetarianos e os herbívoros… Ninguém escapa. Assaltos não existem para aplicar lições de moral, para ser didáticos ou para punir quem não pensa como a gente. Assaltos existem porque alguém acha certo tomar na marra o que não lhe pertence. Se o país é viciado em impunidade e a transforma numa tradição, o que assaltou uma vez o fará muitas vezes; outros seguirão seu exemplo porque vão considerar que é um jeito fácil de ganhar a vida. E as consequências são conhecidas — nossas conhecidas.
É claro que falas de autoridades brasileiras nesses dias são irritantes, beirando a estupidez, a começar das de Cardozo. Veio a público ontem o número de homicídios no Brasil em 2012: mais de 56 mil. A taxa é de 29 por 100 mil habitantes. Uma aberração! O país, já lembrei aqui, tem um terço da população da América Latina e Caribe e responde por mais de metade dos homicídios.
À diferença, pois, do que diz o ministro da Justiça, o Brasil não é um país seguro: nem para estrangeiros nem para brasileiros; nem para os que têm pais que falam as coisas certas nem para os que têm pais que falam as coisas erradas. E olhem que ex-mulher e filha do ministro transitavam numa das capitais mais seguras do país. Em qualquer estado governado por seu partido, o PT, o risco é maior.
Leio que até o procurador-geral da República, sei lá com que autoridade ou expertise, resolveu dizer palavras tranquilizadoras aos turistas. Em reunião com empresários, a presidente Dilma Rousseff afirmou que vai chamar o Exército e que não permitirá que se encoste um dedo nas delegações estrangeiras.
Tudo isso, no fim das contas, é meio acintoso quando nos damos conta da desídia do Poder Público, com raras exceções, em matéria de segurança pública para os nativos, para este pobre povo de Banânia, que morre às pencas.
Convenham: nem seria preciso que a realidade se encarregasse de ser tão didática com Cardozo para que a gente se lembrasse o quanto ele e seu partido não fizeram nessa área. Termos chegado à Copa do Mundo — e, daqui a dois anos, às Olimpíadas — sem uma lei que puna com especial rigor pessoas que põem em risco a segurança coletiva é uma prova de irresponsabilidade.
Menos mau que os familiares do ministro possam contar com condições especiais de segurança, como carro blindado e escolta armada. A esmagadora maioria dos brasileiros tem a seu favor apenas a sorte. Além das palavras tranquilizadoras do ministro da Justiça.
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/tentativa-de-assalto-a-filha-e-ex-mulher-do-ministro-cardozo-nao-e-licao-de-moral-mas-instrui/#.U4dNwtJpCpA.twitter
Novas medidas que afastam doenças do coração
Pílula de tomate
Pesquisadores descobriram um novo benefício do tomate. O fruto está sendo usado como matéria-prima para a fabricação de um suplemento alimentar chamado Ateronon, que ajuda a prevenir doenças cardiovasculares. As pílulas, vendidas na Inglaterra, são feitas a base de licopeno, substância responsável pela cor avermelhada do tomate e de propriedades antioxidantes, ou seja, capazes de retardar o envelhecimento celular. Segundo os pesquisadores, o Ateronon pode melhorar a função das células do endotélio (camada interna dos vasos sanguíneos) em até 50%, aumentando a flexibilidade dos vasos.
Morango e mirtilo
Um estudo publicado no periódico "Circulation" mostrou que comer morangos e mirtilos pelo menos três vezes por semana pode reduzir o risco de ataque cardíaco em mulheres. O benefício se deve às suas quantidades elevadas de flavonoides — compostos com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. Morangos e mirtilos têm autocianina, um tipo de flavonoide que ajuda a dilatar as artérias e evitar a formação de placas que atrapalham o fluxo sanguíneo.
Menos carne, mais legumes
Reduzir o consumo de carne vermelha pode fortalecer o coração. Um estudo divulgado no periódico "The American Journal of Clinical Nutrition" mostrou que vegetarianos apresentam um risco menor de sofrer doenças cardiovasculares ou morrer em decorrência de um evento cardiovascular. Outro trabalho, publicado na revista "Nature Medicine", apontou que, além de aumentar a gordura e o colesterol ruim, o consumo excessivo de carne vermelha produz uma substância que eleva as chances de aterosclerose, obstrução dos vasos sanguíneos que leva ao infarto.
Casamento saudável
O casamento pode ser um dos segredos para um coração saudável. Segundo uma pesquisa publicada na revista "European Journal of Preventive Cardiology", pessoas casadas apresentam menores chances de sofrer um ataque cardíaco e, se vierem a sofrê-lo, têm maior probabilidade de recuperação do que as solteiras. De acordo com os pesquisadores, as possíveis explicações para isso são o fato de que os casados costumam manter hábitos mais saudáveis e possuir uma rede de apoio mais ampla — o que facilita, por exemplo, a ajuda no caso de um problema cardíaco. Além disso, os fatores psicológicos da satisfação conjugal interferem positivamente na saúde do coração.
Dieta do Mediterrâneo: fácil e eficaz
Frutas, legumes, peixes, grãos integrais e quantidade moderada de álcool. Essas são as premissas da Dieta do Mediterrâneo. Menos restritiva que outros regimes, ela é considerada a mais fácil de ser seguida a longo prazo. Neste ano, duas pesquisas demonstraram seus benefícios à saúde cardíaca. Uma delas, publicada no periódico "The New England of Medicine", concluiu que a dieta do Mediterrâneo reduz a chance de problemas cardiovasculares entre pessoas com mais de 55 anos que apresentam alto risco cardíaco. O outro artigo, escrito por pesquisadores canadenses, mostrou que a dieta colabora na redução do colesterol ruim, o LDL, em homens com risco elevado de doenças cardíacas.
Mesmo com ganho de peso, parar de fumar vale a pena
Parar de fumar, de fato, favorece o ganho de peso. Mas os benefícios ao coração superam qualquer risco associado aos quilos extras. Um estudo publicado no periódico "The Journal of the American Medical Association" mostrou que o aumento de peso variou de meio a 4,5 quilos entre os indivíduos que largaram o cigarro. Ainda assim, seis anos após terem abandonado o tabagismo, todos os voluntários da pesquisa apresentaram uma redução de 50% no risco de sofrer algum evento cardiovascular.
Menos sódio, mais potássio
Além de reforçar a ideia de que reduzir o consumo de sódio evita problemas cardíacos, uma série de estudos publicados no site da revista "British Medical Journal" revelou que ingerir maiores quantidades de potássio propicia o mesmo benefício. Uma alta ingestão do nutriente — encontrado principalmente em frutas, legumes e verduras frescas — pode diminuir em até 24% o risco de um acidente vascular cerebral (AVC). Já o consumo de sal, sugere a pesquisa, deve ser de no máximo 3 gramas por dia, menos do que os 5 gramas recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Café da manhã
Homens que não tomam café da manhã têm 27% mais riscos de infartar ou sofrer uma doença coronariana. O dado, divulgado no periódico "Circulation", reforçou a importância da refeição, que deve fornecer energia suficiente para o corpo começar o dia. Segundo os cientistas, o hábito de pular o desjejum pode causar obesidade, pressão alta e diabetes — fatores de risco para doenças cardíacas.
Sedentarismo é o maior inimigo da saúde cardíaca da mulher
Coração
Pesquisa concluiu que, a partir dos 30 anos, principal fator de risco ao coração da mulher deixa de ser o tabagismo e se torna a inatividade física
Mulheres: Depois dos 30, não praticar atividade física passa a ser maior ameaça ao coração feminino (Thinkstock)
O sedentarismo parece ser o principal fator de risco ao coração da mulher, elevando as chances de uma doença cardíaca de forma mais intensa do que tabagismo, obesidade e hipertensão, por exemplo. A conclusão faz parte de um novo estudo australiano publicado na última edição do periódico British Journal of Sports Medicine.
O trabalho se baseou nos dados de mais de 30.000 mulheres entre 22 e 90 anos que haviam participado de um levantamento nacional na Austrália. Os pesquisadores analisaram os casos de doença cardíaca entre essas mulheres e avaliaram o impacto de cada fator de risco sobre a condição.
“Antes dos 30 anos, o cigarro tem maior impacto sobre o risco de uma doença cardíaca. Mas à medida que as mulheres envelhecem, muitas deixam de fumar e a inatividade física se torna o fator de risco dominante para o problema”, diz Wendy Brown, professora do Centro de Pesquisa em Exercícios, Atividade Física e Saúde da Universidade Queensland, Austrália, e coordenadora da pesquisa.
Na opinião da professora, esses resultados indicam que mais esforços precisam ser feitos para promover a prática de atividade física entre mulheres de todas as faixas etárias. “Se todas as mulheres com mais de 30 anos seguissem as recomendações sobre prática de exercícios – ou seja, pelo menos 150 minutos por semana de atividade física moderada — a vida de muitas delas poderia ser salva todos os anos”, diz Wendy.
Brasil — Dados de um levantamento nacional feito pelo Ministério da Saúde e divulgados no mês passado mostraram que os brasileiros estão cada vez mais ativos. A prática de atividade física durante o tempo livre aumentou de 30,3% para 33,8% nos últimos cinco anos, segundo o estudo.
quarta-feira 28 2014
Em Brasília, o resumo dos grandes erros do país da Copa
Cidades
Estádio caro e com futuro incerto, obras incompletas, legado decepcionante: é essa a capital que os visitantes encontrarão dentro de apenas quinze dias
Adriana Pereira, de Brasília
Estádio Mané Garrincha na final da Copa Verde entre Brasília e Paysandu - (21/04/2014) (Evaristo Sá/AFP)
"É fundamental que o orgulho do brasileiro se eleve com relação à sua capital, que foi muito maltratada ao longo dos anos”, diz o secretário Claudio Monteiro
A Copa do Mundo chega a Brasília em 15 de junho, com uma partida entre Suíça e Equador. Faltando poucas semanas para o evento, entretanto, os preparativos na capital federal simbolizam bem as deficiências na organização do torneio no país todo. Brasília conta com um estádio que custou caro demais e tem futuro incerto; há obras ainda incompletas, que ficarão prontas só depois do Mundial; e ainda enfrenta problemas que podem comprometer a experiência do torcedor que chegar à cidade para participar da festa.
O governo do Distrito Federal entregou o Estádio Nacional Mané Garrincha à Fifa na semana passada, para que sejam feitos os ajustes finais na arena que receberá sete partidas da Copa. Áreas de imprensa, estrutura para transmissão de TV, escritórios temporários, tendas de serviços e treinamento de funcionários estão sendo realizados no local. Estádio mais caro do Mundial e forte candidato a virar um elefante branco depois do torneio, o Mané Garrincha foi orçado em mais de 700 milhões de reais, mas está chegando à casa dos 2 bilhões. Pelo projeto, a arena multiuso promete abrigar mais do que partidas de futebol e shows, apostando em eventos dos mais diversos. Mesmo que esse conceito decole – algo em que nem todos acreditam na capital –, o contraste do estádio moderno e sofisticado com a realidade do lado externo é grande. A começar pelas calçadas esburacadas e cheias de barro que levam até o estádio.
A Copa no DF seria, de acordo com o governador Agnelo Queiroz, o "Mundial sustentável" – e ela veio a um custo elevado, segundo o Tribunal de Contas da União (TCU). A frota de dezoito ônibus ecológicos (movidos a biodiesel e com motor elétrico) para transportar os turistas custou ao redor de 20 milhões de reais. Em Curitiba, porém, sessenta unidades do mesmo veículo custaram 26 milhões de reais, já que foram dispensados equipamentos como câmbio automático e ar condicionado. O VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) que ligaria o aeroporto ao Setor Hoteleiro Sul foi retirado da Matriz de Responsabilidades da Copa pelo governador – houve suspeita de irregularidade na fase de licitação. Diversas outras promessas, como o projeto urbanístico do lado externo da arena, a ampliação de rede de metrô, a adoção do bilhete único de transporte e as placas fotovoltaicas para captação e aproveitamento de energia solar no estádio, continuam na lista de espera.
Legado pela metade - Como todas as outras onze cidades-sede, a capital federal também terá seus legados da Copa – pelo menos conforme as campanhas do governo. Além do estádio, criado para ser uma arena multiuso, o aeroporto, com a nova Ala Sul, passou de treze para 29 portões de embarque, ganhou uma ampliação na área de manobra das aeronaves, mais vagas de estacionamento... e muito barulho e confusão para os visitantes que chegam neste mês, pois nem todas as obras no local estão prontas. O Expresso Sul, corredores exclusivos para ônibus que ligam o Gama ao Plano Piloto, também teve sua construção atribuída à chegada da Copa à cidade. "É fundamental que o orgulho do brasileiro se eleve com relação à sua capital, que foi muito maltratada ao longo dos anos”, disse o secretário Claudio Monteiro, que cuida dos assuntos da Copa no DF.
Apesar de o governo distrital comemorar os projetos ligados ao Mundial, muitos avanços prometidos ficaram pela metade. No caso do estádio, existe um projeto para manter abertos dois restaurantes e lojas. Segundo o secretário, porém, a execução do projeto só terá início após o Mundial. Quanto ao aeroporto, estão em falta placas de sinalização indicando aos turistas onde estão o embarque e desembarque, pontos de táxis e banheiros. Apesar das melhorias na Ala Sul, que será apenas de uso doméstico, a Ala Norte, para voos internacionais, ainda não foi concluída e mantêm-se sem previsão de conclusão. O Expresso teve apenas um de seus trechos concluído. A parte que ligará Planaltina e Sobradinho ao Plano Piloto só deve começar a ser construída no segundo semestre. Mesmo o que é anunciado como legado, portanto, ainda está longe de ser concluído.
A Copa que o turista vai encontrar na capital
O turista que chegará a Brasília para acompanhar de perto a Copa do Mundo deverá se deparar com algumas surpresas – e elas, definitivamente, não se encaixam no padrão Fifa. Com apenas quinze dias para o início do torneio, a cidade ainda não oferece as condições ideais para a realização da competição. Sob a tutela da Fifa desde a semana passada, o Estádio Nacional Mané Garrincha está pronto, mas ainda há obras e chão em terra batida em boa parte do pátio que o contorna.
A pavimentação do entorno está sendo feita em cima da hora. A promessa é de que ficará pronta até o início do torneio. Mas obras que serviriam para melhorar o acesso dos visitantes ao palco dos jogos só ficarão prontas após o Mundial, como é o caso do túnel que liga o estádio ao Centro de Convenções. Com o foco voltado ao estádio, que já foi palco da abertura da Copa das Confederações, as obras no lado externo começaram a ser executadas tarde demais. De acordo com o titular da Secretaria Extraordinária da Copa (Secopa) no Distrito Federal, Claudio Monteiro, o túnel continua nos planos e deverá facilitar o acesso ao estádio em jogos futuros. No maior evento a ser realizado no local, porém, o caminho facilitado não existirá.
A reportagem de VEJA saiu do Setor Hoteleiro Norte, a menos de um quilometro do estádio, e fez o percurso que quase todos os turistas percorrerão em dias de jogos. No caminho foram identificadas diversas falhas nas calçadas, além de muita sujeira decorrente das construções – incluindo o entulho deixado pelas obras de um dos hotéis que não foram concluídos para a Copa – e de buracos e bueiros abertos. Também não havia policiamento no trajeto. Estrangeiros acostumados com organização e limpeza terão dificuldades para se adaptar.
O governo corre para Brasília não receber o Mundial apresentando tantos pontos negativos, mas a arena que foi inaugurada há apenas um ano só recebe os devidos cuidados aos quarenta minutos do segundo tempo. Mesmo com o estádio já entregue à Fifa, um canteiro de obras instalado no lado externo continua no mesmo lugar, sinalizando que ainda há trabalho a ser feito. As máquinas ligadas durante boa parte do dia e o constante movimento de trabalhadores no local confirmam essa impressão.
Apesar das evidências de desleixo e das obras ainda incompletas, na avaliação da Secopa-DF, tudo transcorre conforme o planejado: "Estamos prontos para receber a Copa do Mundo de 2014".
Dilma promete ao PT encampar regulação econômica da imprensa
Comunicação
Se reeleita, presidente defenderá proposta do partido que prevê 'fim do monopólio' dos meios de comunicação, segundo jornal 'Folha de S. Paulo'
Presidente Dilma Rousseff durante entrevista coletiva (Hector Planes/AFP)
Desde que assumiu o Planalto, a presidente Dilma Rousseff tem mantido distância do projeto petista de controle da imprensa: sepultou, inclusive, o projeto de lei para 'regulação das comunicações' elaborado pela legenda durante o governo Lula, e que trazia na raiz o embrião autoritário da censura. Reportagem do jornal Folha de S. Paulo publicada nesta quarta-feira, contudo, indica que, se Dilma segue firme em seu discurso contra a ideia petista de 'controle social da mídia' - termo utilizado pela sigla para mascarar uma intenção bastante clara: controlar o que é veiculado pela imprensa no país -, ela decidiu ceder em outro ponto, e agora afirma ao partido que vai encampar, caso reeleita, a proposta de regulação econômica da imprensa.
De acordo com o jornal, a presidente segue contra a discussão sobre controle de conteúdo, mas decidiu apoiar um projeto que regulamente e trate dos artigos 220 e 221 da Constituição, que determinam que os meios de comunicação não podem ser objeto de monopólio ou oligopólio e que a produção e a programação de rádios e TVs devem atender os princípios de produção regional e independente. O texto trata ainda da definição de como deve ser a publicidade. Assim como o controle de conteúdo, o fim do que o PT classifica como 'monopólio dos meios de comunicação' sempre foi bandeira defendida nos projetos do partido para regulação da imprensa. Ou seja, além de voltar sua artilharia contra os grandes grupos de comunicação, sempre alvo dos irados discursos petistas contra a imprensa, o partido busca golpear a receita publicitária dos veículos de informação, tornando-os mais dependentes do dinheiro público - o que poderia redundar, no futuro, no controle indireto do conteúdo pelo governo.
Durante o governo do ex-presidente Lula, o então ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, elaborou um projeto que previa a criação de um Conselho de Comunicação para regular o conteúdo de rádios e TV. Dilma, desde o início de seu mandato, sempre se demonstrou contrária à ação, e engavetou a proposta.
Segundo a publicação, a presidente teria afirmado, em reunião recente no Palácio da Alvorada: "Não há quem me faça aceitar discutir controle de conteúdo. Já a regulação econômica não só é possível discutir como desejável". Na última segunda-feira, a Executiva do PT decidiu incluir a regulação dos meios de comunicação no programa do partido para a campanha presidencial. "A democratização da sociedade brasileira exige que todas e todos possam exercer plenamente a mais ampla e irrestrita liberdade de expressão, o que passa pela regulação dos meios de comunicação – impedindo práticas monopolistas – sem que isso implique qualquer forma de censura, limitação ou controle de conteúdos", afirma texto da legenda. Dilma teria aceito a decisão desde que ficasse restrita à parte econômica. Ao encontro da Executiva estavam presentes, além de Dilma, o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, o presidente do partido, Rui Falcão, e o ex-ministro Franklin Martins.
terça-feira 27 2014
Leis e contratos brasileiros punem ‘catraca livre’ nas greves do país
POR RODRIGO RODRIGUES
Depois de dois dias de greve de motoristas e cobradores de ônibus que deixou o sistema de transportes de São Paulo em colapso, nesta semana o tema que tomou conta das rodas de discussões e nas redes sociais foi: por quê os trabalhadores de transporte público no Brasil não optam por protestos com 'catracas livres' antes da paralisação, sem prejudicar outras categorias?
Em alguns países da Europa e do Oriente Médio, por exemplo, a paralisação é o último recurso depois de exaustivas mesas de negociações, ameaças de greve e a liberação das catracas para os passageiros andarem de graça durante parte do período do dia, ou durante vários dias seguidos. A ideia é que o bolso do patrão e do poder público seja penalizado, e não o cidadão comum.
No Brasil, contudo, a greve parece ser o único recurso da categoria, depois do chamado “estado de greve” e a “ameaça de greve”.
Só parece.
Para entender os mecanismos que levam as categorias a optarem pela paralisação e não pela chamada 'catraca livre', o Terra Magazine ouviu alguns importantes sindicatos, advogados e associações de transporte do País.
O principal argumento dos sindicalistas diz respeito à proteção que os tribunais de conciliação trabalhista fazem do patrimônio e faturamento das empresas detentoras da concessão pública de transporte, segundo Dagnaldo Gonçalves, diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Metroviários de São Paulo.
“Todos os anos antes da greve, a gente propõem a liberação das catracas nas audiências de conciliação. O governo não aceita e os tribunais acolhem a alegação, com o juiz sempre pedindo 100% da frota em funcionamento em horário de pico. Ora, 100% em horário de pico não é greve. Se a gente desrespeita, o tribunal impõe penas duríssimas aos sindicatos que chegam até a R$500 mil por dia. Nenhum sindicato tem dinheiro suficiente em caixa para bancar essa multa. Por outro lado, não há uma população engajada na luta dos trabalhadores para garantir que esse dinheiro não seja cobrado”, relata Gonçalves.
Depois dos motoristas de ônibus, os metroviários de SP também articulam um movimento grevista para os próximos dias e tentam garantir uma reposição salarial de 35,47% dos salários.
A categoria alega que há vários anos não conseguem aumento real de salário acima de 2%.
No ano passado, a reposição acima da inflação foi de apenas 1%. Neste ano, devido à ameaça inflacionária invisível, acham que hora de exigir reposição salarial melhor.
“Os metroviários de Brasília transportam 200 mil pessoas por dia e têm o salário 35% maior que o nosso, que transportamos 5 milhões de usuários. A lei manda pagar adicional de periculosidade para os agentes de estação, o Metrô não paga. A categoria tem um piso de R$ 2 mil, e tentam dizer que é muito. Ora, R$ 2 mil para um trabalhador pai ou mãe de família é quase nada. O governo diz que a categoria tem média salarial de R$4 mil. Claro, tem uma porção de gerente de estação, gerente de operações, coordenador de maquinário, ganhando R$20 mil. Óbvio que eleva a média para cima. Mas e os seguranças, agentes de estação, como ficam nessa história?”, questiona Dagnaldo Gonçalves.
O Sindicato de Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc) foi um os últimos a fazer greve neste ano na capital paranaense.
A greve do transporte coletivo na cidade durou quatro dias e, graças à audiência de conciliação, os trabalhadores conseguiram 4% de aumento real, mais abono e 10,5% de reajuste no vale alimentação.
O valor é considerado razoável pelo presidente do sindicato, Anderson Teixeira. Mas ele narra a pressão econômica dos empresários na mesa de negociação:
“No pedido que os empresários e a própria prefeitura fizeram à Justiça, foi solicitada a aplicação de uma multa de R$1 milhão por dia parado, caso o acordo de conciliação não fosse respeitado, mais desconto em folha dos dias parados. A juíza até deu um bronca no representante deles, dizendo que nem os patrões conseguiam arrecadar R$1 milhão por dia. No final, ela reduziu a multa para R$100 mil. Mesmo assim, poucas entidades conseguem manter uma greve com multas tão altas”, revela Anderson Teixeira.
Segundo o presidente do Sindimoc, no primeiro dia de paralisação foi proposto um acordo de catracas liberadas ao setor patronal, para que a população não fosse prejudicada. Mas os empresários nem cogitaram em negociar, segundo Teixeira.
“Quando propusemos a chamada 'paralisação branca', a junta de empresários foi a primeira a dizer que faturava X por dia e que iria cobrar de alguém aquele faturamento, se os veículos saíssem das garagens. Eles ameaçaram abrir ação contra os próprios trabalhadores e não contra o sindicato, por uso de patrimônio privado. Imagina um pai de família tendo que pagar por cinco, dez dias de 'paralisação branca'? Isso desmobiliza a categoria e impõe medo aos trabalhadores. Nossa equipe técnica analisou a legislação e chegou à conclusão de que as leis protegem o patrimônio privado são muito rigorosas. As chances de ganhar numa disputa de tribunal é muito baixa, o que deixa a maioria dos sindicatos com o pé atrás”, explica o presidente do Sindimoc.
Opinião patronal
Segundo Marcos Bicalho, diretor Administrativo e Institucional da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), essa pressão acontece porque as empresas também têm custos de operação e não podem arcar sozinhas com paralisações brancas.
“Quando o veículo não sai da garagem, não há custo adicional para o empresário. A lei garante a greve, logo também não há ilegalidade. Mas quando os carros deixam as garagens, o empresário além de não ganhar, tem despesas de manutenção, gasolina e mão de obra dos veículos. Nós não somos contra uma pactuação conjunta para liberar as catracas. Mas o poder público tem que se responsabilizar pelas despesas. Do contrário, não temos acordo”, diz Bicalho.
O representante da NTU também considera a paralisação branca como ilegal, porque os próprios contratos de trabalho de cobradores de ônibus prevêem punição para diferença de valores apresentadas na volta para a garagem.
“O cobrador quando assume o posto na garagem, ele tem um número de catraca. No contrato de trabalho é claro que, se o valor entregue ao empregador for menor que o número final, ele pode ser acusado de roubo e ser demitido individualmente por justa causa. O que garante ao empresário que ele deixou a catraca livre ou não embolsou o dinheiro? O setor empresarial não cobra do sindicato porque está muito claro no contrato que o trabalhador assina no ato da contratação dele”, argumenta Marcos Bicalho.
O advogado Álvaro Trevisioli, especialista em Relação do Trabalho, concorda que o risco do trabalhador ser obrigado a indenizar o patrão é muito alto. Para ele, esses riscos não valem a pena a partir do momento que a CLT assegura o direito de greve no Brasil.
“A grande maioria dos contratos de trabalho tem clausulas que estabelecem que, se o trabalhador impõe prejuízo comprovado ao empregador, é direito dele descontar esse prejuízo em salário ou até demissão por justa causa. É a lei. Num país onde as leis protegem o direito legítimo de greve, fazer paralisação é muito mais seguro para qualquer categoria”, comenta Trevisioli. “Num mundo ideal, com a população pressionando as empresas com protestos e boicote aos serviços, talvez fizesse os empresários reverem a multa. Mas no Brasil, quem é que está disposto a ir às ruas para lutar por uma categoria que não seja a sua?”, argumenta o sócio da Trevisioli Advogados Associados.
A explicação do advogado Márcio Rocco vai na mesma linha de Trevisioli. Ele também é especialista em Relações do Trabalho e já advogou para alguns sindicatos.
De acordo com Rocco, a legislação trabalhista brasileira é bem moderna, copiando em grande parte o que acontece na Europa, apesar de algumas particularidades.
O advogado diz, contudo, que a chamada ‘greve branca’ não está prevista na nossa legislação e, portanto, é muito fácil de ser considerada legal nos tribunais, obrigando a indenização das empresas.
“Na nossa legislação, o direito de greve é assegurado, mas os trabalhadores têm que respeitar certas normas, como aviso com 72 horas de antecedência, mesas e grupos de negociação esgotados, aviso aos sindicatos patronais, não parar 100% da frota. Essa greve de ônibus que houve em São Paulo não tem precedentes recentes no País, porque parece de fato uma crise de representação. Mas os trabalhadores não cumpriram as regras e ainda passaram por cima de um acordo coletivo firmado. Não temos jurisprudência ainda no Brasil sobre casos assim, mas, salvo se o juiz abrir mão da multa para tentar acordo de volta ao trabalho, essa paralisação certamente vai impor prejuízos aos trabalhadores que pararam e ser julgada ilegal”, diz Márcio Rocco.
Manobras políticas
Diante desse cenário, os sindicalistas se dizem “amarrados”, sem opção para levar a cabo as reivindicações da categoria.
“Antes da greve tentamos distribuir panfletos e usar o sistema de microfones das estações para dialogar com a população e informar nossas reivindicações. Mas o metrô proibido e emitiu, já neste ano novamente, comunicado proibindo e cerceando, inclusive, a panfletagem nas áreas de dentro das estações, sob o risco de demissão dos empregados. Nos resta apenas trabalhar de colete, como estamos fazendo há 60 dias, e iniciar uma mobilização de greve. É isso ou aceitar o que querem os patrões”, diz Dagnaldo Gonçalves, do Sindicato dos Metroviários de SP.
Gonçalves afirma que neste ano de 2014 mais uma vez os sindicalistas irão propor ao Metrô e CPTM de São Paulo a paralisação branca, caso as negociações com o Governo de São Paulo não avancem.
Mas o representante dos metroviários prevê que a chance de prosperar é pouca, porque o governo usa a greve também como instrumento político.
“As pessoas gostam de dizer que sindicato gosta de fazer greve. Não gosta. Neste ano nós nem estamos muito encorajados até agora para isso. Porque a greve também é um instrumento limitador. A partir do momento que ela começa, a Justiça entra em campo para mediar e estipula várias limitações, forçar acordos não tão vantajosos, limitando o poder de negociação dos trabalhadores. Então, para o governo a greve é melhor opção também que a catraca livre. Porque ele conta com o fator midiático, que é colocar a população contra os grevistas. Para boa parte da imprensa, a greve só está causando transtornos à sociedade”, lamenta Gonçalves.
Interesse público x privado
Questionados se no Brasil já houve algum caso de sindicato ou categoria por greve branca, nenhum dos sindicalistas e advogados consultados pela reportagem disse se lembrar de sindicato que tenha feito greve branca e nem que tenha sido penalizado por isso. O receio de demissões e prejuízos para a classe parece imperar.
Então, será que não está faltando coragem para as categorias experimentarem uma primeira greve branca no Brasil?
Anderson Teixeira, do Sindimoc, diz que sim:
“Falta coragem para arriscar sim. O dia que alguém fizer a primeira, os resultados poderão servir de fato de embasamento para uma nova tendência. Mas penso que deva partir de uma categoria cujos ônibus ou trens sejam públicos, e não fruto de concessão. Porque os empresários são mais gananciosos. E os governos mais aptos à pressões públicas da sociedade. Mas é um modelo que só vai vingar se a sociedade estiver junto com os grevistas”, defende Teixeira.
O advogado Márcio Rocco diz que é possível mudar a lei e enquadrar a greve branca como obrigatória ou opcional no Brasil, por proteção do interesse público. Mas, de acordo com o advogado, é também uma mudança que só acontece com mobilização da sociedade.
“Num Congresso onde os interesses políticos e patronais têm mais força que a voz do cidadão, só a mobilização pública pode mudar isso. O cidadão tem que tomar o controle da vida coletiva, não apenas reclamar entre os colegas. Só a pressão popular pode colocar os interesses das categorias e das empresas abaixo do interesse da sociedade, que é o que deve imperar sempre”, lembra Rocco.
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