terça-feira 11 2014

Ministro do TSE nega liminar, mas cobra explicações de Dilma e do PT sobre reunião político-eleitoral no Alvorada

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Vamos com calma! O TSE não deu autorização para a presidente Dilma transformar o Palácio da Alvorada num Comitê Eleitoral do PT. Por enquanto, o ministro Admar Gonzaga apenas se negou a conceder uma liminar proibindo reuniões dessa natureza. Antes de tomar uma decisão, pediu que a própria presidente, o PT e o Ministério Público se manifestem a respeito.
Na Quarta-Feira de Cinzas, Dilma interrompeu a sua folga de Carnaval, retomada no dia seguinte, só para cuidar do seu projeto de reeleição. Reuniu na residência oficial três servidores públicos em serviço — além dela própria, o ministro Aloizio Mercadante, da Casa Civil, e Giles Azevedo, chefe de gabinete —; dois deputados estaduais, os presidentes nacional e paulista do PT, Rui Falcão e Edinho Silva, respectivamente, além de Franklin Martins, do marqueteiro João Santana e, obviamente, de Luiz Inácio Lula da Silva.
Não conceder uma liminar significa não reconhecer uma urgência na decisão. Até aí, vá lá, podemos discutir. Se, no entanto, o ministro disser que não viu nada de errado, aí devemos todos cobrar que ele explique por que a lei não vale para Dilma.
Insisto que a reunião liderada por Dilma fere de modo explícito os Incisos I, II e III do Artigo 73 da Lei 9.504, que é a Lei Eleitoral. O Inciso I diz que é proibido um partido usar prédio público em seu proveito, salvo em convenções. O Palácio é um prédio público. O II veda o uso de serviços custeados pelo estado. É o caso da infraestrutura do Alvorada. O III proíbe que partidos recorram, em seu benefício, à mão de obra de servidores ou empregados da administração direta ou indireta: esse é o caso de Mercadante, de Giles, dos garçons ou dos faxineiros da residência oficial.
Tanto a reunião tinha caráter político-eleitoral que foi documentada por Ricardo Stuckert, que é fotógrafo do Instituto Lula. O ex-presidente e a atual aparecem de mãos dadas indicando a união de forças. Se Dilma estivesse apenas recebendo políticos para bater um papo em sua casa, não haveria nada demais e se dispensaria o material de publicidade. De resto, até onde se sabe, João Santana não é político, mas marqueiro do PT. Franklin Martins, por sua vez, é o homem que vai cuidar da área de imprensa da sua campanha.
Se o ministro Admar Gonzaga não vir nada de errado nisso e achar que tudo está de acordo com a lei, das duas uma: ou se declara que o Palácio da Alvorada não é mais um prédio público, transformando-se, então, em propriedade privada do PT, ou se liberam todos os órgãos da administração pública, em qualquer esfera, para a campanha eleitoral.
Há uma terceira hipótese: o ministro pode tentar provar que o tema da conversa não foi a campanha de 2014 e que esta imagem não é uma peça de propaganda. Terei muita curiosidade em saber que desculpa dará Dilma, como o PT vai se justificar, qual será a resposta do Ministério Público e que decisão final tomará o ministro.
Dilma comitê eleitoral

Por Reinaldo Azevedo
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