Pesquisa
Tecnologia, que está sendo desenvolvida nos EUA, pode garantir que todas as células tumorais de um paciente sejam retiradas em uma mesma cirurgia
Cientistas americanos trabalham para desenvolver óculos de alta tecnologia que permitirão a médicos diferenciar células cancerígenas das saudáveis. Dessa maneira, em uma cirurgia para retirada de um tumor, os profissionais poderiam identificar mais facilmente as células doentes, de modo a garantir que nenhuma delas permanecesse no corpo do paciente. O equipamento é desenvolvido na Universidade de Washington, em St. Louis, nos Estados Unidos, e foi testado pela primeira vez nesta semana durante uma cirurgia para a retirada de um nódulo de mama em uma paciente.
A cirurgiã Julie Margenthaler usa os óculos de alta tecnologia durante cirurgia de retirada de um tumor
O procedimento padrão para a retirada de um câncer consiste em remover o tumor e também parte do tecido em volta dele – que pode ou não conter células cancerígenas. Esse tecido, então, é analisado e, caso apresente células tumorais, é comum que se indique uma nova cirurgia para a retirada do restante do tecido. Se os óculos se provarem eficazes nos próximos testes, eles podem diminuir ou até eliminar a necessidade dessas cirurgias adicionais, evitando mais estresse e gastos aos pacientes.
Segundo Julie Margenthaler, professora da Universidade de Washington em St. Louis, que coordenou a cirurgia na qual os óculos foram testados, entre 20% e 25% das mulheres que têm tumores na mama retirados precisam passar por uma segunda operação. “A tecnologia atual não mostra de forma adequada a extensão do câncer na primeira cirurgia”, diz.
Em entrevista ao site de VEJA, ela explicou que a cirurgia a qual conduziu fez parte de uma primeira etapa de testes em torno do óculos — ou seja, ainda não apresentou resultados definitivos. "A cirurgia foi um sucesso por diversos motivos – nós esperávamos conseguir visualizar pelo óculos um nódulo específico, e isso foi o que de fato observamos”, afirmou. “Estudos futuros deverão focar em usar esses óculos para determinar se eles são eficazes em remover toda a extensão do câncer. Nós planejamos fazer uma pesquisa com de 20 a 25 pacientes para confirmar o sucesso observado nessa primeira etapa.”
Os óculos, desenvolvidos pela equipe do professor de radiologia Samuel Achilefu, contêm uma tecnologia de vídeo criada especificamente para o objeto e um display. Quando utilizados, é preciso injetar no paciente uma substância de contraste que, em contato as células cancerígenas, as torna brilhantes e faz com que fiquem da cor azul quando vistas através das lentes. Um estudo anterior sobre a tecnologia revelou que ela é capaz de detectar tumores muito pequenos, de 1 milímetro de diâmetro (uma espessura equivalente à de dez folhas de papel sulfite).
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