Simone
Lucie-Ernestine-Marie Bertrand de Beauvoir, mais conhecida como Simone de Beauvoir (1908 - 1986):
escritora, filósofa existencialista e feminista francesa. Escreveu romances,
monografias sobre filosofia, política, sociedade, ensaios, biografias e uma
autobiografia.
Esta inteligente “dama francesa”
conheci lá pelo meio da década de 70, via livros, quando revolucionava o mundo
das ideias/pensamentos juntamente com seu companheiro SARTRE e seu
“existencialismo”. Tirante o lado feminista desta senhora e o lado
político-ideológico de ambos, “curti” muitas de suas obras literárias. Esta
aqui abordada, A VELHICE, de 1970, é muito boa/lúcida – “recomendo a leitura e
refletir”! Mesmo com todo o evoluir de legislações protetivas ao idoso,
decorridos 30 anos deste seu escrever, ainda bem atual o por ela exposto.
Com este livro, Simone abriu nova brecha
nas leis, usos e hábitos das sociedades ocidentais em favor de uma nova defesa
da liberdade: "É preciso que todos os homens permaneçam seres humanos
durante todo o tempo em que estiverem vivos."
Normalmente, evitamos falar da velhice
não somente por causa da sua imagem ou do seu cheiro (há, inconfundivelmente,
um cheiro que caracteriza a velhice e um cheiro que caracteriza a juventude),
mas também porque a seu lado a morte nos sorri, mostrando que no combate que
desde sempre travamos, ela triunfa.
Como dizia Beauvoir, a América riscou
do seu vocabulário a palavra ‘morte’, aí, a gente fala de um ente querido; do
mesmo modo, é escusado dizer que ela fechou a página correspondente à velhice.
Em França, o procedimento não é diferente, esta palavra é interdita. Aliás,
pode-se dizer que por todos os lugares do Ocidente ela é silenciada.
Simone de Beauvoir em seu livro
clássico sobre a velhice mostra, entre outras coisas, que o
inconsciente não tem idade e que temos forte tendência a nos comportar, na velhice,
como se jamais fôssemos velhos: aos 60 anos, raros são os que se
consideram nessa condição e mesmo depois dos 80 anos há muitos que acreditam
ser de meia-idade e uns tantos que continuam a se achar jovens.
"O indivíduo
idoso sente-se velho através do outro, sem ter experimentado sérias mutações;
interiormente não adere à etiqueta que se cola à ele: não sabe mais quem
é".
Segundo ela, a sociedade de
consumo trata os idosos como párias, condenando-os à miséria, à solidão e ao
desespero. "Antes de tudo, exige-se deles a serenidade; afirma-se
que possuem essa serenidade, o que autoriza o desinteresse por sua
infelicidade", escreve Simone na introdução de seu ensaio. Assim como a
feminilidade é socialmente construída, Beauvoir afirma que a velhice é acima de
tudo um fator cultural.
Neste livro escreve ainda que o idoso é
uma espécie de objeto incômodo, inútil, e quase tudo que se deseja é poder
tratá-lo como quantia desprezível.
BELA LEI BRASILEIRA DE
DIREITOS DOS IDOSOS, “NO PAPEL”:
“A família, a sociedade e o Estado têm
o dever de assegurar ao idoso todos os direitos da cidadania, garantindo sua
participação na comunidade, defendendo sua dignidade, bem-estar e o direito à
vida.” (Lei n.º 8.842/1994 – Política Nacional do Idoso).
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