Evolução humana
Descoberta foi realizada a partir do estudo de três esqueletos encontrados no Sul da França
Reprodução de neandertal feita pela Universidade de Zurique, na Suíça (Domínio público/Wikipedia)
Um equipe internacional de arqueólogos descobriu que os neandertais, homens pré-históricos que viveram entre 130.000 e 30.000 anos atrás, já enterravam seus mortos. A revelação, publicada nesta segunda-feira no periódico PNAS, foi feita depois de treze anos de estudo de fósseis encontrados no Sul da França.
"Esta descoberta não só confirma a existência de enterros de neandertais no Oeste da Europa, mas revela a capacidade cognitiva relativamente sofisticada necessária para realizá-los", explica William Rendu, principal autor do estudo, do Centro de Pesquisa Internacional de Humanidades e Ciências Sociais, nos Estados Unidos.
O estudo foi feito com base em vestígios de neandertais descobertos em 1908 em La Chapelle-aux-Saints, no Sudoeste da França. O fato de os ossos estarem muito bem preservados levou os escavadores da época a acreditar que os corpos haviam sido enterrados. Desde então, essa hipótese tem sido contestada pela comunidade científica.
Redescoberta – Em 1999, Rendu e seus colaboradores começaram a escavar outras sete cavernas naquela região – etapa concluída em 2012. Eles encontraram duas crianças e um adulto neandertal, junto com ossos de um bisão e uma rena.
Análises geológicas mostraram que a depressão na qual os restos mortais estavam enterrados não era uma característica natural do solo da caverna, indicando que ela teria sido feita por seus habitantes. Além disso, ao contrário dos ossos de animais encontrados no local, os esqueletos dos homens pré-históricos apresentavam poucas rachaduras, não pareciam gastos e não tinham sinais de manipulação por animais.
"O fato de esses vestígios de 5.000 anos estarem em boas condições significa que eles foram cobertos logo após a morte, o que apoia fortemente a conclusão de que os neandertais nessa parte da Europa começaram a enterrar seus mortos. Ainda não temos como saber se essa prática fazia parte de um ritual ou era apenas de ordem prática, mas a descoberta reduz a distância comportamental entre nós e os neandertais", explica Rendu.
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