Caso Siemens
Reportagem publicada em primeira mão em VEJA.com mostra que Cardozo admitiu ter entregado à PF texto atribuído a ex-diretor da Siemens que acusa quatro secretários tucanos de ligação com o cartel do metrô
Carlos Sampaio, líder do PSDB na Câmara dos Deputados, vai exigir explicação de ministro da Justiça (Luiz Aves/Agência Câmara)
O líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Carlos Sampaio, disse que vai requerer uma audiência pública na Comissão de Fiscalização e Controle para esclarecer a participação do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e do presidente do Cade, Vinícius Carvalho, no envio de um documento contendo denúncias contra tucanos à Polícia Federal. Cardozo, admitiu nesta sexta-feira a VEJA, por meio de sua assessoria, que foi ele quem repassou à PF o depoimento atribuído a um ex-executivo da Siemens que acusa a cúpula do PSDB em São Paulo de envolvimento com o cartel que operava em licitações de trens e metrô no estado. A informação, publicada em primeira mão em VEJA.com, enterrou a versão da PF, subordinada ao Ministério da Justiça, que até então atribuía a origem do documento ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica, o Cade.
No site do PSDB paulista, Sampaio critica a participação do ministro no episódio e a classifica como "inaceitável". "Ao admitir que encaminhou o documento à Polícia Federal, o ministro demonstra claramente que integrou essa trama vergonhosa e sórdida com o uso de órgãos do governo federal para perseguir e atacar adversários políticos", afirmou. "Há em curso uma ação ordenada que, para mim, tem dois objetivos claros: minimizar o impacto da prisão dos mensaleiros e jogar gasolina na fogueira contra o PSDB em São Paulo."
O deputado diz que Cardozo foi o destinatário da denúncia, a qual Sampaio qualifica como "forjada", porque o ex-diretor da Siemens pediu um emprego na Vale. "Nem o Cade, a Polícia Federal ou Ministério Público teriam condições de fazer essa indicação (para o cargo). Isso leva a crer que o denunciante foi até ao ministro porque sabia que, para ser atendido, teria de procurar o partido ou alguém do governo", disse. Cardozo afirma que repassou o documento à PF "no estrito cumprimento do dever legal, para as devidas investigações".
Um documento revelado nesta semana pelo jornal O Estado de S. Paulo apontou a suposta participação de políticos graduados de PSDB, DEM e PPS na formação de um cartel em licitações de metrô e trens no estado. As acusações constavam de um texto atribuído pelo jornal a Everton Rheinheimer. No mesmo documento, o ex-diretor da Siemens disse que o atual secretário da Casa Civil do governo Alckmin, Edson Aparecido (PSDB), teria recebido propina de multinacionais suspeitas de participar do esquema. Os secretários Jurandir Fernandes (Transportes Metropolitanos), Rodrigo Garcia (Desenvolvimento Econômico) e José Aníbal (Energia) também são citados por Rheinheimer.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), pediu acesso aos documentos em posse da Polícia Federal antes de tomar qualquer atitude em relação a acusações contra seus auxiliares.
(Com Estadão Conteúdo)
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