Tenente-coronel diz ter cumprido ordem de não autorizar acesso de integrantes do colegiado ao prédio, centro de repressão da ditadura
Marcos de Paula/AE
"Ativistas dos direitos humanos e ex-presos do Doi ficaram do lado de fora do quartel"
Rio - Integrantes da Comissão Estadual da Verdade, que tentavam visitar nesta quarta-feira, 21, o quartel onde fica sediado o 1.º Batalhão da Polícia do Exército, na Tijuca, zona norte, onde funcionou o Destacamento de Operações e Informações (DOI) do 1º Exército durante a ditadura, saíram às 11h20 da unidade sem conseguir visitá-la.
O comandante do 1.º BPE, tenente-coronel Luciano, recebeu a comissão, o deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP), que em 1977 esteve preso no DOI, e os deputados estaduais Gilberto Palmares e Robson Leite, ambos do PT. O militar informou cumprir ordens superiores de não permitir a visita.
O Comando Militar do Leste divulgou nota oficial na qual alega que o Comando do Exército está vinculado ao Ministério da Defesa e não se subordina à Lei Estadual 6335/2012, que criou a Comissão Estadual da Verdade.
Durante a reunião, além de Valente, dois ex-presos políticos que passaram pelo DOI, Álvaro Caldas e Cecília Coimbra, descreveram para o militar as torturas que sofreram no local. "Eu lamento profundamente", afirmou o oficial, segundo relato de Cecília Coimbra.
Após o encontro, o comandante Militar do Leste, general Francisco Carlos Modesto, convidou a comissão para uma reunião às 16 horas no Palácio Duque de Caxias.
Do lado de fora do quartel, ficaram ativistas dos direitos humanos e ex-presos do Doi, como Paulo Sérgio Paranhos, detido por três meses na década de 70 do século passado. "Fui barbaramente torturado. Não tenho nenhum dente por causa dos choques elétricos aplicados nas sessões de torturas", disse Paranhos.
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