quinta-feira 01 2013

CFM questiona qualidade das novas vagas de residência

Política

Entidade alega que a falta de estrutura hospitalar, de recursos humanos e de professores capacitados compromete proposta

Marcela Mattos, de Brasília
Carlos Vital Corrêa Lima, do Conselho Federal de Medicina (CFM)
Carlos Vital, vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM) (Divulgação/Conselho Federal de Medicina)
O Conselho Federal de Medicina (CFM) questionou, nesta quarta-feira, a efetividade e a qualidade do programa de residência médica para todos os estudantes de medicina a partir de 2018. A medida foi anunciada nesta tarde para minimizar as críticas ao programa Mais Médicos, anunciado no início de julho.
Inicialmente, a ideia do governo era a de aumentar em dois anos o curso de medicina, obrigando os estudantes, nesse período, a atuarem na rede pública de saúde – proposta logo criticada por seu teor autoritário e por camuflar um serviço civil obrigatório. Hoje, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, anunciou que o atendimento no Sistema Único de Saúde será feito durante a residência, que passa a ser obrigatória.
O vice-presidente do CFM, Carlos Vital, coloca em xeque a possibilidade de o governo ofertar vagas suficientes para todos os alunos de medicina a partir de 2018. “Não entendo como vai haver estrutura hospitalar necessária para a criação de vagas e como o governo terá recursos humanos e professores capacitados”, questionou Vital.
Residência — De acordo com o vice-presidente do CFM, o ingresso imediato na residência, com vagas para todos os estudantes, é uma das reivindicações mais antigas da entidade. No entanto, a forma como foi apresentada é vista como “temerária”. “É notória a improvisação dessa medida. Temos muita preocupação de que isso não seja uma forma de disfarce para um trabalho obrigatório, uma vez que essa residência pode ser feita em um posto de saúde onde o estudante não tem estrutura ou supervisão”, criticou.
Para Vital, residência médica sem supervisão não é residência, mas sim um serviço civil apresentado de outra forma. "Zelamos pela qualificação dos médicos. Não podemos aceitar que haja mudanças nisso por programas com outros interesses e que naturalmente vão refletir num atendimento desqualificado para a população”, disse.
"Não fomos ouvidos" – Vital rebateu, ainda, a afirmação de Mercadante de que a medida refletiria o interesse das entidades de saúde e que diversos setores foram ouvidos para a elaboração da proposta. “Nós não fomos ouvidos. Temos apenas como respostas atitudes como essas do governo. Precisamos de um espaço adequado onde possamos discutir e sermos ouvidos.”

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