Durante quase três horas, petistas e tucanos pediram rigor da PM e da Justiça contra os protestos
Vereadores paulistanos transformaram a sessão desta quarta-feira, dia 12, na Câmara Municipal, em ato de repúdio contra os manifestantes do Movimento Passe Livre, chamados de "criminosos" e "deliquentes". Durante quase três horas, petistas e tucanos pediram rigor da PM e da Justiça contra os protestos. Atacado pelos colegas, só Toninho Vespoli (PSOL) defendeu a realização de novos protestos entre os 55 parlamentares.
Logo no início da sessão o líder de governo, Arselino Tatto (PT), atacou o movimento e declarou que havia "infiltrados" na passeata de terça-feira interessados em desestabilizar o governo municipal. "Tem muito quebra-quebra, muito anarquista que quer agir para desestabilizar", afirmou Tatto, sem citar nomes dos possíveis infiltrados. "É difícil detectar alguém com precisão no meio de todo mundo."
Paulo Fiorilo (PT), Coronel Telhada (PSDB), Floriano Pesaro (PSDB), Andrea Matarazzo (PSDB) e Conte Lopes (PTB) foram alguns dos parlamentares que também condenaram os protestos "São marginais, deliquentes. Só tinha baderneiros, quase assassinos. Olha o que fizeram com um policial que saiu cheio de sangue no rosto", disparou Matarazzo. "Vimos ontem atos criminosos pela cidade. Pessoas que se dizem estudantes e trabalhadores e que saem para cometer crimes", emendou Telhada.
Fiorilo também condenou a depredação do patrimônio público e defendeu a participação do PT nos protestos realizados em 2011 e 2012, quando o prefeito era Gilberto Kassab (PSD) – os vereadores petistas José Américo (atual presidente da Câmara), Antonio Donato (hoje secretário de Governo) e Juliana Cardoso apoiaram os protestos do Passe Livre. "Na época o aumento da tarifa foi muito maior. E agora foi um aumento abaixo da inflação, e o Haddad deixou claro a prioridade do governo nos transportes públicos com o anúncio da construção de novos corredores de ônibus", justificou.
Atacado pelos parlamentares pela sua participação na passeata da terça-feira, o vereador do PSOL defendeu o movimento e a realização de novas passeatas. Ele rebateu as críticas e disse que a demanda pela "tarifa zero" foi criada pelo PT. Ontem cerca de 60 líderes do PSOL participaram do protesto que deixou rastro de destruição na região central, com dezenas de agências bancárias e ônibus destruídos.
"Em 2011 os petistas diziam que as planilhas dos gastos com transporte público estavam superfaturadas. O que houve de mudança agora?", questiona. "Não dá para criminalizar o movimento somente por uma parcela. O movimento é horizontal e não tem como ser controlado."
A depredação do patrimônio público, porém, foi condenada pelo vereador. "O PSOL condena qualquer depredação. Por isso nós defendemos que o movimento tenha um novo padrão de organização, sem violência", acrescentou Vespoli. "Nós não vamos nos intimidar pelo senso comum."
Nenhum comentário:
Postar um comentário