Especialistas explicam que a rotina de estudos não pode terminar com o sinal de saída do colégio
por Thiago Alves | 17 de Abril de 2013
A professora Beatriz Lima: “A rotina de estudos não acaba com o último sinal do colégio”
O garoto balança o lápis, olha para o lado, rabisca a folha e, depois de muita delonga, lê o enunciado do exercício sem demonstrar grande interesse. Quem tem filho em idade escolar sabe que o dever de casa pode ser um teste de paciência - para as crianças e para os pais. Divididos entre os cuidados com o lar e o trabalho, alguns pais recorrem à ajuda de um profissional para não ter de travar uma queda de braço diária com os pequenos ao garantir a execução das tarefas.
Professora particular há quinze anos, a bióloga Stefany Monteiro viu a procura pelo serviço crescer 50% em apenas dois anos. “Eu não estava dando conta do número de alunos e montei uma empresa”, conta. Ela inaugurou a Professor Particular em 2011 e, desde então, coordena dezessete profissionais, entre professores e pedagogos. Stefany e sua turma cobram até 75 reais por uma hora de aula. A dentista Maria Dolores Amorim diz que tinha prazer em acompanhar o filho Pedro, de 10 anos, nos estudos, mas a jornada de trabalho tornou a relação entre os dois desgastante. “Chegávamos cansados em casa e ambos sem humor para o dever”, lembra. Após colocá-lo no acompanhamento escolar, Maria Dolores viu sobrar tempo na sua agenda e na dele. “As notas do Pedro melhoraram e ele tem um compromisso maior com os prazos.”
Para a pedagoga e professora da Universidade Federal de Minas Gerais Maria Alice Nogueira, a participação de terceiros ajuda a evitar conflitos que prejudicam as relações familiares. “A mãe de hoje é uma profissional ativa e o pai tem uma jornada de trabalho ainda mais intensa.” Maria Alice ressalta que, mesmo com a agenda apertada, os pais têm de acompanhar de alguma forma o desenvolvimento das tarefas. “Eles não precisam ensinar, mas devem conferir o caderno dos filhos. É importante para seu desenvolvimento futuro.”
Ercilia Machado Santos abandonou a carreira de administradora de empresas para dedicar-se à criação dos três filhos - Otávio, de 15 anos, Estella, de 11, e Sophia, de 8. “Devido à agenda social agitadíssima deles, virei administradora do lar”, afirma. Mesmo assim, ela não encontra tempo para ajudá-los nos deveres escolares. “Fica complicado reuni-los à mesa e, quando consigo, não há como dividir minha atenção entre os três”, lamenta. A solução foi pôr o trio no acompanhamento escolar do Minas Tênis Clube, que é oferecido gratuitamente aos sócios. “Eles saem da piscina e vão para o estudo, às vezes ainda molhados”, diverte-se. Coordenadora do acompanhamento escolar do Minas Tênis Clube, a professora Beatriz Lima diz que, ao analisar os exercícios dos estudantes, o monitor descobre quais são as dúvidas de cada um e trabalha novamente os pontos em que eles apresentam mais dificuldades. “Tanto alunos quanto pais devem saber que a rotina de estudos não acaba com o último sinal do colégio, após quatro ou cinco horas de aula.” Em casa, no clube ou em um centro de acompanhamento, o aprendizado tem de continuar.
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