Coração
Pessoas com muito acúmulo de gordura na região da barriga correm um risco até 2,75 vezes maior de morrer por problemas cardiovasculares do que pessoas obesas
Gordura acumulada na região do abdome pode significar alto risco cardíaco a pacientes com IMC considerado normal(Thinkstock)
Pessoas com peso considerado normal, mas com acúmulo de gordura na barriga, têm mais riscos de morrer do que pessoas obesas. De acordo com estudo conduzido pela Clínica Mayo, nos Estados Unidos, os riscos de morrer por problemas cardiovasculares são 2,75 vezes mais altos e, por problemas em geral, 2,08 vezes mais elevados, em pessoas com índice de massa corporal normal, mas com acúmulo de peso na região abdominal. O estudo foi apresentado durante o Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia.
"Estudos anteriores já haviam apontado que uma obesidade na região central do corpo é ruim. A novidade da pesquisa é que a distribuição da gordura é muito importante até em pessoas com um peso normal", diz Francisco Lopez-Jimenez, autor sênior do estudo e cardiologista da Clínica Mayo. "Esse grupo de pessoas tem os índices de morte mais altos — mais altos até que aqueles considerados obesos. De uma perspectiva de saúde pública, essa é uma descoberta significativa."
Pesquisa — Participaram 12.785 indivíduos com 18 anos ou mais, analisados no Terceiro Levantamento Nacional de Exame de Saúde e Nutrição, que fornece uma amostra representativa da população dos Estados Unidos. Foram registradas medidas corporais como peso, altura, circunferência da cintura e do quadril, assim como condição socioeconômica e comorbidades (doenças relacionadas). A idade média dos participantes era de 44 anos e 47,4% eram homens. O tempo de acompanhamento médio foi de 14,3 anos.
Os voluntários foram divididos em três categorias de IMC: normal (18,5 – 24,9), sobrepeso (25 – 29,9) e obeso (acima de 30). E em duas categorias de circunferência de cintura-quadril: normal (menor que 0,85 para mulheres e que 0,9 para homens) e alta (maior ou igual a 0,85 para mulheres, e que 0,9 para homens). As análises foram ajustadas por idade, sexo, fumantes, hipertensão, diabetes e IMC. Pessoas com doença pulmonar obstrutiva crônica e com câncer foram excluídas. Foram registradas 2.562 mortes, das quais 1.138 estavam relacionadas com condições cardiovasculares.
Os indivíduos com IMC normal, mas com obesidade central (definida por um índice de circunferência quadril-cintura elevado) tinham os riscos mais elevados de morrer de todas as causas. O risco de morte cardiovascular era 2,75 vezes mais alto e o de morte por todas as causas era 2,08 vezes maior em pessoas com IMC normal, mas com peso central — comparado com pessoas com IMC e circunferência quadril-cintura normais.
"Esse é o primeiro estudo que avalia estimativas nacionais de morte em obesidade central, mesmo na ausência de obesidade por IMC", diz Karine Sahakyan, cardiologista e pesquisadora da Clínica Mayo. "O alto risco de morte pode estar relacionado com um maior acúmulo de gordura visceral nesse grupo, o que está associado com resistência à insulina e outros fatores de risco."
Segundo Lopez-Jimenez, muita gente hoje tem conhecido do seu IMC. "Mas ter, por si só, um IMC normal não assegura que o risco para doença cardíaca é baixo. Como sua gordura está distribuída pelo corpo pode significar muito, e isso pode ser determinado facilmente, mesmo que seu peso esteja considerado dentro da normalidade."
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