UOL, em Porto Alegre
Flávio Ilha
Do UOL, em Porto Alegre
Do UOL, em Porto Alegre
- Arquivo PessoalO ex-deputado Rubens Paiva foi cassado logo após o golpe de 1964 e foi visto pela última vez ao ser preso em janeiro de 1971 no Rio de Janeiro. Documentos encontrados em Porto Alegre podem ajudar a elucidar seu deaparecimento
O ex-deputado Rubens Paiva foi cassado logo após o golpe de 1964 e foi visto pela última vez ao ser preso em janeiro de 1971 no Rio de Janeiro. Documentos encontrados em Porto Alegre podem ajudar a elucidar seu deaparecimento
Um lote com mais de cem documentos confidenciais e inéditos sobre a atuação do Doi-Codi (Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna) no Rio de Janeiro serão entregues na próxima terça-feira (27) às 14h às comissões estadual e nacional da Verdade pelo governo gaúcho. O arquivo foi encontrado na casa do coronel reformado Julio Miguel Molina Dias, 78, morto no dia 1º de novembro em uma tentativa de assalto em Porto Alegre.
Os documentos, considerados uma “preciosidade” pelo presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos do Rio Grande do Sul (MJDH), Jair Krischke, relatam com pormenores vários episódios protagonizados pelo órgão, que centralizava as ações de repressão aos opositores do regime militar (1964-1985). Molina chefiou o departamento a partir de 1980.
Os integrantes da Comissão da Verdade esperam elucidar pelo menos dois casos a partir dos documentos: o atentado no Rio Centro em 1981, que matou o sargento Guilherme do Rosário e feriu o capitão Wilson Dias Machado, e o desaparecimento do ex-deputado Rubens Paiva no Rio de Janeiro, em 1971. Os arquivos de Molina têm farta documentação sobre os dois casos.
A reportagem do UOL teve acesso a parte dos arquivos, que estão sob a guarda da Polícia Civil gaúcha. Em um dos ofícios, por exemplo, o Doi-Codi registra a saída de material bélico, como espoletas e explosivo plástico, dois dias antes do atentado do Rio Centro. No dia seguinte à explosão, parte que sobrou do material requisitado foi devolvida ao paiol do órgão.
Além desse registro, os arquivos de Molina continham um “minutário” minucioso dos momentos posteriores ao atentado, escritos pelo próprio coronel, à mão, em três folhas de ofício. O coronel registra a tensão provocada pela ação desastrada do órgão minuto a minuto, a partir da explosão, e confirma que o diretor do órgão foi informado constantemente sobre as repercussões do caso.
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