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É…
Interessante um texto publicado hoje no Estadão, de Débora Bergamasco. Ela entrevista Clara Becker, 71, a primeira mulher de José Dirceu, com quem ele ficou casado quatro anos. Só que usava nome falso: Carlos Henrique Gouveia de Mello. Veio a anistia, ele olhou pra ela, disse o famoso “eu não sou eu” e se mandou. Mas ela o perdoou, a a gente nota! É a mãe do deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR).
Clara e Dirceu, tudo indica, estão em permanente contato. Mãe do deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR), que já demonstrou ter herdado um pouco da, vá lá, esperteza do pai, é certo que ela não concederia uma entrevista sem a autorização do ex-marido. Dada a delicadeza da coisa, em casos assim, o entrevistado — ou quem negocia em seu nome… — costuma ter algum controle sobre o que sai publicado. Em suma, estou inferindo que Dirceu sabia, sim, o que Clara iria dizer. E o que ela disse? Que tal isto?
“Se ele [Dirceu] fez algum pecado, foi pagar para vagabundo que não aceita mudar o País sem ganhar um dinheiro (…) Se ele pagou, foi pelos projetos do Lula, que mudou o Brasil em 12 anos”. Referindo ao ex-marido e a Genoino, manda brasa: “Eles estão pagando pelo Lula. Ou você acha que o Lula não sabia das coisas, se é que houve alguma coisa errada? Eles assumiram os compromissos e estão se sacrificando”
Sou quase tentado a ver a mão de advogado em certas declarações: “Se ele fez algum pecado…; se é que houve alguma coisa”… Dirceu pode estar tão no controle do que foi publicado que há até passagens nas quais ele não aparece exatamente bem — ao menos segundo a, digamos, moral convencional. Um bom despiste. Querem ver?
Quando o ta Carlos falou que era Dirceu e que suas prioridades eram outras, não houve uma separação imediata. Leiam este trecho:
Para ela, o único golpe foi ir a São Paulo e encontrar cabelos pretos de mulher no banheiro. Descobriu que era traída. “O Dirceu me disse: ‘Se eu tenho outra é um problema, agora se a gente vai se separar é outra questão’. E eu: ‘Não, senhor, acabou aqui, cara’. Peguei minhas coisas, o moleque pela mão e fui embora. Hoje, me arrependo, se eu não tivesse deixado o campo limpo, estaria com ele…”, imagina.
Para ela, o único golpe foi ir a São Paulo e encontrar cabelos pretos de mulher no banheiro. Descobriu que era traída. “O Dirceu me disse: ‘Se eu tenho outra é um problema, agora se a gente vai se separar é outra questão’. E eu: ‘Não, senhor, acabou aqui, cara’. Peguei minhas coisas, o moleque pela mão e fui embora. Hoje, me arrependo, se eu não tivesse deixado o campo limpo, estaria com ele…”, imagina.
Huuumm… O sujeito de duas caras e de dois nomes também ambicionava ter ao menos duas mulheres. Parece que ele tentou ali negociar uma relação política com a companheira, que passava pela traição consentida. Ele tinha um jeito bem pouco convencional de entender também a República… Essa frase permite algumas permutas, como esta: “Seu eu corrompi alguém é um problema; se eu vou ser punido, é outro problema”.
A reportagem termina assim:
Em um de seus últimos encontros com o ex-marido, Clara o fez chorar: “Eu disse a ele: ‘A nossa ampulheta está acabando, você não se tocou, hein, garoto? Mas se um dia você precisar de mim, eu venho cuidar de você’. Ele ficou todo apaixonado e prometeu que ia me comprar um cordão de ouro igual ao que o ladrão me roubou. Mas não comprou, né, só falou…”
Em um de seus últimos encontros com o ex-marido, Clara o fez chorar: “Eu disse a ele: ‘A nossa ampulheta está acabando, você não se tocou, hein, garoto? Mas se um dia você precisar de mim, eu venho cuidar de você’. Ele ficou todo apaixonado e prometeu que ia me comprar um cordão de ouro igual ao que o ladrão me roubou. Mas não comprou, né, só falou…”
Entendo.
Algo de atrapalhado se passa nos porões do petismo. Marcos Valério, como revelou VEJA, quer discutir o benefício da delação premiada. E a mãe do filho de Dirceu, um deputado federal que nada tem de ingênuo, decide dizer que, se o ex-marido fez algo de errado, Lula sabia de tudo. Ninguém duvida disso, é evidente. A questão é saber que peso isso tem vindo de Dirceu e qual é a o preço.
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/
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