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A coisa toda se resume num clichê: sonho de quase todo escritor, ganhar um Jabuti se tornou um pesadelo para o paranaense Oscar Nakasato. Depois de vencer o prêmio da editora Benvirá em 2011 e ser apontado como um dos principais nomes da nova literatura brasileira no começo de 2012, em seleção feita pelo jornal literário Rascunho, Nakasato poderia sentir um gosto de consagração com o primeiro lugar na categoria romance do Jabuti. Mas a manipulação de notas por um jurado malandro – aliás colaborador do curitibano Rascunho – lhe valeu tanto o prêmio quanto uma ameaça à carreira.
“A minha responsabilidade aumentou demais. Vou ter de fazer um segundo romance muito, muito bom para provar que tenho competência”, diz Nakasato, 49, professor universitário que levou quatro anos para concluir Nihonji, o livro vencedor das premiações Benvirá e Jabuti. “Estar envolvido em uma polêmica com a Ana Maria Machado, presidente da Academia Brasileira de Letras, e outros grandes escritores é complicado… É um peso muito grande para mim.”
O jurado malandro, que deu notas mínimas a Ana Maria Machado, Nakasato diz não conhecer. Tampouco concordar com seus métodos. “Dar nota zero ou perto disso para um finalista do Jabuti, como a Ana Maria Machado, que havia ficado entre os dez indicados ao prêmio de melhor romance, é desproporcional”, diz. “Estou sentindo um grande desconforto em função das notas. Eu deveria estar contente com esse prêmio.”
Nihonji (Benvirá, 176 páginas, 19,90 reais) conta a história de um imigrante japonês que chega ao Brasil no começo do século XX seguindo a orientação de seu imperador: buscar riquezas e levá-las para o Japão. Aqui, porém, os planos não saem como o previsto. A saga brasileira de Hideo Inabata, sua dura rotina de trabalho no campo, a perda da primeira mulher e os confrontos com os filhos são narrados por seu neto, a distância de duas gerações.
Maria Carolina Maia
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