domingo 02 2012

O sorriso de Mona Lisa


O sorriso de Mona Lisa 

Dispensa apresentações o quadro mais famoso e enigmático de Leonardo Da Vinci.

Mona Lisa, Gioconda, o certo é que o mais célebre dos retratos já foi alvo de uma centena de estudos dos mais variados e base de outras tantas teorias – nem a Freudescapou!

Se Mona Lisa fosse viva, bem como Leonardo Da Vinci, certamente estariam os dois algures a rir às gargalhadas de tanto trabalho que têm dado a tanta gente!
Leonid L. Kontesevich e Christopher W. Tylerquestionaram-se se se seria a boca ou os olhos que comunicam tristeza ou alegria.

Com base no quadro de Da Vinci, concluíram que os olhos não veiculam emoções de tristeza ou de felicidade, mas intensificam o tom expresso pelos lábios. Dito de outra forma: o «espelho da alma» é a boca, não os olhos! Dizem eles que nós projectamos sobre os olhos o efeito induzido pela configuração da boca.

Maria Teresa Cattaneo, psicóloga da Universidade de Milão, critica o trabalho de Kontsevich e Tyler contrapondo que o normal quando olhamos para alguém é avaliar o todo (olhos, boca, rosto…) e não um elemento em particular. Boa Maria Teresa, digo eu, que não estudei a fundo a questão, mas concordo plenamente com uma avaliação global e não apenas de parte, o que tornaria redutor a percepção do outro.

Já a neurobióloga Margareth Livingstone apresentou a sua teoria sobre o sorriso de Mona Lisa não passar de uma ilusão óptica, criada no séc. XVI por Leonardo Da Vinci, no Congresso Europeu de Percepção Visual (ECVP 2005), realizado na Corunha, Espanha.

Segundo Livingstone, o olho humano tem uma visão central, muito boa ao nível do reconhecimento de detalhes, e outra periférica, menos precisa, mais adequada para perceber as sombras.

Ora o mestre Da Vinci, pintou o sorriso de Mona Lisa usando sombras, pelo que basta os lábios da dama ficarem no campo da visão periférica para que os olhos processem a imagem de um sorriso.

Professora em Harvard, Livingstone estuda também o facto de muitos génios da pintura sofrerem de alguma deficiência visual. Tomando por exemplo Rembrandt, esta neurobióloga sustenta que o estrabismo do pintor, implicando uma percepção pobre da profundidade, se tornou uma vantagem na modulação do mundo tridimensional numa tela plana.

Também recentemente, um estudo da Universidade de Amesterdão em colaboração com a Universidade de Illinois nos EUA, concluiu que o sorriso de Mona Lisa pertence a uma mulher 83% feliz, 9% enjoada, 6% atemorizada e 2% incomodada (?). Através de um computador que reconhece as emoções humanas, o intuito do estudo prende-se com os distúrbios psíquicos (?).


Para Ute Erhardt, psicóloga e psicoterapeuta, autora de «As Boas Raparigas Vão Para O Céu, As Más Vão Para Todo O Lado», Mona Lisa é o ícone da submissão feminina, a expressão da mulher que se esquece e se anula a si própria em detrimento dos outros, que procura a todo o custo compreender e ajudar; uma mulher sem auto-estima, que se vitimiza, que renuncia aos seus desejos e exigências, carregando o mundo às costas, com um sorriso…

Fotos: Filme de 2003, O Sorriso de Mona Lisa ou Mona Lisa Smile de Mike Newell

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