Paleontologia
Cerca de 300.00 anos antes, série de erupções vulcânicas aumentou temperatura e matou maior parte das espécies marinhas, principalmente os moluscos
Representação artística do asteroide que atingiu a Terra há 65 milhões de anos e extinguiu os dinossauros. Ele não foi o único culpado pela morte de espécies nesse período (Hemera/ThinkStock)
Há 65 milhões de anos um asteroide com pelo menos 10 quilômetros de diâmetro se chocou contra a Terra, criando um "ambiente infernal" para a vida no planeta, com terremotos, incêndios e escuridão. Isso provocou uma enorme extinção em massa e acabou com o reinado dos dinossauros.
Agora, cientistas afirmam que cerca de 300.000 anos antes desse cataclismo, outro processo de extinção em massa já havia acontecido. E a culpa foi da própria Terra. Uma série de erupções vulcânicas no platô de Deccan, onde hoje é a Índia, aqueceu o planeta e começou a "cozinhar" as espécies que viviam nos oceanos, a maioria delas moluscos.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Extinction patterns, δ18 O trends, and magnetostratigraphy from a southern high-latitude Cretaceous–Paleogene section: Links with Deccan volcanism
Onde foi divulgada: revista Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology
Quem fez: Thomas S. Tobin, Peter D. Warda, Eric J. Steiga, Eduardo B. Oliverob, Isaac A. Hilburnc, Ross N. Mitchelld, Matthew R. Diamondc, Timothy D. Raube e Joseph L. Kirschvinkc
Instituição: Universidade de Washington
Dados de amostragem: 16 amostras de fósseis e rochas coletadas na ilha de Seymour
Resultado: Erupção de vulcões provocou extinção em massa na vida marinha 300.000 anos antes de choque de asteroide que matou dinossauros.
Segundo os autores de um estudo da Universidade de Washington, nos EUA, essas erupções encheram a atmosfera com poeira — o que inicialmente esfriou o planeta —, mas também liberaram uma série de gases como dióxido de carbono (CO2), que contribui para o efeito estufa, e o consequente aquecimento da Terra. "Essa poeira, um conjunto de partículas finas chamadas aerossóis, são ativas por no máximo dez anos. Já o dióxido de carbono afeta em uma escala de dezenas de milhares de anos", disse Thomas Tobin, um pesquisador em ciências da Terra da Universidade de Washington.
Enfraquecimento — Os pesquisadores afirmam que esse processo de extinção pode ter durado pelo menos 100.000 anos, mas não sabem apontar se ele teve influência na extinção em massa que ocorreu quando o asteroide se chocou contra a Terra numa área onde hoje fica o México.
"É possível que muitas espécies sobreviventes do primeiro processo tenham se enfraquecido muito, e quando a segunda extinção em massa começou, elas não conseguiram aguentar as consequências ambientais do choque do asteroide", disse Tobin.
Segundo o estudo, as evidências da ocorrência do primeiro processo foram localizadas na ilha de Seymour, na Antártida, uma área repleta de sedimentos (depósitos formados por substâncias inorgânicas ou orgânicas) onde os cientistas coletaram amostras de antigas rochas e fósseis.
Após coletarem o material, eles usaram uma técnica chamada magnetostratigrafia, que consiste em analisar as propriedades magnéticas das rochas, podendo assim determinar sua idade.
Segundo o estudo, a análise da idade da maior parte dos fósseis indicou que as espécies de animais que os originaram morreram anos antes do asteroide ter atingido a Terra. As conclusões foram publicadas no periódico Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology.
"Eu acho que as evidências que conseguimos nesse lugar mostram a existência de dois processos de extinção em massa, e também indicam que houve um aquecimento do planeta”, disse Tobin.
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