domingo 30 2012

Estudo com molusco sugere que chocolate melhora a memória


Biologia

Pesquisadores do Canadá submeteram caracóis a altos níveis de flavonoides, que é encontrado no cacau. Como resultado, os animais conseguiram armazenar estímulos respiratórios por três dias

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  O caracol respira pela pele mas, em baixos níveis de oxigênio, ele se utiliza de uma espécie de tubo respiratório (pneumostômio) que busca ar na superfície. (Ken Lukowiak)
Uma dieta rica em flavonoides, um componente encontrado no insumo básico para a fabricação de chocolates, o cacau, pode ajudar a melhorar a memória. Para chegar à conclusão, dois pesquisadores da universidade canadense de Calgary, Lee Fruson e Ken Lukowiak, deram a substância a uma espécie de caracol (Lymnaea stagnalis). O cacau é rico em epicatequina, um tipo específico de flavonoide. A substância também é encontrada no vinhos tinto e no chá verde. 
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: A flavonol present in cocoa [(-)epicatechin] enhances snail memory

Onde foi divulgada: periódico The Journal of Experimental Biology

Quem fez: Ken Lokowiak e Lee Fruson

Instituição: Universidade de Calgary, no Canadá

Resultado: Os dois pesquisadores mostraram que caracóis treinados em água com alta concentração de um componente chamado epicatequina, presente no cacau, armazenam mais memória e por mais tempo. De acordo com Ken Lokowiak, as informações coletadas pelo estudo sugerem que um processo similar ocorre em humanos.
Ver os efeitos que apenas um flavonoide tem sobre a cognição em humanos é quase impossível, de acordo com Lukowiak, já que diversos fatores externos influenciam a formação de memória nas pessoas. Por isso eles escolheram realizar os experimentos no molusco, que é encontrado em lagoas, para medir a ação do flavonoide na memória.
Lokowiak explicou que as informações coletadas pelo estudo levam a crer que o flavonoide tenha desempenho semelhante em humanos. "Até o momento, todos os dados de caracóis, vermes e moscas mostraram que os mecanismos que agem neste animais são similares aos que atuam nos neurônios humanos", disse o cientista ao site de VEJA.
Graças à substância, a dupla de estudiosos conseguiu treinar e ampliar a memória respiratória do caracol. Normalmente, esse minúsculo animal respira pela pele. Em baixos níveis de oxigênio, como quando submerso em água desoxigenada, ele se utiliza de uma espécie de tubo respiratório (pneumostômio) que busca ar na superfície. Um simples toque no pneumostômio, no entanto, é o suficiente para fazer com que ele recolha o tubo respiratório. Com treinamento de 30 minutos, o molusco pode armazenar a memória desse estímulo por apenas três horas. 
O experimento - Primeiro, o animal ficou em contato com uma água com alta concentração de epicatequina. Um dia depois, ele foi colocado em água desoxigenada com o objetivo de constatar se, após exposto à epicatequina, o caracol se lembraria de manter o tubo fechado. Surpreendentemente, os moluscos não abriram o pneumostômio na ocasião. Além do mais, quando os cientistas realizaram duas sessões de treinamento com níveis elevados do flavonoide, o caracol lembrou-se de manter o tubo contraído nos três dias seguintes.
Com pouco oxigênio na água, e sem a ajuda do pneumostômio, o caracol pode sobreviver por até 36 horas, diz Lokowiak.
As evidências da ação do flavonoide ganharam ainda mais força quando Fruson e Lukowiak, posteriormente, fizeram o caminho contrário e tentaram apagar as memórias adquiridas sob o efeito da substância. Eles realizaram estímulos inversos, que induziriam os caracóis a abrirem os tubos respiratórios. Só que os animais não responderam. Isso leva a crer, segundo os pesquisadores, que a memória adquirida sob o efeito da epicatequina foi mais forte do que o novo estímulo para ser suplantada. A explicação para isso é que o componente epicatequina age diretamente sobre os neurônios que armazenam memória.   

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