Falta de atividade física levou a epidemia mundial de obesidade, que mobiliza COI e ONU
Denise Mirás, do R7
Divulgação
O ortopedista Victor Matsudo, especialista em ciências do esporte, diz que a preocupação com a obesidade, principalmente nas gerações mais jovens, já chegou ao Comitê Olímpico Internacional
Em 20 anos, teremos a primeira geração de pais enterrando filhos, diz Victor Matsudo, ortopedista e especialista em medicina do esporte, sobre o agravamento do problema de doenças que resultam da obesidade, espalhada por todo o planeta. E a preocupação alcançou o COI (Comitê Olímpico Internacional), que entre 25 e 28 de janeiro promoveu encontro de especialistas em sua sede de Lausanne, Suíça, para debater como o esporte pode se contrapor a essa epidemia. O médico brasileiro esteve lá e falou com exclusividade ao R7 sobre o tema. - As pessoas tinham ao menos ideia de atividade física, de prática esportiva. Brincavam, saíam de casa, sentiam o vento no rosto, o prazer com a liberação de endorfina [o “hormônio da felicidade”, que dá sensação de bem-estar]. A geração atual não sai de casa, não tem contato com a endorfina.
Os adolescentes de hoje são mais obesos, explica o médico, que há anos luta para que as pessoas façam alguma atividade física – a maneira de prevenir doenças crônicas e degenerativas como obesidade, hipertensão, diabetes e câncer.
- É uma geração que vai morrer mais jovem. Pela primeira vez vamos ver uma inversão dessa: pais enterrando filhos que não têm nenhuma atividade física, que não comem bem, que aos 30 anos têm doenças crônicas. Aliás, já estamos vendo isso, mas em futuro próximo vai ser pior – vai ser um massacre.
A obesidade infantil e juvenil está crescendo “uma enormidade” no planeta, diz Victor Matsudo.
- E não é só em países desenvolvidos. Essa é uma ideia falsa. Os países pobres estão engordando cada vez mais. O México é o primeiro nesse índice, nas Américas e o Brasil vai atrás, no mesmo ritmo. A obesidade é uma epidemia mundial.
Contra doenças, atividade física
É preciso intervir nessa tendência de pessoas ficando doentes e morrendo mais cedo, assinala o médico. E isso é possível com atividade física - meia hora diária, cinco dias por semana; ou uma hora diária, cinco dias por semana, no caso dos obesos (porque precisam emagrecer).
Victor Matsudo explica que, “se os índices continuarem no ritmo em que estão, em 2052 todo norte-americano será obeso – pior: em 2036, todo adolescente norte-americano será obeso”.
Isso significa que, em 2.000 anos de história, a população não havia chegado a isso – de pais enterrando filhos - que poderá ocorrer em apenas 40 anos, se as pessoas continuarem com o sedentarismo.
Victor Matsudo, que coordena o Agita São Paulo, criado em 1997, no Celafiscs (Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul), levou ao COI experiência do programa implantado no Estado de São Paulo.
Em fevereiro, o médico brasileiro esteve na Cidade do México, onde houve reunião preparatória das Américas para encontro na ONU, marcado para 17 de setembro deste ano, e que levará presidentes de 200 países a Nova York.
- A OMS [Organização Mundial de Saúde] está se armando contra a epidemia de obesidade. Está à frente dessa mobilização, porque as doenças crônicas e degenerativas, responsáveis por 70% das mortes do planeta, não constam das Metas do Milênio, da Carta do ONU. O encontro dos presidentes de todo o mundo, em setembro, vai tratar disso.
http://esportes.r7.com/esportes-olimpicos/noticias/-em-20-anos-teremos-a-primeira-geracao-de-pais-enterrando-filhos-diz-medico-20110311.html
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