Política
Número mínimo de assinaturas foi atingido na terça-feira. PMDB, que presidirá comissão, já jogou as consequências da ruidosa investigação no colo do PT
Carlinhos Cachoeira: CPI provoca arrepios no Planalto (Celso Júnior/AE)
Começa nesta quarta-feira a conferência das assinaturas para a criação da CPI para investigar as ligações do contraventor Carlinhos Cachoeira com políticos. E a expectativa é de que a comissão seja instalada já nesta quinta. Na noite de terça-feira, Câmara e Senado reuniram assinaturas suficientes para instalar a investigação. A secretaria-geral da Mesa Diretora do Congresso recebeu 67 assinaturas no Senado e mais de 330 da Câmara. O mínimo necessário para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito no Congresso é de 27 senadores e 171 deputados. Os números ainda pode aumentar, com novas assinaturas, ou diminuir por causa de duplicidade nos nomes.Rede de Escândalos: A participação de Cachoeira no 1º grande escândalo da Era Lula
Na tentativa de disfarçar sua intenção de esvaziar a CPI, o PT foi um dos partidos mais empenhados na coleta de assinaturas. Já o PMDB deixou para aderir ao requerimento por último, jogando a investigação – e suas consequências, temidas pelo Planalto – no colo dos petistas. Como o partido com maior número de parlamentares, o PMDB ficará com a presidência da comissão. De acordo com a edição desta quarta do jornal O Estado de S. Paulo, a ideia da legenda é aproveitar-se da posição para coagir o Planalto. Quando o PT tiver atingido o ápice do desgaste do governo, os peemedebistas pretendem lançar-se como salvadores do Planalto.
"Essa pode ser a CPI mais sangrenta da história", afirmou ao jornal o presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO). "Nós não queríamos a CPI. O PT insistiu em fazê-la. Tudo poderia ter sido resolvido pelas investigações da Polícia Federal e Ministério Público", completou. “Não botem no colo do PMDB uma responsabilidade que não é dele. O PMDB não é protagonista disso e não inventou essa CPI”, afirmou ao jornal O Globo o presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE).
Números - Todos os deputados de PSDB e DEM assinaram o requerimento. No PT, o índice chegou próximo a 100%. Já no PMDB, 46 de 77 deputados apoiaram o pedido, de acordo com o balanço preliminar. No PR, foram 16 assinaturas, em uma bancada de 36 parlamentares. Nas demais legendas, o apoio foi quase integral. Nem todas as bancadas do Senado divulgaram a quantidade de assinaturas obtidas. Também na Casa, PT, PSDB e DEM deram apoio integral ao pedido.
Composição - Os partidos também começaram a formalizar nesta terça suas indicações para compor a comissão. Na Câmara, o PSDB já definiu Carlos Sampaio (SP) como um de seus nomes no colegiado. Outros titulares serão Onyx Lorenzoni (DEM-RS), Rubens Bueno (PPS-PR) e Maurício Quintela Lessa (PR-AL). Mendonça Prado (DEM-SE), Sarney Filho (PV-MA) e Ronaldo Fonseca (PR-DF) serão suplentes.
Já o PT ainda não bateu o martelo sobre as indicações. Mas o líder da bancada petista na Câmara, Jilmar Tatto (SP), reage à acusação de que o partido pretende esvaziar a CPI: "A oposição não tem discurso e nem projeto para o país", ataca. Segundo ele, a instalação da CPI é "uma questão de horas".
No Senado, o PSDB convidou Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), tradicional oposicionista, para ocupar uma das quatro vagas originalmente reservadas aos tucanos. Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) também participará da CPI em uma vaga pertencente aos tucanos. Falta decidir quem será titular e quem será suplente. Ambos os cargos dão direito a um assento na comissão, permitem o uso da palavra e a coordenação de relatorias. Mas o substituto só vota quando o titular está ausente.
Instalação - Depois da checagem das assinaturas, o passo seguinte será a leitura do relatório da CPI em plenário. Como a comissão será mista, com senadores e deputados, será necessário convocar uma sessão conjunta do Congresso Nacional. Com José Sarney (PMDB-AP) se recuperando de uma cirurgia cardíaca, a tarefa deve ser cumprida pela vice-presidente do Congresso, Rose de Freitas (PMDB-ES). A oposição tem pressa: "Respeitado o rito, não há porque não fazer a leitura na quinta-feira", diz Bruno Araújo (PE), líder do PSDB na Câmara.
(Com reportagem de Gabriel Castro)
http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/com-pt-na-berlinda-cpi-do-cachoeira-deve-ser-intelada-na-5a
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