segunda-feira 23 2012

às 7:09 Datafolha e fator escândalo: cresce popularidade de Dilma. E duas perguntas absurdas do Datafolha



Em 22/04/2012
O Datafolha fez uma nova pesquisa sobre a popularidade de Dilma Rousseff. Voltou a subir. O governo é considerado “ótimo ou bom” por 64% dos brasileiros — 59% em janeiro. Para 29%, é regular, e apenas 5% o consideram ruim ou péssimo. O resultado, extremamente favorável à presidente, não tem nada de surpreendente. Os fatores que mantinham já elevada sua avaliação não se alteraram de janeiro para cá. Assim, não havia razões para queda.
Eu já havia escrito aqui, vocês acham em arquivo, que o escândalo Cachoeira, que colheu o senador Demóstenes Torres (GO) em cheio (num primeiro momento; agora a coisa se ampliou), tenderia a elevar a popularidade da presidente: sempre que o Congresso se dana, a reputação do Executivo tende a crescer. Isso, então, é ainda mais verdadeiro no que diz respeito a Dilma. Sua marquetagem pessoal tem sido bem-sucedida em fazer dela uma não-política, uma espécie de bedel austera, que lamenta os maus hábitos alheios. Afinal, foi assim que ela demitiu sob suspeita de corrupção seis ministros que ela mesma nomeou e ainda faturou com isso: “Essa é danada! Corrupto com ela não tem vez!!!” Até parecia que tinham sido nomeados pela oposição…
Perguntas absurdas
Tivesse parado por aí, o Datafolha teria ido bem. Mas resolveu fazer duas perguntas absolutamente despropositadas. Se houver justificativa técnica para elas, publicarei com o maior prazer. Segundo o jornal, o instituto quis saber “quem deveria ser o candidato do PT em 2014: Dilma ou Lula”. Ai escreve: “Ele é o predileto de 57% dos brasileiros para disputar novamente o Planalto daqui a dois anos e meio. Outros 32% citam Dilma. Para 6%, nenhum dos dois deve concorrer. E 5% não souberam responder”.
Não dá! É o tipo de especulação que ao eleitor que não vota no PT diz pouca coisa. Sabedor de que Lula é quem manda no partido — e será ele o candidato se quiser ser e se a saúde permitir —, pode entender esse “deveria” como a possibilidade mais plausível, não como expressão de uma vontade ou de um desejo. Outros tantos, mesmo petistas e igualmente sabedores do poder do ex-presidente na legenda, podem citar seu nome apenas porque consideram essa hipótese mais plausível. Assim, ainda que essa indagação fosse feita apenas aos eleitores do PT, o resultado já seria duvidoso — ao menos com a pergunta feita desse modo.
Uma outra questão consegue ser ainda mais aloprada e parece caracterizar mera pegação no pé do tucano José Serra, especialmente quando ele disputa uma nova eleição. Se o segundo turno fosse hoje, como votaria o eleitor? Dilma ficou com 69% dos votos contra 21% do tucano. Se o Datafolha já fez antes tal exercício, não sei. Se fez, trata-se de uma besteira que se repete. A presidente está na TV todos os dias; Serra não! Ela conta com uma máquina de propaganda gigantesca; ele não! Pode-se dizer que está em permanente campanha; o tucano não!
Se ela fizesse um governo considerado desastroso, é evidente que não colheria resultado tão bom! Mas já se sabe que não é assim. Uma pergunta como essa mede, na verdade, a aprovação pessoal da presidente. Tanto é verdade que, nesse quesito, ela alcança 68%. Se o Datafolha quiser fazer a coisa certa, embora me pareça um pouco cedo, então que projete a coisa para o futuro e teste cenários eleitorais para 2014 — e não para 2010!!! Aí, sim, simule o confronto de Dilma com Serra e com outros nomes da oposição.
Por Reinaldo Azevedo
 http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/datafolha-e-fator-escandalo-cresce-popularidade-de-dilma-e-duas-perguntas-absurdas-do-datafolha/

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