quarta-feira 11 2013

Tabu no sexo: pornografia pode afetar a relação?


Existem viciados em pornografia?


Tabu no sexo: pornografia pode afetar a relação? - 1 (© Especialistas discutem: pornografia pode afetar a relação?)

Existem viciados em pornografia?
O Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas divulgou no começo desse ano, na prestigiada revista 'Psychiatry Research', resultados iniciais onde afirma que pornografia e masturbação podem virar dependência. A ideia do estudo, que acompanhou durante três anos 86 homens com comportamento sexual compulsivo, é encontrar evidências para a dependência sexual. O estudo entrará em sua segunda fase no segundo semestre de 2013.
Quando falamos em vício, alguns pressupostos básicos estão envolvidos como a compulsão, a obsessão, a busca incontrolável por satisfação do desejo e o sofrimento. No caso da pornografia, explica Paula, a pessoa precisa da satisfação sexual e tem um descontrole. 'Os acessos aos conteúdos pornográficos são repetitivos, constantes e durante muito tempo. Apesar de muitas vezes eles terem o prazer momentâneo, logo em seguida o que vem é uma angústia e uma ânsia de mais. A pessoa nunca se sente satisfeita e constantemente se encontra em sofrimento', explica a terapeuta sexual.
Para aliviar este sofrimento, a pessoa pode até se colocar em situações delicadas como, por exemplo, ser pega no ambiente de trabalho assistindo a esses conteúdos, entrar em relações de infidelidade etc. 'O vício em pornografia costuma atrapalhar a vida da pessoa, tanto afetiva, quanto social e profissional. O tratamento existe e deve ser feito. Afinal de contas, a sexualidade é uma parte boa da vida e deve ser vivida de maneira saudável, prazerosa e que forma que traga felicidade', avalia a terapeuta sexual.

Vício atrapalha não apenas a vida afetiva
Na opinião de Juliana Bonetti, os filmes pornográficos apresentam relações sexuais diversificadas e estímulos extravagantes onde pessoas fazem sexo freneticamente, entre outras situações com pouca similaridade com o sexo possível e real.
'Quando o indivíduo possui dificuldades de aceitar a realidade e de encontrar prazer na mesma, pode acabar se perdendo neste mundo de excessos. A partir disso, o que poderia ser apenas um dos possíveis gatilhos que facilita a obtenção de desejo e mobiliza a excitação acaba se transformando em uma 'droga' prejudicial para aquele indivíduo', analisa Juliana.

Pornografia é positivo à relação
Na opinião de Paula Montille, a pornografia pode afetar positiva e negativamente as relações. Seu consumo pode trazer vários benefícios aos casais como apimentar sua vida sexual ao assistirem a um filme juntos, por exemplo. 'O casal pode escolher diferentes gêneros de filmes, aqueles que se aproximam de suas fantasias e inclusive aqueles mais extremos, mas que não desejam realizar e continuam no plano da imaginação. Esses filmes podem trazer mais intimidade, estimular a criatividade sexual gerando novas ideias e a concretização de algumas fantasias', opina a terapeuta.

Conteúdo pode ser usado para incrementar a relação
'A pornografia em si não é negativa desde que utilizada como possibilidade de incrementar os relacionamentos reais, ou como busca de prazer e autoconhecimento corporal através da masturbação”, opina a psicóloga clínica e terapeuta sexual Paula de Montille Napolitano.
Mas a pornografia pode afetar negativamente as relações quando a sexualidade fica restringida apenas ao plano virtual, quando as pessoas tentam fazer sexo da mesma forma como veem nos filmes. Desta maneira, o 'contexto' da relação e a outra pessoa são negados em prol de um roteiro tido como ideal.
'Além disso, devido à rápida e intensa excitação que o consumo de materiais pornográficos pode provocar, isso pode se tornar um fator dificultante do controle da ejaculação, por exemplo', observa a terapeuta.

Diálogo entre o casal define limites da pornografia na relação
Como o casal pode vencer preconceitos como a ideia de que a pornografia é prejudicial ou perversa à vida sexual? Para Juliana Bonetti, é a partir do diálogo. 'Dependendo do casal, a pornografia pode trazer benefícios quando os dois gostam e aprovam, e pode ser incrementada às preliminares respeitando sempre o duplo consentimento', explica Juliana.
Para Paula de Montille, o diálogo sincero, aberto e positivo é o primeiro passo para ir trazendo materiais para a vida íntima. É preciso observar como cada um se sente com relação a isto. 'E ir adaptando ao prazer e aos limites de cada um. O mais importante é não deixar com que esses tabus impeçam vocês de aproveitarem esses recursos para aumentar seu prazer', analisa a psicóloga e terapeuta sexual.

Quando a pornografia é ruim ao relacionamento?
'A partir do momento que seu uso começa a gerar desconforto suficiente para um ou para ambos na relação. Este limite que gera incômodo é individual e subjetivo. Entretanto, é preciso estar atento se existe a substituição da relação real pelo uso excessivo da pornografia, pois isto pode caracterizar algum transtorno', explica Juliana Bonetti.

Revistas eróticas encontradas: perigo na relação?
Que namorada ou esposa nunca encontrou uma revista masculina nas coisas do marido ou namorado e se perguntou: será que ele não sente mais atração por mim?
A especialista em sexualidade Juliana Bonetti avalia como positivo que as pessoas encontrem formas de se estimular sexualmente. 'Isto pode, inclusive, beneficiar a relação do casal a partir do momento que cada um se permite buscar recursos excitatórios individuais que poderão ser usufruídos por ambos se assim quiserem', defende.
A questão, defende a terapeuta sexual Paula de Montille Napolitano, é se isto está prejudicando a vida sexual e a intimidade do casal. 'Neste caso, não somente o fato da pornografia, mas algumas coisas dentro do relacionamento podem ser olhadas com mais atenção. Lembre-se: várias são as formas de se obter prazer entre o casal, o importante é que ambos estejam satisfeitos e felizes e abertos ao diálogo', explica Paula.

Erotismo da Trilogia '50 Tons de Cinza'
Um dos responsáveis em aproximar as mulheres do universo erótico, analisa Paula, foi a literatura. Ela cita o sucesso da trilogia '50 Tons de Cinza', da autora britânica E. L. James e ressalta que, mais do que aproximá-las da pornografia, ela deu às mulheres a possibilidade mais plausível de falar, pensar, conversar e sentir sobre a sexualidade, a sensualidade, a excitabilidade, as fantasias, os desejos e as carícias.
'Penso que estes livros geraram uma reflexão maior quanto à própria sexualidade, ao que lhes dá prazer e ao que pode lhes dar prazer, mas que você ainda não sabe. Trouxeram uma inquietação, uma maior curiosidade delas se desnudarem e se descobrirem', avalia Paula.
Na opinião de Juliana , a trama romântico-erótica adequou-se principalmente ao gosto das mulheres por causa desse caráter de contos de fadas que permeia o livro. 'Acho que o livro aproximou as mulheres mais de produtos com conteúdos eróticos do que de pornografia ao pé da letra', opina a psicóloga.

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