quarta-feira 06 2012

Jovem de 15 anos revoluciona o combate ao câncer de pâncreas


Medicina

Projeto vencedor da maior feira de ciências do mundo abre caminho para o diagnóstico precoce de um dos tipos mais letais de câncer

Marco Túlio Pires
Jack Andraka, aluno do ensino médio, recebeu o primeiro prêmio da maior feira de ciências do mundo, organizada pela Intel. O jovem desenvolveu um teste para diagnosticar precocemente três tipos de câncer, incluindo um dos mais letais: o de pâncreas
Jack Andraka, aluno do ensino médio, recebeu o primeiro prêmio da maior feira de ciências do mundo, organizada pela Intel. O jovem desenvolveu um teste para diagnosticar precocemente três tipos de câncer, incluindo um dos mais letais: o de pâncreas (Divulgação)
Jack Andraka é um garoto americano de 15 anos que adora o seriado de TV Glee. Filho de pai polonês e mãe inglesa, mora com a família em Maryland, na vizinhança da capital Washington, onde cursa o primeiro ano do High School (equivalente ao segundo grau no Brasil) no North County High School, um cólegio normal. Gosta de remar em seu caiaque e fazer origamis. A princípio, não há nada que o destaque dos demais rapazes de sua idade. Jack, porém, é um gênio. No dia 18 de maio, venceu a Feira Internacional de Ciência e Engenharia da Intel, a maior do mundo para pré-universitários. Levou 100.000 dólares para casa, 75.000 pelo prêmio principal, 25.000 em prêmios especiais. Seu feito: desenvolver um teste simples e barato para fazer o diagnóstico precoce de três tipos de câncer, incluido o do pâncreas, um dos mais letais. O custo é de três centavos de dólar e o resultado é obtido em menos de cinco minutos. Segundo o site da Intel, o teste que Jack criou é 28 vezes mais barato e 100 vezes mais sensível do que o conjunto de técnicas atualmente utilizado para o diagnóstico. A comparação com o teste ELISA, o mais difundido método de detecção atual, é ainda mais impactante: o método de Jack se mostra 26.667 vezes mais barato e 400 vezes mais sensível.
Jack é persistente. Depois que o tio morreu de câncer do pâncreas, passou meses pensando em formas de atacar a doença. Cerca de 95% dos pacientes morrem em até cinco anos se o tumor no pâncreas não é descoberto cedo. Segundo a Organização Mundial de Saúde, todos os anos são registrados quase 145.000 novos casos de câncer de pâncreas e cerca de 139.000 mortes. Steve Jobs, cofundador da Apple, foi uma das vítimas da doença. Jack teve seu momento eureka durante uma aula de biologia em 2011. Andraka já havia estudado os nanotubos de carbono, estruturas artificiais com a espessura de um átomo hoje usadas na indústria farmacêutica, e marcadores biológicos, substâncias presentes no organismo que podem indicar a existência de uma doença. Ele juntou as duas coisas e começou a projetar um teste que usasse os nanotubos para detectar o marcardor biológico do câncer de pâncreas, com o objetivo de fazer isso de forma mais simples e mais barata que o teste ELISA. 

"O que fiz foi criar um sensor de papel: um nanotubo de carbono de parede simples combinado com anticorpos e um marcador biológico do câncer chamado mesotelina. Os anticorpos são moléculas que se grudam em outras moléculas específicas. Meu sensor, em um estudo cego, fez o diagnóstico certo do câncer de pâncreas em 100% dos casos. Ele pode diagnosticar o câncer antes que ele se torne invasivo." Uma gota de sangue basta para fazer o teste.

Para validar sua ideia, Jack escreveu um projeto de pesquisa prevendo os materiais necessários, o tempo de utilização do laboratório, o custo e os resultados almejados. Enviou o projeto por e-mail para 200 profissionais nos Estados Unidos. Recebeu 197 'nãos'. Duas respostas nunca chegaram. "Quando estava prestes a desistir, recebi a última resposta", diz Jack em entrevista ao site de VEJA.

Celeiros de gênios

O surgimento de tantos jovens talentos científicos nos Estados Unidos não é obra do acaso. Diversas organizações estimulam e financiam premiações como a Feira de Ciências da Intel, que este ano distribuiu milhares de dólares em prêmios.
A competição entre jovens gênios também é levada a sério na Olimpíada da Matemática (USAMO - United States of America Mathematical Olympiad), competição entre estudantes do High School que é realizada há seis décadas. 
De olho em futuros talentos para suas diversas missões espaciais, a NASA promove o Projeto Aliança Robótica. Os vencedores das diversas competição são observados de perto pela agência, que seleciona os melhores projetos, que, muitas vezes, resultam em missões bem sucedidas.
A resposta positiva veio do laboratório do médico Anirban Maitra, especialista em câncer do pâncreas. Maitra trabalha há 12 anos na respeitada Universidade John Hopkins, que tem uma das melhores faculdades de medicina do mundo e investe alto no tratamento do câncer. "O projeto estava tão bem elaborado, tão bem escrito e representava uma ideia tão inovadora, que foi impossível recusá-lo", diz Maitra. "Jack é um rapaz brilhante." E esforçado. Na segunda metade de 2011, Jack começou o trabalho que duraria sete meses. O médico conta que o garoto aparecia no laboratório todos os dias, após a escola — uma viagem de 70 quilômetros. "Vinha até nos feriados e por vezes saía tarde da noite do laboratório."
Da feira de ciências para o doutorado —O teste de Jack é um projeto de feira de ciências, mas equipara-se a uma tese de doutorado. Promissora, a ideia ainda é muito jovem, e precisará passar pelo rigor e escrutínio da comunidade científica antes de chegar aos pacientes. Quando o estudo for publicado, na forma de um artigo para periódicos científicos, terá o jovem Jack como "chefe da pesquisa". "Ele já está escrevendo. Vamos enviar o artigo em breve", diz Maitra.
Jack já patenteou a técnica e começou a ser assediado por empresas que querem transformá-la em produto. Os 100.000 dólares que recebeu pela descoberta, ao vencer a feira de ciências da Intel, serão usados para financiar sua promissora carreira como patologista. "Ele já venceu outras feiras de ciência menores, sempre com projetos sensíveis às necessidades da sociedade", conta Maitra. "Sua sagacidade está sempre apontada para problemas reais da população." O médico diz que teria orgulho em tê-lo como aluno na Universidade John Hopkins, mas sabe que ele será disputado por outros gigantes da pesquisa. "Pessoas como ele construíram o Google ou a IBM", diz. "Ele tem condições de criar sua própria empresa de biotecnologia." Mas Jack ainda não pensa onde trabalhar. No primeiro ano do ensino médio, o que ele quer é disputar a próxima feira de ciências da Intel. E não perder o próximo episódio deGlee.
Jack Andraka

Diagnóstico rápido e barato

Jack Andraka
15 anos, vencedor da Feira Internacional de Ciência e Engenharia da Intel

Como teve a ideia de desenvolver um teste para diagnosticar o câncer do pâncreas? A única forma de saber se alguém tem câncer de pâncreas é realizar exames periódicos de sangue. Desenvolvi um sensor que identifica uma proteína encontrada no sangue e na urina. Em grandes quantidades, ela indica que o indivíduo tem câncer de pâncreas, de ovário ou de pulmão. Trata-se então de um sensor genérico para esses três tipos de câncer.

Quanto tempo levou para trabalhar a ideia? Levei dois meses para pensar em como montar o sensor, quais reagentes usar e planejar quanto tempo eu precisaria em um laboratório. Disparei 200 e-mails para instituições como o Instituto Nacional de Saúde e fui rejeitado 197 vezes. Duas mensagens nunca chegaram. Finalmente fui aceito pelo Dr. Maitra, na Universidade John Hopkins.

Você já está trabalhando em outro projeto? No momento estou me esforçando para comercializar o novo sensor. Várias empresas já entraram em contato comigo, e registrei um pedido de patente, que aguarda aprovação.

Como o sensor funciona? Trata-se de uma pequena tira de papel com reagentes. O melhor método diagnóstico para o câncer de pâncreas requer três sensores e leva horas. Meu teste não precisa de treinamento nem equipamento especial. Uma gota de sangue basta para seis tipos de testes diferentes em cinco minutos. Além disso, ele pode ser aplicado em outras formas de câncer, monitorar medicamentos e ser adaptado para detectar outras doenças infecciosas, como salmonela, E. coli, rotavírus, aids, e doenças sexualmente transmissíveis. A ideia é fazer o teste realmente simples, para que todos os pacientes possam realizar uma vez por semana, a um custo de três centavos de dólar por teste, de modo que o plano de saúde possa cobrir.

Você se considera à frente da sua geração? Eu me considero à frente da minha geração, mas acho que a inteligência natural é superestimada pelas pessoas. Não acho isso seja o fator principal. O mais importante é o quanto cada um se dedica àquilo que gosta de fazer.

O que espera conquistar nos próximos 15 anos da sua vida? Espero poder continuar minha pesquisa. Quero ser um patologista e talvez funde a minha própria empresa de biotecnologia. Mas ainda tenho muito tempo para pensar nisso, certo?

O que você diria para jovens que desejam começar uma carreira de cientista? O mais importante é encontrar aquilo que te apaixona. Todo mundo tem a chance de se tornar um grande cientista. É apenas uma questão de encontrar sua paixão e fazer as perguntas certas. Se isso acontecer, continue fazendo as perguntas, deixe a curiosidade fluir e trabalhe duro. Sempre valerá a pena.

Braquiossauro 'emagrece' mais de 50 toneladas em novo estudo


Paleontologia

Estudo propõe novo método para calcular peso de dinossauros e aponta: muitas espécies tiveram sua massa corporal superestimada

braquiossauro
Reprodução do escaneamento de esqueleto de braquiossauro (Divulgação / Universidade de Manchester)
Com cerca de 35 metros de comprimento, o braquiossauro já teve seu peso estimado em até 80 toneladas. Em novo estudo, o gigantesco dinossauro 'emagrece' mais de 50 toneladas: de acordo com artigo publicado nesta quarta-feira na revista Biology Letters, o animal pesava em torno de 23 toneladas.

Opinião do especialista

Luiz Eduardo Anelli
Paleontólogo da USP e autor dos livros O guia completo dos dinossauros do Brasil e Dinos do Brasil

"Uma vez confirmada a eficácia deste novo método, a maioria dos grandes dinossauros, herbívoros e carnívoros, terá a massa corporal redefinida. Métodos anteriores estimaram a massa doGiraffatitan brancai (espécie do braquiossauro) em até 80 toneladas. Neste novo estudo, supostamente mais confiável, este gigante herbívoro de 35 metros de comprimento emagreceu mais de 50 toneladas"
"Se os paleontólogos reduzirem pela metade a massa de todos os grandes dinossauros, incluindo os predadores, teremos que reavaliar o quanto de alimento cada animal ingeria diariamente, redefinir seu hábitos, seu impacto sobre as florestas, a velocidade com que se deslocavam para perseguir presas ou fugir de predadores, o tempo de deslocamento durante as longas migrações e até mesmo como regulavam a temperatura corporal, isto é, se eram ou não homeotermos (animais cujos corpos mantêm uma temperatura constante, como os seres humanos), um dos maiores mistérios que cerca a vida destes animais."
Cientistas geralmente usam dados como tamanho e densidade dos ossos para chegar a conclusões sobre a massa corpórea do animal estudado. Esse tipo de cálculo inclui aproximações para as partes moles do animal – que não são preservadas junto com os ossos.
Para esse novo estudo, pesquisadores de duas universidades britânicas (Liverpool e Manchester) e uma americana (Brown) desenvolveram um modelo diferente para calcular o peso de animais a partir de fósseis: eles escanearam o esqueleto do animal e então aplicaram os dados obtidos em um modelo matemático.
Surpreendentemente difícil – Bill Sellers, pesquisador da Universidade de Manchester e autor principal do estudo, explica: "Uma das coisas mais importantes que os paleontólogos precisam saber sobre animais fossilizados é quanto eles pesam. Isso é surpreendentemente difícil, então nós estamos testando uma nova aproximação. Nós escaneamos com laser esqueletos de grandes mamíferos como urso polar, girafa e elefante, e calculamos o volume mínimo que envolve as principais seções do esqueleto".
Após testar o modelo com esqueletos de 14 grandes mamíferos, os cientistas descobriram que os animais têm em média 21% mais massa corpórea que volume de pele e osso. Aplicaram então esse modelo a um esqueleto de um braquiossauro que pertence ao Museu Natural de Berlim e chegaram à nova estimativa.
Para Sellers, a vantagem nesse tipo de modelo é que ele é mais rápido e objetivo. "O nosso método fornece uma medição mais precisa e mostra que dinossauros continuam sendo gigantes, mas não tanto quanto se pensava anteriormente", conclui Seller.

Saiba mais

BRAQUIOSSAURO
Animais que habitaram a África e a América do Norte no final do período Jurássico. Eles pertencem ao grupo dos saurópodes, grandes dinossauros herbívoros e quadrúpedes que viveram há 150 milhões de anos. Eles tinham pescoço longo, cabeça e cérebros pequenos, dentes achatados e uma longa cauda.
JURÁSSICO
Período que pertence à era Mesozoica compreendido entre 199 e 145 milhões de anos atrás.
(Com Agência France-Presse)

Anvisa publica novas regras para protetores solares


Proteção solar

Fabricantes deverão passar por testes específicos antes de indicarem que produto é resistente à água

Protetor solar: fabricantes terão dois anos para se adequar às novas regras da Anvisa
Protetor solar: fabricantes terão dois anos para se adequar às novas regras da Anvisa (ThinkStock)
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou, nesta segunda-feira, as novas regras para fabricantes de protetores solares. Entre as mudanças, está o aumento do Fator de Proteção Solar (FPS) mínimo de dois para seis. Os fabricantes têm dois anos para se adequarem às normas. As medidas foram publicadas no Diário Oficial da União (DOU) e seguem os parâmetros adotados por todos os países do Mercosul.

Opinião do especialista

Lucia Mandel
Lucia Mandel
Dermatologista e colunista do site de VEJA

O aumento do valor mínimo do fator de proteção solar (FPS) de 2 para 6 é um passo positivo dado pela Anvisa. O ideal, no entanto, seria que o FPS mínimo fosse de 15, não 6. 

Em relação à proteção UVA, a medida tomada é muito importante. O UVA também é prejudicial à saúde da pele e está vinculado ao aparecimento de câncer. Antes, o FPS contra o UVA, que deve ser de, no mínimo, 1/3 da proteção contra o UVB, não vinha expresso no rótulo. O consumidor não tinha muito como saber se essa proteção existia ou se era o suficiente.
A Resolução RDC 30/12 também aumenta a quantidade de testes exigidos para confirmar a eficácia do protetor solar. Produtos cujo rótulo indica que são resistentes à água deverão passar por testes específicos que comprovem essa propriedade. Caso os resultados confirmem a eficácia, os fabricantes terão que utilizar classificações como "resistente à água", "muito resistente à água", "resistente à água/suor" ou "resistente à água/transpiração". A Anvisa também definiu que todos os produtos deverão incluir a necessidade de reaplicação do protetor nas informações obrigatórias do rótulo.

A medida ainda prevê que a proteção contra raios UVA, um dos tipos de raio ultravioleta, seja de, no mínimo, um terço do FPS declarado no rótulo — o qual mede somente a proteção contra raios UVB, outra categoria de radiação ultravioleta. Segundo a Anvisa, agora existirá um teste específico para comprovar a proteção contra raios UVA, que até então não existia. A medida também proibiu que os fabricantes aleguem, nas embalagens, 100% de proteção contra radiação solar.

Saiba mais

RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA (UV)
A exposição desprotegida à radiação ultravioleta pode causar problemas como vermelhidão, queimaduras, envelhecimento cutâneo e câncer de pele. A radiação UV é classificada como raios ultravioletas A (UVA), B (UVB) ou C (UVC) — mas este último não chega a atingir a Terra. Os raios UVB são mais fortes do que os raios UVA e provocam efeitos imediatos na pele, principalmente vermelhidão e queimaduras. Já os efeitos da exposição aos raios UVA são cumulativos e podem provocar rugas, manchas na pele e câncer de pele. O FPS de um protetor solar indica proteção somente contra raios UVB.

Ginseng reduz exaustão entre pacientes com câncer


Câncer

Raiz utilizada como fitoterápico melhora sensação de fadiga, cansaço e indisposição em pessoas que estão passando ou concluíram tratamento

Raizes
Ginseng pode ser aliada contra sensação de exaustão provocada pelo câncer (Thinkstock)
Pesquisadores da Clínica Mayo, nos Estados Unidos, concluíram que tomar grandes quantidades de ginseng, uma raiz comumente utilizada como fitoterápico, ajuda a reduzir a fadiga e a exaustão em pacientes com câncer. Esse estudo foi apresentado nesta segunda-feira no encontro anual da Sociedade Americana de Clínica Oncológica, em Chicago, nos Estados Unidos.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Phase III evaluation of American ginseng (panax quinquefolius) to improve cancer-related fatigue: NCCTG trial N07C2.

Onde foi divulgada: encontro anual da Sociedade Americana de Clínica Oncológica, Chicago

Quem fez: Debra Barton, Heshan Liu, Shaker Dakhil, Breanna Linquist e outros

Instituição: Clínica Mayo, Estados Unidos

Dados de amostragem: 340 pacientes que haviam concluído ou que estavam em tratamento contra um câncer 

Resultado: Em comparação com pessoas que receberam placebo, pacientes com câncer que passaram dois meses tomando diariamente ginseng relataram sentir 20% menos fadiga e exaustão
Ao todo, 340 pacientes que haviam concluído ou que estavam em tratamento contra um câncer participaram da pesquisa. Durante oito semanas, parte deles recebeu doses diárias de placebo e o restante, dois gramas de ginseng puro em cápsulas, por dia. Todos precisavam relatar se sentiam desgaste físico, cansaço ou fadiga, e mediam a intensidade da sensação classificando-a em uma escala de zero a 100.
Após quatro semanas do início do estudo, os pesquisadores não observaram diferenças significativas na sensação de bem-estar entre os dois grupos. Porém, depois de oito semanas, os pacientes que receberam a raiz demonstraram uma melhora relevante em relação à fadiga e exaustão em comparação com aqueles que tomaram placebo. Segundo o estudo, após esse período, pacientes que receberam o ginseng relataram sentir 20% menos exaustão do que o restante dos participantes. De acordo com os autores, não houve grandes efeitos colaterais.
Os pesquisadores explicam que a fadiga entre pacientes com câncer tem sido associada a um aumento dos níveis de citocina, uma molécula que age como um mensageiro que desencadeia uma inflamação no corpo. Além disso, estudos feitos em animais indicaram que o ginseng pode reduzir a quantidade da citocina no organismo — o que pode ajudar a explicar resultados. A equipe pretende realizar mais estudos para identificar outras maneiras de reduzir a fadiga sentida por pacientes com câncer.

Aumentar espaço entre as letras ajuda disléxicos a ler, diz estudo


Dislexia

A descoberta facilita o processo de leitura em pessoas com dislexia, sem a necessidade de tratamentos convencionais

Dislexia
Dislexia: separar mais as letras não só aumenta a velocidade de leitura das crianças disléxicas, como também beneficia especialmente os casos mais graves (Thinkstock)
Pessoas com dislexia podem ler melhor e mais rápido quando há uma separação maior entre as letras de uma palavra: cientistas chegaram a essa conclusão em estudo publicado nesta segunda-feira na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).
O trabalho foi realizado por cientistas europeus com 54 crianças italianas e quarenta francesas, todas com dislexia e idades entre 8 e 14 anos. Ao aumentar o espaço entre as letras, os autores perceberam que a precisão dessas crianças para decifrar palavras dobrou e a velocidade de leitura foi aumentada em 20%.

Saiba mais

DISLEXIA
A dislexia é um transtorno que afeta as capacidades de leitura, escrita e de soletração. Sabe-se que ela ocorre por herança genética em pessoas com inteligência normal, ou seja, não aparece em pessoas que têm síndromes ou psicoses. O diagnóstico é geralmente feito por uma equipe multidisciplinar formada por neurologistas, fonoaudiólogos, psicopedagogos e oftalmologistas. De acordo com a International Dyslexia Association, entre 4% e 17% da população mundial é afetada pela dislexia. No Brasil, a Associação Brasileira de Dislexia acredita que 5% da população seja disléxica. A dislexia não tem cura, mas o paciente disléxico pode ter melhorias com tratamento feito com fonoaudiólogos, psicólogos e psicopedagogos.
"Nossos resultados proporcionam um método prático para melhorar a leitura dos disléxicos sem necessidade de treinamento especial", disse Marco Zorzi, autor principal do estudo e pesquisador do Departamento de Psicologia da Universidade de Pádua (Itália).
Os cientistas acreditam que com um espaço maior, o causador da dificuldade de leitura, a "aglomeração" das letras, é suavizado.
Experimento — Durante o estudo, foram mostradas 24 frases curtas aos participantes, que tinham que lê-las em duas versões: uma com o texto apresentado com o espaço usual entre letras e outra com uma maior separação entre as letras. O experimento consistiu em comparar a velocidade e facilidade da leitura das crianças participantes nos dois modelos usados.
O texto normal foi escrito com corpo de letra de 14 pontos. Na outra versão, o espaço entre foi aumentado em 2,5 pontos (um ponto corresponde a 0,353 milímetros). Por exemplo, o espaço entre as letras I e L que formam a palavra italiana 'il' (que significa ele) passou de 2,7 pontos para 5,2 pontos.
Os cientistas se mostram entusiasmados com os resultados porque perceberam que separar mais as letras não só aumenta a velocidade de leitura das crianças disléxicas, mas beneficia especialmente os casos mais graves de dislexia.
De acordo com os autores, provenientes de universidades e institutos de pesquisa da França e da Itália, o aumento do espaço entre as letras não tem efeito em crianças sem dislexia.
Como diagnosticar e tratar a dislexia — Maria Ângela Nogueira Nico, fonoaudióloga e psicopedagoga da Associação Brasileira de Dislexia, explica que a dislexia pode aparecer em pessoas de todas as idades, mas que o diagnóstico preciso pode ser feito após dois anos do processo de alfabetização. "É importante fazer um acompanhamento antes desse período, principalmente com crianças que têm pais ou parentes disléxicos. O acompanhamento pode pode trazer melhorias", explica.
De acordo com a fonoaudióloga, o diagnóstico e tratamento adequado podem trazer grandes melhorias para uma pessoa disléxica: "Ela vai ter mais dificuldades, mas pode aprender a ler e escrever normalmente."
A detecção da dislexia é feita por uma equipe multidisciplinar de especialistas que realiza uma série de testes para verificar se o paciente tem problemas neurológicos e de visão, por exemplo, antes de se chegar a um diagnóstico final.
(Com Agencia France-Presse)

Aos 82 anos, morre a única filha de Oscar Niemeyer




A galerista Anna Maria Niemeyer, 82, única filha do arquiteto Oscar Niemeyer, 104, morreu nesta quarta-feira (6), no Rio de Janeiro.
Ela estava internada no hospital Samaritano, em Botafogo, zona sul do Rio, desde o dia 1º deste mês.
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O hospital informou que a causa da morte foi enfisema pulmonar.
Anna Maria era dona de uma galeria de arte na Gávea, que ficará fechada por dez dias
O velório será realizado na capela dois do cemitério São João Batista, a partir das 19h. O enterro está marcado para o mesmo local, na quinta-feira (7) às 13h.
João Sal - 15.dez.07/Folhapress
Oscar Niemeyer e sua filha Anna Maria Niemeyer na comemoração dos 100 anos do arquiteto
Oscar Niemeyer e sua filha Anna Maria Niemeyer na comemoração dos 100 anos do arquiteto
Anna Maria Niemeyer nasceu no Rio de Janeiro e desde muito jovem colaborou com seu pai, dedicando-se à ambientação de interiores.
Trabalhou na Novacap (Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil) nos Palácios da Alvorada e do Planalto, no Congresso Nacional e no Supremo Tribunal Federal, em Brasília, onde residiu de 1960 a 1973.
Com o pai, estudou uma linha de móveis produzido no Brasil e na Itália, que chegou a ter obras expostas em espaços como o Centre Georges Pompidou, em Paris; o Chiöstro Grande em Florença; a Organização das Nações Unidas em Nova York; o Salão de Paris; o Salone Del Móbile em Pádua; a Feira Internacional de Colônia; o Salão Internacional do Móvel de Milão, e em diversos museus brasileiros.
Em 1977, inicialmente no Leblon, inaugurou a galeria de arte com o seu nome. Em 1979, transferiu-se para o Shopping da Gávea, onde produziu, gerenciou, coordenou e organizou mais de 300 exposições individuais e coletivas.
Foi, com Victor Arruda e Italo Campofiorito, autora do projeto de criação do MAC-Niterói (Museu de Arte Contemporânea de Niterói). Deixa quatro filhos.

Exame de sangue pode prever risco de câncer de mama


Câncer

Cientistas descobrem mudança genética que favorece desenvolvimento da doença

câncer de mama
Teste deve ajudar médicos a identificar pacientes que devem passar por ações específicas de prevenção contra o câncer de mama. (Thinkstock)
Um simples exame de sangue pode ajudar a prever a possibilidade de uma mulher desenvolver câncer de mama. Cientistas do Imperial College, em Londres, descobriram uma associação entre o risco da doença e uma alteração genética nas células brancas do sangue. Segundo os pesquisadores, um teste que analise mudanças específicas no gene ATM dessas células pode medir a possibilidade de uma paciente desenvolver o câncer. Isso poderia ajudar os médicos a identificar mulheres que se beneficiariam de ações preventivas contra a doença. 

Saiba mais

EPIGENÉTICAÉ o nome que se dá para as mudanças que acontecem nos genes sem, no entanto, alterar o código genético de um indivíduo. É diferente de uma mutação. Enquanto em uma mutação o código genético é alterado, a epigenética só muda como um gene funciona ou não. Essa mudança pode ser causada por fatores ambientais, como poluição ou mesmo pela prática de exercícios, e pode ser passada para as gerações seguintes.
Os cientistas analisaram 1.381 amostras de sangue utilizadas em outros três estudos. Dessas amostras, 640 eram de mulheres que viriam a desenvolver câncer de mama no futuro – algumas demoraram até 11 anos para diagnosticar a doença. Ao analisar as células brancas dessas amostras, eles descobriram que uma mudança molecular chamada metilação do gene ATM podia servir como um marcador de risco para a doença. Segundo o estudo, as mulheres com maior grau de metilação no gene apresentavam o dobro de chance de desenvolver câncer do que aquelas com o menor grau. A pesquisa foi publicada na revista Cancer Research.
A metilação é um mecanismo epigenético, que faz com que fatores ambientais modifiquem o DNA. Ela funcionaria como um interruptor, ligando ou desligando o gene. Entre os fatores ambientais que poderiam desencadear tal reação estão o fumo, poluição, radiação, envelhecimento e consumo de álcool. Os pesquisadores, no entanto, não souberam apontar por que uma mudança no DNA das células brancas favoreceria o desenvolvimento do câncer. 
Os cientistas já sabiam que alguns fatores genéticos podiam desencadear o câncer, mas ainda faltavam estudos sobre sua epigenética. Agora, com a nova pesquisa, eles podem ver como alterações no DNA aumentam o risco de um paciente desenvolver a doença, com até décadas de antecedência.

Exame de sangue pode salvar vida de pacientes com câncer de mama


Saúde da mulher

Níveis de células tumorais na corrente sanguínea podem indicar a probabilidade de sobrevivência de uma pessoa

exames de sangue
Exame de sangue pode prever quais mulheres com câncer de mama têm maiores chances de morte ou de voltarem a apresentar a doença após o tratamento (Comstock Images)
Um simples exame de sangue pode salvar vidas, ajudando médicos a diagnosticar rapidamente se uma paciente com câncer de mama em estágio inicial corre um risco de morte ou de reincidência depois do tratamento. Essa descoberta faz parte de uma pesquisa publicada nesta quarta-feira no periódico The Lancet Oncology. No artigo, os autores explicam que as células tumorais em uma amostra de sangue, quando analisadas na etapa inicial da doença, permitem prognosticar acertadamente as probabilidades de sobrevivência da pessoa com a doença.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Circulating tumour cells as biomarkers in early breast cancer

Onde foi divulgada: periódico The Lancet Oncology

Quem fez: Jonathan Krell e Justin Stebbing

Instituição: Universidade do Texas, Estados Unidos

Dados de amostragem: 302 mulheres com câncer de mama em estágio inicial

Resultado: 10% das mulheres que tinham células tumorais no sangue quando a doença estava em estágio inicial morreram em um período de cinco anos. Por outro lado, essa taxa foi de 2% entre pacientes que não apresentaram as células tumorais no sangue
Segundo os pesquisadores, que são do Centro Médico Anderson para o Câncer da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, esses resultados podem ajudar a identificar de maneira mais rápida as pacientes para as quais seria benéfico receber um tratamento adicional como a quimioterapia. "A presença de uma ou mais células tumorais em circulação (CTCs, no sangue) prognostica uma recidiva precoce e uma sobrevivência geral inferior", disseram os cientistas. Ou seja, quantas mais CTSs encontrarem, maior será o risco de morte.
Em geral, não se costuma fazer exames de sangue de CTC para efetuar um prognóstico do paciente ou prescrever um tratamento, já que, na maioria das vezes, acredita-se que os tumores cancerosos se disseminam através do sistema linfático, e não na corrente sanguínea.
Nesse estudo, a equipe fez testes com 302 mulheres tratadas no centro da universidade entre fevereiro de 2005 e dezembro de 2010. As pacientes estavam nas primeiras fases de câncer de mama — antes de se espalhar para outras partes do corpo — e não tinham recebido quimioterapia.
A equipe encontrou CTSs em um quarto das pessoas. Das que tinham células tumorais no sangue, uma em cada sete teve o reaparecimento da doença depois do tratamento e uma em cada dez morreu neste período. Ao contrário, as pacientes cujos exames não mostraram CTCs tiveram uma taxa de recidiva de 3% e uma taxa de óbitos de 2%. "Para as pacientes com concentração mais elevada de CTCs, a correlação entre a sobrevivência e as taxas de progressão foi ainda mais radical, com 31% das pacientes que morreram ou tiveram recidivas", informou um comunicado de imprensa que acompanhou o estudo.
O novo estudo diz poder mostrar que "não é necessária uma doença avançada para que as células cancerosas se disseminem (pelo sangue) e comprometam a sobrevivência".


Dr. Antonio Wolff

O oncologista Antonio Wolff é especialista em câncer de mama. Está começando um projeto de pesquisa com 8.000 mulheres, que fará testes com dois remédios — trastuzumabe e lapatinibe. Os primeiros resultados deverão começar a aparecer em dois anos.
Formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Wolff é pesquisador da Universidade Johns Hopkins há doze anos. Ali, atende pacientes duas vezes por semana e estuda, faz pesquisas, dá palestras. Seu foco é no que pode ser feito para melhorar a vida do paciente
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Polícia revista casa de ex-presidente do Banco do Vaticano


Roma

Operação faz parte de investigação por corrupção do grupo Finmeccanica

Bento XVI com o ex-presidente do Banco do Vaticano Ettore Gotti Tedeschi
Bento XVI com o ex-presidente do Banco do Vaticano Ettore Gotti Tedeschi (Reuters)
A polícia revistou nesta terça-feira a residência do ex-presidente do Banco do Vaticano Ettore Gotti Tedeschi, como parte de uma investigação por corrupção no grupo italiano de aeronáutica e defesa Finmeccanica. A operação na casa de Tedeschi, em Piacenza (norte), foi ordenada pela justiça de Nápoles, que investiga operações ilícitas na Finmeccanica, o segundo maior grupo industrial público do país.
Contudo, Tedeschi não aparece na lista de pessoas diretamente envolvidas, afirmaram fontes judiciais. "A investigação pretende elucidar os supostos casos de corrupção internacional, o pagamento de subornos (em troca de contratos) por parte de empresas do grupo Finmeccanica", afirma o jornal La Repubblica.
Até agora, não foram divulgadas as razões concretas da operação na residência de Tedeschi, que em 24 de maio foi destituído da presidência do Instituto para as Obras de Religião (IOR), o banco do Vaticano, por divergências com o cardeal Tarcisio Bertone, número dois da Santa Sé. Desde 2010, o grupo Finmeccanica foi abalado por vários casos de corrupção que levaram seu presidente, Pier Francesco Guarguaglini, a renunciar em setembro do ano passado, após nove meses no cargo.
(Com agência France-Presse)

Perillo terá de explicar, afinal, quantas vezes vendeu sua casa


CPI do Cachoeira

Incoerências nos depoimentos levam parlamentares da comissão a supor que o governador de Goiás recebeu pelo imóvel mais dinheiro do que declarou oficialmente

Laryssa Borges e Gabriel Castro
Marconi Perillo durante sessão da CCJ do Senado em 2009
Marconi Perillo durante sessão da CCJ do Senado em 2009 (Ailton De Freitas/Agência O Globo)
Após sucessivas contradições do empresário Walter Paulo Santiago, que prestou depoimento à CPI do Cachoeira nesta terça-feira, o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), terá a responsabilidade de explicar à comissão – e tentar convencer os parlamentares – como foi a verdadeira venda em 2011 de uma mansão sua em Goiânia. O mistério que envolve a mudança de donos da casa é emblemático porque foi nesta mansão que o contraventor Carlinhos Cachoeira, cujas atividades criminosas com autoridades públicas motivaram a criação da CPI, foi preso em fevereiro pela Polícia Federal.
O depoimento de Perillo à comissão de inquérito está agendado para o próximo dia 12. Com a paralisação do Congresso nesta semana por causa do feriado de Corpus Christi, a CPI não fará nenhuma reunião até a oitiva de Perillo. Vão se acumular no colegiado, portanto, requerimentos para o acesso a dados confidenciais do governador e para a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico de duas empresas ligadas a Walter Paulo Santiago: a Faculdade Padrão e a Mestra Administração e Participações.
Durante suas explicações à CPI, Walter Paulo disse ter comprado a casa do governador tucano, mas apresentou pelo menos três versões sobre a origem dos 1,4 milhão de reais que foram aplicados na aquisição do imóvel: disse num primeiro momento que não poderia precisar de onde saiu o dinheiro, declarou depois que o caixa foi formado recolhendo recursos de diversas de suas empresas e, por fim, defendeu que o montante foi retirado exclusivamente da Faculdade Padrão, da qual é dono.
As inconsistências na versão sobre a origem do dinheiro aplicado na compra da mansão acenderam na CPI hipóteses de que o governador Marconi Perillo poderia até ter recebido duas vezes pela venda da casa: uma por meio de três cheques (dois de R$ 500 mil e um de R$ 400 mil) emitidos pela empresa Excitant Confecções Ltda, de uma cunhada de Carlinhos Cachoeira, e outra vez, na versão de Walter Paulo, em “pacotinhos” com notas de 50 e 100 reais, ou, nas palavras do depoente, “uma coisica de nada” que pode ser transportada em “qualquer caixinha”.
O desencontro de versões ficou tão evidente que motivou especulações sobre o valor pago pela casa. Até aliados de Perillo saíram da reunião desta terça-feira sem acreditar na história apresentada por Walter Paulo. Há a suspeita de que parte do pagamento foi feita por fora, e que apenas 1,4 milhão de reais foi declarado. Mas os tucanos insinuam que a culpa seria de Wladimir Garcez, a quem o governador confiou a responsabilidade de negociar a casa.
Para justificar a desconfiança, os parlamentares citam um diálogo, obtido pela Polícia Federal, em que Cachoeira faz menção ao que seria o valor real do imóvel: 2 milhões de reais.
O entendimento de congressistas da CPI é que, diante da dificuldade de Walter Paulo explicar a compra da casa, a Mestra, da qual o empresário diz ser administrador, embora sem receber nada por isso, deve ser uma empresa laranja. A mansão que foi de Marconi Perillo está registrada em nome da Mestra, apesar de o dinheiro utilizado na aquisição da casa não ter saído dos caixas da empresa.
De acordo com o empresário, a Mestra tem capital social de R$ 20 mil e, portanto, não teria caixa para comprar a mansão do governador. Desde 2006, quando foi fundada, a empresa só fez dois negócios, o que, na avaliação dos parlamentares, indicaria que a empresa é apenas de fachada. Ainda assim, Walter Paulo disse que, por meio da Faculdade Padrão, desembolsou 1,4 milhão de reais para a compra da casa – fora 100 000 reais de comissão ao ex-vereador Wladimir Garcez – para adquirir o imóvel “como investimento” da Mestra. Ele disse ser administrador da empresa, de graça, “para ajudar”.
Também em depoimento à CPI, realizado há 12 dias, o ex-vereador do PSDB, Wladimir Garcez, comparsa do contraventor Carlinhos Cachoeira, deu mais ingredientes para o choque de versões sobre a casa. Disse ter comprado o imóvel de Marconi Perillo com a intenção de morar nele e que o valor de 1,4 milhão de reais foi pago em três cheques pelo ex-diretor da construtora Delta no Centro-Oeste, Cláudio Abreu.
A versão do governador sobre a venda da mansão é a de que Wladimir Garcez era apenas o intermediador da transação e que o dono da casa seria mesmo Walter Paulo. "Só há uma versão, a verdadeira dos fatos", disse Perillo em nota.
PSDB x PT - O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) diz ter ficado satisfeito com as explicações de Walter Paulo: "Em nenhum momento o governador participou das negociações. Ele agiu de boa-fé”, diz.
Na base aliada, o clima é outro: "A situação do governador Perillo se complicou, porque pode ser que esse dinheiro depositado não seja para o pagamento da casa", diz o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP). O relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), diz que os depoimentos conflitantes lançam novas possibilidades para o caso: "O governador pode ter recebido duas vezes pela venda da casa", especula.
http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/perillo-tera-de-explicar-afinal-quantas-vezes-vendeu-sua-casa

Justiça condena ex-deputada a devolver R$ 3 milhões


Mensalão do DEM

Eurides Brito aparece em vídeo da Operação Caixa de Pandora guardando na bolsa maços de dinheiro recebidos do ex-secretário de Relações Institucionais do Distrito Federal, Durval Barbosa, delator do esquema

Laryssa Borges
A ex-deputada Eurides Ferreira, que foi flagrada guardando maços de dinheiro na bolsa
A ex-deputada Eurides Ferreira, que foi flagrada guardando maços de dinheiro na bolsa (Ed Ferreira/AE)
O juiz Álvaro Ciarlini, da 2ª Vara da Fazenda Pública do Distrito Federal, condenou a ex-deputada distrital Eurides Brito (PMDB) a devolver dinheiro aos cofres públicos, pagar multa e ainda indenizar a população do Distrito Federal por envolvimento com o escândalo do mensalão do Democratas (DEM). 
 
O esquema, desbaratado pela operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, incluía o pagamento de propina a deputados distritais da base aliada e a empresas que atuavam na capital federal para a formação do bloco de apoio ao governo de José Roberto Arruda, eleito em 2006 pelo DEM. Vídeos da Caixa de Pandora mostram parlamentares escondendo maços de dinheiro na cueca e nas meias, além de Arruda contando cédulas vindas do esquema. Conforme a acusação, Eurides Brito recebia mensalmente 20 000 reais de propina.
 
Pela decisão judicial de primeira instância, a ex-deputada foi condenada a devolver 620 000 reais referentes a 31 parcelas de sua mesada paga entre 2006 e 2009 para que ela apoiasse o Executivo na Câmara Legislativa, além de ter de pagar multa de 1,68 milhão de reais após a sentença definitiva do caso.
 
A ex-parlamentar também foi penalizada com o pagamento de 1 milhão de reais por danos morais à população do Distrito Federal. Eurides Brito aparece em vídeo guardando em sua bolsa maços de dinheiro recebidos do ex-secretário de Relações Institucionais do DF, Durval Barbosa, delator do esquema. 
 
Para o juiz da 2ª Vara da Fazenda Pública, a população do Distrito Federal deve ser simbolicamente indenizada pela ex-deputada “pela submissão da coletividade aos sentimentos de frustração concreta, impotência, extremo constrangimento e revolta causados a todos pelo cometimento desses atos ímprobos”. Cabe recurso da decisão.

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