domingo 03 2016

Júlio Marcelo de Oliveira, que denunciou ao TCU as pedaladas fiscais de Dilma, no Roda Viva: ‘Essas fraudes fizeram parte de um plano para ganhar as eleições’


Ao longo do programa, o procurador do Ministério Público de Contas expôs as delinquências financeiras que fundamentaram juridicamente o pedido de impeachment



“O governo quis fazer uma performance vistosa para a sociedade sem ter arrecadação suficiente”, resumiu no Roda Viva Júlio Marcelo de Oliveira, procurador do Ministério Público de Contas junto ao Tribunal de Contas da União. Foi ele quem investigou e denunciou os crimes fiscais que fundamentaram juridicamente o pedido de impeachment da presidente.
Nascido em Brasília há 47 anos, Júlio descobriu em 2014 os atrasos nos repasses de recursos do Tesouro Nacional para bancos estatais, com o objetivo de ocultar os rombos nas contas públicas do governo. Formado em Direito pela Universidade de Brasília, ele começou a trabalhar no TCU como auditor e se tornou procurador em agosto de 2004.
Ao longo do programa, entre outros assuntos, o entrevistado tratou das chamadas “pedaladas fiscais” e “contabilidade criativa”, expressões que, por considerá-las excessivamente brandas, prefere substituir por “fraude fiscal” e “contabilidade destrutiva”. “Fernando Henrique Cardoso e Lula nunca se utilizaram desse subterfúgio”, informou o procurador, para quem as ilegalidades começaram em 2013, aprofundaram-se em 2014 e prosseguiram em 2015.
Ele afirmou que as pedaladas proibidas foram parte de um plano montado para garantir o segundo mandato de Dilma. “A última eleição foi altamente influenciada por promessas baseadas em gastos públicos e não havia dinheiro para isso”, disse. Num dos blocos do Roda Viva, Júlio Marcelo de Oliveira louvou a eficiência da Lava Jato e lembrou que a operação não provocou a suspensação de uma única obra pública. A Petrobras está paralisada por insuficiência de caixa, exemplificou.
A bancada de entrevistadores reuniu Heleno Taveira Torres (professor de Direito Financeiro da USP) e os jornalistas João Gabriel de Lima (Época), Laura Diniz (Jota.info), Luiz Antônio Novaes (Globo) e Mário Cesar Carvalho (Folha). Com ilustrações em tempo real do cartunista Paulo Caruso, o programa foi transmitido ao vivo pela TV Cultura.

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