domingo 28 2014

8 passos para fugir do efeito sanfona

Esqueça os hábitos do passado


Manter o peso é o resultado de uma conta matemática simples: a quantidade de calorias ingeridas deve ser a mesma da quantidade gasta. No entanto, algumas alterações no metabolismo que ocorrem com o emagrecimento fazem com que uma pessoa passe a gastar menos calorias ao ficar mais magra. Por isso, embora um indivíduo que alcançou o peso ideal não precise mais seguir uma dieta tão restritiva, ele deverá sempre ter algum controle sobre os seus hábitos. “É preciso comer menos e fazer mais atividade física para manter o peso do que antes de emagrecer”, diz a endocrinologista Rosana Radominski, do departamento de obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).

Não faça dietas da moda

Dietas da moda, como as que proíbem a ingestão de determinados grupos alimentares, promovem uma perda de peso rápida, mas são difíceis de serem seguidas a longo prazo. “O paciente não consegue manter esse tipo de alimentação, abandona a dieta completamente e ganha todo o peso que havia perdido”, explica a endocrinologista Claudia Cozer, coordenadora do núcleo de obesidade do Hospital Sírio-Libanês. Além disso, segundo a médica, quanto mais rápido é o emagrecimento, maior a perda de massa muscular. Como a massa muscular é fundamental para acelerar o metabolismo, esse tipo de dieta prejudica a capacidade de o corpo gastar calorias e dificulta a manutenção do peso.

Continue na academia

Após 20 anos acompanhando pacientes obesos, o grupo de médicos americanos do National Weight Control Group descobriu que 90% das pessoas que conseguem perder e manter o peso continuam praticando ao menos uma hora de atividade física por dia, mesmo depois de atingirem seus objetivos. “Mas não adianta exercitar-se se continua se alimentando mal ou a ser sedentário no resto do dia. Com o tempo, é preciso que o paciente adote hábitos como preferir a escada ao elevador ou a andar mais a pé”, diz Rosana Radominski. Os exercícios, além de aumentarem no gasto calórico, ajudam a manter a massa muscular e, portanto, a acelerar o metabolismo.

Extrapole, mas nem tanto

Manter o peso exige bom senso: apesar de a fase de emagrecimento ter acabado, é preciso sempre estar atento aos hábitos. “O trabalho de manutenção precisa acontecer a vida inteira. O paciente que perdeu peso deve consumir as calorias necessárias e se dar ao luxo de sair da linha apenas algumas vezes, e não exagerar todos os finais de semana. Ele pode deixar para comer sua sobremesa preferida no domingo, e não em dia de semana, por exemplo”, diz a endocrinologista Claudia Cozer. “É como se a pessoa tivesse um dinheiro para gastar da forma como quiser, mas sabendo que não poderá comprar nada em uma loja que seja muito cara.”

Mantenha um peso realista

Cada pessoa possui uma carga genética e vive em um ambiente que pode favorecer ou dificultar o emagrecimento. Muitas vezes, o efeito sanfona acontece porque uma pessoa quer chegar a um peso que não condiz com esses fatores e tem muito mais dificuldades em mantê-lo. “Não adianta perder 30 quilos e recuperar e perder peso várias vezes. Nesse caso, é melhor emagrecer 10 quilos, por exemplo, e conseguir manter o novo peso”, diz Rosana Radominski.

Assista menos televisão

Ainda segundo o National Weight Control Group, três em cada cinco pessoas que conseguem manter o peso assistem menos do que 10 horas de televisão por semana. De fato, não faltam estudos que comprovam a relação entre o hábito e o risco de engordar. Além disso, pesquisas já mostraram que, muitas vezes, o prejuízo de um dia sedentário não é compensado por uma aula na academia. No ano passado, pesquisadores holandeses mostraram que, mesmo praticando exercícios menos intensos, pessoas mais ativas ao longo do dia – que trocam elevador por escada ou que se levantam da cadeira com maior frequência, por exemplo – gastam mais calorias e têm níveis mais saudáveis de gordura e insulina no sangue.

Controle o stress

Segundo a endocrinologista Claudia Cozer, o stress é um reconhecido fator de risco para o ganho de peso e pode ser um grande vilão de pessoas que conseguiram emagrecer. O stress faz com que o corpo produza hormônios que, em excesso, aumentam o apetite e diminuem o controle sobre o que se come. Uma pesquisa publicada em julho de 2014 demonstrou que dias estressantes fazem com que o corpo gaste menos calorias do que o normal. E, como as pessoas tendem a consumir alimentos mais calóricos e gordurosos quando estão sob stress, o impacto na balança é ainda maior. 

Fique de olho na balança

Oscilar o peso, desde que sem exageros, é algo natural do ser humano. “Engordar 3 quilos durante o ano ou em uma viagem, por exemplo, é considerado normal”, diz a endocrinologista Claudia Cozer. Se passar muito disso, pode-se dizer que a pessoa entrou no efeito sanfona. E quanto mais episódios de oscilação de peso, mais difícil será voltar ao peso conquistado anteriormente. “Além disso, com a idade, o metabolismo fica cada vez mais lento e o corpo tem maior dificuldade em gastar calorias”, afirma Claudia. Talvez isso explique uma das conclusões dos pesquisadores do National Weight Control Group, que mostrou que três quartos das pessoas que conseguem emagrecer e manter o peso se pesam pelo menos uma vez por semana.

Efeito sanfona: saiba como evitar o problema

Emagrecimento

Manter o peso após uma dieta é um desafio, já que fatores como alterações hormonais, perda de massa muscular e avanço da idade desaceleram o metabolismo e diminuem a capacidade de o corpo gastar calorias

Vivian Carrer Elias
Efeito sanfona: quanto mais episódios de oscilação de peso, mais difícil será emagrecer de novo
Efeito sanfona: quanto mais episódios de oscilação de peso, mais difícil será emagrecer de novo (Thinkstock/VEJA)
Talvez mais difícil do que emagrecer seja sustentar o peso alcançado. Ter força de vontade para manter hábitos saudáveis a longo prazo é mais desafiador do que segui-los por pouco tempo, especialmente se uma pessoa já conseguiu emagrecer tanto quanto gostaria. Além disso, outros fatores, como a alteração hormonal, fazem com que o corpo lute contra o novo peso e favoreça o efeito sanfona. E o que é pior: segundo especialistas ouvidos pelo site de VEJA, quanto mais episódios de perda e ganho de peso, mais difícil é emagrecer novamente.
Algumas descobertas científicas vêm mostrando os motivos pelos quais é tão difícil manter o peso. Uma pesquisa australiana divulgada em 2011, por exemplo, provou que, logo após perderem peso, as pessoas apresentam alterações hormonais que aumentam o apetite, desaceleram o metabolismo e fazem com que o corpo elimine menos gordura. Mas a principal descoberta do estudo foi a de que tais alterações persistem pelo menos um ano após o fim da dieta, fazendo com que muitos indivíduos voltem a engordar mesmo se continuam controlando a alimentação.
Prejuízos — Uma pequena oscilação do peso é considerada natural: engordar 3 a 4 quilos no ano, por exemplo, não configura o efeito sanfona, como explica a endocrinologista Claudia Cozer, coordenadora do núcleo de obesidade do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Muito mais do que isso, porém, pode fazer com que emagrecer fique cada vez mais difícil.
Acontece que quando uma pessoa engorda, acumula gordura. Por outro lado, se emagrece, perde tanto gordura quanto massa muscular, que é um fator importante para acelerar o metabolismo. Segundo Claudia Cozer, se esse processo de perder e ganhar peso acontece repetidas vezes, a tendência é a de que o metabolismo desse indivíduo desacelere cada vez mais. “Além disso, com o avanço da idade, que também prejudica o metabolismo, o efeito sanfona se torna cada vez mais prejudicial à manutenção do peso”, explica Claudia.
O fator genético também exerce um papel importante nesse sentido, já que o DNA de algumas pessoas favorece o ganho de peso. "Diante de todos esses fatores genéticos, ambientais, hormonais, o que menos influencia na manutenção do peso é a força de vontade do indivíduo. Muitas vezes ele não engorda porque quer, mas porque o seu corpo trabalha para que isso aconteça", diz Rosana Radominski, do departamento de obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). "Cada um tem um ponto de equilíbrio em relação ao peso corporal, e é o organismo de cada pessoa que determina isso."
Melhores hábitos — Diante de tantos obstáculos, está claro que, para manter o peso, é preciso manter hábitos saudáveis, como alimentação equilibrada e rotina de exercícios físicos, permanentemente, embora com menos rigidez do que no processo de emagrecimento. "Quando a pessoa alcançar o peso ideal, não pode voltar aos hábitos que tinha antes de emagrecer. Ela não precisa fazer uma dieta restritiva, por exemplo, mas algum controle tem que fazer. Algumas pessoas não comem doce durante a semana, outras optam por comer um jantar mais leve", diz Claudia Cozer.
Há vinte anos, o grupo de médicos americanos do National Weight Control Group (NWCR) se dedica a estudar a manutenção do peso. Nessas duas décadas, os pesquisadores publicaram uma série de pesquisas científicas e acompanharam milhares de pessoas obesas que tentaram perder peso. Diante de todos os dados, eles descobriram o que a maioria pessoas que conseguem manter o peso após emagrecer tem em comum: elas continuam controlando a alimentação, praticam atividade física, tomam café da manhã todos os dias, se pesam com frequência e assistem poucas horas de televisão.
"A fase mais difícil da dieta é a manutenção, porque existe uma tendência de o corpo recuperar o peso e de o organismo economizar calorias após emagrecer", diz Rosana Radominski. "E o que se observa é que é preciso comer menos e fazer mais atividade física para manter o peso do que antes de emagrecer. A mudança de hábito é difícil, mas o paciente deve reciclar os seus aos poucos para atingir seu objetivo."

Luiz Estevão é preso em Brasília - Ex-senador começa a cumprir pena de três anos e seis meses. Ele falsificou atas para acobertar desvios em obra

Justiça

Ex-senador começa a cumprir pena de três anos e seis meses. Ele falsificou atas para acobertar desvios em obra

Gabriel Castro, de Brasília
O ex-senador Luiz Estevão
O ex-senador Luiz Estevão (Marcia Gouthier/Folha Imagem/VEJA)
O ex-senador Luiz Estevão foi preso na manhã deste sábado em sua casa, em Brasília, e começou a cumprir uma pena de três anos e seis meses. Ele permanecerá preso inicialmente na superintendência da Polícia Federal em São Paulo, onde corre o processo que motivou a prisão.

Na quinta-feira, o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, negou o último recurso apresentado pela defesa do ex-senador. Por causa da pena reduzida, Estevão não deve passar muito tempo na cadeia. Ele terá direito ao regime semiaberto.

Luiz Estevão já havia sido preso em 2000, mas passou poucos dias na prisão. O ex-senador foi cassado também em 2000, por sua participacão no desvio de verbas na obra do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo.
A condenação que levou o ex-parlamentar novamente à cadeia tem relacão com o caso: Estevão adulterou livros contábeis para acobertar fraudes que permitiram o desvio de mais de 170 milhões de reais da obra. A construtora responsável pelo empreendimento era de propriedade do então senador.

Apesar de não estar disputando as eleições, ele é o atual presidente do PRTB do Distrito Federal e tem participado ativamente da campanha de Jofran Frejat (PR) ao governo. Frejat substituiu José Roberto Arruda (PR), que foi barrado por causa da Lei da Ficha Limpa.
Na decisão que motivou a prisão de Estevão, o ministro Toffoli afirmou que o recurso da defesa era protelatório. "Considerando, ainda, o caráter manifestamente protelatório do recurso, bem como o risco iminente da prescrição da pretensão punitiva independentemente da publicação desta decisão, determino baixa dos autos ao juízo de origem".

O futuro incerto da Petrobras após doze anos de PT

Empresas

Troca de diretores, mudança no modelo de gestão e fim do fisiologismo: saiba o que os candidatos prometem fazer com a maior estatal do país caso vençam

Naiara Infante Bertão, do Rio de Janeiro
Lula e Dilma se encontram em Brasília
Lula e Dilma: depois da descoberta do pré-sal, em 2007, estatal sofreu baques financeiros e de credibilidade (Ricardo Stuckert/Instituto Lula/VEJA)
Endividada e aparelhada, a empresa deixou de ser a joia da coroa petista e virou a estatal dos panos quentes
Quando assumiu a presidência da Petrobras, em 13 de fevereiro de 2012, Graça Foster protagonizou uma cerimônia digna de chefe de estado. Assistiram à posse ao menos uma dezena de governadores, além de cabeças coroadas do Congresso e do meio empresarial. A convidada de honra foi sua amiga de longa data, a presidente Dilma Rousseff. Num discurso que enaltecia a Petrobras e o trabalho de Graça, Dilma afirmou que a indicação era decorrente do mérito da funcionária, que iniciou carreira na empresa havia mais de três décadas. "Agora é tudo contigo, graciosa”, disparou a presidente, ao encerrar o pronunciamento. Dois anos e sete meses depois, a Petrobras é o epicentro de um escandaloso esquema de corrupção que, segundo a Polícia Federal, drenou mais de 10 bilhões de reais, tudo indica, para partidos da base aliada. Graça teve de prestar contas ao Congresso, ser sabatinada numa CPI e só não teve seus bens bloqueados porque houve pressão do Palácio do Planalto junto ao Tribunal de Contas da União (TCU). Endividada e aparelhada, a empresa deixou de ser a joia da coroa petista e virou a estatal dos panos quentes. Entre seus ex-diretores, um foi preso e seis são investigados. O restante foi colocado em descrédito.
VEJA
É com esse pano de fundo pouco animador que o governo que assumir em 2015 terá de trabalhar. O site de VEJA conversou com mais de vinte empresários, especialistas, políticos do alto escalão dos partidos e ex-diretores. A expectativa é unânime: não importa quem ganhe nas urnas, tudo mudará na liderança da estatal. Seja por convicção do novo presidente ou por pressão pública sobre Dilma, se reeleita. No seio do PT, a estratégia é executar uma “faxina” na diretoria da estatal, como forma de apresentar à sociedade alguns bodes expiatórios. Uma das primeiras baixas deve ser a própria Graça Foster. Se sua saída é dada como certa caso vençam Marina Silva ou Aécio Neves, a executiva já afirmou a pessoas próximas que não ficará na Petrobras nem mesmo se Dilma Rousseff se reeleger. “Está cansada e sob intensa pressão. Só está esperando as eleições terminarem para sair”, afirmou um político da alta cúpula petista a quem Graça fez confidências.
Os laços — Escolher os diretores da estatal é uma decisão tão política quanto técnica. A par dessa dinâmica, os engenheiros de carreira da empresa que querem chegar à cúpula se apressam em buscar apadrinhamento político. Os senadores Renan Calheiros e Fernando Collor e o ministro Edison Lobão estão entre os padrinhos mais prestimosos. A área de Exploração e Produção é a mais visada, já que representa cerca de 70% do orçamento da companhia. Durante a gestão de José Sergio Gabrielli, a cadeira foi ocupada pelo geólogo petista Guilherme Estrella. Com Graça, o cargo, que era cobiçado pelo PMDB, passou para José Miranda Formigli Filho, homem de confiança da executiva. Também desperta a cobiça das legendas a área de Abastecimento, que até 2012 foi latifúndio de Paulo Roberto Costa, preso no âmbito da Operação Lava Jato. Para seu lugar, Graça nomeou José Carlos Cosenza, cuja indicação foi uma exigência do PMDB. “Tenho mais de 28 anos de Petrobras e nunca vi diretor do alto escalão que não seja ligado politicamente a partidos aliados”, afirma o engenheiro Silvio Sinedino, que representa os funcionários no Conselho de Administração da estatal.
As promessas — A equipe de Aécio aponta que o fisiologismo de praxe estaria com os dias contados na Petrobras, em caso de vitória. “Queremos isolar as indicações políticas e escolher por mérito. Daremos preferência a funcionários da estatal. Mas, se tivermos que contratar um presidente do mercado, faremos isso”, afirma Adriano Pires, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e responsável pela área de petróleo da campanha do candidato tucano. A mesma ideia é defendida pela equipe de Marina Silva, que pretende criar um comitê composto por acadêmicos e especialistas para renovar os quadros de todas as estatais e agências reguladoras. Segundo o tesoureiro da campanha, Bazileu Margarido, os peessebistas preveem um novo modelo de gestão para as estatais baseado em diretrizes de mercado, como meritocracia e eficiência, mas também compromisso ético com o projeto de governo, e não com um grupo político específico. “Permanecerão os que estiverem alinhados”, afirmou, deixando claro que as mudanças seriam implementadas nos primeiros 100 dias de governo. 
Em seu programa de governo, Marina não dedicou muitas linhas ao pré-sal, o que foi suficiente para que a artilharia petista disparasse que a ex-senadora deixaria a Petrobras de escanteio. De fato, o programa prevê priorização de investimentos em energias renováveis e diminuição do uso das termelétricas. A palavra pré-sal é citada uma única vez para se referir à transferência dos royalties do petróleo à educação. Marina, contudo, rebateu as críticas afirmando que manterá a estratégia vigente, ao mesmo tempo em que estimulará a geração de energia limpa. "Enquanto essa mentira é alardeada por todos os meios, a Petrobras é destruída pelo seu uso político, apadrinhamento e corrupção”, disse a candidata.
Apesar de não ter publicado um plano de governo detalhado, o PSDB deu algumas sinalizações: o presidente do Conselho não será mais o ministro da Fazenda, e o modelo de partilha do pré-sal terá de ser revisto. Atualmente, a Petrobras tem uma participação de 30% em todos os blocos de exploração. Isso significa que seus investimentos devem ser proporcionais à sua fatia nos consórcios. O problema é que o endividamento de 307 bilhões de reais que a estatal acumula coloca dúvidas sobre sua capacidade financeira de investir. Segundo o presidente do DEM, o senador Agripino Maia, não há como a Petrobras garantir tais aportes se seu caixa estiver sangrando. Por isso, a oposição defende o modelo de concessão. “Esse modelo propiciou autossuficiência à empresa. Já o de partilha pode até ter coisas positivas, mas obriga a Petrobras dispor de um capital que ela não pode garantir que terá”, afirma Maia. Segundo o senador e candidato a vice de Aécio, Aloysio Nunes, tanto a troca de cadeiras quanto a revisão das políticas não seria tarefa demorada, caso os tucanos vencessem. “A empresa tem um quadro muito qualificado, composto por gente que dedica a sua vida a isso. Não teríamos descoberto pré-sal se não fosse por elas. E justamente por isso, quanto antes as mudanças forem feitas, mais rápido a empresa volta a ter resultado”, afirma.
Ficou no ar — Não foram aprofundadas, contudo, discussões sobre a política de conteúdo nacional implementada por Dilma, que prevê que a estatal compre da indústria brasileira mais de 60% de seus insumos. Desde 2011, a Petrobras é submetida à regra. Como a indústria local não tem sido capaz de suprir a demanda, projetos estão em atraso constante, como é o caso da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. “As descobertas dos últimos anos, em especial do pré-sal, elevaram em cinco vezes a demanda da indústria. É muito difícil acompanhar esse ritmo em tão pouco tempo. O que aconteceu foi que a oferta de serviços, produtos e mão de obra nacional não conseguiu acompanhar e as empresas estão com dificuldade de cumprir suas metas”, diz Antônio Guimarães, secretário-executivo do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP). Dilma já afirmou que a política “é uma conquista de seu governo” e que não pretende mudar nada. Aécio e Marina não discorreram sobre o tema.
O debate também ocorre de maneira superficial no âmbito do reajuste do preço da gasolina. Desde 2012 os aumentos do valor do barril no mercado internacional não são integralmente repassados pela Petrobras aos consumidores, num intento do governo de frear o avanço da inflação. Apenas em 2014, o prejuízo da área de Abastecimento, que controla as importações de gasolina, chega a 3 bilhões de reais. A estatal deixou de ganhar 45 bilhões de dólares desde 2012 devido ao congelamento de preços da gasolina, segundo levantamento do CBIE. Os candidatos falam de forma genérica em equiparação com os valores que são praticados lá fora. Mas não detalham se os reajustes seriam feitos de uma só vez ou paulatinamente.
Constrangimento — O clima na empresa tem sido fúnebre desde a prisão de Paulo Roberto Costa. Piorou com a instauração da CPI sobre a compra da refinaria de Pasadena, no Texas. Desde que a reportagem de VEJA revelou o esquema de fraude nos depoimentos da CPI, a atmosfera beira o insuportável. Engenheiros que visitavam a feira Rio Oil & Gas, há duas semanas, no Rio de Janeiro, afirmaram que a constante presença da estatal no noticiário policial transformou seus funcionários em motivo de chacota no setor. O constrangimento é geral e não poupa nenhum escalão. 
Em Brasília, contudo, há mais nomes temerosos do que constrangidos. Se os apadrinhados da diretoria estão na corda bamba, os padrinhos também temem possíveis mudanças. Isso não significa que acreditem que qualquer um dos três candidatos tenham cacife para livrar a Petrobras do loteamento. Aliás, olham com certo ceticismo para os discursos de tucanos e 'marineiros' sobre implementar políticas de meritocracia na cúpula da estatal. O que aliados temem é que, diante dos holofotes que se armaram sobre a empresa, a troca de favores fique ainda mais evidente.
Exemplo do fisiologismo comum na capital federal é que se condicione o apoio à votação de projetos no Senado a cargos estratégicos. No ano passado, o presidente do Senado, Renan Calheiros, colocou na pauta o projeto de independência do Banco Central, que o PT é sistematicamente contra. O texto foi engavetado quando o senador conseguiu emplacar um aliado na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Em 2012, quando Paulo Roberto Costa foi demitido por Graça da Petrobras, o PP protagonizou uma mini-rebelião contra o governo na Câmara. Não queria que seu protegido abandonasse a galinha dos ovos de ouro.
Na hipótese de vitória de Dilma, a bancada do PT deve diminuir no ano que vem, de acordo com as mais diversas projeções. Com o PSB na oposição, além do próprio PSDB, o bloco governista vai ser menor. E, inevitavelmente, o preço do apoio de PMDB, PP e PTB vai sair mais caro. O mesmo vale se Aécio ou Marina vencerem. Ou seja: quem entrar terá de inventar algo muito ardiloso para conseguir banir as castas que se alimentam da estatal.
Com reportagem de Gabriel Castro, Luís Lima e Talita Fernandes

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