quinta-feira 19 2013

Visitas superficiais e trapaça prejudicam as inspeções de fábricas estrangeiras

Por Stephanie Clifford e Steve Greenhouse- The New York Times News Service/Syndicate
veja.com
Inspetores iam e voltavam de uma fábrica certificada pelo Walmart na província de Guangdong na China, aprovando a sua produção de mais de 2 milhões de dólares de artigos especiais que iriam parar nas prateleiras do Walmart dentro do prazo para o Natal.



Visitas superficiais e trapaça prejudicam as inspeções de fábricas estrangeiras
Inspetores iam e voltavam de uma fábrica certificada pelo Walmart na província de Guangdong na China, aprovando a sua produção de mais de 2 milhões de dólares de artigos especiais que iriam parar nas prateleiras do Walmart dentro do prazo para o Natal.
Contudo, sem o conhecimento dos inspetores, nenhum dos artigos divertidos, inclusive fantasias de renas e roupas da Mamãe Noel para cães, que foram fornecidos para o Walmart tinham sido produzidos na fábrica. Em vez disso, operários chineses costuraram as mercadorias – que tinham sido encomendadas pelo Grupo Quaker Pet, uma empresa com sede em Nova Jersey – em uma fábrica fraudulenta que não tinha passado no processo de certificação estabelecido pelo Walmart para o trabalho, segurança do trabalho ou qualidade, segundo documentos e entrevistas com as autoridades envolvidas.
Para receber aprovação de envio para o Walmart, um subcontratante da Quaker simplesmente transferia os artigos para uma fábrica aprovada, onde eles eram apresentados aos inspetores como se tivessem sido costurados lá e nunca tivessem saído das instalações.
Logo depois da mercadoria chegar às lojas do Walmart, ela começava a cair aos pedaços.
A aproximadamente 2.414 quilômetros a oeste, a fábrica Rosita de Artigos de Malha no noroeste de Bangladesh – que fazia suéteres para empresas em toda a Europa – passou em uma inspeção da auditoria com altas notas. Uma equipe de quatro monitores deu a fábrica centenas de vistos de aprovação. Em todas as 12 principais categorias, inclusive de horas trabalhadas, compensação, práticas de gestão de saúde e de segurança, a fábrica recebeu a maior nota para "bom". "Condições de Trabalho – Nenhuma queixa dos trabalhadores", escreveram os auditores.
Dez meses após essa inspeção, as funcionárias da Rosita devastaram a fábrica em fevereiro de 2012, vandalizando suas máquinas e acusando a gerência de renegar aumentos prometidos, bônus e pagamento de hora extra. Algumas alegaram que foram assediadas sexualmente ou que apanhavam dos guardas. Nenhum indício dessas queixas foi relatado na auditoria.
Enquanto as empresas ocidentais esmagadoramente recorrem aos países de salários baixos longe das sedes corporativas para a produção de roupas baratas, de eletrônicos e outros produtos, as inspeções das fábricas tornaram-se uma ligação vital na cadeia de fornecimento da produção estrangeira.
Zaichun Ye, right, a consultant at the monitoring group Verite, checks if a worker is wearing chain mail gloves while operating a fabric cutter at a textile factory in Yuhang in Zhejiang province, China, Aug. 2, 2013. While some audits at overseas factories are performed in depth, retailers often choose “check the box” inspections that fail to uncover substandard conditions and outright fraud. (© Jonathan Browning/The New York Times)
Um exame minucioso feito pelo New York Times revela como o sistema de inspeção feito para proteger os operários e garantir a qualidade da fabricação é cheio de falhas. As inspeções frequentemente são tão superficiais que elas omitem as salvaguardas mais fundamentais do local de trabalho como saídas de incêndio.
E mesmo quando os inspetores são rígidos, os gerentes das fábricas encontram maneiras de enganá-los e esconder violações sérias, como o trabalho infantil ou portas de emergências trancadas. Condições perigosas citadas nas auditorias frequentemente levam meses para serem corrigidas, muitas vezes com pouca aplicação da lei ou acompanhamento para garantir a conformidade.
Dara O'Rourke, especialista da cadeia global de fornecimento da Universidade da Califórnia, Berkeley, disse que pouco tinha melhorado em 20 anos de monitoramento de fábricas, especialmente com o maior uso de inspeções 'marque a caixinha' mais baratas em milhares de fábricas. 'Os auditores recebem maior pressão por velocidade, e eles não são capazes de acompanhar o que realmente está acontecendo na indústria têxtil', declarou. 'Vemos fábricas e marcas passando nas auditorias porém falhando com os trabalhadores das fábricas'.
Ainda assim, grandes empresas como o Walmart, a Apple, a Gap e a Nike recorrem ao monitoramento não apenas para verificar se a produção não está atrasada e com qualidade adequada, mas também para projetar uma imagem corporativa que visa garantir aos consumidores que elas não usam fábricas exploradoras como na obra de Dickens. Além disso, as empresas ocidentais dependem das inspeções para descobrir condições de risco no trabalho, como más instalações elétricas ou escadas bloqueadas, que expuseram algumas corporações a acusações de irresponsabilidade e exploração após desastres em fábricas que mataram centenas de trabalhadores.
O desabamento da Fábrica Rana Plaza em Bangladesh, que matou 1129 trabalhadores em abril, intensificou a investigação internacional do monitoramento das fábricas, e pressionou os maiores varejistas a assinar acordos para endurecer os padrões das inspeções e para melhorar as medidas de segurança.
Enquanto muitos grupos consideram os acordos um avanço significante, alguns auditores de longa data e grupos de trabalho externam ceticismo de que sistemas de inspeção sozinhos possam garantir um ambiente de trabalho seguro. Afinal, dizem, o número de auditorias nas fábricas de Bangladesh tem aumentado constantemente já que o país se tornou um dos maiores exportadores de vestuário do mundo, e mesmo assim, 1800 trabalhadores morreram em acidentes no ambiente de trabalho nos últimos 10 anos.
'Fazemos auditorias nas fábricas de Bangladesh há 20 anos, e eu me pergunto, 'Por que essas coisas não estão mudando? Por que as coisas não estão melhorando?'' perguntou Rachelle Jackson, a diretora de sustentabilidade e inovação da Arche Advisors, um grupo de monitoramento sediado na Califórnia.

Empresas de monitoramento de fábricas estabeleceram um negócio florescente nas duas décadas desde que a Gap, a Nike, o Walmart e outras empresas manchadas pelas revelações de que as suas fábricas internacionais empregavam trabalhadores menores e se envolviam em outras práticas abusivas no ambiente de trabalho.
A cada ano, essas empresas de monitoramento avaliam mais de 50.000 fábricas no mundo inteiro que empregam milhões de trabalhadores. Só o Walmart encomendou mais de 11.500 inspeções no ano passado. Impulsionado pela demanda elevada de monitoramento, o preço das ações de três das maiores empresas de monitoramento de capital aberto, a SGS, a Intertek e o Bureau Veritas, subiu cerca de 50 por cento comparando-se a dois anos atrás.
As inspeções têm uma importância enorme para os proprietários das fábricas, que podem ganhar ou perder milhões de dólares em encomendas dependendo de suas classificações. Com tanto em jogo, consta que os gerentes das fábricas já tentaram enganar ou trapacear os auditores. Ofertas de suborno não são inéditas. Frequentemente, notificado com antecedência sobre a visita de um inspetor, os gerentes das fábricas destrancam as portas de saída de emergência, desbloqueiam escadas obstruídas ou pedem aos trabalhadores menores para não irem trabalhar naquela semana.
Greg Gardner, o presidente e diretor executivo da Arche Advisors, disse que os varejistas ocidentais e as marcas frequentemente buscam diferentes níveis de auditorias. Alguns, como a Levi's e a Patagonia, querem auditorias rigorosas – e caras, enquanto outros preferem auditorias limitadas e não dispendiosas que não prejudiquem os relacionamentos com os fornecedores preferidos.
Auret van Heerden, presidente e diretor executivo da Associação de Trabalho Justo, um grupo sem fins lucrativos que a Apple utiliza para monitorar as suas fábricas Foxconn na China, declarou que muitas das inspeções são demasiadamente corridas.
'Muitos estão fazendo uma fábrica por dia, e muitos auditores, mais de uma fábrica por dia', disse. 'Estão no avião e vão para uma nova cidade no dia seguinte. Eles não têm muito tempo para pensar no assunto ou desenvolvê-lo'.
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Americano cria copo que detecta presença de "Boa noite, Cinderela"

Inovação

Ainda em fase de desenvolvimento, os produtos, que além de copos incluem canudos, mudam de cor caso alguma substância seja adicionada à bebida

Alerta: listras vermelhas aparecem no copo caso alguma droga seja adicionada à bebida
Alerta: listras vermelhas aparecem no copo caso alguma droga seja adicionada à bebida (Divulgação)
Uma ideia financiada por meio do crowdfunding (financiamento coletivo) pode ajudar a evitar casos do conhecido golpe "Boa noite, Cinderela": copos e canudos que mudam de cor quando detectam a presença de drogas na bebida. Esse tipo de crime consiste em drogar a vítima sem que ela perceba, adicionando alguma substância entorpecente em sua bebida, deixando-a vulnerável a roubos ou violência sexual.
Em 2010, Mike Abramson, que hoje é o fundador da DrinkSavvy ("beba com consciência" em tradução livre), empresa que está desenvolvendo os produtos, ficou desacordado após tomar seu primeiro drinque em uma festa de aniversário. Ele despertou sem se lembrar do ocorrido e, felizmente, sem nenhum ferimento. Sua suspeita é ter sofrido uma tentativa de roubo ou ter consumindo uma bebida destinada a outra pessoa.
As "rapes drugs" (drogas de estupro, em tradução livre), nome dado a drogas anestésicas ou sedativas utilizadas para dopar pessoas para depois estuprá-las ou roubá-las, não apresentam cor, sabor ou cheiro, sendo muito difíceis de detectar pelas vítimas. Por essa razão, Abramson teve a ideia de unir as substâncias capazes de acusar a presença dessas drogas com os próprios recipientes em que elas são colocadas. O projeto está sendo desenvolvido por ele, em parceria com John MacDonald, que tinha sido seu professor de química no Instituto Politécnico Worcester, nos Estados Unidos.
Em menos de dois meses de campanha no site IndieGogo, especializado neste tipo de financiamento, o DrinkSavvy ultrapassou os 50.000 dólares da meta de arrecadação, totalizando 52.089 dólares.
Os primeiros produtos serão enviados para as pessoas que contribuíram com a arrecadação no final de novembro. Serão produzidos no momento canudos, mexedores de bebida e copos de plástico, mas a empresa pretende avançar para copos de vidro, garrafas e latas no futuro. Os produtos detectam os três tipos de rape drugs mais comuns: GHB (ácido gama-hidroxibutírico), cetamina e flunitrazepam.

Células embrionárias serão testadas em humanos pela primeira vez no Brasil

Células-tronco

Um tratamento para cegueira em idosos, parceria entre Unifesp e Universidade do Sul da Califórnia, deve ser testado no país no próximo ano

Teste clínico: no próximo ano, quinze pacientes selecionados pela Unifesp devem receber o tratamento experimental
Teste clínico: no próximo ano, quinze pacientes selecionados pela Unifesp devem receber o tratamento experimental(Thinkstock)
O Brasil deve iniciar em breve seus primeiros testes com células-tronco embrionárias, segundo revelou o jornal Folha de S. Paulo, nesta quarta-feira. O projeto, uma parceria entre a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e a Universidade do Sul da Califórnia, nos Estados Unidos, vai avaliar a segurança da terapia com células-tronco em pacientes com degeneração macular relacionada à idade, a principal causa de cegueira em idosos.
A doença ocorre quando “restos celulares”, subprodutos das células, deixam de ser eliminados corretamente e vão se acumulando sobre a mácula, região localizada no centro da retina, que contém células fotorreceptoras e é responsável pela percepção dos detalhes. Os pesquisadores descobriram que as células-tronco embrionárias, que são capazes de se transformar em qualquer tipo de célula do organismo, podem assumir com facilidade o papel das células do epitélio pigmentar, que é a região colada à retina responsável por eliminar esses “restos” de células.
Cooperação – A técnica poderá ser testada no país graças ao oftalmologista brasileiro Rodrigo Brant, da Unifesp, integrante do estudo feito na Califórnia que desenvolveu a terapia, além de um acordo entre o estado americano e o CNPq, órgão brasileiro de financiamento de pesquisas. Não serão utilizados, porém, células obtidas a partir de embriões descartados no Brasil.
A Unifest deverá recrutar 15 pacientes e submetê-los, no próximo ano, a um procedimento cirúrgico para a colocação dessas células no olho, com objetivo de avaliar a segurança do tratamento. Alguns testes com essas células já foram realizados nos Estados Unidos e, segundo Brant, estudos com animais feitos no Brasil apresentaram resultados animadores.
Detalhes do projeto serão anunciados em uma reunião da Federação de Sociedades de Biologia Experimental (Fesbe), que tem início nesta quarta-feira, na cidade de Caxambu, Minas Gerais.

PF prende 17 em ação contra fraude em prefeituras

Operação Miquéias

Carros de luxo e uma lancha foram apreendidos com os detidos; esquema teria desviado 300 milhões de reais em um ano e meio

Polícia Federal apreende iate durante Operação Miquéias, contra criminosos que desviaram R$300 milhões de previdências municipais em 15 cidades do Brasil
Polícia Federal apreende iate durante Operação Miquéias, contra criminosos que desviaram R$300 milhões de previdências municipais em 15 cidades do Brasil (Divulgação/PF)
A Polícia Federal (PF) prendeu, até o momento, dezessete pessoas envolvidas com desvio de recursos de entidades previdenciárias públicas e lavagem de dinheiro dentro da Operação Miquéias, deflagrada na manhã desta quinta-feira. Segundo o balanço parcial divulgado pela PF, também foram apreendidos quinze carros – entre eles uma Ferrari e um Lamborghini –, uma moto e uma lancha. Quatorze pessoas foram presas no Distrito Federal, duas no Rio de Janeiro, e uma em Goiás. Dez mandados de prisão preventiva ou temporária ainda restam ser cumpridos.  
Os detidos devem responder por crimes de gestão fraudulenta, operação desautorizada no mercado de valores mobiliários, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e falsidade ideológica. 
Esquema –A operação tem o objetivo  de desarticular duas organizações criminosas: uma de lavagem de dinheiro e outra de má gestão de recursos em entidades previdenciárias de quinze prefeituras no país. São elas: Manaus, Ponta Porã (MS), 
Porto Murtinho (MS), Queimados (RJ), Formosa (GO), Caldas Novas (GO), Cristalina (GO), Águas Lindas de Goiás (GO), Itaberaí (GO), Pires do Rio (GO), Montividiu (GO), Jaru (RO), Barreirinhas (MA), Bom Jesus das Selvas (MA) e Santa Luzia (MA).
Iniciada há dezoito meses, a investigação concluiu que prefeitos e gestores de regimes próprios de Previdência Social eram aliciados por lobistas para aplicarem verbas em fundos de investimento administrados pela própria quadrilha. Esses fundos eram constituídos por papeis podres de empresas à beira da falência. Os servidores públicos recebiam uma renumeração sobre o valor investido nos títulos pouco atrativos. Daí configurava-se o golpe de desvio de dinheiro público.
A PF também descobriu que os criminosos usavam contas bancárias de empresas de fachada, abertas em nome de laranjas, para lavar os recursos obtidos. Os valores circulavam pelas contas até serem sacados em espécie. No período de dezoito meses, os investigadores concluíram que a quadrilha movimentou 300 milhões de reais. Dessa quantia, 50 milhões vinham dos cofres das previdências municipais, segundo informações da Agência Brasil.
As falsas empresas eram constantemente trocadas para não chamar a atenção da fiscalização. Ao todo, foram utilizadas mais de sessenta empresas de fachada e laranjas para realizarem a lavagem de dinheiro. A quadrilha também contava com a “proteção” de policiais civis do Distrito Federal. 
Trezentos policiais participaram da operação, que teve apoio do Ministério da Previdência Social e da Comissão de Valores Mobiliários. No total, a PF cumpre 102 mandados judiciais no Distrito Federal e nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Maranhão, Amazonas e Rondônia.

Eddie Vedder




Eddie Vedder - Last Kiss, Elderly Woman... (acoustic) live at Bridge Sch...





Alimentos parecidos com órgãos do corpo

 Por Melissa Setubal, www.personare.com.br

Formato das comidas dá pistas sobre seus benefícios


Formato das comidas dá pistas sobre seus benefícios - 1 (© Personare)
Você já notou que alguns alimentos possuem um formato parecido com certos órgãos do corpo humano, como a noz e o cérebro, por exemplo? Existe uma sabedoria por trás dessa lógica, que pode nos ajudar a simplificar o jeito de comer mais saudável. A Medicina Tradicional Chinesa explica que essa "coincidência" faz todo sentido, e algumas pesquisas científicas atuais têm comprovado o que já havia sido observado há milênios.

Confira alguns alimentos e seus benefícios para nosso organismo, de acordo com seu formato.

Nozes e cérebro

Esta é a comparação mais comum e faz todo sentido. Nosso cérebro é composto de cerca de 70% de gordura. Não é a toa que a noz, um dos alimentos mais ricos em gorduras monossaturadas e Ômega, é uma excelente opção para nutrir esse órgão do corpo. Além disso, ela também é rica em nutrientes essenciais para o bom funcionamento dos neurônios, nervos e músculos, como tiamina, vitamina E e magnésio.

Feijão e rins


Formato das comidas dá pistas sobre seus benefícios - 1 (© Personare)

É só se lembrar da ilustração do livro de ciências do ensino fundamental, que você logo verá a semelhança. Nos rins estão localizadas as glândulas suprarrenais, que produzem diversos hormônios e neurotransmissores, inclusive a adrenalina e o cortisol, responsáveis diretos pelos nossos mecanismos de sobrevivência. Exatamente pela mesma razão que a Medicina Tradicional Chinesa diz que nos rins residem nossa energia vital, o chi. Os feijões são fontes leves de proteínas, que acalmam nossas suprarrenais superestimuladas pelo estresse da vida moderna, e ajudam a regular a pressão arterial, por serem ótimas fontes de magnésio e potássio.

Formato das comidas dá pistas sobre seus benefícios - 1 (© Personare)

Batata-doce e pâncreas 

O pâncreas é responsável, entre outras coisas, pela produção de insulina - hormônio que converte a glicose ingerida nos alimentos em energia para o corpo funcionar. A batata-doce, além de ser uma raiz rica em carboidratos, é também muito rica em fibras, o que significa que é uma ótima fonte de energia estável, mantém os hormônios e o apetite mais calmos, e ainda ajuda a controlar os níveis de glicose e insulina do sangue.

Formato das comidas dá pistas sobre seus benefícios - 1 (© Personare)

Aipo e ossos 

Esse vegetal longo e comprido, bem similar à estrutura dos ossos dos nossos membros, também é conhecido como salsão. Muitos de nós pensamos apenas em cálcio para oferecer uma boa saúde dos ossos. No entanto, o aipo é uma excelente fonte de sílica, mineral responsável por deixar os ossos mais fortes e resistentes.

Formato das comidas dá pistas sobre seus benefícios - 1 (© Personare)
Abacate e útero 

Não é possível ter hormônios equilibrados e um sistema reprodutivo saudável sem boas fontes de gordura. E o abacate, justamente por ser uma maravilhosa fonte desse nutriente essencial, mantém os níveis de estrogênio controlados, ajuda na perda de peso após a gestação, e ainda previne o câncer nos órgãos femininos. Além disso, a fruta é rica em folato, nutriente importantíssimo para um colo do útero e uma gestação saudáveis. Uma curiosidade: o abacate leva 9 meses para amadurecer, desde a sua floração, o mesmo tempo da gestação humana.

Economista que previu a crise, Robert Shiller alerta para sinais de bolha no Brasil

Entrevista

Em: 31/08/2013 

O economista e professor da Universidade Yale ficou conhecido por ter previsto a crise no setor imobiliário dos EUA. Em entrevista ao site de VEJA, ele comenta que há indícios de formação artificial de preços também no Brasil

Talita Fernandes
Robert Shiller, economista e professor da Universidade de Yale
Robert Shiller, economista e professor da Universidade de Yale (Moritz Hager/World Economic Forum)
Cerca de três anos antes de o banco de investimentos Lehman Brothers anunciar a falência, em setembro de 2008, o renomado economista Robert Shiller, professor da Universidade Yale, já previa que a economia dos Estados Unidos poderia entrar em colapso. A crise prevista por Shiller, no entanto, não se referia à quebra do banco em si, mas à formação de uma "bolha" no mercado imobiliário dos EUA. A queda do Lehman foi a agulha que estourou a crise financeira americana, que deixou consequências até os dias de hoje.
O termo "bolha" tem sido usado amplamente para designar uma situação em que os preços de determinado setor inflam fortemente sem qualquer sustentação. Esse valor artificial só é percebido quando os preços caem. É, literalmente, como uma bolha de sabão, sensível a qualquer movimento mais forte.
Em entrevista ao site de VEJA, Shiller explica que o termo "bolha" é uma metáfora infeliz por parecer algo que se rompe repentinamente. Para ele, uma "bolha" é, na verdade, algo cíclico que pode inflar e desinflar ao longo do tempo - algo mais parecido com uma bexiga.
O reconhecimento ao trabalho de Shiller está no índice Standard and Poor's Case/Shiller, que serve de referência para os preços do mercado imobiliário dos EUA. Sobre a situação brasileira, o economista explica que "há indícios" da formação de uma bolha no mercado de imóveis. Ele diz que o Banco Central poderia atuar, ainda que tardiamente, para evitar consequências mais graves de uma forte alta dos preços dos imóveis. Neste sábado, Shiller estará no Brasil, onde participa do 6º Congresso Internacional de Mercado Financeiro e de Capitais, organizado pela BM&FBovespa, em Campos do Jordão. Confira trechos da entrevista:
Desde a crise imobiliária dos EUA, o termo “bolha” tem sido usado para designar inúmeros males econômicos. Como o senhor define esse conceito? 
Eu acho que a metáfora “bolha” vem de 1720, do mercado europeu, de um episódio que ficou conhecido como a “bolha de Mississipi”. A metáfora sugere que se trata de uma explosão repentina. As bolhas de sabão vão crescendo até estourarem de forma catastrófica. É uma metáfora infeliz porque, na economia, as bolhas geralmente não estouram de repente. Na verdade, elas podem encolher durante um longo período de tempo. A bolha dos preços dos imóveis no Japão, que se formou nos anos 1980 e que teve seu pico no começo dos anos 1990 está desinflando até hoje, por exemplo. Ela está perdendo tamanho há vinte anos. Eu acredito que as bolhas sejam formadas por fenômenos sociológicos, elas são criadas pelos pensamentos das pessoas. E o pensamento não muda da noite do para o dia. Os movimentos repentinos no mercado financeiro acontecem tanto para cima quanto para baixo. Por exemplo, o mercado financeiro dos Estados Unidos teve uma tendência de queda entre 1929 e 1932, foram quase três anos de queda. Mas isso não quer dizer que de repente ele estourou.
É possível prever o momento da contração da bolha?
Nos Estados Unidos, por exemplo, isso aconteceu em 2005, ou seja, três anos antes da crise do Lehman Brothers. A crise do Lehman Brothers foi um efeito colateral da crise imobiliária. Eu tentei voltar para 2005 para analisar o que mudou de lá para cá. O que eu vejo que mudou é que as pessoas aprenderam a palavra “bolha”. Elas nem sabiam o que significava até então. Eu sei disso porque eu fiz pesquisas com perguntas diretas às pessoas. Por volta de 2003, por exemplo, ninguém havia mencionado a palavra “bolha”. O que todos diziam é que “imóvel era o melhor investimento”. Depois da crise dos anos 2000 ficou a impressão de que os imóveis não são bons investimentos, mas eles são, porque as pessoas sempre vão querer moradia. O que as pessoas não percebem é que se os preços sobem um dia eles caem.

No Brasil, o senhor acredita que exista uma bolha no mercado imobiliário causada pelos estímulos ao crédito?
Analisando os indicadores de preços de imóveis do Brasil pode-se perceber que os preços vêm dobrando. Eu suspeito que haja a formação de uma bolha.  Uma boa evidência é comparar sempre os preços do imóvel com o do aluguel. Nos Estados Unidos, por exemplo, os imóveis tiveram alta a um ritmo mais avançado do que o dos aluguéis. Eu não pude ver os preços dos aluguéis no Brasil, mas acredito que isso esteja acontecendo também. Isso é crítico porque não é que de repente as pessoas queiram consumir mais casas, mas esse apetite pelas compras é motivado pelo investimento. Isso é um problema. Meu temor é porque as pessoas agora estão tomando empréstimos para comprar imóveis. Se os preços entrarem em colapso, vai incorrer no mesmo tipo de problema que tivemos nos Estados Unidos. Isso pode ser convertido em uma recessão. 
O que pode ser feito para evitar esse cenário? O governo tem poder para impedir?
O governo deveria se manifestar contra a formação de bolha, eles precisam acreditar que trata-se de uma bolha. E ele deveria fazer um aperto na oferta de crédito. Também pode-se fazer uma legislação que puna a oferta irresponsável de crédito. Uma outra medida interessante é contratar mais reguladores. A regulação é custosa, você não pode fazê-la de uma forma crua. É preciso saber quem é o emprestador responsável e quem não é. Isso se descobre com investigação e isso é custoso.
Esta semana o Fundo Monetário Internacional emitiu um relatório que recomenda que os bancos públicos brasileiros diminuam o ritmo de concessão de crédito. Qual sua opinião sobre isso, pensando no impacto no mercado imobiliário?
O banco de Israel fez isso. Eles estavam criando uma bolha imobiliária. Na China, as autoridades criaram barreiras para evitar a compra do segundo imóvel, por exemplo.
O que acontece para que se forme uma bolha é o fato de as pessoas se apressarem para comprar até cinco casas, elas querem comprar quanto for possível. Foi isso o que aconteceu nos Estados Unidos, a compra do segundo imóvel cresceu substancialmente. Isso é um problema, se muitos compram mais de um imóvel, os preços sobem.
Nossa situação é também um pouco diferente, há um déficit de moradias...
É difícil explicar isso porque eu teria que analisar a situação do Brasil.
Uma regulação mais rígida pode evitar que uma bolha seja criada?
É difícil evitar isso completamente. O problema é que sempre tem alguém que nega a existência de uma bolha. Eu estava muito atento a isso na formação da bolha norte-americana. Eu tentei debater com as pessoas a existência de uma bolha em 2005 e 2006. Algumas dessas discussões foram televisionadas em um programa da CNBC. Isso foi em 2005. Eu discuti com economistas que escreveram longos artigos que tinham tabelas e estatísticas, ridicularizando a existência de bolhas. Eu tive dificuldade para vencer os argumentos deles. Isso porque é difícil provar uma bolha. 
Como se prova que há uma bolha?
É difícil, mas se você conseguir prová-la é possível também colocar fim. As pessoas têm a impressão de que a alta dos preços é um avanço da economia, e que isso vai tornar as pessoas mais ricas, mas elas não têm noção das estatísticas. Isso não é a verdade. Pode-se observar, por exemplo, a evolução dos preços dos imóveis em comparação com a evolução dos preços dos aluguéis, que deveriam aumentar na mesma proporção. Uma diferença é um indicativo de bolha. Se for feita a correção com a inflação, os preços deveriam ficar quase que estáveis. Eu peguei dados no intervalo de 100 anos nos Estados Unidos dos preços dos aluguéis e os preços caíram em vez de aumentar. Além disso, nossa economia tornou-se mais eficiente, nossa forma de construção também, isso barateia o custo de construção e os preços deveriam ser menores.

O Brasil vive uma situação de “bolha” do consumo?
O Brasil teve um “turning point” na década de 1990 com o controle inflacionário. Mesmo hoje, a inflação no país é moderada. Sobre o crescimento, o que aconteceu com o Brasil foi o mesmo que aconteceu com a China e com todos os Brics. Houve um sentimento de “milagre”. Eu acho que essa ideia de milagre desses países como China, Brasil, Rússia e Índia se espalhou pelo mundo. Mas esse tipo de milagre não dura para sempre, ele acaba mais cedo do que se espera.  No meu livro “Espírito Animal”, eu digo que a confiança não é um fator exógeno. Mas que ela é conduzida, substancialmente, por histórias da mente humana, a capacidade do cérebro humano de armazenar as boas histórias. Eu não sei como analisar o Brasil, não faz parte da minha realidade. O que eu me lembro é da vitória do presidente Lula, cuja eleição trouxe medo para muitos, mas ele acabou se tornando pragmático na economia e isso trouxe confiança às pessoas.

Mas, afinal, o que podem os infringentes?

http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/

A menos que se invente alguma feitiçaria nova — e, a esta altura, vive-se, assim, uma espécie de “se Deus não existe, então tudo é permitido” —,  os embargos infringentes implicam um “novo julgamento”, mas com balizas que não são exatamente iguais às do anterior.
Os advogados de defesa certamente encaminharão ao Supremo uma nova argumentação — não poderão apresentar álibis novos ou desqualificar provas que serviram à condenação — pedindo que se reconsidere o resultado. Tome-se o caso de José Dirceu: recebeu quatro votos absolvendo-o de formação de quadrilha. A defesa tentará fazer com que esse voto, antes minoritário, passe a ser majoritário.
Qual será o papel do relator — no caso, Luiz Fux? Pode recusar a argumentação da defesa, julgando-a descabida, defendendo o resultado do julgamento, ou aceitá-la, votando, então, pela absolvição. Aí os demais ministros se posicionam. Notem: não é possível, no caso do ainda “chefe da quadrilha”, operar, por exemplo, uma revisão da pena: “Ah, absolvição é um pouco demais; por que, então, a gente não baixa a pena-base para tanto?”. Isso não pode! É bola ou bule! Ou se inocenta ou se absolve.
Dirceu foi absolvido do crime de quadrilha por quatro ministros, que permanecem na Corte: Ricardo Lewandowski, Dias Toffoli, Rosa Weber e Cármen Lúcia. Cinco dos seis que o condenaram também continuam lá: Joaquim Barbosa, Luiz Fux, Gilmar Mendes, Marco Aurélio e Celso de Mello. Se todos mantiverem seus respectivos votos, a decisão ficará mesmo com Roberto Barroso e Teori Zavascki. Delúbio Soares e José Genoino estão em situação idêntica, também pelo crime de quadrilha. João Paulo Cunha obteve cinco votos favoráveis — o tribunal estava, então, completo — no caso de lavagem de dinheiro. Desse grupo: só quatro permanecem na Casa (Cezar Peluso se aposentou): Lewandowski, Rosa, Toffoli e Marco Aurélio. Dos seis que o condenaram, cinco estão no tribunal (Ayres Britto saiu): Barbosa, Fux, Cármen, Gilmar e Celso. Se nenhum dos que condenaram mudar de ideia, o núcleo duro do petismo precisa do voto de absolvição dos dois novatos; apenas um deles não será o bastante.
Para arrematar: os ministros não estão obrigados a repetir a votação do primeiro julgamento. Não tivesse havido alteração na composição do STF, os embargos seriam apresentados do mesmo jeito, na esperança, então, de que um ou dois mudassem de ideia. Este novo julgamento não tem todas as características do anterior, mas segue sendo um novo julgamento. Em tese ao menos, ministro que antes condenou pode absolver, mas também o contrário.
“E há o risco de haver uma exacerbação da punição?” Não! O embargo infringente é um recurso da defesa. Assim, qualquer mudança só pode ser operada para beneficiar o condenado.
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/mas-afinal-o-que-podem-os-infringentes/

Assange aproveita palanque e questiona soberania do Brasil

WikiLeaks

'Será que a soberania brasileira vale algo?', disse fundador do WikiLeaks, antes de cogitar espionagem do governo federal e pedir asilo no país a colaboradora

Edoardo Ghirotto
Assange está isolado na embaixada de Quito em Londres desde 19 de junho
Assange está isolado na embaixada de Quito em Londres desde 19 de junho (Leon Neal / AFP)
A situação não podia ser mais propícia para Julian Assange mergulhar de cabeça no poço de contradições que fundou junto com o site de vazamentos WikiLeaks. Asilado na embaixada equatoriana em Londres, o hacker australiano participou nesta quarta-feira de uma videoconferência em um evento público em São Paulo. Bajulado inclusive pelo secretário municipal de Cultura e ex-ministro do governo Lula, Juca Ferreira, Assange se sentiu em casa para fazer o que mais gosta: atropelar a política externa de outros países. E com a pose de bom moço que lhe é peculiar, cogitou uma possível espionagem do governo brasileiro nos moldes americanos, além de insistir para que a presidente Dilma Rousseff conceda asilo político a uma de suas colaboradoras, que ajudou o ex-técnico de inteligência Edward Snowden a escapar de um aeroporto em Moscou.
O propósito inicial de Assange era anunciar o lançamento no Brasil do seu livro Cypherpunks: Liberdade e o Futuro da Internet, cujo nome deriva de "cifrar" (escrever em código) e do movimento cultural anárquico da década de 70. Mas a intenção descambou para o lado político quando o hacker praticamente abriu sua fala dizendo que o governo brasileiro deveria asilar Sarah Harrison, a assessora do WikiLeaks que esteve envolvida na negociação que selou a permanência de Snowden na Rússia. No embalo, Assange acusou os Estados Unidos de “roubarem” segredos do Brasil através da Agência de Segurança Nacional (NSA, em inglês). “Toda a estrutura de comunicação brasileira foi roubada pelos EUA. Será que a soberania brasileira vale alguma coisa?”
A resposta ficou evidente no decorrer do discurso. Palpiteiro sobre assuntos do governo brasileiro, Assange parabenizou Dilma por não demonstrar fraqueza diante do convite de Barack Obama para uma viagem oficial aos Estados Unidos. A presidente adiou a ida a Washington após tomar consciência de que os americanos teriam espionado o Brasil, ela própria e a Petrobras. “Dilma tinha de cancelar a viagem. Ela viu que o povo brasileiro e pessoas importantes do governo não tolerariam uma inação. Ela seria vista como fraca se não fizesse algo, e sua obrigação é proteger o povo brasileiro.”
Espionagem brasileira – E os palpites do australiano a respeito da política nacional não pararam por ai. Assange chegou até mesmo a sugerir que, por trás do plano da presidente Dilma de obrigar grandes empresas de internet a hospedar dados em solo nacional, possa estar o desejo do governo brasileiro de copiar os métodos de espionagem americanos. Segundo o hacker, tudo não passaria de uma tática para que o Brasil passe a espionar seus próprios cidadãos. “Não vejo isso como um ganho, pois o governo brasileiro também pode te espionar e até mandar a polícia na sua casa”, afirmou. E como não há limites para as teorias conspiratórias de Assange, ele foi além - e alertou que a espionagem americana seria uma importante arma para empresas estrangeiras usufruírem de novas oportunidades na Copa do Mundo. “As multinacionais entram para investir na América Latina enquanto os Estados Unidos têm acesso às comunicações”, limitou-se a dizer, sem apresentar nenhuma prova concreta sobre a denúncia. 
Assange se despediu do público com um sorriso no canto da boca e um novo pedido de asilo para a colaboradora Sarah Harrison. Antes, porém, o hacker falou sobre as perspectivas para o futuro e como encara a embaixada equatoriana. “Em que mundo vou entrar quando sair daqui? Há coisas muito mais importantes que minha liberdade. A embaixada é inviolável, eu não posso ser preso nem pela polícia britânica nem pela polícia equatoriana. Este é o lugar mais seguro do mundo para mim”, disse. O asilo, contudo, só não salva a popularidade de Assange. Prova disso foram os irrisórios 0,62% de votos que o partido político WikiLeaks recebeu durante a sua tentativa de se eleger senador na Austrália.

PF faz operação para barrar quadrilhas contra previdência social de 15 prefeituras

Previdências municipais

Esquema envolvia lobistas, prefeitos e policiais civis do DF. Mais de R$ 300 milhões foram desviados por duas organizações criminosas

Agentes da Polícia Federal durante a Operação Voucher - 09/08/2011
Trezentos agentes da Polícia Federal participam da Operação Miniquéias nesta quinta-feira (Pedro Ladeira/Frame/Folhapress)
A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta manhã uma operação para desarticular quadrilhas que cometiam crimes contra entidades previdenciárias públicas de quinze prefeituras ao redor do país – a única capital é Manaus.  Ao todo, a PF tenta cumprir 102 mandados judiciais: cinco de prisão preventiva, 22 de prisão temporária e 75 de busca e apreensão no Distrito Federal e nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Maranhão, Amazonas e Rondônia.
A investigação da PF, que já dura dezoito meses, aponta que 300 milhões de reais foram desviados por duas organizações criminosas. Elas atuavam em frentes distintas: uma desviava recursos das previdências municipais e a outra se encarregava da lavagem de dinheiro.
A Operação Miquéias é a primeira na história da PF contra este tipo de crime, segundo a assessoria de comunicação do órgão.
Esquema - Segundo a apuração, os criminosos usavam contas bancárias de empresas de fachada ou fantasmas, abertas em nome de laranjas ou testas-de-ferro, com intuito de ocultar os responsáveis pelas movimentações financeiras. Uma espécie de holding fazia um serviço de terceirização para lavagem de dinheiro obtido.
Depois de creditados nas contas bancárias das empresas, os valores circulavam pelas demais contas em poder da quadrilha até serem sacados em dinheiro vivo. Os “laranjas” e as “empresas” eram periodicamente trocados para despistar órgãos de fiscalização.
A PF diz que pelo menos três núcleos criminosos foram identificados. Eles recebiam apoio de policiais civis do DF, que, segundo os investigadores, faziam a “proteção” da quadrilha.
Segundo a PF, líderes da organização criminosa usavam lobistas para aliciar prefeitos e gestores dos regimes próprios de previdência social dos municípios para que aplicassem recursos em fundos de investimentos com papéis pouco atrativos, geridos pela quadrilha e com alta probabilidade de insucesso. Esses fundos eram formados por “papéis podres”, decorrentes da contabilização de provisões de perdas por problemas de liquidez e/ou pedidos de recuperação judicial dos emissores de títulos privados que compõem suas carteiras. Os prefeitos e gestores previdenciários eram remunerados com um percentual sobre o valor aplicado, segundo os investigadores.
Além de Manaus, os criminosos causaram prejuízos em Ponta Porã (MS), Murtinho (MS), Queimados (RJ), Formosa (GO), Caldas Novas (GO), Cristalina (GO), Águas Lindas (GO), Itaberaí (GO), Pires do Rio (GO), Montividiu (GO), Jaru (RO), Barreirinhas (MA), Bom Jesus da Selva (MA) e Santa Luzia (MA).
De acordo com a PF, quem for preso ou indiciado poderá responder por crimes de gestão fraudulenta, operação desautorizada no mercado de valores mobiliários, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e falsidade ideológica.
Trezentos policiais foram destacados para a ação. A operação teve apoio do Ministério da Previdência Social e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

"O câncer de colo do útero pode ser erradicado", diz Nobel de Medicina

Entrevista

Em: 09/08/2010 
veja.com

O cientista Harald zur Hausen ganhou o Nobel por descobrir que o HPV causa o câncer de colo do útero, segundo tipo de câncer mais comum entre as mulheres

Natalia Cuminale
Harald zur Hausen
(Divulgação A.C Camargo)
"A eficiência da vacina é comprovada e a imunização contra o vírus tem pelo menos oito anos de duração. Além disso, os efeitos colaterais são leves e os resultados muito eficazes, se comparados com a sua não utilização. O grande problema é o preço."

Em 2008, o médico alemão Harald zur Hausen foi laureado com o prêmio Nobel de Medicina por descobrir que o HPV (papilomavírus humano) causa o câncer de colo do útero, segundo tipo de câncer mais comum entre as mulheres. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer, a estimativa é que ocorram 18 casos a cada 100.000 brasileiras em 2010. 
A descoberta de Hausen, 74 anos, salvou a vida de milhares de mulheres. A partir dela, foi possível identificar os tipos de HPV responsáveis por 70% dos casos câncer de colo do útero e desenvolver uma vacina que previne o aparecimento dos subtipos que causam câncer. Mas o número de vidas salvas poderia ser muito maior, diz o médico. “Se há intenção de erradicar esse vírus, é preciso realizar um programa global de vacinação."

Segundo ele, o grande problema, porém, é o preço elevado da vacina. “É extremamente cara”, critica. Para que seja eficaz, é preciso que sejam aplicadas três doses, antes do início da atividade sexual. Nos Estados Unidos, cada dose custa, em média, 120 dólares. No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) ainda não disponibiliza a vacina para a população. Por enquanto, as brasileiras precisam realizar anualmente o exame papanicolau, capaz de detectar as lesões.

Apesar de ser conhecido por causar câncer de colo do útero, o HPV também pode atingir os homens, causando câncer de pênis, além de tumores no ânus, boca e faringe. Hausen esteve em São Paulo para a inauguração do Centro de Pesquisas em Oncologia do Hospital A.C Camargo e concedeu entrevista a VEJA.com.

Qual é a gravidade do HPV (papilomavírus humano)?
É uma infecção muito séria, mas pode confundir porque o paciente nem sempre apresenta sintomas e pode não saber que está infectado. Passam-se entre 10 e 15 anos até que a lesão se transforme em um tumor. Inicialmente, não é uma infecção muito grave e, em grande parte dos casos, é possível lidar com isso sozinho, já que o sistema imunológico elimina o HPV naturalmente. Porém, 10% das mulheres têm um risco maior de desenvolver câncer do colo de útero mais tarde.

O que mudou desde a sua descoberta? Qual foi o impacto para saúde pública após saber que existe uma relação entre o HPV e o câncer do colo do útero?

Com a descoberta, soubemos que 100% das pessoas com câncer de colo do útero eram positivas para esses vírus. Além disso, que alguns tipos desses vírus são de alto risco e responsáveis por tumores malignos. E ainda os estudos epidemiológicos realizados na América do Sul, que permitiram uma visão mais profunda e um conhecimento maior dos fatores de risco para o desenvolvimento do câncer.

Qual a importância da vacina contra o HPV?

A vacina é importante porque ela dá 100% de proteção contra os tipos responsáveis por 70% dos casos de câncer de colo do útero: o HPV-16 e HPV-18. A vacina também é capaz de proteger contra outros dois tipos. Então, em termos de proteção, é possível dizer que a vacina previne 80% dos casos de câncer do colo do útero, principalmente contra as lesões pré-cancerosas. A eficiência da vacina é comprovada e a imunização contra o vírus tem pelo menos oito anos de duração - sabemos que ela pode durar ainda mais. Além disso, os efeitos colaterais são leves e os resultados muito eficazes, se comparados com a não utilização da vacina. O grande problema da vacina é o preço. Ela é extremamente cara.

O senhor acredita que é possível erradicar o câncer de colo do útero?

Sim, eu acho que é possível erradicar o câncer de colo do útero. Se há intenção de erradicar esse vírus, é preciso realizar um programa global de vacinação. Se você considerar o número de casos que ocorrem nos países e se você pudesse retirar 80% disso, acho que seria um grande avanço. Nesse caso, para garantir o fim, é necessário não vacinar apenas as meninas, mas os garotos também – antes do início da atividade sexual.

Sabemos que o câncer de colo do útero pode ser prevenido, mas por que não houve uma redução no número de casos em países em desenvolvimento nas últimas três décadas? 
São dois grandes problemas. O primeiro é que os países mais pobres não possuem um sistema eficaz de prevenção. Como as lesões não são diagnosticadas e nem removidas, há um aumento significante de 70 a 80% de chances de desenvolvimento do câncer. O segundo motivo recai sobre o preço elevado das vacinas. Muitos países em desenvolvimento não conseguem proporcionar essa opção para a população por conta do alto custo.

Nos Estados Unidos, apenas 6% das mulheres que realizam o exame papanicolau apresentam anormalidades e precisam de um acompanhamento médico. Qual é a utilidade desse exame para a prevenção? 

A vacinação e esse exame são para situações completamente diferentes. O exame é capaz de detectar lesões que precisam ser removidas cirurgicamente, que já estão instaladas em pessoas que foram infectadas. Já a vacina previne contra os tipos já citados anteriormente. É preciso lembrar que ainda existem outros tipos não protegidos pela vacina e que ela também não é capaz de curar lesões. Ainda é importante ressaltar que a vacina é eficaz quando aplicada antes do início da atividade sexual.

Recentemente, pesquisadores afirmaram ter modificado o vírus da herpes, que serviu para tratar com êxito o câncer de cabeça e de pescoço. O senhor acredita que no futuro nós vamos encontrar uma relação maior entre o câncer e as doenças infecciosas?
Em geral, 21% dos tipos de câncer estão ligados a alguma infecção. Não apenas vírus, mas também bactérias, parasitas. Minha suspeita é que esse número deve crescer no futuro e vamos ter mais ligações entre os casos de câncer e infecções. É uma área importante para ser pesquisada.

E o senhor acha que as pesquisas estão no rumo correto? O que é possível dizer para incentivar os novos cientistas?

Nunca é fácil definir se as pesquisas estão no rumo certo ou não. Porque sempre estamos abertos a grandes surpresas. É importante incentivar o interesse de novos cientistas para essa área, da infecção e o câncer. Porque quando eu comecei a trabalhar nesse campo de pesquisa, e encontrei a relação entre o HPV e o câncer, ninguém acreditava em mim.

Por conta de falsas promessas, algumas pessoas parecem céticas em relação ao tratamento do câncer. É possível incentivar o otimismo?
As preocupações com a prevenção são uma boa razão para que as pessoas sejam otimistas. É possível perceber um movimento maior que visa prevenir o câncer. Além disso, se você olhar para países com uma estrutura completa para tratar pacientes com câncer, você vê que em pelo menos 50% dos casos é possível encontrar a cura.

E o que o senhor indica para prevenir o aparecimento do câncer? Hábitos de vida podem influenciar?

Com certeza. Em primeiro lugar, se você não fuma, você reduz uma série de fatores de riscos para desenvolver alguns tipos de câncer. Se você não expõe a sua pele sem proteção ao sol, você diminui drasticamente as chances de desenvolver o câncer de pele. Se você mantém uma dieta saudável, se há uma redução na quantidade de carne vermelha, você também tem menos chances de desenvolver alguns tipos de câncer. Então há uma série de mudanças de hábitos que podem refletir diretamente na sua saúde. O mais importante é informar a população de todas essas possibilidades porque parece que não há muita informação sobre isso circulando ao redor do mundo
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Estudo identifica células que estão na origem do câncer de colo do útero

Câncer

Pesquisadores acreditam que descoberta pode ajudar a encontrar novas abordagens para prevenção e tratamento da doença

Barriga
Câncer de colo do útero: doença é o segundo tipo de câncer mais prevalente entre as brasileiras (ThinkStock)
Pesquisadores dos Estados Unidos e de Cingapura identificaram as células que provocam o câncer de colo do útero, uma descoberta que pode abrir novos coaminhos para a prevenção e o tratamento desta doença. O estudo, publicado nesta segunda-feira no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), foi desenvolvido no Hospital Brigham and Women, da Universidade de Harvard, e na Agência de Ciência, Tecnologia e Pesquisa (A-STAR), em Cingapura.
O coordenador do estudo, Christopher Crum, explica que algumas células do colo do útero podem se tornar cancerosas quando infectadas pelo papilomavírus humano (HPV), e outras não. Até agora, sabia-se que a maioria dos casos de câncer de colo do útero era causada por cepas do HPV, e nesse trabalho os pesquisadores determinaram o grupo específico de células que o HPV ataca. "Descobrimos uma pequena população de células que se encontra em uma área específica do colo do útero, que poderia ser responsável pela maioria, se não por todos os cânceres associados ao HPV no colo do útero", diz Crum. Estas células ficam perto da entrada do colo do útero, em uma região entre o útero e a vagina, conhecida como junção escamocolunar.
Remanescentes — De acordo com os pesquisadores, essas células são remanescentes do processo de divisão celular e crescimento que ocorre quando o embrião se torna feto. "Há uma população de células no colo uterino que desaparece durante a vida fetal e é substituída por outro tipo. Descobrimos que um pequeno número destas células não desaparece e permanece ali, quase como pequenas sentinelas de uma idade anterior", diz Crum. "Parece que esse grupo particular de células embrionárias remanescentes é a população que se infecta, pelo menos na maioria dos casos, em que ocorrem os cânceres e pré-cânceres importantes".
Segundo os pesquisadores, conhecer a biologia dessas células e sua localização pode ajudar os médicos a determinar quais lesões pré-cancerosas no colo do útero requerem tratamento, assim como prevenir o câncer por completo mediante a destruição destas células de antemão. Ainda de acordo com os autores, estudos adicionais serviriam para identificar a existência de populações de células similares em outras áreas do corpo que são afetadas por cânceres relacionados com o HPV, como pênis, vulva, ânus e garganta.
Vírus — Acredita-se que os subtipos de HPV 16 e 18 sejam responsáveis por cerca de 70% de todos os casos de câncer de colo do útero no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Ainda de acordo com a OMS, o câncer de colo do útero é o terceiro câncer mais comum entre mulheres no mundo, e atinge cerca de 530.000 pessoas do sexo feminino a cada ano. Destas, 275.000 morrem vítimas do câncer.
No Brasil, segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer de colo do útero será o segundo tipo da doença mais prevalente entre mulheres em 2012, e deverá atingir 17.540 pessoas do sexo feminino neste ano.

Brasileira desconhece relação entre câncer de colo de útero e HPV

Mulher

Segunda pesquisa, 31% das brasileiras nunca fizeram, ou realizaram apenas uma vez na vida, o exame papanicolau — principal método preventivo

Aretha Yarak
Dados da Organização Mundial de Saúde apontam que, no Brasil, cerca de 69 milhões de mulheres com 15 anos ou mais estão em risco para o câncer de colo de útero
Dados da Organização Mundial de Saúde apontam que, no Brasil, cerca de 69 milhões de mulheres com 15 anos ou mais correm risco de desenvolver o câncer de colo de útero (Thinkstock)
Levantamento brasileiro mostra que 83% das mulheres já ouviram falar do HPV (papiloma vírus humano), principal causa do câncer de colo de útero. Dessas mulheres, no entanto, 66% não relacionam o vírus ao desenvolvimento desse câncer. O dado alarmante foi divulgado nesta terça-feira pela Associação Brasileira de Patologia do Trato Genital Inferior e Colposcopia (ABPTGIC), em parceria com o Instituto Ibope. Segundo a pesquisa, 38% das brasileiras desconhecem os fatores de risco para o câncer de colo de útero, e 31% nunca fizeram, ou realizaram apenas uma única vez na vida, o exame ginecológico papanicolau — usado para o diagnóstico do câncer, que deve ser feito anualmente.

Saiba mais

CÂNCER DO COLO DO ÚTERO
O câncer de colo de útero é o segundo mais comum em mulheres, atrás apenas do câncer de mama. Dados do Inca estimam que, em 2012, houve 17.540 novos casos do câncer para cada 100.000 mulheres — e mais de 4.800 mortes em decorrência da doença. “Acredito que esses números estejam subestimados”, diz José Fochi, professor adjunto do Departamento de Ginecologia da Unifesp. Segundo o especialista, uma hipótese para isso é a falta de atestados de óbito e o registro errado, que assinala apenas câncer no útero (sem especificação).

Os fatores de risco para o desenvolvimento do câncer são grande número de gestações, uso de anticoncepcionais, tabagismo, HIV, coinfecção com outras doenças sexualmente transmissíveis, dieta inadequada e fatores genéticos. Praticamente todos os casos de câncer de colo de útero estão relacionados à presença do HPV. O diagnóstico da doença é feito com o exame papanicolau, que faz a coleta de células do colo do útero para análise laboratorial.

O HPV (papiloma vírus humano) é um vírus sexualmente transmissível, também responsável por cerca de 40% dos casos de câncer de pênis. Não é preciso, no entanto, que haja penetração para que uma pessoa seja infectada — por isso, a camisinha não é um método 100% seguro de prevenção. Apesar de existirem mais de 100 cepas diferentes desse vírus, apenas 15 são consideradas de alto risco – entre elas, 16 e 18.
O levantamento da ABPTGIC teve como objetivo descobrir qual o nível de informação das brasileiras sobre o câncer de colo de útero. Participaram da pesquisa 700 mulheres de seis capitais (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre e Recife), com idades entre 16 e 55 anos. "No Brasil ainda há o desconhecimento de que esse câncer é uma doença que pode ser prevenida, e que existe uma vacina para ajudar nessa prevenção", diz Garibalde Mortoza Junior, presidente da ABPTGIC. 
Resultados — Os dados mostraram ainda que 17% das brasileiras nunca ouviram falar em HPV e que 14% nunca ouviram falar em papanicolau. "Desconheço um plano de saúde que tenha programa específico para a prevenção do câncer de colo de útero", diz Mortoza. Entre as mulheres que conhecem a doença, 45% delas acreditam que o câncer afeta mulheres em todas as idades — sua prevalência, na verdade, é entre as mulheres de 40 e 50 anos (38% sabiam dessa informação).
A vacinação, um dos métodos de prevenção mais eficazes contra os tipos 16 e 18 do HPV (responsáveis por 70% dos cânceres), também é conhecida por apenas metade das mulheres. "Cerca de 80% da população mundial entra em contato com o vírus HPV em algum momento da vida. Desses, 90% vão eliminar o vírus espontaneamente do organismo", diz José Fochi, professor adjunto do Departamento de Ginecologia da Unifesp. Mulheres com um bom sistema imunológico têm, em tese, mais chances de eliminar o vírus do corpo sem maiores danos à saúde.
Para aquelas mulheres que terão mais problemas com o vírus, a vacina se torna, portanto, um importante mecanismo de prevenção. Apesar de ser indicada em bula para mulheres com menos de 30 anos, a vacina pode ajudar na prevenção do câncer em mulheres de quaisquer idades. "Ela é eficiente ao extremo antes do início da vida sexual. Depois disso, a proteção cai, mas ainda está protegendo a mulher", diz José Fochi.
Brasil — De acordo com estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca), 25% das brasileiras têm o vírus do HPV. "Em casos nos quais é eliminado do corpo, o vírus pode ser expulso de maneira lenta. Por isso, é importante salientar que uma mulher que tem o HPV não vai necessariamente ter câncer", diz Fochi. Segundo o médico, desde 1979, quando houve a primeira notificação, a mortalidade do câncer de colo de útero não sofreu alterações. "Ela é uma reta, não houve melhoras, não se morre menos."
Um dos principais métodos preventivos, o exame papanicolau é desconhecido por 14% das brasileiras — apenas 53% das mulheres fazem o exame anualmente, a periodicidade indicada. De acordo com Newton Sérgio Carvalho, chefe do Departamento de Tocoginecologia da Universidade Federal do Paraná, a baixa adesão ao tratamento pode ser explicada pelo desconhecimento da importância do exame. "Uma pesquisa recente mostrou ainda que as mulheres relatavam não ter dinheiro para ir até os postos de saúde ou com quem deixar seus filhos durante o exame", diz.
Outro problema pontual do Brasil é a falta de especialistas laboratoriais. Faltam citologistas, especialista que faz a análise das células colhidas durante o papanicolau, no país. De acordo com José Fochi, um levantamento apontou que seriam necessários aproximadamente 1.300 especialistas para suprir a demanda nacional. "Existem, no entanto, apenas 300 sócios na sociedade de citologia."
Prevenção — Para tentar suprir a falta de informação sobre o câncer de colo de útero, a ABPTGIC lançou na noite desta segunda-feira a campanha "Mulheres Semeiam a Vida". O intuito da iniciativa é conscientizar sobre a importância da prevenção do câncer, além de levar informação de qualidade às brasileiras. "A cada 25 likes que a página tiver no Facebook, plantaremos uma árvore", diz Garibalde Mortoza Junior, presidente da ABPTGIC.

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