domingo 26 2013

Brasil é 18º em Índice de Progresso Social lançado por Avina e parceiros

 Por Portal EcoD

Brasil é 18º em Índice de Progresso Social lançado por Avina e parceiros
O Brasil aparece em 18° lugar, entre 50 países avaliados no Índice de Progresso Social, lançado em abril pela Fundação Avina em parceria com a Skoll Foundation e o Banco Compartamos de México, juntamente com o Instituto de Estratégia e Competitividade de Harvard, além da empresa Cisco Systems e outras organizações e líderes.
Segundo a Avina, o objetivo do índice é prover informação sobre o bem-estar humano aos formadores de políticas, organismos internacionais de desenvolvimento, organizações filantrópicas, da sociedade civil e de universidades, a fim de que possam direcionar seus investimentos nas áreas que mais contribuem para melhorar a qualidade de vida de cada país.
O Índice de Progresso Social mede a qualidade de vida em três níveis: satisfação de necessidades básicas; disponibilidade de serviços e oportunidades para a mobilidade social; e o acesso a oportunidades de inclusão social. De um total que vai até 100, o Brasil foi avaliado com 48,24, 51,60 e 56,95, respectivamente, gerando média final de 52,27.
Ainda de acordo com a Avina, o índice se diferencia dos demais, que geralmente só medem indicadores de desempenho, mas não as medidas de esforço.
A Suécia lidera o Índice de Progresso Social, seguida pelo Reino Unido e a Suíça. Canadá, Alemanha, Estados Unidos, Austrália, Japão, França e Espanha completam os dez primeiros postos. Já na parte de baixo do levantamento estão Uganda, Nigéria e Etiópia, todos países africanos.

População poderá obter guarda provisória de animais silvestres

 Por Portal EcoD

População poderá obter guarda provisória de animais silvestres
Por Portal Brasil
Pessoas em todo o país poderão ter a guarda provisória de espécies da fauna silvestre quando não houver outra solução. A decisão faz parte de resolução aprovada pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) na quarta-feira, 22 de maio. A prioridade de guarda continua a cargo dos Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), autorizados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), e responsáveis pela recuperação e reintrodução desse animais na natureza.
A medida regulamenta uma lei de 1998, que prevê que os órgãos ambientais podem encaminhar animais apreendidos, resgatados ou recebidos espontaneamente para serem cuidados por pessoas cadastradas. No entanto, é importante ressaltar que a alternativa é provisória e a reintrodução ao habitat é uma prioridade prevista em lei.
Em último caso, quando não houver condições de transporte ou abrigo em instalações adequadas ou mesmo guardador cadastrado, a guarda pode ser dada provisoriamente à pessoa encontrada em posse do animal. Porém, ela continuará tendo que responder judicialmente pela posse ilegal do animal. As leis ambientais brasileiras consideram crime retirar animais silvestres de seus habitats sem a prévia autorização dos órgãos ambientais competentes.
Nem todas as espécies são passíveis de criação em cativeiro para fins comerciais ou para serem criados como mascotes. O Ibama terá 90 dias para publicar a chamada “lista pet”, relacionando as espécies contempladas pela resolução do Conama. A medida aprovada deverá trazer segurança jurídica tanto para a guarda e depósito quanto para a fiscalização após a apreensão dos animais.
Criar animais silvestres como domésticos, principalmente aves e pequenos primatas, é costume em pequenas comunidades interioranas. Isso acaba inviabilizando sua reintrodução à natureza.
Tráfico de animais
O comércio ilegal de animais silvestres é um dos grandes problemas enfrentados na conservação da fauna brasileira. Milhões de bichos são mortos pelas negociações de traficantes e, também, pela desinformação de pessoas que criam espécies selvagens como se fossem animais domésticos.
Calcula-se que o tráfico de animais silvestres retire, anualmente, cerca de 12 milhões de animais das matas brasileiras. Outras estatísticas estimam que o número real esteja em torno de 38 milhões.

Don McLean- American Pie (with Lyrics)



A volta do Boêmio - Nelson Gonçalves






Personagens favoritas de Fernanda Montenegro



Fernanda Montenegro como Lucília, de "A Moratória" (1955)



A atriz interpretando Ercília Drei, de "Vestir os Nus" (1958)





Fernanda Montenegro interpreta Simone de Beauvoir no monólogo "Viver sem tempos mortos" (2009)

Petra von Kant, de "As Lágrimas Amargas de Petra von Kant" (1982)

Carreira de Fernanda Montenegro




A atriz Fernanda Montenegro durante gravações de um especial de fim de ano da Rede Globo




Retrato da atriz Fernanda Montenegro em Porto Alegre, em 2012



Fernanda Montenegro e Walter Salles Jr. durante intervalo das gravações de "Central do Brasil"



A atriz Fernanda Montenegro em foto de 1987



A atriz faz pose em retrato feito em 1991



Fernanda Montenegro em cena do curta-metragem "Missa do Galo", de Roman Bernard Stulbach


Adriano Vizoni/Folhapress
A atriz em retrato de 1958


PRIMEIRO ATO
Além do trabalho na TV, neste ano Fernanda ainda será, pela primeira vez na vida, diretora de uma peça. Também retomará as viagens com a peça "Viver sem Tempos Mortos", monólogo em que interpreta, há quatro anos, a escritora Simone de Beauvoir (1908-1986).
O desafio de dirigir pela primeira vez teve como incentivo extra a autoria do texto. "Nelson Rodrigues, por Ele Mesmo - Um Depoimento" baseia-se no livro em que a filha do dramaturgo, Sônia Rodrigues, reúne crônicas nunca publicadas.
"Fui muito ligada a Nelson. A meu pedido ele fez três peças: 'O Beijo no Asfalto', 'Toda Nudez Será Castigada' e 'A Serpente'. Fiz 'A Falecida' no cinema e duas de suas novelas. Achei que saberia levar aquilo para os palcos", conta.
Ninguém diria que a moça que estreou no teatro em 1950, com a peça "Alegres Canções nas Montanhas", chegaria tão longe. O espetáculo foi "um fiasco", como costuma dizer, e ficou só dez dias em cartaz --mas foi ali que ela conheceu Fernando Torres, com quem se casou três anos depois.
No ano seguinte, estreou na TV Tupi. "Era um tempo em que ninguém via TV porque pouquíssima gente tinha o aparelho em casa. De modo que eu fazia programas para ninguém", ri.
"Com o tempo, a TV passou a imprimir a visão de que o ator vai ali para ganhar dinheiro, e não para fazer arte. Que ali é um pulo para o sucesso", avalia. "Hoje, 20% dos atores estão na TV com garantia de emprego por um bom tempo. Os outros 80% estão no teatro a pão e laranja. O teatro é um artesanato lento, e cada dia é uma batalha para sobreviver artística e economicamente."
Fernanda foi a atriz certa nas horas e nos lugares certos e se destacou em meio a uma geração de grandes talentos: Ítalo Rossi, Bibi Ferreira, Raul Cortez, Paulo Autran e Sérgio Britto. Após a morte de Cacilda Becker, em 1969, ela assumiu, aos 40 anos, o título informal de maior atriz do Brasil.
O ápice, no entanto, foi a indicação ao Oscar de melhor atriz, inédita para uma brasileira, pela atuação em "Central do Brasil" (1998), de Walter Salles.
"Não haveria 'Central do Brasil' sem ela", diz o cineasta. "O filme parte de uma ideia original criada para Fernanda, que imprimiu um nível de excelência que irradiou para a equipe inteira."
Veremos Walter e Fernanda juntos novamente? "Estamos pensando em um novo filme juntos. É algo embrionário, mas que pretendo realizar," diz a atriz. "Colaborar novamente com Fernanda seria um sonho", derrete-se o diretor.
SEGUNDO ATO
Arlete conseguiu preservar sua intimidade e manter Fernanda Montenegro na linha de frente. A atriz se tornou empresária de si mesma.
"Meus pais eram independentes: autodidatas, franco-atiradores, aventureiros", diz a atriz Fernanda Torres, 47, colunista da Folha e filha do casal, assim como o cenógrafo e diretor Claudio Torres.
Mãe explica filha: "No meu tempo, do espetáculo mais experimental ao mais careta, a gente ia ao banco, pegava um empréstimo e se endividava. Só que o público pagava o ingresso. E a gente saldava a dívida e sobrevivia".
Fernandona ataca a estatização e o "pouco pão na mesa" da cultura. "O Estado é o grande pai --no caso, a grande mãe--, e somos prisioneiros desse sistema", diz. "Só se faz tanto monólogo hoje porque é o que dá para produzir."
Para a atriz, o bom exemplo desse "sistema" é o modelo de prestação de contas. "Adoraria ver os 39 ministérios do Brasil justificando despesas como nós da cultura fazemos para o Ministério da Cultura. Isso é dinheiro público."
Fernanda foi convidada duas vezes a assumir esse Ministério da Cultura: uma no governo Sarney (1985-1990) outra no Itamar Franco (1992-1994).
"Quando você se entrega a uma profissão, passa a ter uma deformação profissional, entre aspas, que me levou a declinar desses dois convites. Vê a que ponto se chega?" E cai na gargalhada, sem arrependimentos.
Para ela, outro problema da cultura atualmente é o "vício" em ingresso barato e em meia-entrada. "Você não pode fazer um espetáculo em que, se aparecer 100% de público com carteirinha, você obtém metade da bilheteria. Se você levar essas carteirinhas no supermercado, o açúcar não sai pela metade do preço, não é verdade?"
TERCEIRO ATO
Vaidosa, Fernanda diz manter a silhueta esguia por sorte. "Não tenho propensão para engordar. Como bem, mas não gosto de gordura nem de doce."
Há 40 anos, fez sua primeira e única cirurgia plástica. "Tirei bolsas debaixo dos olhos. Elas voltaram, maravilhosas. Percebi que era inútil lutar. Inútil paisagem, como cantou Tom Jobim."
O passar dos anos e a fragilidade do corpo parecem não a incomodar. Difícil é testemunhar a morte dos amigos.
Nos últimos dez anos, Fernanda convive com esses vazios: Sérgio Britto, Gianni Ratto, Gianfrancesco Guarnieri, Chico Anysio, Millôr Fernandes, Ítalo Rossi e Fernando Torres, que morreu em 2008, após 60 anos de casamento. "Os primeiros anos sem Fernando quase me derrubaram", desabafa.
Sobre a perda de colegas, confessou ao ex-genro, Gerald Thomas, chorar diariamente. "Na hora de dormir, olho para o teto e choro. Na hora de acordar, olho para o teto e choro de novo. E, se você quer saber, às vezes, no meio da madrugada, eu choro também."
A declaração fez o dramaturgo produzir um texto intitulado "Eu Choro". "Fernanda tem aqueles olhões para fora e se emociona facilmente. Dá para ver ali toda a angústia da humanidade."
À Serafina, confessou. "É horrível. São pessoas que vão embora e não têm peça de reposição. Com cada um se viveu uma memória. E agora só eu estou com aquela memória em comum... Por enquanto."
Fernanda acredita que já viveu os melhores anos da vida, portanto, a preparação para a morte é inevitável. "Mas vamos carregando o processo vital até onde der."


Fernanda Montenegro ataca 'vício' em meia-entrada e estatização da cultura


FERNANDA MENA
DE SÃO PAULO
Ela já encarnou personagens de Sófocles e Molière, Pirandello e Beckett, Jorge Andrade e Nelson Rodrigues. Mas, em seus quase 65 anos de carreira, em que esteve na pele de cerca de 500 tipos, nos palcos, no cinema e na TV, há uma personagem que se destaca, interpretada diariamente e tida em todo o país como a primeira dama do teatro brasileiro: Fernanda Montenegro.
Foi esse o pseudônimo criado pela adolescente Arlete Pinheiro Esteves da Silva, em 1949, para apresentar um programa de adaptações literárias na Rádio do Ministério da Educação.
"Escolhi um nome que achei literário e maluco. E pegou", diz a atriz, remetendo à célebre frase com que o poeta francês Arthur Rimbaud (1854-1891) descreveu a multiplicidade de vozes que o artista traz em si: "Eu é um outro".


Aos 83 anos de idade, Fernanda Montenegro integra o elenco do remake de "Saramandaia"


Além do trabalho na TV, neste ano Fernanda ainda será, pela primeira vez na vida, diretora de uma peça



Vaidosa, Fernanda diz manter a silhueta esguia por sorte



Fernanda Montenegro posa para a Serafina



A atriz tem quase 65 anos de carreira



Fernanda Montenegro posa para a Serafina


Desde então, uma é outra, e outra é, no fundo, uma. "O esteio da dona Montenegro é a dona Arlete. Uma é para uso externo, outra é para uso interno. Uma tem uma fantasia em torno dela, outra tem a realidade palpável do dia a dia", teoriza, enquanto retoca a maquiagem para as fotos que ilustram estas páginas.
Mas, aos 83 anos, ainda consegue se enxergar como Arlete?
Antes de responder, uma mira a outra no espelho, em silêncio. Sem desviar os olhos do reflexo, diz: "Consigo. Mas consigo lá dentro. Isso aqui, agora, por exemplo, não é a Arlete. É a Fernanda. Embora o cavalo seja da dona Arlete, ou seja, o corpo seja o dela, tudo isso o que está armado sobre ele é da dona Fernanda", explica.
E foi como Fernanda Montenegro que ela causou barulho recentemente ao beijar na boca a colega Camila Amado, 77, durante o prêmio da Associação dos Produtores de Teatro do Rio (APTR). O beijo, interpretado como um protesto contra a permanência do deputado Marco Feliciano (PSC-SP) na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, transformou a atriz em nova musa da luta contra a homofobia.
"Não foi bem um proteeeeesto", diz. "Dois atores haviam dado um selinho em repúdio ao insulto que é esse homem. A Camila entrou no palco e disse: 'Eu também gostaria que alguém me beijasse na boca'. E eu disse: 'Pois não, vamos nós'. Fui lá e a beijei simplesmente", narra. "Se foi tido como um protesto, tudo bem."
Agora, Fernanda integra uma campanha contra o preconceito cujo slogan é: "O próximo pode ser você".
Ela mesma já foi alvo. "Nos anos 1950, atriz era prostituta, e ator era gigolô ou veado. Não tinha salvação", lembra. Ela é do tempo em que toda atriz e toda prostituta tinham de obter na delegacia uma carteirinha para trabalhar na área de diversão. "Era um documento da segurança pública para a marginália. Foi suspenso após campanha da atriz Dulcina de Moraes [1908-1996]."
Criada num sítio na região de Jacarepaguá, zona oeste do Rio, Fernanda teve uma infância primitiva, cercada de bichos e dos parentes --muitos deles eram pastores na Sardenha, Itália.
A memória deve ajudá-la no remake de "Saramandaia", em que interpretará uma personagem que não existia na trama original e que contracena com animais. "Sempre conversei com os bichos, não vai ser novidade", brinca. "Perdi um cachorrinho que era a minha conversa noturna e tenho um casal de passarinhos com quem fico de papo. Mulher fala muito, né? Está sempre conversando com ela mesma e com as coisas. E bichos são ótimos para isso."

30 anos de convívio com o vírus da Aids

Por estadao.com.br
Quando foram infectadas, não havia remédios

Quatro anos separam as histórias de Daniela e Teresinha. Em 1983, a primeira nasceu com o vírus. Em 1987, então com 20 anos, a segunda descobriu que estava infectada. Em comum, ambas são sobreviventes de uma época em que a doença deixava pouca gente para contar a história.
Na década de 1980 não havia medicamento. A terapia só ficaria disponível de graça no País, já no formato do coquetel, em 1996. Mas as duas tiveram a sorte, ou a resistência necessária, para aguentar a chegada do medicamento.
Daniela, que passou a infância gripada, foi descobrir que tinha o HIV com 11 anos, após ser internada com uma pneumocistose (infecção oportunista típica dos soropositivos). Só com o diagnóstico da filha, a mãe descobriu que também tinha a doença. Foi contaminada um pouco antes de dar à luz, numa transfusão de sangue no parto.
Era 1995. Logo depois elas começaram a tomar o remédio. Mas enquanto sua mãe rapidamente ficou com a carga viral indetectável, Daniela demorou a se adaptar. Os remédios pareciam não funcionar e o vírus foi ficando resistente. Só em 2006, com um novo medicamento, seu quadro melhorou. Sua mãe, porém, morreu de câncer de mama. Um problema que, hoje se sabe, pode ter a ver com a inflamação crônica promovida pelo HIV. "Com a imunossupressão, há um aumento da incidência de cânceres, como se fossem pessoas mais velhas", explica o médico Alexandre Barbosa.
Teresinha descobriu o HIV em outra situação. "Meu então namorado foi doar sangue e o exame dele deu positivo. Fui convidada a fazer o teste e deu também. Mas naquela época não tinha remédio, não havia o que fazer. Os médicos davam aquela previsão para todo mundo: tempo de vida de seis meses a dois anos. Eu já tinha um filho, de 2 anos, e só pensava: 'E agora, o que eu faço?' Como não havia o que fazer, toquei a vida."
Até que dez anos após o diagnóstico começaram a aparecer os sintomas clássicos: fraqueza, emagrecimento, diarreia, vômito. Chegou a ter úlceras e ficou bem doente. Ao melhorar, entrou no ativismo, no Grupo de Incentivo à Vida, e aprendeu a se fortalecer. Hoje sua carga viral está indetectável, seu nível de CD4 (linfócitos) está alto. "Mas sinto que estou envelhecendo mais rápido. Meu corpo não corresponde à minha idade. É um cansaço maior. Me comparo com minha mãe, que tem 73 anos. Parece que as reclamações delas são as mesmas que eu tenho." Há alguns anos descobriu uma diminuição da massa óssea e teve de inserir cálcio no seu cotidiano. "A doença mudou, mas só chamá-la de crônica não faz jus ao que ela é. Ainda existe o estigma, não é como ter diabete. Vivemos melhor e mais tempo, mas não é só tomar um remédio e tudo fica ok." / G.G.

Exercícios físicos e remédio mais cedo reduzem efeitos

 Por estadao.com.br
Duas abordagens têm sido vistas como as mais eficazes para reduzir o quadro de envelhecimento precoce: atacar fatores...

Duas abordagens têm sido vistas como as mais eficazes para reduzir o quadro de envelhecimento precoce: atacar fatores de envelhecimento, como tabagismo, sedentarismo e excesso de peso, e iniciar o tratamento o mais cedo possível.
"A recomendação é mudar os fatores de risco", afirma Alexandre Barbosa, da Unesp de Botucatu. Segundo ele, estudos mostram que, assim como ocorre em qualquer pessoa, indivíduos com HIV que fazem atividade física moderada reduzem a mortalidade em até 20%, podendo chegar a 50% com uma programação mais intensa.
Outro fator de impacto é começar o tratamento o quanto antes. Os Estados Unidos, desde o começo do ano, recomendam que qualquer pessoa diagnosticada com o vírus já inicie o tratamento com retroviral. No Brasil, a medicação só é indicada quando os linfócitos CD4 estão abaixo de 500 células por milímetro cúbico de sangue. O cenário já evoluiu. Até o ano passado tinha de estar com menos de 350. / G.G.

Conscientização não pode ser esquecida

Por JOSÉ COUTO-FERNANDEZ *, estadao.com.br
Desde que o HIV foi isolado, há 30 anos, tivemos uma evolução enorme. Nenhuma infecção na história teve um avanço...
Desde que o HIV foi isolado, há 30 anos, tivemos uma evolução enorme. Nenhuma infecção na história teve um avanço tão rápido no desenvolvimento de fármacos. Temos medicamentos para atuar em várias fases do vírus e conseguimos suprimir a replicação viral. Mas não podemos esquecer a conscientização. Nos países africanos, a epidemia continua avançando. E, mesmo no Brasil: a cada três pacientes que entram na terapia, seis novos se infectam. Também temos de ter em mente que não há cura. Não conseguimos chegar a uma vacina, mas não podemos desistir. Só com vacina a infecção vai poder mesmo ser controlada globalmente.
* JOSÉ COUTO-FERNANDEZ É PESQUISADOR DO INSTITUTO OSWALDO CRUZ

'A aids não é uma doença superada', diz Nobel

Por ANDREI NETTO / PARIS, estadao.com.br
Cientista que descobriu o HIV há 30 anos fala sobre qualidade de vida e perspectivas de uma cura definitiva

Françoise Barré-Sinoussi tinha 35 anos quando, ao lado do também virologista Jean-Claude Chermann e sob a direção de Luc Montagnier, realizou uma descoberta que mudaria para sempre a história da Medicina e a vida de milhões de pessoas em todo o mundo: o HIV, vírus causador da aids.
Na segunda-feira passada, dia 20, o feito científico realizado no Instituto Pasteur, em Paris, que rendeu à pesquisadora o Prêmio Nobel de Medicina de 2008, completou 30 anos. Em entrevista ao Estado, Françoise faz um balanço das três décadas em que a doença desafia a ciência. No período, pesquisadores do mundo inteiro saíram da estaca zero e obtiveram avanços concretos como o AZT, medicamento que evitou a transmissão do vírus da mãe ao bebê em 1994, e o coquetel antirretroviral, criado em 1996, que reduziu a mortalidade dos pacientes em 85%.
A aids, porém, continua uma ameaça. Transformada em doença crônica em países desenvolvidos, mata em massa nas regiões pobres. Para Françoise, deve-se se esclarecer: a aids não foi superada nem o HIV, vencido. "Ainda morre-se muito de aids", diz a pesquisadora, que considera países como o Camboja - e não o Brasil - exemplo mundial no combate à doença.
Que balanço a senhora faz desses 30 anos de combate à aids?
Os maiores avanços nesses 30 primeiros anos são, em primeiro lugar, o desenvolvimento de testes de diagnóstico cada vez mais eficientes - hoje podemos até fazê-los em casa, embora com necessidade de acompanhamento. Em segundo lugar, o tratamento, que traz benefícios imensos ao paciente. Hoje, nos países ricos podemos falar da aids como uma doença crônica. Nos países pobres, infelizmente, mesmo com os progressos, mais de 50% dos pacientes não têm acesso ao tratamento. Por fim, além desses dois avanços, há o fato de que o tratamento hoje serve também como prevenção.
Esse é um ponto importante: o tratamento é eficiente e também serve para a prevenção. Essa é uma esperança, não?
Sim, o tratamento se provou muito eficiente, por exemplo, no caso da transmissão da mãe ao filho, por ser capaz de prevenir a infecção na criança. Hoje sabemos também que as pessoas infectadas e em tratamento transmitem o vírus apenas em casos raros. Se os portadores do HIV forem tratados em tempo, podemos reduzir em mais de 95% o risco de infecção dos parceiros. É uma conquista importante. Outra é o desenvolvimento do tratamento como prevenção. Tanto o gel microbicida para mulheres quanto a ingestão de medicamento, ambos antes da relação sexual, podem evitar a infecção. Houve muitos progressos em termos de tratamento e de prevenção em 30 anos.
Mas não é uma luta vencida, certo?
Não, a aids não é uma doença superada. Ainda se morre muito de aids, em especial em países pobres, mas também em ricos, como a França. Na média mundial, entre 50% e 60% das pessoas infectadas com HIV portam o vírus sem saber. Quando eles chegam doentes, são atendidos já muito tarde. Logo, um dos desafios de hoje é o exame de detecção, e a mídia tem um papel fundamental de incitar o público a fazer o exame para, em caso positivo, se tratar o mais rápido possível.
Há alguns anos países como o Brasil não fazem mais campanhas de massa para a realização desses exames porque não têm condições de atender todos os eventuais pacientes. Essa
situação mudou?
Creio que a situação esteja evoluindo no mundo inteiro. O Brasil segue ou vai seguir essa tendência. Os Estados Unidos falam em propor sistematicamente o teste HIV, e o mesmo acontece na França. Há um teste hoje que se pode fazer como se faz um de gravidez. Nos EUA, ele já foi aprovado. Na França, o Conselho Nacional de Aids o aprovou, mas com a condição de um acompanhamento por telefone. Afinal, não é o mesmo de fazer um teste de gravidez.
A senhora evocou nesta semana a perspectiva de uma geração livre da aids, assim como tivemos uma sob esse risco. Essa hipótese é plausível?
Em princípio, sim. Se fosse possível chegar a todas as pessoas portadoras do vírus em todo o mundo e as colocássemos sob tratamento, veríamos a epidemia decrescer de forma progressiva até chegarmos a uma geração livre da aids em 2050. Há modelos matemáticos que o mostraram, e esse é o sonho que devemos perseguir. Mas, na realidade, é dificílimo localizar todos os portadores de HIV, em especial em zonas rurais. Na prática, o que podemos fazer de mais concreto é fazer a epidemia recuar com o acesso correto ao tratamento.
O tratamento também precisa ser desenvolvido?
Nos primeiros 30 anos desenvolvemos várias ferramentas para lutar contra o HIV, o que nos deu tempo de pensar em como será o combate à doença no futuro. O fato é que ainda precisamos de muita pesquisa. Tudo parte dela para termos a estratégia terapêutica de amanhã ou a vacina ou ainda novos mecanismos de prevenção. Não é simples: enfrentamos um vírus muito complexo e muito variável, que escapa de tratamentos e da defesa imunológica. A pesquisa custa caro, e estamos em uma situação de crise internacional. Ainda assim, não podemos desistir. Ao contrário, é preciso que remobilizemos a comunidade internacional para desenvolver essas novas ferramentas.
A qualidade de vida dos pacientes é o desafio mais urgente? Quais são as perspectivas de avanço nos próximos dez anos?
Nos próximo dez anos, a perspectiva é melhorar a qualidade de vida e permitir que eles interrompam o tratamento, o que evitaria também as complicações de longo prazo. Há um pequeno porcentual de pacientes, em torno de 10%, que no longo prazo desenvolvem complicações graves, como câncer e doenças cardiovasculares ou ligadas ao envelhecimento precoce. Isso nos mostra que precisamos de estratégias terapêuticas menos pesadas.

Ousar para prevenir

Por JAIRO BOUER, estadao.com.br
Ações inovadoras na área da prevenção e da saúde sexual dos jovens nos Estados Unidos foram divulgadas nas últimas...

Ações inovadoras na área da prevenção e da saúde sexual dos jovens nos Estados Unidos foram divulgadas nas últimas semanas e mostram como as mudanças de hábitos e costumes dessa faixa da população podem exigir medidas mais ousadas das autoridades.
Na mais recente, na Califórnia, adolescentes de 12 a 19 anos podem agora receber kits gratuitos, enviados mensalmente para suas casas, com dez preservativos e lubrificante, além de material educativo. A ideia é facilitar o acesso do jovem à proteção nos distritos com os maiores índices de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs). O piloto do projeto, no ano passado, já despachou mais de 30 mil kits.
Em outra ação, uma campanha publicitária em Chicago espalhou cartazes pela cidade com a imagem de um garoto "grávido", que olha com ar desolado para sua barriga, acompanhada do seguinte slogan: "Inesperado? A maioria das gestações em adolescentes é!" O objetivo é tentar conscientizar os jovens para a importância do sexo seguro e do planejamento para se evitar uma gravidez antes da hora.
Em outra tentativa de reduzir o número de gestações indesejadas, a FDA (agência que regula medicamentos nos EUA), autorizou há algumas semanas a venda de pílula do dia seguinte para maiores de 15 anos, sem necessidade de receita médica. Sabe-se que a contracepção de emergência só funciona se utilizada até 72 horas depois da relação suspeita. A iniciativa visa a agilizar o acesso das meninas à pílula, não tendo de esperar uma consulta com o médico.
Não é de hoje que facilitar o acesso dos jovens às tecnologias que garantam sua saúde sexual e a prevenção da gravidez indesejada acontece nos EUA. Máquinas automáticas que vendem ou distribuem camisinha em escolas, clubes e baladas existem há muito tempo no país. A própria pílula do dia seguinte já podia ser comprada por garotas com mais de 17 anos.
Além disso, há alguns anos, os EUA também aprovaram o uso de vacina contra o HPV (Papilomavírus humano), uma das DSTs mais comuns no mundo, para garotas e garotos dos 9 aos 26, como forma de tentar reduzir os casos de verrugas genitais e de alguns tipos de câncer ligados diretamente à ação desses vírus (colo de útero, vagina, vulva, glande e borda anal).
Essas tentativas de ampliar a proteção do jovem têm uma razão de ser. O sexo tem começado cedo e, muitas vezes, a proteção ideal - com camisinha em todas as relações sexuais e métodos contraceptivos efetivos - está longe de ser uma realidade. O aumento dos casos de DSTs (como gonorreia e sífilis), que podem facilitar a infecção pelo vírus HIV (causador da aids), é outra preocupação.
Enquanto isso, aqui no Brasil, camisinha em escola ainda dá muito dor de cabeça aos educadores. Muitos pais não concordam com a distribuição. Até aulas de saúde e prevenção e kits distribuídos pelos diferentes governos sobre educação sexual têm gerado uma reação exagerada e desproporcional em setores mais conservadores de nossa sociedade.
Não deveria ser assim! Explico: dados do Ministério da Saúde indicam que a metade dos meninos e quase um terço das garotas já teve uma relação sexual completa antes dos 15. Sem informação e longe dos insumos de proteção, o risco de gravidez na adolescência, DSTs, aids e maior predisposição a diversos tipos de câncer voltam a ameaçar o jovem. A gestação na adolescência (apesar da tendência de queda por aqui nos últimos anos) ainda está na faixa de 10% a 15% das garotas engravidando antes dos 18. Metade dos quase 40 mil novos casos de aids notificados em 2012 aconteceu na faixa mais jovem da população.
Já que é muito pouco provável parar a roda (a tendência do início precoce da vida sexual), que tal tornar o caminho mais suave para esses jovens? Ousar nas iniciativas de sensibilização, vencer resistências e ampliar o acesso à proteção efetiva deveria ser função compartilhada por pais, escolas e autoridades em educação, saúde e direitos humanos.
JAIRO BOUER É PSIQUIATRA

Primeira geração com HIV enfrenta os desafios do envelhecimento precoce

 Por estadao.com.br
Soropositivos infectados no início da epidemia que sobreviveram numa época em que não havia terapia e o diagnóstico era uma sentença de morte se deparam com doenças comuns às pessoas mais velhas, como câncer, infarto e AVC
Passados 30 anos da descoberta do vírus responsável por causar a aids e pelo menos 15 anos depois de o diagnóstico ter deixado de ser considerado uma sentença de morte, a primeira pergunta que muitos pacientes ainda fazem logo após saber que são soropositivos é: quanto tempo eu tenho de vida? O infectologista Alexandre Naime Barbosa tem a resposta na ponta da língua: "O mesmo tempo que qualquer outra pessoa da sua idade".
Fica para os soropositivos com longo tempo de convivência com o vírus, porém, uma outra constatação. Os pacientes vivem mais, sim, mas envelhecem mais rapidamente.
O advento da terapia antirretroviral, com vários medicamentos, conseguiu controlar a principal causa de morte durante o início da epidemia: as doenças oportunistas, que surgiam depois que o vírus, em multiplicação alucinada, aniquilava as defesas do organismo.
As drogas conseguiram diminuir a replicação do vírus a ponto de a carga viral, nas pessoas que tomam o remédio rigorosamente, ficar indetectável no sangue. Algumas partes do corpo, porém, funcionam como reservatório do vírus, como os sistemas nervoso central e linfático. Uma espécie de refúgio, já que neles os vírus ficam fora do alcance das drogas e continuam se replicando lentamente.
"A gente assistiu à história de 30 anos da doença vendo-a de trás para frente. A primeira visão foi catastrófica. A aids levava a uma profunda redução da imunidade, a ponto de a pessoa morrer em decorrência das doenças oportunistas. Conseguimos mudar isso, tratar as pessoas. Aí, começamos a ver a doença pelo começo", diz Ricardo Diaz, infectologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
"A infecção por HIV é inflamatória, no modelo de outras doenças crônicas. Mesmo tratando, ficam resquícios do vírus que promovem uma resposta de inflamação constante do corpo - e é ela que acelera o processo de degeneração dos órgãos e dos tecidos. Então, os desafios mudam. Agora precisamos lidar com esse envelhecimento prematuro", afirma Diaz.
Nos últimos anos, vários estudos em todo o mundo vêm mostrando que o corpo de uma pessoa que vive por muitos anos com o HIV acaba funcionando como o de alguém que tem, em média, 15 anos a mais.
As comorbidades mais comuns são as doenças cardiovasculares, como infarto e AVC (acidente vascular cerebral), que têm uma prevalência maior nessa população. Em segundo lugar, vêm os vários tipos de cânceres, como o de próstata, mama e colo de útero. Também são comuns perda de massa óssea, diabete e distúrbios neurocognitivos, como demência precoce. E deficiência renal, mas que pode estar mais relacionada ao próprio uso dos remédios.
"Envelhecer para todas as pessoas nada mais é do que ficar inflamado por muito tempo, o que ocorre com o chamado estresse oxidativo, com a liberação de radicais livres. No caso dos pacientes com HIV, é o vírus, entre outros processos, que faz isso bem mais cedo", explica Barbosa, que coordena um centro de tratamento de HIV na Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Botucatu.
Cuidados extras. A solução, afirma o médico, é tentar lidar preventivamente com isso, associando outros medicamentos quando necessário. "Mulheres com o HIV devem fazer o exame de papanicolau e mamografia a cada seis meses. Recomendamos que todos sempre tomem vacinas." Com esses cuidados, diz, mesmo com uma incidência maior de outros problemas de saúde, não há impacto na expectativa de vida. "A mortalidade é praticamente igual a de quem não tem HIV. Só é preciso ter mais cuidados."
A situação é bem conhecida de Abelardo Pereira da Silva, de 63 anos, há 32 vivendo com o vírus. A infecção ocorreu no longíquo 1981, quando os primeiros casos eram identificados nos Estados Unidos. Ele teve uma úlcera que supurou e precisou receber várias bolsas em transfusão de sangue.
Quando o noticiário começou a mostrar que aquela era uma maneira de contrair a estranha doença, encasquetou. Queria fazer o exame a todo custo, mas não existia no Brasil. Só em 1988 fez o exame e confirmou suas suspeitas. Até iniciar o tratamento, em 1996, teve fraqueza, algumas pneumonias, mas superou os problemas no melhor estilo "sobrevivente".
"Aprendi a ser mais forte que o vírus, mas sei que tenho de cuidar da alimentação, do sono, da higiene, tomar o remédio às 6h e às 18h. Tomo uma cervejinha de vez em quando, mas faço hora com a latinha. Depois de velho, voltei a estudar, porque para isso nunca tem idade." Entrou no Grupo de Apoio à Prevenção à Aids (Gapa), a primeira ONG a lidar com a doença, e dá palestra pelo País. "Falo sobre a adesão ao remédio. Ele não é bom, mas é melhor viver."

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