segunda-feira 27 2015

Moro se irrita com advogados de Vargas: 'A paciência do juízo, olha...'

O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelo julgamento das ações em torno da Lava Jato, é um dos palestrantes desta sexta-feira do 10º Congresso Internacional da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji)
O juiz federal Sergio Moro(Nelson Antoine/Frame/Folhapress)
O juiz federal Sergio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, se irritou nesta segunda-feira com os advogados do ex-deputado petista André Vargas. Em uma tentativa de sustentar que as interceptações telefônicas nas quais Vargas foi flagrado em negociatas com o doleiro Alberto Youssef foram ilegais, os defensores arrolaram como testemunha o delegado da Polícia Federal Sérgio de Arruda Macedo, que atuou no processo. Diante de perguntas repetidas sobre o funcionamento das interceptações e outras certamente inócuas para a investigação - como o nome completo de um determinado delegado de polícia -, Moro reagiu: "É muito longo esse depoimento sobre BlackBerry? Sinceramente a paciência do juízo, olha... eu tenho outros casos", disse o juiz, após 25 minutos de audiência. A defesa continuou os questionamentos até Moro ter de interferir novamente: "Ele já respondeu isso, doutora. Eu vou indeferir a pergunta". A oitiva, em seguida, foi encerrada. (Marcela Mattos, de Brasília)

Cunha: 'Fui vítima de uma violência com digitais definidas'


Presidente da Câmara fala sobre Lava Jato e relação com governo Dilma em evento com empresários em São Paulo

Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, participa de almoço-debate promovido pelo Lide, na zona sul de SP
Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, participa de almoço-debate promovido pelo Lide, na zona sul de SP(Nelson Antoine/Folhapress)
Em evento com empresários, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou nesta segunda-feira ter sido "vítima de uma violência com as digitais definidas", em referência as denúncias contra ele na Operação Lava Jato da Polícia Federal. As digitais a que o peemedebista apontou são do governo Dilma Rousseff. "Foi uma interferência do Poder Executivo, que todo mundo sabe que não me engole", disse.
Com seu estilo confrontador, Cunha justificou o rompimento com o governo anunciado nas últimas semanas: "Não podia se acovardar e não reagir" e que "não costuma reagir com a cabeça embaixo do buraco".
"A história não reserva lugar para aqueles que são fracos. Não são apurações falsas que vão impedir o meu exercício", disse. O peemedebista foi apontado pelo lobista Júlio Camargo, da Toyo Setal, como beneficiário de 5 milhões de dólares desviados de um contrato da Petrobras.
Sobre os processos de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, Cunha afirmou que, embora agora esteja na oposição, analisará os pedidos com "equilíbrio". "Não mudei minha opinião. O impeachment não pode ser usado como um recurso eleitoral", disse.
Para o deputado, o processo de impeachment é "complexo, grave e com repercussões danosas ao país". "O fato de eu ter um rompimento pessoal como reação a uma covardia que estão tentando fazer, não significa que é a reação do político. Isso nunca vai ser confundido", disse aos empresários.
O presidente da Câmara também afirmou que o impeachment poderá afetar negativamente a economia brasileira. "Certamente não será bom para o ambiente econômico a própria discussão como ela está sendo feita. Não tenho dúvida de que essa própria discussão tem levado à diminuição da confiança", avaliou.
A política econômica do governo Dilma foi criticada diversas vezes por Cunha, que classificou o ajuste fiscal como "pífio". Na opinião dele, não está claro quais são os objetivos das medidas anunciadas ao longo deste ano. "Não adianta só você impor à sociedade sacrifícios. Você tem que dizer à sociedade o que vai acontecer depois dos sacrifícios, qual é o norte", ressaltou.
(Com Agência Brasil)

Facebook dispara na publicidade da União e ultrapassa veículos tradicionais

Verba estatal federal para rede social cresce mais de 100% ao ano desde 2011
Rede social recebeu R$ 24 milhões em 2014 da administração dilmista
Valor supera o pago ao jornal e ao portal que mais ganharam no último ano da União
Google e YouTube perdem fôlego na preferência de estatais e órgãos do governo
O Facebook recebeu R$ 24 milhões em 2014 de órgãos do governo federal para veicular publicidade, 118% a mais do que havia levado em 2013.
Os dados inéditos obtidos pelo UOL mostram o crescimento meteórico da rede social de Mark Zuckerberg no mercado publicitário brasileiro.
A União começou a fazer propaganda no Face em 2010. O pioneiro da administração federal foi o Banco do Brasil, que investiu naquele ano modestos R$ 8.100. Em 2011, o bolo federal total para a rede social superou R$ 1 milhão. Em 2012, quebrou-se a barreira dos R$ 10 milhões.
Os dados estão na tabela abaixo:
redes_sociais
O volume recebido pelo Facebook em 2014 sintetiza a transformação que a indústria de comunicação atravessa neste momento em vários países. As novas plataformas atraem em alguns casos muito mais anúncios do que veículos tradicionais que tinham o domínio do mercado durante as últimas décadas.
As verbas publicitárias federais destinadas ao Face ficam acima das recebidas pelo jornal impresso “O Globo”, o que mais teve propaganda estatal da União em 2014 –R$ 21 milhões.
O Face superou também a “Veja”, a campeã de publicidade entre revistas semanais e que faturou R$ 19 milhões com propaganda estatal federal em 2014.
A rede social de Mark Zuckerberg também faturou 63% a mais em publicidade dilmista do que o UOL, o portal de maior audiência do país. O UOL teve R$ 14 milhões desse tipo de verbas em 2014.
A ascensão do Face coincide com um fato negativo para a mídia tradicional: em 2014, muitos jornais, revistas e até TVs viram reduzir seu faturamento de publicidade com a União. Não existem dados sobre publicidade tão detalhados para anúncios da iniciativa privada, mas especialistas no mercado dizem que o movimento é idêntico ao que se passa com as contas estatais.

GOOGLEO Google e o YouTube (empresas do mesmo grupo) não são tão atraentes como o Facebook aos olhos do governo federal.
A receita do Google e do YouTube com publicidade da União encolheu 76% em 2014, para R$ 782 mil, segundo os dados da Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República) e obtidos com exclusividade pelo UOL.
Os primeiros órgãos vinculados ao governo federal a apostar no Google foram os Correios, a Petrobras e o Ministério da Saúde. Juntos, gastaram R$ 59 mil no site de buscas em 2005.
Desse ano em diante, o Google e o YouTube viram o interesse da União oscilar.  A publicidade chegou a R$ 2,7 milhões em 2009, para despencar para apenas R$ 851 em 2011, sempre segundo os dados fornecidos pela Secom. Dois anos depois, alcançaram o pico na sua série histórica, de R$ 3,2 milhões.
O Twitter, muito popular entre jornalistas, mas nem tanto junto ao público em geral, até 2014 não havia recebido nada em publicidade estatal da União.
(Colaborou nesta reportagem Bruno Lupion, do UOL, em Brasília).

The Doors - Touch Me (Live)