quarta-feira 06 2013

Onde colocar a TV nova


Para garantir o maior conforto na hora de assistir a TV veja essas dicas

Onde colocar a TV nova

O que devo saber e fazer antes de comprar minha televisão?

Meça o tamanho do lugar onde a TV ficará. Dependendo do tamanho da sala ou do quarto um tamanho de TV é melhor do que outro. Existem regras para que a TV fique em um lugar confortável para assistir. Localize janelas e possíveis locais para a instalação da TV. Se a luz que vier da janela criar reflexo em alguma parede, não é uma boa opção de local para colocar a TV. Se for instalar um Home Theater também, verificar se há espaço para as caixas do som, os aparelhos e tomadas suficientes.

Qual a distância mínima entre a TV e o sofá?

Há uma fórmula: Tamanho da tela da TV x 2,54 = Tamanho em cm x 2,5 = cm. O resultado é a distancia que a TV deve ficar do sofá. Em linhas gerais:
TV de 32" deve ficar a 1,8m do sofá
TV de 42" deve ficar a 2,4m do sofá
TV de 46" deve ficar a 2,7m do sofá
TV de 50" deve ficar a 2,8m do sofá
TV de 60" deve ficar a 3,4m do sofá

Qual a altura ideal para colocar a TV?

Em termos de altura, deve-se medir a altura dos olhos de telespectador sentado ou deitado. Geralmente a altura fica entre 90 cm e 110 cm do chão, seja fixada na parede com um suporte ou em um rack ou estante

A incrível saga do bóson de Higgs

Física

Anúncio da partícula na quarta-feira coroa esforços de milhares de cientistas ao redor do mundo ao longo de décadas

Marco Túlio Pires
O bóson de Higgs é a unidade fundamental de um mecanismo que explica como as partículas ganham massa
O bóson de Higgs é a unidade fundamental de um mecanismo que explica como as partículas ganham massa(Hemera/Thinkstock)
A confirmação da existência de uma partícula que tem grandes chances de ser o bóson de Higgs nesta quarta-feira representa o ápice de uma longa saga científica. Mais do que completar um complexo quebra-cabeças teórico proposto no início da década de 1970, o anúncio dessa misteriosa partícula coroa os esforços de milhares de cientistas ao redor do mundo que dedicaram suas vidas a entender como o maquinário fundamental do universo funciona. A verificação experimental do bóson de Higgs não trará a cura da aids nem resolverá o problema da fome do mundo, mas não deixa de ser uma vitória do homem sobre a natureza. É bom que a civilização tenha espaço para esse tipo de empreendimento.

Saiba mais

MODELO PADRÃOO Modelo Padrão é a melhor descrição do mundo subatômico. Existem outras, mas nenhuma que tenha tido tanto sucesso em experimentos para prever e descrever as partículas e as forças de suas interações. O Modelo Padrão oferece ferramentas teóricas para o avanço de tecnologias. A cura do câncer ou a construção de uma nave interestelar passam, em última análise, pelo sucesso de um modelo que descreva o comportamento da natureza no mais fundamental dos níveis.
BÓSON DE HIGGS
O bóson de Higgs é uma partícula subatômica prevista há quase 50 anos. Após décadas de procura, os físicos ainda não conseguiram nenhuma prova de que ela exista. O Higgs é importante porque a existência dele provaria que existe um campo invisível que permeia o universo. Sem o campo, ou algo parecido, nada do que conhecemos existiria. Os cientistas não esperavam detectar o campo, mas sim uma pequena deformação nele, chamada bóson de Higgs.
LHC
O Grande Colisor de Hádrons (do inglês Large Hadron Collider, LHC) é o maior acelerador de partículas do mundo, com 27 quilômetros de circunferência. Ele pertence ao CERN, o centro europeu de pesquisas nucleares e está instalado na fronteira franco-suíça. Em seu interior, partículas são aceleradas até 99,9% da velocidade da luz. Os experimentos ajudam a responder questões sobre a criação do universo, a natureza da matéria e fenômenos exóticos observados no espaço.
Sempre foi uma obsessão da ciência encontrar uma única teoria que explicasse todos os fenômenos da natureza, desde a constituição das partículas da matéria até as forças que as relacionam. Não porque isso pudesse resolver os problemas imediatos da humanidade, mas pelo desafio do conhecimento.
Até o início da década de 1970, o conhecimento humano do mundo subatômico era uma baderna. Havia muitas teorias – modelo quark, teoria Regge, de Calibre, Matriz-S, entre outras –, prevendo centenas de partículas e complexas relações entre elas. Mas elas só conseguiam explicar pequenos pedaços da realidade. "Não estava claro qual modelo era o correto", escreveu o físico britânico Stephen Wolfram na revista americana Wired. "Algumas teorias pareciam vazias, outras eram profundas e filosóficas. Algumas eram sofisticadas, e outras, entediantes."
As peças do modelo — No início da década de 1970, contudo, uma teoria se destacou. Nessa época os cientistas confirmaram a existência dos quarks, partículas que constituem os prótons e os nêutrons, elementos que formam o núcleo dos átomos. Essa descoberta deu força a uma teoria que viria a ser conhecida como Modelo Padrão da Física de Partículas — que previa a existência de 12 tipos de partículas elementares, suportadas por um campo que confere massa a algumas delas (como o elétron), mas não a outras (como o fóton).
O pontapé inicial para a confecção do Modelo Padrão foi dado em 1960, quando o físico americano Sheldon Glashow descobriu uma forma de combinar a força eletromagnética e as interações fracas dos átomos, duas das quatro forças fundamentais (as outras são as interações fortes dos átomos e a gravidade).
Sete anos mais tarde, Steven Weinberg e Abdus Salam afundiram as ideias de Glashow às do físico escocês Peter Higgs. Em 1964, Higgs propôs a existência de um campo com o qual as partículas interagem. Essa interação confere massa às partículas. As que não interagem com o campo de Higgs não possuem massa e estão fadadas a viajar para sempre na velocidade da luz, como os fótons, a unidade básica da luz. A unidade básica desse campo foi batizada com o nome do físico: bóson (nome dado às partículas que ‘transportam’ energia) de Higgs.
Entre 1972 e 1974 experimentos confirmaram a teoria da interação forte entre as partículas (mais uma das quatro forças fundamentais). A descoberta deu ao Modelo Padrão sua forma atual e valeu a Glashow, Salam e Weinberg o Nobel de Física de 1979.
A teoria de 'quase tudo' — Os cientistas usaram o Modelo Padrão para prever a existência de várias partículas que ainda não haviam sido verificadas na prática, e ele não decepcionou. A um custo de bilhões de dólares, foram construídos aceleradores de partículas, como o Fermilab, nos Estados Unidos e o LHC, na fronteira franco-suíça. A descoberta do quark bottom em 1977, o quark top em 1995 e o tau neutrino em 2000 deram ainda mais crédito ao Modelo Padrão, fazendo dele a melhor teoria para explicar ‘quase tudo’. Com ele, é possível explicar com sucesso uma grande variedade de resultados experimentais, exceção feita ao comportamento da gravidade, da matéria e da energia escuras e da antimatéria.
David Noir/Reuters
Peter Higgs na Universidade de Edimburgo, na Escócia
Peter Higgs, o 'pai' do bóson de Higgs, na Universidade de Edimburgo, na Escócia
A partícula derradeira — De todas as partículas previstas pelo Modelo Padrão, apenas uma não havia sido verificada em experimentos: o bóson de Higgs. Sua verificação tornou-se, portanto, uma questão de honra para os teóricos. Mas não foi fácil. Os primeiros aceleradores de partícula não foram capazes de encontrá-lo. Nem os de segunda geração. Foi preciso investir 10 bilhões de dólares para a construção do Large Hadron Collider, um gigantesco anel de 27 quilômetros de diâmetro na fronteira franco-suíça, potente o suficiente para esmagar prótons a uma velocidade próxima a da luz e oferecer as condições para procurar o bóson de Higgs em regiões energéticas desconhecidas até então pela ciência. Embora não fosse seu único objetivo, a busca pelo bóson de Higgs é a principal vitrine do LHC e o principal argumento para convencer governos a gastar dinheiro público em um empreendimento de ambições puramente teóricas.
A próxima jornada – A longa espera chegou ao fim nesta quarta-feira. Isso explica o entusiasmo com que cientistas ao redor do planeta programaram encontros festivos para receber o anúncio do pesquisadores do LHC. O próprio Peter Higgs foi convidado para o anúncio. Após os resultados, disse aliviado. “Acho que o encontramos”. Em uma coletiva de imprensa na Escócia, nessa sexta-feira, disse algo que estava engasgado há mais de 40 anos.“É muito bom estar certo.”
No Brasil, a Universidade Estadual Paulista (Unesp) organizou uma espécie de 'café da madrugada', com suco e salgadinhos para professores, estudantes e jornalistas na sala de computação do campus da Barra Funda, em São Paulo. Um telão exibia ao vivo o anúncio dos cientistas do LHC. Físicos brasileiros, como Sérgio Novaes e Hélio Takai, um em Genebra e outro em Nova York, vibraram com os resultados. "É, sem dúvida, o resultado mais importante dos últimos 30 anos na Física de Partículas", disse Novaes, emocionado, por teleconferência. Líder de um grupo de pesquisa da Unesp, Novaes trabalha em um dos experimentos que detectaram o bóson de Higgs e publicou — no início da década de 1980 — um dos primeiros artigos que descreviam como encontrar a partícula.
A verificação experimental do bóson de Higgs não significa a vitória completa da ciência sobre a natureza, ainda. Embora o Modelo Padrão seja a melhor descrição do mundo subatômico, ele diz respeito a apenas 4% do universo visível. O restante (96%) corresponde à matéria escura e à energia escura. Alguns cientistas ainda consideram o modelo pouco elegante por omitir a natureza da gravidade, considerada uma das forças fundamentais. São questões que ocuparam e ocupam as mentes dos mais brilhantes cientistas, como Albert Einstein, que perseguiu uma teoria unificadora até o fim de seus dias, e Stephen Hawking, que ainda luta pelo mesmo objetivo a despeito de sua condição física paralisante. Talvez o Modelo Padrão seja parte de um modelo ainda maior que inclui uma física ainda desconhecida, como propõe a Teoria de Cordas, escondida no mundo subatômico ou nos remotos e obscuros confins do universo. A incrível saga do bóson de Higgs parece ter chegado ao fim. Mas a jornada científica para entender os outros 96% do universo ainda está longe de acabar.

Imagina no Leblon: o desfiladeiro de Sérgio Cabral

Rio de Janeiro

Como o governador do Rio se tornou o alvo principal dos manifestantes, um mês depois de iniciados os protestos e com passeatas esvaziadas no resto do país

João Marcello Erthal e Cecília Ritto
Governador Sérgio Cabral é o mais atacado nos protestos do Rio de Janeiro
Governador Sérgio Cabral é o mais atacado nos protestos do Rio de Janeiro (Marcelo Fonseca/Folhapress)
Diante do crescimento dos protestos, o governador acusou uma “antecipação de campanha” nociva ao Rio de Janeiro. O primeiro a levantar bandeiras para 2014, no entanto, foi o próprio PMDB, com o prefeito reeleito Eduardo Paes anunciando Pezão como pré-candidato já no discurso de comemoração ao resultado das urnas em 2012
Passado um mês do início dos protestos pela redução das passagens de ônibus, o Rio de Janeiro mantém, no eixo entre o Leblon e o Palácio Guanabara, um foco permanente de manifestações. Os endereços de residência e trabalho do governador Sérgio Cabral são os pontos de encontro de grupos que pedem desde o cancelamento da Copa do Mundo de 2014 até a suspensão das concessões de linhas de ônibus na cidade – dois assuntos fora da alçada de decisão do Executivo do estado. O desfiladeiro da popularidade do peemedebista reeleito em primeiro turno em 2010, com a maior vantagem já obtida em uma eleição para o governo (66%), começou a ser cavado ainda em 2011, quando um acidente de helicóptero expôs a proximidade com o empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta e detentor de contratos milionários com o governo. Menos de um ano depois, o mesmo empresário apareceu em fotos de uma viagem a Paris ao lado do governador e seu primeiro escalão, no episódio que ficou conhecido como o escândalo dos guardanapos. Desde então, a visibilidade dos grandes eventos no Rio, palco da final da Copa das Confederações, e as críticas à atuação da Polícia Militar aumentaram o abismo entre o Guanabara e a rua – separados atualmente por duas fileiras de alambrados.
“O mandato do governador do Rio se fragilizou com a exposição de questões éticas e morais. E a pauta das ruas passa justamente por essas duas questões. Cabral encarnou isso e tornou-se o principal alvo dos manifestantes”, explica o sociólogo Paulo Baía, da UFRJ, que estuda há seis anos demandas por reconhecimento, direito e respeito que parte de ações nas ruas.
Baía aponta a ausência do governador como uma falha na estratégia adotada por Cabral para lidar com os protestos. “Nos outros estados, governadores e prefeitos foram rápidos em tomar algum tipo de medida para oferecer algum tipo de resposta. A Câmara, o Senado e a Presidência foram pelo mesmo caminho. Cabral não, e acabou perdendo base no setor que mais o apoiava, a classe média mais abastada”, analisa. Cabral optou por ficar fora de um momento decisivo da reação aos protestos. Apesar de escalado para anunciar, ao lado do prefeito Eduardo Paes, a redução nas tarifas de transporte interestadual, preferiu não aparecer, deixando para o afilhado político o anúncio. Rompeu, assim, o combinado entre os governantes do Rio e de São Paulo, onde o prefeito petista Fernando Haddad comunicou o recuo no reajuste ao lado do governador Geraldo Alckmin.
Cabral não foi o único com dificuldade de entender o grito das ruas. Mas algumas declarações infelizes indicam um descompasso com o tom dos protestos. Quando vieram à tona as viagens diárias do governador no helicóptero do estado, usado também para levar família, empregados e o cachorro Juquinha para os fins de semana em Mangaratiba, ele se defendeu alegando não ser o único. “Não sou o primeiro a fazer isso no Brasil. Outros fazem também, e faço de acordo com o cargo que eu ocupo. Não é nenhuma estripulia”, afirmou.
Naquele momento, como agora, os manifestantes interpelaram os governantes não só pelo que consideram ilegal, mas pelos abusos que parecem ‘acobertados’ pela legalidade. “No primeiro mandato, as notícias sobre Cabral eram positivas. E ele tem mérito: trouxe de volta a autoestima do estado. No segundo mandato, no entanto, lutas políticas fizeram vazar questões antiéticas, com a exposição de uma simbiose entre as esferas pública e privada”, diz Baía.
VEJA.COM

TCU recomenda paralisação de sete obras públicas — quatro são do PAC

Infraestrutura

A recomendação indica risco de prejuízo ao governo ou a terceiros, mas caberá ao Congresso determinar que as obras sejam paralisadas

Trem na Ferrovia Norte-Sul
Trem na Ferrovia Norte-Sul: TCU recomenda paralisação da obra (Edsom Leite/Ministério dos Transportes )
O Tribunal de Contas da União (TCU) recomendou a paralisação de sete obras públicas, sendo que quatro integram o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Tal alternativa só é sugerida pelo órgão para casos em que haja potencial risco de prejuízo ao governo ou a terceiros. Caberá ao Congresso aceitar ou não a recomendação e mandar parar as construções.
O TCU encontrou irregularidades nos seguintes investimentos do PAC: o trecho da Ferrovia Oeste-Leste (Fiol) entre Caetité e Barreiras, na Bahia; o trecho da Ferrovia Norte-Sul em Tocantins; a construção e pavimentação da BR-488 no Rio Grande do Sul, e a edificação de ponte sobre o Rio Araguaia na BR-153, em Tocantins. Todas essas obras já haviam recebido a mesma recomendação do TCU em fiscalização feita há um ano.
No caso da Fiol, o órgão apontou como causa das irregularidades o projeto básico deficiente. Na Norte-Sul, a questão foi o sobrepreço encontrado em serviços, insumos e encargos. Na BR-448 (RS), o TCU descobriu itens superfaturados, enquanto na ponte sobre o Rio Araguaia, o projeto básico também foi considerado deficiente e o preço da obra estava acima das práticas de mercado.
O TCU recomendou também a retenção parcial do repasse de recursos para outras seis obras do PAC: o canal do Sertão (AL); trens urbanos de Salvador (BA); trens urbanos de Fortaleza (CE); o trecho da Ferrovia Norte-Sul em Goiás; construção da Refinaria Abreu e Lima em Recife, além de obras de infraestrutura hídrica e da adutora Pirapama (PE). Também caberá ao Congresso aceitar ou não a recomendação.
O Tribunal também sugeriu que outras obras públicas (e que não fazem parte do PAC) sejam suspensas: o esgoto sanitário em Pilar, em Alagoas; avenida Marginal Leste – controle de enchente no Rio Poty, em Teresina (PI) e construção de vila olímpica em Parnaíba (PI).
A fiscalização do TCU foi feita numa amostra de 136 obras financiadas total ou parcialmente com recursos da União, entre julho de 2012 e junho de 2013, nas áreas de aviação, transporte, energia, educação e infraestrutura hídrica. A dotação orçamentária dessas obras neste ano somou 34,7 bilhões de reais. As informações são enviadas ao Congresso para subsidiar a Lei Orçamentária Anual de 2014. De acordo com o TCU, as ações realizadas em 2013 produziram benefícios efetivos de 484 milhões de reais.
(Com Estadão Conteúdo)

"Em 2014, tetraplégico vai dar o pontapé inicial da Copa do Mundo usando um exoesqueleto", promete neurocientista

Neurociência

O brasileiro Miguel Nicolelis, diretor do laboratório de neuroengenharia da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, trabalha na criação de uma veste robótica para transformar sinais cerebrais em movimentos

Jones Rossi
Cientista e professor Miguel Nicolelis em seu laboratório na Duke University em Durham, Carolina do Norte
Cientista e professor Miguel Nicolelis em seu laboratório na Duke University em Durham, Carolina do Norte (Gilberto Tadday )
No mesmo dia em que o Santos venceu a Copa Libertadores, 22 de junho, o neurocientista (e palmeirense fanático) Miguel Nicolelis mostrou seus planos ambiciosos para a Copa de 2014. Diretor do laboratório de neuroengenharia da Universidade Duke, nos Estados Unidos, Nicolelis não apresentou nenhuma artimanha secreta para o Brasil conquistar o hexa. Seu projeto é mais importante: prometeu que o pontapé inicial do jogo de abertura da Copa será dado por um adolescente tetraplégico usando um exoesqueleto, uma veste robótica controlada por pensamentos. Em cima do palco no qual a Osesp costuma se apresentar, recebeu os aplausos entusiasmados da plateia que lotou a Sala São Paulo para ouvir sua palestra.
A apresentação faz parte de uma série de eventos relacionados ao lançamento do livro Muito Além do Nosso Eu – A nova neurociência que une cérebro e máquinas, e como ela pode mudar nossas vidas (552 páginas, Companhia das Letras). “Foram muitos anos de pesquisa, e o livro é uma forma de apresentar as teorias que consolidamos nesse período”, diz Nicolelis (assista à entrevista em vídeo).
Formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, o cientista paulistano mudou-se para os Estados Unidos em 1989 e desde 1994 dirige o laboratório de neuroengenharia da Universidade Duke. Seu prestígio só cresceu nos últimos anos, principalmente graças às pesquisas com o que ele batizou de interfaces cérebro-máquina (ICM). “São sensores capazes de captar a atividade elétrica dos neurônios, decodificá-la, remetê-la a artefatos robóticos e depois de volta para o cérebro por meio de sinais visuais, táteis ou elétricos”, explica. 
Na prática, as ICMs transformam os pensamentos em comandos digitais que as máquinas podem entender. O exoesqueleto imaginado por Nicolelis vai funcionar dessa maneira. Chips minúsculos colocados no cérebro ou na medula do paciente vão captar os sinais gerados pelo cérebro e transformá-los em comandos como “mover o pé direito” ou “chutar a bola”. “Os quadriplégicos continuam pensando nos movimentos. Vamos transformar essa intenção elétrica em movimento”, afirma o cientista, confiante.
Jim Wallace/Duke University/AP
Cientista e professor Miguel Nicolelis (2000)
Cientista e professor Miguel Nicolelis (2000)
"Os limites do corpo são irrelevantes" — As ICMs já foram testadas no tratamento de doenças como Parkinson. No começo da pesquisa, ainda na década de 90, animais modificados geneticamente para desenvolver a doença em um estágio avançado receberam chips que faziam a estimulação elétrica do cérebro. Ao serem acionados, eles aliviavam os sintomas da doença.  Hoje, pesquisas das universidades da Califórnia e de Brown usam ICMs mais modernas em seres humanos não só para o Parkinson, mas também para controlar crises epiléticas. Segundo Nicolelis, os implantes reduziram em 80% as crises.
Mas a grande revolução que permitiu Nicolelis sonhar com o garoto de exoesqueleto na Copa do Mundo veio em 2002. Uma macaca chamada Aurora foi treinada para, usando um joystick, direcionar um cursor na tela de um monitor para dentro de um círculo. Cada vez que conseguia, era recompensada com suco de laranja. Enquanto isso, sensores registravam a atividade cerebral. Depois o joystick foi tirado, e uma ICM, implantada. A partir de então, para controlar o cursor, tudo que Aurora precisava fazer era pensar no movimento, e o sinal era enviado ao braço robótico. “Foi a primeira vez que um cérebro de primata se libertou do corpo”, diz Nicolelis.
Experiências mais sofisticadas foram realizadas em seguida, como adicionar mais um braço robótico para Aurora controlar. Com o teste, veio a descoberta de que alguns neurônios só entram em ação justamente quando a prótese é utilizada, como se o cérebro já tivesse nascido evoluído para usar essas ferramentas. "Os limites do corpo são irrelevantes", diz.

'Brainet'

Em breve, Nicolelis e sua equipe na Universidade de Duke deverão apresentar à comunidade científica sua mais nova criação: uma interface cérebro-máquina wireless, embrião do que Nicolelis chama brainet, uma espécie de internet controlada por pensamento. Nessa versão idealizada pelo cientista, nossa atividade elétrica cerebral viajaria pelo ar como ondas de rádio. “Imagine viver num mundo em que as pessoas usam computadores, dirigem carros e se comunicam simplesmente por meio do pensamento.” A criação da brainetatualmente, no entanto, é impossível. As ICMs atuais não conseguem captar os sinais de mais de mil neurônios ao mesmo tempo e perdem a eficácia após algum tempo, devido ao desgaste do tecido cerebral. Nos moldes pensados por Nicolelis, a brainet dispensaria o uso de chips.

No vídeo abaixo, ele explica como funcionaria a brainet:

Avatar — Outra experiência, chamada de Macaco-Avatar (antes do filme de James Cameron ser lançado), reforçou as convicções de Nicolelis. O experimento consistia em estimular o braço real e um braço virtual, projetado em uma tela, como se fosse do próprio macaco, ao mesmo tempo. Surpresa: neurônios que só deveriam responder a estímulos táteis do próprio corpo responderam como se o braço virtual fosse parte do corpo real. Anos depois, com ICMs que captavam e mandavam mensagens de volta para o cérebro, foi criado o primeiro simulador virtual com que macacos controlavam e sentiam os movimentos de avatares.
Em janeiro de 2008, Miguel Nicolelis e Gordon Cheng, então no laboratório de neurociência computacional de Kyoto, no Japão, testaram a primeira ICM intercontinental. A macaca Idoya foi colocada sobre uma esteira. Eletrodos implantados em seu cérebro monitoravam a atividade cerebral e os dados eram transmitidos por meio de uma conexão de alta velocidade do laboratório de Nicolelis, na Carolina do Norte, até Kyoto, onde um robô usava os sinais para andar. Depois de uma hora, Idoya parou de andar, mas continuou controlando o robô com o cérebro. Foi a primeira vez que sinais cerebrais foram usados para fazer um robô andar. 
A experiência foi a embriã do Walk Again Project (Projeto Voltar a Andar). As escolas politécnicas de Munique, na Alemanha, e Lausanne, na Suíça, trabalham na construção do exoesqueleto de corpo inteiro que permitirá que a atividade cerebral seja lida, decodificada e transformada em comandos digitais. Ainda há alguns problemas a serem resolvidos, como a duração da bateria e seu tamanho. De qualquer forma, será uma veste para ser usada apenas algumas horas por dia. Mas para Nicolelis é um caminho sem volta. “Vai acontecer. É difícil, mas realizável."

Chico Buarque - Cinema (2006)

"No futuro, as pessoas vão experimentar sensações para as quais não nasceram equipadas para perceber"

Entrevista 

Segundo o neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, "essa é a primeira demonstração de uma interface cérebro-máquina que realmente aumenta a capacidade perceptual de um mamífero"

Guilherme Rosa
Miguel Nicolelis, Neurocientista
O neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis: para ele, a pesquisa demonstra, pela primeira vez, o potencial de expandir o alcance perceptivo de uma espécie. "Fizemos com que o cérebro passasse a responder a grandezas físicas que o corpo biológico não é capaz de processar" (Manoel Marques)
A pesquisa divulgada nesta terça-feira na revista Nature Communications, na qual a equipe coordenada pelo neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis foi capaz de criar um 'sexto sentido' em ratos, tornando-os capaz de sentir a luz infravermelha, faz parte de um grande projeto chamado Walk Again (Andar de Novo). A ideia do cientista é usar os microimplantes cerebrais para controlar de modo mais preciso próteses mecânicas. A equipe trabalha no desenvolvimento do primeiro exoesqueleto de corpo inteiro, destinado a restaurar a mobilidade em pacientes paralisados. A primeira demonstração desta tecnologia está prevista para acontecer no jogo de abertura da Copa do Mundo de 2014.

A última conquista da equipe foi conseguir gravar os sinais de quase 2.000 células cerebrais ao mesmo tempo, um número inédito. No futuro, os pesquisadores esperam registrar a atividade elétrica produzida simultaneamente por 10.000 neurônios corticais, necessária para o funcionamento pleno do equipamento.

A atual pesquisa que conferiu aos ratos a habilidade de perceber luz infravermelha também é importante para o projeto, pois permitirá um novo tipo de comunicação entre o paciente e o exoesqueleto. Atualmente, os cientistas tentam fazer com que o eletrodo no cérebro dos pacientes transmita respostas tácteis para permitir que ele sinta os movimentos feitos pelas vestes robóticas. Mas, a partir da nova experiência, a resposta do equipamento também poderá se dar na forma de um sinal de rádio ou luz infravermelha, que daria mais velocidade à comunicação.

Em entrevista ao site de VEJA, Miguel Nicolelis, chefe do laboratório de neuroengenharia da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, e diretor científico do Instituto Internacional de Neurociências de Natal, salienta, no entanto, que a pesquisa representa mais do que apenas um simples passo na construção do exoesqueleto. Ela demonstra, pela primeira vez, o potencial de expandir o alcance perceptivo de uma espécie. "Fizemos com que o cérebro passasse a responder a grandezas físicas que o corpo biológico não é capaz de processar", afirma Nicolelis. As possibilidades abertas pelo experimento são enormes e, no limite, representam a quebra dos limites impostos ao corpo humano. "No futuro, poderemos criar próteses para fazer com que pessoas experimentem novas sensações — sensações para as quais não nascemos equipados para perceber." 
Em sua pesquisa, os ratos realmente adquiriram um novo sentido? Foi exatamente isso que aconteceu. Por meio da prótese, os ratos passaram a poder perceber a luz infravermelha, que é invisível para os mamíferos. Eles começaram a perceber a luz como um estímulo tátil, de modo diferente do qual captam a luz normalmente. Em todos os efeitos, trata-se de um novo sentido.
Como os ratos interpretavam o sinal de luz infravermelha? Não sabemos – os ratos não são capazes de nos relatar sua experiência. Mas estamos reproduzindo o estudo em macacos, e um deles já aprendeu a sentir a luz de modo semelhante aos ratos. Tudo leva a crer que eles interpretam o sinal como um estímulo táctil: uma nova modalidade em que os animais percebem pelo tato a presença de luz que ele não consegue enxergar pelos olhos.
Como os ratos reagiram ao novo estímulo? Eles começaram a desenvolver uma nova estratégia comportamental. O animal começou a mover a cabeça em movimentos laterais, como se fosse um morcego. Assim, ele procurava a fonte de luz, e conseguia encontrar a recompensa. Seus movimentos lembravam o de um radar, em busca da luz. 
E qual era seu comportamento quando o dispositivo era desligado? Depois de algumas semanas, o animal passa a querer usar essa nova capacidade. Quando desligamos o dispositivo, eles ficam aflitos, porque se acostumam com a possibilidade de encontrar as fontes de luz infravermelha. Quando ligamos o aparelho, dá para perceber que eles ficam mais tranquilos. O novo sentido passou a fazer parte da rotina dele.
O que essa pesquisa representa? Até agora, se pensava que o córtex táctil só era capaz de processar as sensações táteis que conhecemos. Nós ultrapassamos um limite que se pensava impossível, uma barreira que era quase dogmática. Em teoria o trabalho mostra que qualquer outro sinal físico que não percebemos normalmente - como raios-x, ondas de radio, ondas eletromagnéticas – podem ser percebidos pelo cérebro. Essa é a primeira demonstração de uma interface cérebro-máquina que realmente aumenta a capacidade perceptual de um mamífero. Todas as demonstrações até hoje apenas restauravam funções corporais perdidas. Dessa vez, nós demos uma nova função ao animal.
Como esse estudo poderá ser usado no desenvolvimento do Projeto Walk AgainEla abre uma nova porta para o exoesqueleto se comunicar com o cérebro dos pacientes. Podemos usar luz para isso, que é transmitida muito mais rapidamente do que qualquer outro sinal.
Como está o cronograma do projeto? O senhor acredita que o exoesqueleto estará pronto para a Copa de 2014? As pesquisas estão dentro do ritmo planejado. É um projeto extremamente desafiador, mas estamos dentro da agenda. Temos quatro trabalhos muito importantes prestes a serem publicados. Não posso entrar em detalhes, mas adianto que uma das interfaces é ainda mais inesperada que a da pesquisa atual, uma tecnologia que não foi sequer cogitada.

Chico Buarque - Uma Palavra (2006)


Laboratório de Nicolelis faz macacos controlarem o movimento de dois braços virtuais só com o pensamento

Neurociência

Capacidade de mover dois membros virtuais ao mesmo tempo deve ajudar no desenvolvimento de novas interfaces cérebro-máquina, como o exoesqueleto que o neurocientista pretende demonstrar na abertura da Copa do Mundo

Guilherme Rosa
Miguel Nicolelis
A pesquisa de Miguel Nicolelis mostrou que os movimentos do corpo são criados a partir da atividade de um grande conjunto de neurônios. Nesse estudo, foi necessário o registro de mais de 500 — o maior número analisado até hoje(Gilberto Tadday)
Em um novo estudo divulgado nesta quarta-feira, pesquisadores descrevem como conseguiram fazer com que macacos aprendessem a usar apenas a mente para controlar o movimento de duas mãos virtuais, exibidas na tela de um computador. O feito foi atingido por uma equipe de cientistas liderada pelo neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, na Universidade Duke, nos Estados Unidos. Eles conseguiram, pela primeira vez, registrar a atividade cerebral dos animais de forma tão detalhada que eles foram capazes de controlar, não apenas um, mas dois braços.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: A Brain-Machine Interface Enables Bimanual Arm Movements in Monkeys

Onde foi divulgada: periódico Science Translational Medicine

Quem fez: Miguel Nicolelis, entre outros pesquisadores

Instituição: Universidade Duke, nos Estados Unidos, entre outras

Dados de amostragem: Dois macacos rhesus, que tiveram quase 500 neurônios analisados pelos cientistas

Resultado: Os macacos aprenderam a controlar o movimento de dois braços virtuais apenas com seu pensamento
Os movimentos bimanuais, como o ato de digitar em um teclado ou abrir uma lata, são fundamentais na rotina humana, mas, até agora, os cientistas não haviam conseguido registrar a atividade cerebral responsável por eles. Em pesquisas anteriores, Nicolelis já havia criado interfaces cérebro-máquina-cérebro que permitiram a um macaco mover e sentir uma mão na tela de um computador. Mas o procedimento para fazer com que o animal mova dois membros ao mesmo tempo é mais complicado.
Segundo o cientista, a atividade cerebral responsável pelo movimento bimanual não corresponde à simples soma do movimento de ambas as mãos — ela é muito mais complexa. "Em nossa pesquisa, descobrimos que o cérebro faz a computação desse movimento de uma maneira não linear. Ou seja, não bastava somar os sinais das duas mãos", diz o Miguel Nicolelis, em entrevista ao site de VEJA. "Para desenvolver um modelo que levasse em consideração o movimento simultâneo dos dois braços, tivemos que registrar a atividade de quase 500 neurônios — o maior número analisado em qualquer estudo publicado até agora."
Exoesqueleto — A pesquisa, publicada na revista Science Translational Medicine, é parte importante do Projeto Andar de Novo, no qual Nicolelis pretende construir um exoesqueleto que poderá ser operado por tetraplégicos apenas com seu pensamento. O cientista quer fazer a primeira demonstração do equipamento durante a cerimônia de abertura da Copa do Mundo, no ano que vem. Para o exoesqueleto funcionar, no entanto, é necessário que os voluntários sejam capazes de controlar o movimento de vários membros ao mesmo tempo.

Saiba mais

INTERFACE CÉREBRO-MÁQUINA-CÉREBRO
São sensores capazes de captar a atividade elétrica dos neurônios, decodificá-la, remetê-la a artefatos robóticos e depois de volta para o cérebro por meio de sinais visuais, táteis ou elétricos. Na prática, as ICMCs transformam os pensamentos em comandos digitais que as máquinas podem entender.
No novo experimento, os pesquisadores analisaram a atividade de quase 500 neurônios espalhados por diferentes áreas dos dois hemisférios cerebrais de uma dupla de macacos rhesus. Os animais foram colocados de frente a uma tela de computador, na qual podiam enxergar os braços e mãos de um avatar de macaco. A partir de um algoritmo, os cientistas transformaram a atividade elétrica captada em seus cérebros em comandos para controlar os membros virtuais.
Durante o período de treinamento, os animais foram encorajados a colocar essas mãos virtuais dentro de alvos quadrados que apareciam na tela. Depois de alguns instantes em contato com os quadrados, estes desapareciam, e surgiam dois círculos, para os quais os macacos deveriam mover novamente suas mãos. A cada vez que realizavam o movimento de maneira correta, ganhavam um gole de suco como prêmio.
Conforme o tempo passava — e os macacos aprendiam a controlar as mãos virtuais —, os cientistas observaram que o próprio cérebro dos animais estava se alterando. Segundo Nicolelis, isso confirma os resultados de um experimento anterior de sua equipe, que havia mostrado que o cérebro é capaz de integrar objetos externos à imagem que tem de seu próprio corpo. "Nesse caso, o avatar passou a fazer parte da representação de corpo criada pelo cérebro do animal. O macaco literalmente assimilou os braços artificiais como se fossem seus", diz Nicolelis.
Centro de Neuroenenharia de Duke
Após o treinamento, o cérebro dos macacos assimilou os braços do avatar virtual como se fizessem parte de seu corpo real
Sem as mãos — Ao fim do estudo, os dois macacos tinham se tornado capazes de controlar de forma satisfatória o movimento conjunto das duas mãos virtuais. E eles podiam fazer isso enquanto estavam parados, sem que os movimentos na tela do computador fossem acompanhados por movimentos de suas mãos reais — usando apenas seu cérebro.
Segundo os pesquisadores, isso é importante porque um dos principais objetivos das interfaces cérebro-máquina é criar próteses ou exoesqueletos que possam restabelecer o movimento de pacientes amputados ou paralisados. Se movimentos reais fossem necessários para a operação desses equipamentos, seu próprio objetivo estaria comprometido. "Isso é muito importante para nossa pesquisa, pois essa é exatamente a estratégia de treinamento que iremos usar nas salas virtuais que construímos em Natal e em São Paulo, para o Projeto Andar de Novo", diz Nicolelis.

“Estamos dentro do prazo para o exoesqueleto ser apresentado na abertura da Copa”

Miguel Nicolelis
Chefe do laboratório de neuroengenharia da Universidade de Duke, EUA, e diretor científico do Instituto Internacional de Neurociências de Natal

Em uma pesquisa anterior, seu grupo de pesquisa havia conseguido fazer com que um macaco controlasse o movimento de uma mão virtual usando seu pensamento. Qual a diferença para a pesquisa atual, na qual os macacos moveram duas mãos? Desta vez foi muito mais complicado. Muita gente pensava que só precisávamos saber como os neurônios se comportam quando o braço direito e o esquerdo se movem de forma independente, e somar o resultado. Mas mostramos que não é assim. O cérebro faz a computação desse movimento de maneira não-linear — a atividade dos neurônios responsáveis pelo ação bimanual não é uma simples soma das atividade das duas mãos.
E como vocês superaram essa dificuldade? Nós tivemos que descobrir outra maneira de usar os neurônios para prever o movimento conjunto das duas mãos — essa é a grande sacada deste trabalho. Medimos quase 500 neurônios, distribuídos em várias áreas do lóbulo frontal e parietal. Em nosso artigo, publicamos um gráfico que compara o número de neurônios que conseguíamos registrar com a acurácia dos movimentos das mãos virtuais. Ela é uma escala logarítmica: ao analisar menos neurônios, reduzíamos em muito a performance da interface.
Como foi o processo de aprendizado desses macacos? Outra novidade desse trabalho é que, pela primeira vez, nós treinamos um animal que não precisou se mexer para aprender a controlar a interface. O primeiro macaco usado no estudo começou usando suas mãos, e depois só o pensamento. Mas o segundo nem precisou usar as mãos. Ele só observou a trajetória das mãos virtuais na tela do computador e aprendeu o que era necessário fazer para controlar os braços do avatar só com o cérebro. Isso é muito importante para nossa pesquisa, pois essa é exatamente a estratégia de treinamento que iremos usar nas salas virtuais que construímos em Natal e em São Paulo, para o Projeto Andar de Novo. Nós usamos toda a informação que aprendemos durante esse estudo para construir os equipamentos que já estão operando no Brasil.
Como essa pesquisa se insere no processo de construção do exoesqueleto do Projeto Andar de Novo? Ela foi muito importante, pois o regime de treinamento do segundo macaco, que só observa seus movimento pela tela do computador até aprender a controlá-los, é a estratégia  que decidimos usar para treinar os nossos pacientes. Antes de vestir o exoesqueleto, os voluntários vão interagir com avatares deles próprios, para treinarem como usar a atividade de seu cérebro de modo a controlar o equipamento. A pesquisa também será importante para uma segunda fase do desenvolvimento do exoesqueleto, onde iremos colocar braços no equipamento. Depois da Copa, devemos começar a trabalhar nisso.
Os testes no Brasil já começaram? Nossos cientistas já testaram o aparelho neles mesmos. Usaram o eletroencefalograma para controlar o avatar em uma sala virtual que simula um ambiente de estádio de futebol, com barulho de torcida, flashes de câmera fotográfica. O equipamento funcionou: eles conseguiram controlar o avatar. Nesse momento nós já terminamos a construção do laboratório na AACD, em São Paulo, e estamos começando a testar os voluntários. Estamos dentro do prazo para que o exoesqueleto seja apresentado durante a abertura da Copa

PF prende quadrilha acusada de fraudar a Fazenda

Corrupção

Segundo investigação, funcionários do Serpro inseriam dados falsos no sistema da Fazenda para eliminar dívidas tributárias de contribuintes e obter certidões negativas

Fachada da Polícia Federal de São Paulo
Fachada da Polícia Federal de São Paulo (Fotoarena)
A Polícia Federal prendeu onze pessoas nesta quarta-feira, entre eles funcionários do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), acusadas de formarem uma quadrilha que fraudava a Fazenda Nacional. O prejuízo aos cofres públicos pelo não recolhimento dos tributos pode chegar a 1 bilhão de reais, segundo as investigações.

A ação, batizada de Operação Protocolo Fantasma, é realizada em conjunto com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional e a Receita Federal. Foram cumpridos 54 mandados de busca e apreensão na região metropolitana de São Paulo.

De acordo com a PF, a investigação começou após a constatação pela Procuradoria da Fazenda da existência de processos administrativos fictícios em seu sistema. Funcionários do Serpro cedidos à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional e à Receita Federal inseriram dados falsos no sistema para eliminar dívidas tributárias de contribuintes. O grupo também visava obter certidões negativas da Fazenda para permitir a contratação de empréstimos bancários e participação em licitações públicas.

Os investigados responderão pelos crimes de divulgação de segredo, formação de quadrilha, falsidade ideológica, corrupção passiva e ativa e crime contra a ordem tributária.

O que Chico Buarque faz no verão em Paris


Chico Buarque nas ruas de Paris
Chico Buarque nas ruas de Paris Foto: João Wainer / Divulgação
Fernando Eichenberg, correspondente - O Globo

PARIS - Após a longa turnê brasileira de seu show "Chico", Chico Buarque rumou para dias de descanso em Paris. Apesar de seu período de autoexílio em Roma, em 1969 e 1970, foi a capital francesa que o compositor e escritor acabou elegendo como seu refúgio europeu. O autor de "Joana Francesa" aprecia pedalar pela cidade na companhia da namorada, observar os casais dançantes à beira do Sena e jogar peladas no gramado dos Invalides.
O GLOBO: Um almoço?
CHICO BUARQUE: Num café por aí, saladas com anchovas ou queijo de cabra. Ou uma crepe na Rue du Temple, para comer andando. Quiches na Place des Vosges ou na Ile Saint-Louis; tartare de salmão no La Tartine, na Rue de Rivoli.
Um jantar?
CHICO: No Le Petit Pontoise, no L’Ami Louis, no La Méditerranée, num indiano da Rue Dauphine. De vez em quando num restaurante italiano, para falar italiano.
Um museu?
CHICO: Beaubourg, o do Mundo Árabe e o do Quai Branly, pela arquitetura. O Museu Picasso, sempre. Vi maravilhas no Grand Palais, vi Hélio Oiticica no Jeu de Paume. Tem o Museu da Mágica, para levar as netas, na Rue Saint-Paul, em frente à casa do Jorge Amado. Por perto, tem até um Museu da Fechadura.
Uma livraria?
CHICO: Michèle Ignazi, na Rue de Jouy, no Marais. O que não tiver, a moça arranja.
Um passeio?
CHICO: De bicicleta com a Thaís (Gulin, a namorada), até a outra ponta da cidade. Pausa para um cachorro-quente.
Um local?
CHICO: Place de Furstenberg, em Saint-Germain.
Um vinho?
CHICO: Bourgogne, Bourgogne.
Uma canção e/ou músico?
CHICO: Jacques Brel, que era belga. E Charles Aznavour, armênio, cantando "Poker".
Um filme?
CHICO: "Acossado". Eu imitava aquelas caretas de Jean-Paul Belmondo.
Uma atriz francesa?
CHICO: Jeanne Moreau.
Um livro ou um escritor francês?
CHICO: Os dois primeiros do Céline. "O estrangeiro", de Camus. E particularmente Boris Vian, com "A espuma dos dias".
Uma lembrança?
CHICO: Paris, 1953, mulheres com os peitos de fora, nas bancas de revista e nas vitrines dos cabarés. Papai que me mostrou.
Uma surpresa?
CHICO: Papaia, no mercadinho da esquina.
Um hábito?
CHICO: Andar lá embaixo na beiradinha do Sena. Fazer xixi debaixo de uma ponte.
Um teatro?
CHICO: O Cirque d’Hiver.
Um prato francês?
CHICO: As entradas.
Manhã, tarde ou noite em Paris?
CHICO: Fim de tarde, noite. Fim de noite na Bastilha, ou no Quai Saint-Bernard, as pessoas dançando à beira do rio.
Uma partida de futebol?
CHICO: Pelada no gramado esburacado do Invalides, até a polícia chegar.
Um time francês?
CHICO: Paris Saint-Germain.
Um mistério francês?
CHICO: Johnny Hallyday.
Artes: Joana Portuguesa. Quem visitar o Palácio de Versalhes até o próximo dia 30 de setembro terá a oportunidade de conferir o singular trabalho de Joana Vasconcelos. A artista portuguesa foi convidada a expor suas gigantescas instalações contemporâneas nas suntuosas salas e nos recortados jardins do secular castelo dos reis da França. Com uma obra que mistura humor e provocação, a artista dedicou sua exposição às zeladoras portuguesas, bastante numerosas nos prédios franceses. Vetada pela curadoria do castelo, uma de suas mais célebres criações, um lustre de cinco metros de altura feito inteiramente de absorventes internos, poderá, no entanto, ser vista no espaço de arte parisiense Le Centquatre (104.fr), até o dia 18 de setembro.
Gastronomia: Baguette presidencial. O turista matinal que desejar degustar a mesma baguette presente à mesa do café da manhã do presidente francês François Hollande poderá comprar a sua na padaria do número 159 da Rue Ordener, no 18 arrondisement. Sébastien Mauvieux, de 37 anos, vencedor do Grand Prix da Baguette de Tradição Francesa 2012, tem o privilégio de ser o fornecedor do Palácio do Eliseu por um ano, até o concurso de 2013. Pâtissier formado na confeitaria Lenôtre, o padeiro presidencial abriu sua própria boulangerie na capital francesa há três anos, junto com a mulher. Segundo uma pesquisa de opinião, 85% dos franceses consideram a baguette uma especiaria gastronômica do país.


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