sábado 09 2012

Da série “Você vai acreditar no que eles dizem ou no que diz a lei?” — Governo do DF tem contrato milionário sob suspeita. Ou: “Pequena empresa”, grande negócio!



Por Gabriel Castro, na VEJA Online:
O governo do Distrito Federal assinou contratos milionários com uma empresa controlada pelo parceiro de um ex-deputado petista sem exigir dela certificado de regularidade com a Receita Federal, como pede a lei. A beneficiada é a Master Restaurante LTDA, companhia que controla, desde o fim do ano passado, oito restaurantes comunitários que servem refeições ao preço de 1 real. A legislação exige que uma empresa apresente certificado de regularidade com o Fisco ao firmar um contrato com o poder público. No caso da Master, entretanto, a norma foi desrespeitada.
Ao menos dois dos oito contratos foram assinados em 26 de dezembro de 2011, quando a companhia não tinha certidão comprovando estar quite com a Receita. O comprovante disponibilizado pela empresa havia perdido efeito um dia antes. A Secretaria de Desenvolvimento Social admite que havia irregularidade no momento da formalização dos contratos, mas alega ter dado novo prazo para que a empresa resolvesse a situação.
Os contratos, porém, foram assinados antes que a Master apresentasse uma nova certidão. O governo afirma que, nesse período, nenhum pagamento foi feito. Mas a manobra não tem sustentação legal, como mostra a Constituição: “Na assinatura do contrato ou da ata de registro de preços, será exigida a comprovação das condições de habilitação consignadas no edital”.
Parte do sucesso da Master talvez possa ser explicado pelas ligações da empresa: o responsável pela companhia é Maurício Pinto Braga, ligado ao ex-deputado petista Juvenil Alves. Braga comandou um tribunal arbitral de propriedade de Juvenil em Brasília. O ex-deputado federal, o mais votado do PT mineiro em 2006, chegou a ser preso em uma operação da Polícia Federal e foi cassado em 2009 por ter feito caixa 2 de campanha.
Pequena empresaOutro ponto em relação a Master chama a atenção. Embora tenha vencido a concorrência para controlar os oito restaurantes e servir 24.500 refeições por dia, - 13, 2 milhões em 18 meses de contrato - a empresa é, desde 2007, participante do Simples, um mecanismo fiscal que beneficia apenas as micro e pequenas empresas. A companhia recebeu, até agora, 4,7 milhões de reais do governo - faturamento já acima do limite máximo exigido para a participação no Simples.
O governo do Distrito Federal alega que o trâmite legal foi respeitado na contratação da companhia e afirma que o processo de seleção da Master promoveu uma economia de 10 milhões de reais por ano aos cofres públicos.
Por Reinaldo Azevedo
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Delta tinha a ficha suja desde 2010 segundo o próprio governo federal; no entanto, BNDES continuou a emprestar dinheiro à empresa com juros subsidiados. Luciano Coutinho tem de ir à CPI



Que país!
Há coisas realmente notáveis em Banânia quando a gente junta lé com lé, cré com cré. Reportagem de hoje do Estadão indica que a Delta — sim, a Delta! — recebeu R$ 139 milhões em financiamento do BNDES entre 2010 e 2011 — R$ 75,1 milhões só no ano passado. Aí o leitor exigente, que deve ser sempre severo com o analista ou o colunista, tem de perguntar: “E daí, Reinaldo? O que isso tem de errado? Ninguém sabia ainda que a empresa estava envolvida nessa sujeirada!”. Então vamos ver.
Há uma questão de fundo, claro!, nessa história toda: “Pra que serve, afinal de contas, o BNDES?, a Mamãe Gansa do capitalismo de estado no Brasil?”. Mas isso deixo para daqui a pouco. Quero me fixar em outro aspecto, que é um escândalo por si mesmo e deveria chamar, por óbvio, a atenção do Ministério Público.
Em 2010, a Operação Mão Dupla, da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União, constatou que a Delta estava envolvida em um monte de falcatruas: fraudes em licitações, superfaturamento, desvio de verbas, pagamentos de propina, pagamentos indevidos e uso de material de qualidade inferior ao contratado em obras de infraestrutura rodoviária sob o comando do Dnit. Havia outras 11 empresas no rolo.
É uma coisa fabulosa! Mesmo com a Controladoria-Geral da União tendo em mãos o currículo da Delta — e a CGU é um órgão diretamente ligado à Presidência da República —, a empreiteira assinou com o governo 31 novos contratos, no valor de R$ 758 milhões. E agora ficamos sabendo que isso ainda era pouco. O BNDES concedia generosos empréstimos a uma empresa pega fazendo pilantragem.
Vocês certamente sabem o que quer dizer o “S” em “Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social”! Por que um banco de fomento precisaria financiar uma construtora que não realiza investimentos de longo prazo, não busca inovação tecnológica, não está envolvida numa atividade de infraestrutura com prazo longo de retorno? Há muito o BNDES virou a caixa-preta do capitalismo de estado no Brasil, que vai elegendo, segundo os ventos da política, seus ganhadores e perdedores.
O Tesouro capta dinheiro no mercado com os juros da taxa Selic, injeta no BNDES, que o empresta a alguns eleitos com taxa subsidiada. O conjunto dos brasileiros arca com a diferença. A Delta, com a sua ficha suja desde 2010, não só continuou a celebrar contratos com o governo federal como estava na lista dos aquinhoados pelo bolsa-juro do BNDES. Parte da dinheirama servia para financiar uma impressionante rede de corrupção.
Tem de chamarCom a ficha que tinha, constatada pela Operação Mão Dupla, a Delta jamais poderia ter continuado a celebrar contratos com o governo; receber financiamento do BNDES, então, é um escárnio.
Há muito o ministro Jorge Hage, da Controladoria-Geral da União, deveria ter sido convocado pela CPI. Ele precisa dizer quais providências foram tomadas na sua esfera de competência para advertir a máquina pública de que uma das empresas contratadas por órgãos federais estava roubando o dinheiro dos brasileiros. Também Luciano Coutinho, presidente do BNDES, tem de ser chamado. Eu sou quase tentado a propor uma CPI só para o banco: quais são os critérios que a instituição leva em conta ao conceder um empréstimo? Os órgãos de investigação do governo são ao menos chamados a dizer se existe alguma pendência que diga respeito ao beneficiário da mamata — digo, do “financiamento”?
Todos os contratos celebrados por órgãos de estado com a Delta depois da Operação Mão Dupla são essencialmente imorais e suspeitos por sua própria natureza.
PS — Pergunta: as outras 11 empresas flagradas na “Operação Mão Dupla” continuam a fazer negócios normalmente com o governo federal? Algo a se verificar.
Por Reinaldo Azevedo
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Um lembrete para Lula — “Quos volunt di perdere dementant prius”



Nem sempre concordo com o jornalista e ex-deputado Fernando Gabeira, mas admito que já há muito ele tem se dedicado a temas que considero pertinentes. E tem se posicionado sobre eles com a devida responsabilidade. Mais: Gabeira fez parte da geração que escolheu o caminho da ditadura comunista para “corrigir o Brasil”. Não o aplaudo por seu suposto mea-culpa — esse nunca foi o ponto. Eu o aplaudo por sua adesão realmente sincera, sempre comprovada, aos valores universais da democracia. Infelizmente, não é o padrão. Muitos dos que são hoje beneficiários da democracia a têm como mero valor tático.
No Estadão de hoje, ele escreve um excelente artigo intitulado “Lula e nosso futuro comum”. Correto da primeira à última linha, que remete a um ditado latino, sem autoria: “Os deuses primeiro enlouquecem aqueles a quem querem destruir”, ou em latim: “Quos volunt di perdere dementant prius”. A citação no singular é mais conhecida: “Quem vult deus perdere dementat prius” — “Deus primeiro enlouquece aquele a quem quer destruir”. O problema de “deus”, no singular, é que a frase parece remeter ao Deus único, este nosso (ou meu, hehe), não àqueles vários do paganismo, que viviam atazanando os homens. Mas isso também tem explicação. Uma das variantes do ditado era com Júpiter: “Quem vult Jupiter…”. E Júpiter, em certo sentido, era “o deus” porque senhor do Olimpo.
A frase é muitas vezes atribuída a Eurípides, autor de coisas absolutamente notáveis. Não escreveu essa, mas certamente a subscreveria. Ao artigo de Gabeira.
*
O ponto de partida é uma frase de Lula: “Não deixarei que um tucano assuma de novo a Presidência”. Lembro, no entanto, que não sou de pegar no pé de Lula por suas frases. Cheguei a propor um “habeas língua” para o então presidente na sua fase mais punk, quando disse que a mãe nasceu analfabeta e que se a Terra fosse quadrada a poluição não circularia pelo mundo. Lembro também que hoje concordo com o filósofo americano Richard Rorty: não há nada de particular que os intelectuais saibam e todo mundo não saiba. Refiro-me à ilusão de conhecer as leis da História, deter segredos profundos sobre o que dinamiza seu curso e dominar em detalhes os cenários futuros da humanidade.
Nesse sentido, a eleição de Lula, um homem do povo, sem educação formal superior, não correspondeu a essa constatação moderna de Rorty. Isso porque, apesar de sua simplicidade, Lula encarnava a classe salvadora no sonho dos intelectuais, via luta de classes como dínamo da História humana, e traçava o mesmo futuro paradisíaco para o socialismo. Na verdade, Lula falava a linguagem dos intelectuais. Seus comentários que despertaram risos e ironias no passado eram defendidos pelos intelectuais com o argumento de que, apesar de pequenos enganos, Lula era rigorosamente fundamentado na questão essencial: o rumo da História humana.
A verdade é que a chegada do PT ao poder o consagrou como um partido social-democrata e, ironicamente, a social-democracia foi o mais poderoso instrumento do capitalismo para neutralizar os comunistas no movimento operário. São mudanças de rumo que não incomodam muito quando se chega ao poder. O capitalismo é substituído pelas elites e o proletariado salvador, pelos consumidores das classes C e D. Os sindicalistas vão ao paraíso de acordo com os critérios da cultura nacional, consagrados pela canção: É necessário uma viração pro Nestor,/ que está vivendo em grande dificuldade.
Se usarmos a fórmula tradicional para atenuar o discurso de Lula, diremos que o ex-presidente queria expressar, com sua frase sobre um tucano na Presidência, que faria todo o esforço para a vitória do seu partido e para esclarecer os eleitores sobre a inconveniência de eleger o adversário. Lula sabe que ninguém manda no processo eleitoral. São os eleitores que decidem se alguém ocupará a Presidência. Foi só um rápido surto autoritário, talvez estimulado pelo tom de programa de TV, luzes e uma plateia receptiva.
Se o candidato tucano for, como tudo indica, o senador Aécio Neves, também eu, em trincheira diferente da de Lula, farei todo o esforço para que o tucano não chegue à Presidência. Aécio foi um dos artífices na batalha para poupar Sérgio Cabral da CPI e confirmou, com essa manobra, a suspeita de que não é muito diferente do PT no que diz respeito aos critérios de alianças e ao uso da corrupção dos aliados para fortalecer seu projeto de poder. Tudo o que se pode fazer, porém, é tornar clara a situação para o eleitor, pois só ele, em sua soberania, vai decidir quem será o eleito.
Na verdade, essa batalha será travada também na esfera da economia. Vivemos um momento singular na História do mundo. A crise mundial opõe defensores da austeridade, como Angela Merkel, e os que defendem mais gastos e investimentos, dentro da visão keynesiana de que a austeridade deve ser implantada no auge do crescimento, e não durante o período depressivo. O PT dirigiu o País num período de crescimento e muitos gastos, não tanto no investimento, mas no consumo. É possível que esse modelo de estímulo à economia tenha alcançado seus limites.
Muito possivelmente, ainda, o curso dos acontecimentos não dependerá tanto da vontade de Lula nem dos nossos esforços individuais. A democracia prevê alternância no poder. E a análise de como essa alternância se dá na prática revela, em muitos casos, uma gangorra entre austeridade e gastança. De modo geral, a crise derrota um governo austero e coloca seu oposto no poder, como na França. Mas às vezes derrota um governo social-democrata e elege seu adversário direto, como na Espanha.
Pode ser que o esgotamento do modelo de estímulo ao consumo abra espaço para discurso de reformas fiscal e trabalhista, de foco em educação e infraestrutura, enfim, de uma fase de austeridade. E não é totalmente impossível que um partido de oposição chegue ao governo. Restaria ao PT, nesse caso, um grande consolo: ao cabo de um período de austeridade, o partido teria grandes chances de voltar ao poder com seu discurso do “conosco ninguém pode”, do “vamos que vamos”, “nunca antes neste país”… Não estou afirmando que esse mecanismo vai prevalecer, é uma das possibilidades no horizonte. A outra é o próprio PT assumir algumas das diretivas de austeridade e conduzir o processo sem necessariamente deixar o poder.
Por mais que a crise seja aguda, o apelo ao consumo e à manutenção de intensas políticas sociais é muito forte na imaginação popular. O discurso de austeridade só tem espaço eleitoral quando as coisas parecem ter degringolado.
O futuro está aberto e não será definido pela exclusiva vontade de Lula. Com todo o respeito ao Ratinho e sua plateia, o povo brasileiro é mais diverso e complexo. Se é verdade que a História não se define nas academias intelectuais, isso não significa que ela tenha passado a ser resolvida nos programas de auditório.
No script do socialismo real o proletariado foi substituído pelo partido, o partido pelo comitê central e o comitê central por um só homem. No script da social-democracia tropical Lula substituiu o proletariado, o partido, o comitê central e o próprio povo brasileiro ao dizer que não deixará um tucano voltar à Presidência. Se avaliar com tranquilidade o que disse, Lula vai perceber que sua frase não passa de uma bravata.
O que faz um homem tão popular e bem-sucedido bravatear no Programa do Ratinho é um mistério da mente humana que não tenho condições de decifrar. A única pista que me vem à cabeça está na sabedoria grega: os deuses primeiro enlouquecem aqueles a quem querem destruir.
Por Reinaldo Azevedo
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Governo federal depositou R$ 30 milhões na conta na UNE para prédio, mas projeto não saiu do papel



Por Cássio Bruno e Jaqueline Falcão,  no Globo:
O lançamento da pedra fundamental da nova sede da UNE, no Rio, em 20 de dezembro de 2010, foi marcado por uma grande festa, com direito a palanque e discursos de políticos e estudantes. O convidado principal era o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Naquela ocasião, o próprio Lula anunciou a liberação de R$ 30 milhões - de um total de R$ 44 milhões - para a construção do prédio de 13 andares em um terreno da Praia do Flamengo, no número 132, na Zona Sul. Até hoje, porém, não há nenhum sinal de que no local será erguido o projeto desenhado e doado à entidade pelo arquiteto Oscar Niemeyer, que também estava presente ao evento.
“Não foi fácil avaliar quanto custava este prédio aqui. Chegamos a R$ 32 milhões, depois a R$ 44 milhões. Nós já depositamos R$ 30 milhões na conta da UNE. Já está depositado. Ela (a UNE) nunca esteve tão rica como agora. O que vocês estão conquistando, na verdade, é muito mais do que um espaço para fazer uma sede. Eu acho que a conquista aqui é um espaço para a consolidação do processo democrático brasileiro, para o debate político, para a formação da nossa juventude e para discutir as coisas que o movimento estudantil tem que discutir”, afirmou Lula no discurso, o último dele dedicado a estudantes antes de deixar a Presidência da República.
UNE diz que obras começam em agosto
O terreno foi doado à UNE no governo Itamar Franco. E o dinheiro repassado por Lula a título de indenização pelos danos sofridos durante a ditadura militar. A antiga sede foi incendiada pelo regime, em 1964. Dos R$ 44 milhões, R$ 14 milhões que também estavam previstos para o novo prédio ainda não foram liberados. As obras deveriam ter começado no primeiro semestre do ano passado, com duração de até dois anos, incluindo salas de cinema, teatro, museu Memória do Movimento Estudantil e a administração. À época, os dirigentes também tinham planos de alugar alguns andares.
Quando a quantia foi transferida para a UNE, o presidente era Augusto Chagas. Procurado pelo GLOBO nesta sexta-feira, ele não quis comentar o caso: “Está combinado com a UNE que só o atual presidente fala. É indelicado eu me pronunciar, não é adequado. Peço desculpas. Conversa com o Daniel (Iliescu, atual presidente).”
Iliescu afirmou que a construção deverá ocorrer até 11 de agosto deste ano, quando a UNE comemora 75 anos de existência: “Somos uma entidade privada e não há obrigação legal que define a destinação do dinheiro que recebemos. No entanto, a diretoria plena da UNE definiu que os recursos serão para a nova sede. Está no tempo absolutamente razoável. O início das obras será antes do dia 11 de agosto, quando faremos uma grande comemoração.”
Iliescu não explicou o motivo da demora e destacou que a especialidade da UNE  não é construir prédios: ” Nossa especialidade não é construir prédios e, sim, debater educação e fazer passeata. Mas temos corpo técnico que nos deixa confortável para iniciar a obra.”
Segundo Iliescu, os R$ 30 milhões estão em uma “conta bancária específica”, que é auditada pelo Conselho Fiscal da UNE. O Ministério Público Federal abriu uma ação para tentar anular a doação do terreno alegando que a UNE nada fizera para construir a sede. Mas a Justiça optou por arquivar o caso, em 2006, diante do compromisso da UNE em erguer o prédio.
O Ministério do Esporte informou nesta sexta-feira que já pediu à UNE a devolução integral dos recursos repassados à entidade, em convênio relacionado à 6ª Bienal de Artes, Ciência e Cultura, realizada em 2009. Como o GLOBO mostrou, o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) aponta a existência de indícios de irregularidades graves em convênios do governo federal com a UNE e a União Municipal dos Estudantes Secundaristas (UMES), de São Paulo. O procurador Marinus Marsico pediu ao TCU que investigue os repasses.
O convênio do Ministério do Esporte com a UNE, no valor de R$ 250 mil, foi encerrado em 28 de fevereiro de 2009. Em março de 2012, após já ter prorrogado o prazo de entrega da prestação de contas, o Ministério do Esporte incluiu a UNE na lista de inadimplentes do Siconv, sistema que gerencia os convênios da União. Segundo a pasta, a solicitação de devolução integral do dinheiro foi feita em 23 de maio, um dia antes de o procurador Marsico protocolar a representação no TCU. O valor restituído deverá ser corrigido pela inflação do período.
“Considerando que o princípio da ampla defesa e o prazo para manifestação da parte conveniada foram garantidos, o Ministério do Esporte procedeu pedido à entidade de restituição do valor integral do convênio, devidamente atualizado monetariamente nos termos da Lei”, diz nota divulgada pelo ministério.
Na representação que fez ao TCU, Marsico registrou a demora do Ministério do Esporte em tomar providências diante do atraso da UNE em prestar contas sobre o uso do dinheiro público. Segundo o procurador, a pasta só agiu depois de provocada por ele: “Isso é muito perigoso, porque envolve uma atuação estrutural dos ministérios, que deveriam agir prontamente. Só conseguimos pegar essas coisas no tribunal de contas muito depois. E aí o prejuízo já está bem maior”, disse Marsico ao GLOBO.
(…)
Por Reinaldo Azevedo
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OS PELEGOS DA UNE PERDERAM DEFINITIVAMENTE A VERGONHA!



A UNE (União Nacional dos Estudantes), comandada pelo PCdoB (com o apoio do PT) desde a sua reorganização, em 1979, tornou-se uma das entidades mais pelegas do país. Até a CUT, que é o braço sindical do petismo, consegue ter mais independência do que esses folgazões que se apropriaram da representação estudantil. Lula privatizou a entidade, comprou-a de porteira fechada. O governo repassou R$ 30 milhões para a reconstrução da sua sede, que não sai do papel. Essa é só uma parte da bufunfa.
Entre 2004 e 2009, a turma recebeu outros R$ 10 milhões do governo e de empresas estatais. Depois desse período, não consegui saber. Alguém estranha o silêncio desses patriotas e sua subordinação vexaminosa ao poder? A UNE tem um preço. Dada a sua irrelevância, é alto demais.
Entre 2006 e 2010, informou ontem o Globo, com base em levantamento feito pelo Ministério Público, a UNE e a União Municipal dos Estudantes Secundaristas (UMES) de São Paulo, também comandada pelo PCdoB, receberam R$ 12 milhões destinados à capacitação de estudantes e promoção de eventos culturais e esportivos. Muito bem: quando os órgãos de controle foram verificar a prestação de contas, descobriram que os vermelhos deixariam Carlinhos Cachoeira e seus rapazes verdadeiramente indignados: notas fiscais frias (de empresas inexistentes), compra de bebidas alcoólicas e despesas várias que não tinham relação com a finalidade dos convênios. Reproduzo trecho de reportagem do Globo com a lista de gastos: “cerveja, vinho, cachaça, uísque e vodca, compra de búzios, velas, celular, freezer, ventilador e tanquinho, pagamento de faturas de energia elétrica, dedetização da sede da entidade, limpeza de cisterna e impressão do jornal da UNE. Além disso, diversas notas emitidas por bares em que há apenas a expressão ‘despesas’ na descrição do gasto.”
Eis a UNE. Ai, ai… Fico cá me lembrando da minha juventude: “A UNE somos nós, nossa força, nossa voz”.
Daniel Iliescu, o tiozinho do PCdoB que preside a UNE — aos 27 anos, ele já poderia estar cursando pós-doutorado, não? — falou com O Globo. Negou as óbvias irregularidades e, bom comunista, resolveu apelar aos fundamentos da propriedade privada para explicar o fato de o prédio ser apenas uma ideia. Leiam:“Somos uma entidade privada, e não há obrigação legal que define a destinação do dinheiro que recebemos. No entanto, a diretoria plena da UNE definiu que os recursos serão para a nova sede. Está no tempo absolutamente razoável. O início das obras será antes do dia 11 de agosto, quando faremos uma grande comemoração.”
Como é que é? Uma ova, senhor Iliesco! Uma ova!!! O projeto que destinou o dinheiro à UNE passou pelo Senado. Foi primeiro aprovado na Comissão de Assuntos Econômicos e, depois, em caráter terminativo, na Comissão de Constituição e Justiça. Estava muito claro que o dinheiro seria destinado à construção do prédio. Quer dizer, então, que o tiozinho acha que, na condição de “entidade privada”, ele pode receber a dinheirama e fazer com ela o que bem entender?
Ele tentou explicar por que a construção do prédio emperrou:
“Nossa especialidade não é construir prédios e, sim, debater educação e fazer passeata. Mas temos corpo técnico que nos deixa confortável para iniciar a obra.”Estupendo! Estupendo, mas falso! De educação, a UNE nunca entendeu bulhufas. E Iliesco falta grotescamente com a verdade quando diz que a especialidade da turma é “fazer passeata”. Jamais contra o governo Lula e contra os desmandos do PT no poder, como sabemos.
— Quantas vezes vocês viram a UNE na rua contra o mensalão?
— Quantas vezes vocês viram a UNE na rua contra as condições sofríveis de boa parte dos campi federais?
— Quantas vezes vocês viram a UNE na rua contra a baixa qualidade de muitos cursos sustentados pelo ProUni?
Não dá tempo! A UNE não pode mais comparecer a esses eventos ou mesmo promovê-los porque deve estar muito ocupada contando a dinheirama que inunda o seu caixa. É asqueroso ver uma entidade que, vá lá, tem a sua história, a se comportar como se fosse uma dessas ONGs vagabundas, cujo objetivo é mesmo assaltar o erário — às vezes, em benefício de partido; às vezes, dos próprios larápios. É preciso ver em que caso se encaixam as lambanças apontadas pelo Ministério Público.
O melhor dos mundosOs burgueses do capital alheio da UNE, disfarçados de comunistas, vivem no melhor dos mundos. A entidade mal existe no meio estudantil — está ligeiramente presente nas universidades públicas, mas é uma entidade fantasma na esmagadora maioria das instituições privadas. Sua diretoria é escolhida em eleição indireta, e os delegados saem de assembleias manipuladas, a que comparecem não mais do que 1% ou 2% dos estudantes. Sem base, mas também sem adversários que possam ameaçar a sua posição, os valentes podem transformar as eleições em meros processos homologatórios.
Dependessem, para existir, da militância e da contribuição dos estudantes, teriam de se virar para demonstrar que existem. Mas isso não é necessário. O governo federal fornece aos valentes uma montanha de dinheiro, e estes, em troca, lhes dão seu silêncio cúmplice.
O mais impressionante na era da economia digital é ver os dinossauros do movimento estudantil resistir à tecnologia. Hoje, cada estudante universitário brasileiro já poderia valer um voto. Seria possível escolher o (a) presidente da UNE em eleições diretas votando pelo celular. Mas quê… A vanguarda do retrocesso não admite essas modernidades, não! Ela não pode correr o risco de perder a boquinha.
Reitero, leitor: está a fim de falar com idealistas? Use a lanterna para tentar achar um liberal. Comunista gosta é de dinheiro.
Por Reinaldo Azevedo
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Empreiteiras que venceram licitação para Viracopos estão no laranjal da Delta



Leiam duas notas que estão na coluna “Radar”, na VEJA desta semana:
Laranjal no aeroportoOs laranjas usados pela Delta também trabalharam para outras empreiteiras, como a UTC e a Triunfo, conforme detectado pelo Coaf e revelado por VEJA. E o que a UTC e a Triunfo têm em comum, além do fato de o governo ser seu cliente principal? Lideraram o consórcio que venceu a bilionária licitação da Infraero para a privatização do Aeroporto de Viracopos, há quatro meses. A Casa Civil já foi informada pelo Coaf do laranjal cultivado pela UTC e pela Triunfo. Talvez por isso, até hoje, o contrato da concessão não tenha sido assinado pela Infraero.
Se procurar, achaA propósito, não é pequeno o grupo de políticos, sobretudo do PT, mas não exclusivamente, que estão com tremedeira nas pernas com a descoberta pelo Coaf da lavanderia comandada pelo paulista Adir Assad e usada pela Delta.
Por Reinaldo Azevedo
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Comitê dos EUA aprova pílula preventiva contra aids


Aids

Especialistas dão sinal verde para que o Truvada seja comercializado para pessoas saudáveis com parceiros infectados

O Truvada é comercializado desde 2004 para combater o HIV, mas só agora deverá ser vendido como droga capaz de impedir a infecção em pessoas saudáveis
O Truvada é comercializado desde 2004 para combater o HIV, mas só agora deverá ser vendido como droga capaz de impedir a infecção em pessoas saudáveis (Divulgação)
Consultores do FDA, órgão americano que regula alimentos e medicamentos, recomendaram a adoção da droga Truvada como a primeira pílula para prevenir a aids. Os especialistas se reuniram nesta quinta-feira, após o FDA ter se pronunciado favorável ao estudo que mostrava a eficácia do medicamento em pessoas saudáveis. O FDA, que tomará a decisão final sobre o medicamento no dia 15 de junho, não é obrigado a seguir a recomendação do comitê, mas é o que normalmente acontece.

Saiba mais

TRUVADA
O Truvada, comercializado desde 2004, é a combinação de outras duas drogas mais antigas no combate do HIV, Emtriva e Viread. Os médicos normalmente receitam a medicação como parte de um coquetel que dificulta a proliferação do vírus, reduzindo as chances da aids se desenvolver.

A capacidade de prevenção do Truvada foi anunciada pela primeira vez em 2010 como um dos grandes avanços médicos na luta contra a epidemia de aids. Um estudo de três anos descobriu que doses diárias diminuíam o risco de infecção em homens saudáveis em 44%, quando acompanhados por orientação e o uso de preservativo.

Outro estudo descobriu que o Truvada reduziu a infecção em 75% para casais heterossexuais em que um dos parceiros tinha o HIV. O remédio já está no mercado para tratar a doença, mas sob a prescrição médica em casos específicos. A aprovação do FDA permitiria a empresa Gilead Sciences, dona da medicação, para vender a droga formalmente nas condições estabelecidas pelo órgão.
Os especialistas aprovaram por 19 votos contra 3 a prescrição do Truvada para homens homossexuais HIV-negativos, e, por 19 votos a 2 (uma abstenção), receitar a droga para pessoas não infectadas cujos parceiros têm aids. 

O Truvada está disponível desde 2004 para tratamento de soropositivos em combinação com outras drogas antirretrovirais, como forma de diminuir a proliferação do vírus no organismo.
Depois de um estudo publicado na revistaScience, mostrando a eficácia do remédio em prevenir que pessoas saudáveis fossem infectadas, a fabricante Gilead Sciences apresentou uma solicitação para poder comercializar o Truvada com objetivos de prevenção.
O estudo mostrou que a droga aumentou a capacidade de prevenir o HIV em homens homossexuais, que adotam comportamentos de risco, de 44% para quase 73%. Contudo, críticos observam que a pílula é cara - custa até 14.000 dólares ao ano - e outros alertam que o teste clínico não representa as circunstâncias do mundo real e poderia provocar um aumento na prática de sexo sem proteção e em uma retomada nos casos de aids. Além disso, o remédio pode causar diarreia, tontura, náusea e vômito como efeitos colaterais. Nos casos mais sérios, houve intoxicação do fígado, problemas nos rins e enfraquecimento dos ossos.


Os homens homossexuais representam mais da metade dos 56.000 novos casos de HIV nos Estados Unidos, segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças do país. Uma análise do custo e benefício, realizada em abril por especialistas da Universidade de Standford, sugeriu que o medicamento seria financeiramente viável entre homens gays com cinco parceiros ou mais ao ano, mas seria proibitivamente caro se promovido para todos os homossexuais masculinos.

Opinião do especialista

Caio Rosenthal, infectologista do hospital Emílio RibasCaio RosenthalInfectologista do hospital Emílio Ribas, em São Paulo.

A utilização do Truvada para pessoas que estão muito expostas ao HIV é muito bem vinda. São aquelas que trabalham em hospitais de referência para o tratamento da doença e para casais em que um dos parceiros está infectado. Aqui no Brasil, o remédio não existe, mas é possível utilizar os dois que o formam. A quantidade de comprimidos aumenta, mas o efeito seria o mesmo. 

O Ministério da Saúde está discutindo se vai distribuir o remédio para as pessoas que fazem parte do grupo de alto risco. Atualmente, a única solução nesses casos é a ingestão de um coquetel antirretroviral nas quatro semanas seguintes à exposição ao vírus. Contudo, temos que ter um critério seletivo muito afiado e isso tem um custo muito alto.

Mutações pré-existentes podem deixar o HIV resistente ao tratamento


Aids

Pesquisadores de Harvard descobriram que um pequeno número de pacientes tem uma mutação que pode resultar em resistência ao tratamento

HIV: o vírus causador da aids ataca o sistema imunológico, enfraquecendo a defesa do organismo da pessoa infectada
HIV: o vírus causador da aids ataca o sistema imunológico, enfraquecendo a defesa do organismo da pessoa infectada(Thinkstock)
Mutações pré-existentes no vírus HIV podem levar ao desenvolvimento de resistências ao tratamento farmacológico. Segundo um estudo publicado pela Universidade de Harvard no periódico PLoS Computational Biology, a descoberta dessas mutações pode resultar na criação de novas drogas e tratamentos mais eficazes contra o vírus.
Os cientistas já sabiam que o HIV pode desenvolver uma resistência às drogas usadas no tratamento. O que não era conhecido, no entanto, é se mutações pré-existentes no vírus levariam a essa resistência ou se o microorganismo dependia de que mutações futuras (e ocasionais) ocorressem para que ele se tornasse resistente aos medicamentos.
Estudo – Foram levantados dados de 26 testes clínicos realizados previamente. Todos os pacientes eram tratados com inibidores da transcriptase reversa (NNRTI, sigla em inglês, é uma classe de antirretrovirais), droga que ajuda a impedir que o vírus se multiplique. Segundo Pleuni Pennings, coordenadora da pesquisa, os resultados apontaram que é mais provável que o vírus desenvolva resistência logo após o início do tratamento ou quando ele é reiniciado após uma interrupção de uma semana ou mais. É menos provável, no entanto, que essa resistência se desenvolva em períodos mais tardios do tratamento ou quando não há interrupção.
“Para evitar que ocorra uma evolução da resistência, precisamos saber de onde essas mutações estão vindo”, diz Pennings. “Se entendermos como o vírus desenvolve a resistência, podemos, então, pensar em novas maneiras de evitar que isso venha a ocorrer.” A descoberta da pesquisadora sugere ainda que a resistência que acontece mais tarde no tratamento estão relacionadas a mutações que acontecem depois no HIV – e não de mutações que já existiam no vírus antes do tratamento ter início.
Embora o estudo ofereça esperança para o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes contra o HIV, Pennings enfatiza que os dados usados no estudo vêm de testes clínicos, que incluíam exclusivamente pacientes que estavam recebendo NNRTI. Não ficou claro, portanto, se os resultados podem ser generalizados para outros tratamentos ou para pacientes que não estão envolvidos em testes clínicos.

Dinheiro do pré-sal some em cidade fluminense


Petróleo

Reportagem de VEJA revela que, mais do que o prefeito petista, são apadrinhados de José Dirceu quem dão as cartas em Maricá, município que enriqueceu por estar na rota das novas descobertas petrolíferas

Leslie Leitão
SEMPRE AMIGOS - Dirceu e Sereno rindo à toa em restaurante: agora, Sereno é maricaense desde criancinha
SEMPRE AMIGOS - Dirceu e Sereno rindo à toa em restaurante: agora, Sereno é maricaense desde criancinha
Com pouco menos de 130.000 habitantes, o município de Maricá, a 60 quilômetros do Rio de Janeiro, faz parte de um punhado de localidades fluminenses que enriqueceram de repente por um capricho da natureza: está na rota do pré-sal. Por obra e graça da exploração de petróleo, o orçamento municipal de 200 milhões de reais teve, só nos primeiros três meses deste ano, um acréscimo de 35 milhões relativos a sua fatia dos 100.000 barris extraídos do campo de Tupi, rebatizado de Lula. É uma pequena fração de uma bolada que, nos cálculos mais otimistas, pode beneficiar os cofres maricaenses em até 1 bilhão de reais nos próximos anos. Como prova do reposicionamento de Maricá na ordem de interesses, um dos principais caciques do PT, José Dirceu, visitou a cidade pelo menos duas vezes desde a posse do prefeito petista Washington Siqueira, o Quaquá, em 2009. Em franca preparação para a reeleição, Quaquá vem espalhando pelo município cartazes de obras milionárias. Os milhões têm saído dos cofres da prefeitura, não há dúvida, mas a cidade pouco tem se beneficiado deles. Nesses três anos e meio, Quaquá e sua turma passaram a ser alvo de 21 processos e cinquenta inquéritos. No rol de abusos, o beabá da cartilha da corrupção: improbidade administrativa, danos ao Erário, prevaricação, peculato, abuso de poder econômico, superfaturamento, contratação de empresas-fantasma - maracutaias que podem ter feito evaporar do caixa oficial cerca de 150 milhões de reais. 
Ao montar sua máquina administrativa, Quaquá convocou duas pessoas de fora. Uma é Marcelo Sereno, ex-assessor dele mesmo, José Dirceu, nos tempos em que era ministro da Casa Civil. Em 2010, Sereno assumiu a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Petróleo de Maricá no lugar de Aleksander Santos, político local que, por sinal, enquanto esteve no cargo, também se aproximou de Dirceu, passando a usar essa relação como cartão de visita nos contatos que fazia. Gostava até de expor em redes sociais fotos desse convívio. Sereno se afastou em abril, para concorrer a uma vaga na Câmara de Vereadores do Rio, mas seus tentáculos na política maricaense continuam firmes. Outro laço do chefão petista no município é com Maria Helena Alves Oliveira, a secretária executiva e de Administração, que tem no currículo cargos semelhantes, sempre por indicação de Dirceu, nas prefeituras de Nova Iguaçu e Manaus. Até Lurian, a filha do ex-presidente Lula, hoje funcionária da prefeitura de São José dos Campos, no interior de São Paulo, já prestigiou Maricá: esteve lá no Carnaval e, três meses depois, foi até agraciada com o título de cidadã maricaense. 

A CANETA É DELA - Maria Helena, a outra amiga de Dirceu em Maricá: sua assinatura aparece em vários dos contratos irregulares
A CANETA É DELA - Maria Helena, a outra amiga de Dirceu em Maricá: sua assinatura aparece em vários dos contratos irregulares
Na cidade, todo mundo sabe: são os apadrinhados de Dirceu, muito mais do que o próprio Quaquá, que realmente dão as cartas. Várias pessoas relatam ter ouvido de Sereno, por mais de uma vez: “Quem manda lá é a gente”. Boa parte dos contratos sob investigação da Justiça leva a assinatura da secretária Maria Helena. Um deles trata dos gastos com locação de veículos - o processo em curso aponta problemas em contratos que somam 18 milhões de reais. Um terço dessa quantia destinou-se à Lumar Locadora de Transportes Ltda., que tem sede no município de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, a 100 quilômetros de Maricá. No endereço visitado por VEJA, funciona uma pequena loja de material de construção. Quem responde pela Lumar é Rosana Francisco de Moura Correia, que por breve período foi gerente da Subsecretaria Executiva de Projetos Especiais de Maricá. A prefeitura afirma que já cancelou o negócio. Dois outros contratos suspeitos pairam sobre uma única estrada, a de Itaipuaçu. Um deles é alvo de um processo no qual a Promotoria de Tutela Coletiva de Defesa da Cidadania pede a devolução de 11 milhões aos cofres públicos. No outro contrato, a gastança foi maior: 23 milhões de reais. Quem trafega pela estrada vê que a obra não passou de maquiagem, e muito malfeita: trechos asfaltados há pouco mais de um mês já apresentam buracos e não se vê indício dos prometidos corredores de escoamento de chuvas, das calçadas e pontos de ônibus que constam do projeto. Na área da educação, o alvo de vários inquéritos por improbidade é o gasto com a construção de escolas, em valores sempre próximos de 1 milhão de reais. O projeto mais recente, da Escola Carlos Magno Legentil de Mattos, no centro da cidade, prevê que as seis salas e uma quadra poliesportiva custem 930.000 reais - o dobro, no mínimo, do orçamento para uma obra desse porte. 
Enquanto Quaquá e sua administração se enrolam nas contas públicas, Maricá, a suposta beneficiária dos milhões em royalties, continua a ter serviços públicos abaixo da crítica: 80% das casas sem água encanada, o terceiro pior município do estado na área da saúde, transporte público precário. É comum que moradores caminhem 6 quilômetros até um posto médico e não sejam atendidos. “No mês passado a pediatra estava de férias. Hoje está doente. A verdade é que nunca tem ninguém para atender”, relata Cintia Falcão, 23 anos, mãe de um menino de 1 ano e meio que precisa de uma cirurgia no pé. O dinheiro do petróleo deveria ser, mas não é, garantia de progresso. Pelos cálculos mais otimistas, as reservas do pré-sal podem alcançar 100 bilhões de barris, que, ao preço de hoje, chegariam a 600 bilhões de reais em royalties. No estado do Rio, 87 dos 92 municípios já recebem esses royalties, e em volume cada vez maior: foram 2 bilhões de reais em todo o ano de 2010 - e 1,2 bilhão só no primeiro trimestre deste ano. Mesmo assim, e apenas para ficar em dois exemplos, Guapimirim (50.000 habitantes, 20 milhões de reais em royalties no primeiro trimestre) e Rio das Ostras (105.000 habitantes e quase 80 milhões de reais) amargam, respectivamente, a última colocação e o oitavo pior lugar no indicador de qualidade do Sistema Único de Saúde do estado - um retrato irretocável do atraso. Para onde vão tantos milhões? Em Maricá, processos e inquéritos em profusão falam por si mesmos: para melhorar a vida dos cidadãos é que não é. 

Novo medicamento reduz efeitos colaterais no tratamento do câncer de mama


ASCO

A molécula T-DM1, desenvolvida pela Roche, age diretamente nas células cancerígenas reduzindo, assim, casos de ânsia, perda de cabelo e diarreia

Aretha Yarak
Câncer de mama: a molécula T-DM1 age sobre o câncer de mama metastático do tipo HER2-positivo, levando apenas as células cancerígenas à morte
Câncer de mama: a molécula T-DM1 age sobre o câncer de mama metastático do tipo HER2-positivo, levando apenas as células cancerígenas à morte (Thinkstock)
Um novo medicamento pretende melhorar o tratamento do câncer de mama metastático do tipo HER2-positivo – um dos tipos mais agressivos, que acomete até 20% das pacientes. Ainda em fase experimental, a droga T-DM1 promete prolongar a sobrevida e retardar a evolução da doença nessas pacientes, sem causar os efeitos colaterais típicos da quimioterapia. O estudo clínico com o medicamento foi apresentado neste domingo durante o Congresso Anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO, sigla em inglês), que acontece em Chicago, nos Estados Unidos.
O T-DM1 está em fase final de testes. Ele é formado pela combinação do anticorpo monoclonal (produzido a partir de clones de uma única célula) trastuzumabe e pelo quimioterápico emtansine (DM1). As duas substâncias já existiam no mercado, sendo que o trastuzumabe é usado rotineiramente no tratamento do câncer. "A novidade aqui é a união dessas duas drogas em uma só", diz Gilberto Amorim, diretor do Grupo Brasileiro de Estudos de Câncer de Mama e presente no ASCO.
Juntas, elas conseguem ter uma ação mais específica, atuando virtualmente apenas nas células cancerígenas. A ação da droga é combinada. Ao trastuzumabe cabe o papel de se ligar às células cancerígenas com o reagente HER2-positivo. Uma vez que esse primeiro passo é dado, o quimioterápico emtansine é então injetado para dentro da célula, matando-a. "É como um Cavalo de Troia. Por isso os efeitos colaterais são bem inferiores aos da quimioterapia tradicional", diz Amorim. Em outras palavras, como o agente quimioterápico não ataca também as células saudáveis do organismo, problemas como ânsia, queda de cabelo e diarreia são minimizados.

Opinião do especialista

Marcello Fanellioncologista, diretor do Departamento de Oncologia Clínica do Hospital AC. Camargo

"O T-DM1 ainda é um tipo de quimioterapia, mas é um remédio muito promissor. Os resultados dos estudos iniciais são entusiasmantes, eles têm um impacto fenomenal. É importante, no entanto, frisar que essa molécula não vai trazer a cura para o câncer de mama metastático. Entre os benefícios da droga está o aumento da sobrevida e a redução expressiva dos efeitos colaterais, fatores muito importantes para um paciente em tratamento."
Pesquisas – O estudo foi realizado com 991 pacientes (cerca de 50 brasileiros), sendo que todas já haviam sido tratadas apenas com trastuzumabe. Metade do grupo recebeu, então, T-DM1, e a outra metade o tratamento padrão com os quimioterápicos lapatinibe e capecitabina. Aquelas que tomaram o T-DM1 não apresentaram progressão da doença por um tempo 35% maior — ficaram, em média, 9,6 meses sem o avanço da doença, contra 6,4 meses no grupo controle.
Das pacientes que tomaram o T-DM1, 43,6% tiveram os tumores reduzidos, enquanto apenas 30,8% do grupo controle apresentaram redução. A sobrevida com a nova droga também foi maior. No grupo que recebeu o medicamento, houve um aumento de 7,1 meses na qualidade de vida — sem nenhum sintoma. No grupo que recebeu os quimioterápicos tradicionais, o aumento foi de 4,6 meses.
Medicina personalizada — De acordo com a Roche, farmacêutica responsável pelo T-DM1, a droga deve ser submetida para aprovação da Agência de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA, sigla em inglês) e para a Agência Europeia de Medicamentos (EMA, sigla em inglês) ainda este ano. "No Brasil, as expectativas são de que ela entre no mercado entre 2014 e 2015", diz Adriano Treve, presidente da Rocha Farmacêutica do Brasil.
A farmacêutica vem trabalhando ainda com três outras drogas biológicas para o tratamento do câncer. Já está em análise pela Anvisa o Avastin (já usado no tratamento de câncer colorretal, pulmão e de alguns tipos de tumor no cérebro e nos rins). Agora, o medicamento deverá ser usado também contra o câncer de ovário. Dados apontam que o uso combinado do Avastin com a quimioterapia reduziu em até 52% a progressão da doença.
Recentemente aprovado pela Anvisa, o medicamento Zelboraf (vemurafenibe) conseguiu reduzir em 63% o risco de morte e em 74% o risco de progressão do melanoma (câncer de pele), quando comparada à quimioterapia. A droga é indicada para aqueles pacientes com melanoma metastático positivo para mutação BRAF V600. "Esse medicamento será lançando em paralelo com o teste diagnóstico. Isso porque o produto só poderá ser prescrito para pacientes com essa mutação", diz Treve.
A molécula T-DM1 age sobre o câncer de mama metastático do tipo HER2-positivo, levando apenas as células cancerígenas à morte
  

O que são biomedicamentos?


  1. A substância ativa de um medicamento biológico é feita por (ou derivada de) um organismo vivo, como uma bactéria ou uma levedura (um tipo de fungo unicelular).
  2. Ele pode ainda ser obtido de uma fonte biológica, como um tecido ou sangue, de onde são extraídos compostos que agem como medicamentos.
  3. Diferentemente de um remédio sintético, que é produzido por síntese química em processos controlados, o remédio biológico tem um processo bem mais complexo, que pode envolver etapas de recombinação genética.
  4. Seus efeitos colaterais podem ser graves e têm, geralmente, relação direta com o sistema imunológico, podendo levar a uma doença autoimune. 

    No Brasil, há vários biológicos em uso: insulina recombinante, interferon (diabetes), eritropoietina (anemia causada por falência renal), fatores de crescimento e anticorpos monoclonais (usados no tratamento de doenças autoimunes, no câncer e após um transplante).
  5. Vacinas e antissoros também são considerados biológicos. O remédio Avastin, um anticorpo monoclonal, é um dos remédios contra o câncer mais usados no mundo.
  6. Em 2011, o FDA (agência americana similar à Anvisa) retirou seu uso para casos de câncer de mama em estágio avançado, mas ele ainda é indicado para alguns tipos de câncer colorretal, pulmonar, renal e cerebral.
  7. http://veja.abril.com.br/noticia/saude/novo-medicamento-reduz-efeitos-colaterais-no-tratamento-do-cancer-de-mama

EUA aprovam novo medicamento contra câncer de mama


Câncer

Em testes clínicos, o Perjeta, da Roche, estendeu o tempo em que as pacientes passaram sem apresentar progressão da doença

Mulher faz auto-exame de mama
Câncer de mama: novo medicamento combate proteína ligada ao crescimento das células cancerígenas (Getty Images/Thinkstock)
As autoridades de saúde dos Estados Unidos aprovaram nesta sexta-feira um novo remédio oncológico. A fabricante, a empresa farmacêutica Roche, aposta que a droga será o tratamento de referência para um tipo de câncer de mama bastante agressivo.
A Food and Drug Administration (FDA), órgão do governo americano que regula alimentos e remédios, aprovou na sexta-feira o injetável Perjeta (também conhecido como pertuzumab), para mulheres com uma categoria de tumor conhecido como HER2 positivo, que responde por cerca de 25% dos casos da doença e não tem cura. O câncer de mama é o tipo mais comum entre as mulheres no Brasil. Estimativas do Inca (Instituto Nacional de Câncer) indicam que serão registrados 52.680 novos casos da doença em 2012 no país.
O Perjeta é um anticorpo monoclonal, medicamento produzido a partir de clones de uma única célula. Ele funciona combinado com o Herceptin (também conhecido como trastuzumab), que também combate o HER2 positivo, e o docetaxel, um tipo de quimioterapia. Em testes clínicos com 880 pacientes, demorou 18,5 meses em média antes que a doença progredisse em pacientes que receberam os dois medicamentos, contra 12,4 meses nas pacientes que receberam apenas Herceptin.
A HER2 é proteína envolvida no crescimento normal das células, mas que, em alguns tipos de câncer, aparece em grande quantidade e favorece o crescimento das células cancerígenas. O Perjeta, administrado de forma intravenosa, inibe a ação da proteína, evitando a proliferação do tumor.
"Desde que o trastuzumab foi aprovado há mais de uma década, pesquisas contínuas nos ajudaram a entender melhor o papel da HER2 no câncer de mama", disse Richard Pazdur, diretor do Escritório de Produtos de Hematologia e Oncologia do Centro de Pesquisa e Análise de Medicamentos do FDA. "Graças a elas agora se sabe que a combinação do trastuzumab com o Perjeta e o docetaxel reduzem a velocidade da progressão do câncer de mama."
Apesar dos bons resultados, o Perjeta em combinação com o docetaxel e o trastuzumab causa sérios efeitos colaterais como diarreia, queda de cabelo, náuseas, fadiga, problemas no sistema imunológico e danos nos nervos.
Esta semana, a Roche apresentou um outro medicamento, o T-DM1, que também age contra a HER2, em fase final de testes.
http://veja.abril.com.br/noticia/saude/eua-aprovam-novo-medicamento-contra-cancer-de-mama

Brasil perde da Argentina em jogaço: 4 x 3


Seleção brasileira

Equipe brasileira chegou a estar duas vezes à frente no placar, mas não conseguiu segurar Messi, que marcou três vezes

Neymar e Messi brigam pela bola durante amistoso entre Brasil e Argentina, neste sábado, em Nova Jersey
Neymar e Messi brigam pela bola durante amistoso entre Brasil e Argentina, neste sábado, em Nova Jersey (Gary Hershorn/Reuters)
A jovem seleção brasileira, com base formada por atletas que vão disputar os Jogos Olímpicos, perdeu para a Argentina em um amistoso nesse domingo, em Nova Jersey, Estados Unidos. A derrota foi comandada por Messi, eleito o melhor jogador do mundo. O time comandado por Mano Menezes perdeu por 4 a 3, três gols do irriquieto meia. Apesar da derrota, foi o melhor jogo da seleção na excursão por terras americanos. Com bastante determinação, o time brasileiro não se acovardou diante dos experientes titulares da Argentina, com estrelas como Di Maria, Mascherano, Iguain e o próprio Messi.
Foi a última partida da seleção nos Estados Unidos. A viagem terminou com duas vitórias (contra a Dinamarca por 3 a 1 e 4 a 1 sobre os Estados Unidos) e duas derrotas (o outro resultado negativo foi para o México por 2 a 0)
A emocionante partida teve três viradas, duas argentinas e uma brasileira. O Brasil dominou os primeiros 10 minutos marcando a saída de bola argentina. O time de messi observou o jogo verde-amarelo sem marcar sobre pressão, dando espaços para o toque de bola. O primeiro gol veio aos 23 minutos: Neymar cobrou falta pela direita em direção à área. A bola veio por baixo e encontrou Rômulo sozinho, que enganou a linha de impedimento argentina. O jogador girou e chutou forte à queima-roupa, no canto direito do goleiro.

Vira-vira - Empolgado com o ataque, o Brasil se esqueceu da defesa. Sete minutos mais tarde, o meia Sandro perdeu a bola no meio de campo. Uma enfiada de bola para Messi igualou o placar em Nova Jersey. Foram precisos dois toques do craque argentinho, um para dominar a bola e outro para colocá-la no canto direito do gol brasileiro,  
Messi pareceu enfeitiçar a defesa brasileira. Quatro minutos, ele deu outra prova de sua habilidade. Ao receber passe de Di Maria, o artilheiro do Barcelona tirou o goleiro Rafael com um corte rápido para a esquerda e chutou ligeiro para o gol. A bola seguiu até a rede completamente livre. Virada argentina.

A seleção brasileira parece ter retomou o controle na volta do intervalo. Aos 5 do segundo tempo, Hulk entrou driblando pelo lado esquerdo e chutou forte, mas a bola passou por cima do gol. Aos dez, veio o empate: Oscar tabelou com Leandro Damião na entrada da área argentina e chutou forte no canto esquerdo. 
A partir daí a partida esquentou com ataques de ambas as equipes. Aos 27 minutos, Neymar cobrou escanteio pela direita. O goleiro argentino saiu mal e não conseguiu segurar a bola. Antes de ela cair no chão, Hulk não desperdiçou. Chutou forte com a perna boa, a esquerda, e a bola entrou no lado direito. Virada brasileira.
Matador — A alegria durou muito pouco. Dois minutos depois, após escanteio, a Argentina marcou mais uma vez com Fernandes, de cabeça no canto esquerdo, o sexto gol da partida. Tudo igual novamente.
Aos 38 minutos, inspirado, Lionel Messi definiu a partida. O meia carregou a bola do meio de campo até a entrada da área brasileira e chutou por cima de Rafael, no canto direito e no ângulo, sem chances para o goleiro brasileiro. Três gols do matador argentino. Com a marca, Messi, que há muito tempo não atua tão bem pela Argentina, está a apenas 8 gols de Maradona em número de gols marcados pela seleção.
Confusão — Já nos acréscimos do segundo tempo, Lavesi derrubou Marcelo, que caiu dando um soco no rosto do jogador argentino. Lavesi puxou o cabelo do jogador brasileiro e uma confusão tomou conta do campo. Os dois jogadores foram expulsos.

The Doors - Touch Me (Live)