quarta-feira 06 2015

Bate-boca generalizado interrompe sessão na Câmara


Análise de medida provisória que restringe acesso ao seguro-desemprego resultou até em acusação de agressão

Por: Gabriel Castro e Marcela Mattos, de Brasília
Manifestantes jogam cédulas parecidas com dólares com o rosto de integrantes do PT, incluindo ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff, durante votação da PEC do ajuste fiscal na Câmara - 06/05/2015
Manifestantes jogam cédulas parecidas com dólares com o rosto de integrantes do PT, incluindo ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff, durante votação da PEC do ajuste fiscal na Câmara - 06/05/2015(Gustavo Lima/Câmara dos Deputados)
O nível de tensão continua elevado na Câmara dos Deputados durante a votação da medida provisória 665/2015, que restringe o acesso ao seguro-desemprego e ao abono salarial. Em vários momentos, parlamentares bateram boca. No mais tenso deles, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) anunciou que vai levar Roberto Freire (PPS-SP) ao Conselho de Ética. Motivo: ele segurou o braço dela durante uma discussão.
A briga teve início quando Orlando Silva (PCdoB-SP) pediu que a Câmara consultasse as imagens do circuito interno de TV para tomar ações judiciais contra os manifestantes que atiraram "notas de dólar" com o rosto da presidente Dilma Rousseff, do ex-presidente Lula e do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto.
Em seguida, o deputado Roberto Freire (PPS-SP) criticou a postura de Silva, que se omitiu quando sindicalistas ligados à CUT agrediram o deputado Lincoln Portela (PR-MG) em um protesto contra a lei da terceirização.
Os dois, separados por um curto espaço, passaram a discutir asperamente. Roberto Freire tocou as costas do parlamentar do PCdoB por duas vezes. Orlando Silva reagiu: "Não toque em mim!". Jandira Feghali (PCdoB-RJ) se aproximou e Freire segurou o braço dela durante a discussão. A deputada comunista considerou o ato uma agressão e disse que vai levar o caso ao Conselho de Ética.
No meio da discussão, o deputado Alberto Fraga (DEM-DF) defendeu Freire: "Mulher que vem para a política e bate como homem tem que saber apanhar como homem". Diante de reações exaltadas, o parlamentar ainda desafiou: "Não tenho medo desse tipo de atitude. E aqueles que são mais valentes, me procurem logo após".
Roberto Freire minimizou o episódio e contou sua versão da história: "A deputada Jandira entrou (na discussão) e eu a tirei. Pode até ter sido um pouco com força", admitiu ele. Freire não vê do que se retratar, mas ainda assim pediu desculpas e disse que não agiu com a intenção de agredir.
O presidente da Câmara interrompeu a sessão por cinco minutos por causa da confusão. Foi a segunda vez que a votação foi interrompida. A presidência da Casa já havia suspendido os trabalhos para que a segurança esvaziasse as galerias depois da "chuva de dólares".

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Lava Jato: STF autoriza busca no gabinete de Eduardo Cunha


Investigadores querem apreender documento que pode revelar participação do presidente da Câmara como mentor de requerimento para chantagear fornecedoras de navios a pagar propina

 
Eduardo Cunha
Eduardo Cunha (Sérgio Lima/Folhapress)
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki autorizou que um oficial de Justiça fosse ao gabinete do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para apreender um documento que pode trazer novos indícios de que o parlamentar foi beneficiado com recursos desviados da Petrobras. A busca faz parte das diligências solicitadas pela Procuradoria-Geral da República contra Cunha. O peemedebista é um dos cinquenta políticos com foro privilegiado investigados na Operação Lava Jato em inquéritos abertos no Supremo.
Fontes ligadas à investigação relataram que um oficial de Justiça foi destacado na segunda-feira para cumprir o pedido no gabinete do presidente da Câmara. A autorização foi assinada por Zavascki, que é relator da Lava Jato no STF, após pedido um pedido de extensão de prazo para a investigação feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Procurada, a assessoria da presidência da Casa negou que um oficial de Justiça tenha estado no gabinete para cumprir a ordem de apreensão.
O alvo da busca era o registro em documentos eletrônicos que indica que partiu do gabinete de Cunha a elaboração de requerimentos de informação contra empresas acusadas de pagar propina no esquema da Petrobras ao PMDB. O Ministério Público Federal apura a participação de Cunha como mentor de dois requerimentos que posteriormente foram protocolados em comissões da Câmara por aliados políticos do deputado. Ele nega qualquer relação com o esquema do petrolão.
Os dois requerimentos foram apresentados na Câmara em 2011 e oficialmente são de autoria da ex-deputada federal Solange Almeida (PMDB-RJ), hoje prefeita da cidade de Rio Bonito (RJ). Investigadores suspeitam que as representações tenham sido arquitetadas por Cunha, com base em depoimento doleiro Alberto Youssef, um dos delatores da Lava Jato.
De acordo com o delator, o presidente da Câmara seria um dos beneficiários das propinas vindas do esquema envolvendo um contrato de aluguel de um navio-plataforma das empresas Samsung e Mitsui. Ele teria encomendado aos aliados os dois pedidos de auditoria dos contratos entre Mitsui, Samsung e Petrobras como uma "ameaça" às empresas, após o pagamento de propina ter sido suspenso.
Em depoimento prestado à Polícia Federal, no âmbito das investigações, Solange Almeida disse que "não se lembra" das motivações que a fizeram assinar os requerimentos apresentados à comissão. Ela afirmou que o tema do requerimento envolvendo a Petrobras "não se inseria em suas pautas de atuação parlamentar" e que se dedicava mais a temas como saúde pública.
A prefeita de Rio Bonito negou que Cunha tenha pedido que ela formulasse o requerimento sobre a Petrobras e disse não se recordar de que o parlamentar tenha falado com algum outro congressista sobre a elaboração do requerimento.
(Com Estadão Conteúdo)

PT mascara realidade na TV – e o Brasil protesta


Foram registrados panelaços e buzinaços em pelo menos nove Estados, além do DF

Por: Victor Fernandes

Panelaço durante propaganda do PT em São Paulo
Panelaço durante propaganda do PT em São Paulo (Reprodução/Twitter)
Enquanto o PT ignorava na noite desta terça-feira a avalanche de escândalos que envolve o partido - e recorria a argumentos de palanque para afirmar que a sigla não é conivente com a corrupção, o Brasil voltou a bater panelas contra a legenda e o governo da presidente Dilma Rousseff. Foram registrados buzinaços e panelaços em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná , Santa Catarina, Goiás, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Bahia, Alagoas, Sergipe, Pernambuco, Ceará, Paraíba e Pará, além do Distrito Federal. Dilma optou por não gravar mensagem para o programa, mas as aparições do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do presidente do partido, Rui Falcão, foram suficientes para inflar o protesto.
Na capital paulista, houve protestos nos bairros de Perdizes, Brooklin, Santana, Butantã, Vila Madalena, Rio Pequeno, Tatuapé, Vila Prudente, Jardins, Higienópolis e Morumbi. Também foram registrados panelaços em Taboão da Serra. No Rio houve manifestações em bairros da zonas Sul, Norte e Oeste, como Copacabana, Laranjeiras, Flamengo, Leblon, Botafogo, São Conrado. Ouviram-se panelas também em Niterói. Foram registrados protestos em Belo Horizonte, Recife, Fortaleza, Florianópolis, Curitiba, Porto Alegre, Vitória, Brasília, Goiânia, Aracaju, João Pessoa, Maceió, Salvador e Belém.
Não é a primeira vez que o país reage com panelaços ao discurso petista: em 8 de março, houve protestos em diversas capitais durante o pronunciamento da presidente Dilma por ocasião do Dia da Mulher. Pouco depois, mais manifestações marcaram a exibição de coletiva dos ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Miguel Rossetto (Secretaria-Geral da Presidência) sobre os protestos de 15 de março. Desde então, a presidente tem evitado expor sua imagem: não fez pronunciamento no Dia do Trabalho e não fará no Dia das Mães. Dilma também não gravou mensagem para o programa exibido nesta noite pelo PT.
Mais uma vez, os protestos foram organizados pelas redes sociais. Os movimentos que levaram brasileiros às ruas em 15 de março e 12 de abril, Vem Pra Rua, Brasil Livre e Revoltados On-line, conclamaram o panelaço em suas páginas no Facebook e pelo whatsapp. Os tucanos Aloysio Nunes e Marcus Pestana também chamaram os brasileiros a protestar.
Na TV, o PT afirmou que colocou "mais gente importante na cadeia por corrupção do que nos outros governos" - ignorando que tenha fornecido boa parte desses criminosos. E, embora a sigla tenha tratado mensaleiros condenados como "heróis do povo brasileiro", Falcão afirmou que o partido vai expulsar da legenda qualquer petista que tenha cometido malfeitos e for condenado pela Justiça.
Repetindo o discurso de campanha, o partido culpou a crise mundial pelo grave quadro econômico que o Brasil hoje atravessa - e disse que luta contra o arrocho salarial, a inflação altíssima e o desemprego que afirma terem caracterizado governos anteriores. Em março, a taxa de desemprego no país ficou em 6,2%, a maior desde maio de 2011. Em um ano, o número de desempregados cresceu 23,1%. Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 1,32% em março, atingindo o maior nível desde fevereiro de 2003. No acumulado de doze meses, a inflação está em 8,13%, bem distante do teto da meta do Banco Central, de 6,5%.

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