sexta-feira 02 2015

Deputados lançam manifesto contra 'cooptação' do PMDB


Grupo de 22 deputados do PMDB vai levar o documento a Michel Temer

O vice-presidente Michel Temer durante o EXAME Fórum 2015
O vice-presidente Michel Temer: um terço do PMDB na Câmara não aceita o 'toma lá dá cá' de Dilma(Heitor Feitosa/VEJA)
Um grupo de deputados peemedebistas lançou nesta quinta-feira um manifesto contra a negociação de cargos conduzida por lideranças do partido com o governo Dilma Rousseff. Dizendo-se contrários ao que chamam de "toma lá dá cá", 22 deputados da sigla - a bancada tem 60 no total - levarão o documento ao vice-presidente Michel Temer e descartam vincular seus votos aos ministérios entregues à legenda.
"Isso não resolve a crise política. Nosso voto não está vinculado ao toma lá dá cá", afirma Celso Marun (MS). "Esse grupo deixa claro que é contra esse tipo de cooptação de parlamentares para aprovar o que muitas vezes não é do interesse da população", disse Lúcio Vieira Lima (BA).
Entre os temas que não devem contar com o apoio do grupo está a recriação da CPMF. Nos bastidores, deputados avaliam que a decisão de aceitar mais pastas no governo "desmoraliza" o partido. E questionam até o benefício de ficar determinados ministérios. "A Saúde acabou", afirma um deles, em referência ao corte no orçamento da pasta que deve ficar com a sigla. Pesou também na decisão o temor de que a opinião pública se vire contra o partido.

BARGANHA - Marcelo Castro será ministro da Saúde e Celso Pansera, da Ciência e Tecnologia


Nomes dos deputados do PMDB foram confirmados por Dilma ao líder do partido na Câmara, Leonardo Picciani. Reforma ministerial deve ser anunciada nesta sexta

Deputados Marcelo Castro e Celso Pansera do PMDB
Deputados Marcelo Castro e Celso Pansera do PMDB(Divulgação/Câmara dos Deputados)
Em conversa na noite desta quinta-feira, no Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff confirmou ao líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), que os deputados Marcelo Castro (PMDB-PI) e Celso Pansera (PMDB-RJ) serão ministros da Saúde e de Ciência e Tecnologia, respectivamente. O anúncio oficial será feito na manhã desta sexta-feira.
Com a acomodação de Pansera, aliado do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no Ministério de Ciência e Tecnologia, Dilma equacionou um problema que vinha tendo com o PMDB, já que Picciani queria colocar o deputado no Ministério dos Portos, que agora deve ficar com Hélder Barbalho, atualmente no comando da pasta da Pesca.
Marcelo Castro, 65 anos, é médico psiquiatra e atua como deputado federal desde 1999. Filiado ao PMDB de 1981 a 1991, passou pelo PSDB e pelo PPR antes de retornar ao PMDB. Em 2015, se desentendendeu com Eduardo Cunha durante as discussões da reforma política. Os dois parlamentares trocaram críticas e o relatório feito por Castro foi atropelado por Cunha, que levou o debate para o plenário. Castro disputava a vaga com um aliado de Cunha, o também médico Manoel Junior (PB).
Já Pansera, gaúcho de São Valentim, está em seu primeiro mandato como deputado federal. Ele já foi secretário de Ciência e Tecnologia do Estado do Rio de Janeiro.
Inicialmente, o governo tentou alojar Eliseu Padilha (Aviação Civil) e Henrique Eduardo Alves (Turismo) no Ministério de Ciência e Tecnologia. Eles não aceitaram. Diante da recusa, o Planalto procurou a solução na bancada peemedebista.
O medo era a reação da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SPBC) por ter no ministério um novo George Hilton, que assumiu a pasta do Esporte sem ter qualquer relação com o setor. Com Pansera, este problema também fica solucionado.
Até o final da tarde, Picciani resistia em aceitar Ciência e Tecnologia. Defendia que o governo mantivesse as ofertas que havia apresentado no início das negociações - o Ministério da Saúde e um outro na área de infraestrutura.
Pansera ganhou os holofotes neste ano ao ser apontado pelo doleiro Alberto Youssef como "pau-mandado" de Eduardo Cunha no esquema de corrupção da Petrobras investigado pela Operação Lava Jato.
Trabalho - O ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Miguel Rossetto, vai assumir o Ministério do Trabalho e da Previdência Social, pastas que serão fundidas na reforma a ser anunciada nesta sexta-feira pela presidente Dilma. Carlos Gabas, atual titular da Previdência, assumirá a secretaria nacional do ministério.
Ricardo Berzoini, ministro das Comunicações, comandará a nova Secretaria de Governo, que vai abrigar funções da Secretaria Geral da Presidência e fará a articulação política do Palácio do Planalto com o Congresso
Defesa - O atual ministro da Ciência e Tecnologia, Aldo Rebelo, assumirá mesmo o Ministério da Defesa, em lugar de Jaques Wagner, que vai para a Casa Civil para substituir Aloizio Mercadante, que assume a Educação. A decisão da presidente Dilma Rousseff de levar Aldo Rebelo para a Defesa foi comunicada a ele nesta quinta-feira.
(Com Estadão Conteúdo)

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