sexta-feira 05 2013

Retirar poder de investigação do Ministério Público é golpe na sociedade, diz Gurgel



MATHEUS LEITÃO
DE BRASÍLIA
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou, na tarde desta segunda-feira (11), que a retirada do poder de investigação do Ministério Público é um "golpe mortal" na sociedade brasileira.


"A tentativa de tirar o poder do Ministério Público, em curso, é extremamente grave por atingir um dos nossos pontos essenciais, mutilando a instituição. Quem perde não é o Ministério Público somente, mas a sociedade desgastada com a impunidade. Seria como um golpe mortal", afirmou.
Sérgio Lima - 7.jan.2013/Folhapress
Roberto Gurgel, procurador-geral da República
Roberto Gurgel, procurador-geral da República
Em novembro, a Comissão Especial da Câmara dos Deputados aprovou proposta que altera a Constituição e exclui o poder de investigação do Ministério Público.
A comissão que aprovou a proposta é composta por sua maioria de deputados ligados a setores da polícia. A emenda apresentada pelo deputado Bernardo de Vasconcellos Moreira (PR-MG) atribuiu exclusivamente às polícias Federal e Civil a competência para a investigação criminal.
Na opinião de Gurgel, não haveria o julgamento do mensalão no ano passado sem o poder de investigação do Ministério Público, "tal a importância do órgão no caso".
O procurador-geral disse que a Policia Federal teve papel importante na investigação do mensalão, mas a maior parte da investigação do caso foi conduzido pela Procuradoria. "A espinha dorsal foi fruto do trabalho do Ministério Público".
"O Ministério Público jamais pretendeu a exclusividade, já que a polícia faz um trabalho importantíssimo. Na verdade, o que temos é que estimular um trabalho conjunto --todos os organismos do Estado", disse.
Ao abordar o tema, o procurador-geral cobrou novamente a efetividade do julgamento do mensalão. "É preciso que as pessoas condenadas a penas privativas de liberdade sejam recolhidas à prisão, a exemplo do que acontece com as pessoas pobres".
"Tivemos um resultado magnífico, que deu esperança à sociedade de que os tempos de impunidade terminaram. O julgamento deixou a esperança, mas é preciso que essa esperança se concretize. E vai se concretizar apenas com a execução das penas", disse Gurgel.
As declarações foram dadas em coletiva realizada antes do início de seminário internacional sobre o papel do Ministério Público na Investigação criminal, que começa na noite desta segunda-feira.
O seminário, organizado pela procuradoria-geral da República, defenderá a manutenção do poder de investigação do Ministério Público com palestrantes da América Latina e Europa.
Na época em que a proposta foi aprovada na Câmara, Gurgel chamou de "atentado" ao Estado democrático a aprovação da anulação do poder de investigação do Ministério Público por parte do Congresso.
Entidades como a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) saíram em defesa do Ministério Público classificando-a proposta como "danosa". "A importância do Ministério Público em diversas investigações é fundamental para o combate eficaz da impunidade que grassa no país", disse, em fevereiro.
A proposta ainda aguarda votação no plenário da Câmara.
CASO CHALITA
Gurgel afirmou que ainda "está analisando" o material enviado pelo Ministério Público Estadual de São Paulo envolvendo o deputado Gabriel Chalita (PMDB-SP) por suspeita de corrupção, enriquecimento ilícito e superfaturamento de contratos públicos.
"É um material volumoso", disse, sem dar detalhes.
Folha revelou no mês passado que Ministério Público Estadual abriu 11 inquéritos para investigar o deputado com base nas acusações do analista de sistemas Roberto Grobman, que afirma ter sido assessor do peemedebista na época em que foi secretário de Educação de São Paulo. Chalita nega as acusações.
Por ser parlamentar, Chalita tem foro privilegiado. Após analisar os dados, Gurgel vai decidir se pede abertura de inquérito no STF (Supremo Tribunal Federal) contra o deputado.

Você pode curar a sua vida



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Barbosa critica proposta de restringir poder de investigação do Ministério Público


FELIPE SELIGMAN
DE BRASÍLIA



O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, criticou nesta sexta-feira (5) a proposta de emenda constitucional que pretende limitar os poderes de investigação do Ministério Público.

"Acho péssimo. A sociedade brasileira não merece uma coisa dessas", disse o ministro, ao sair da Universidade de Brasília, onde proferiu a aula inaugural do primeiro semestre de 2013.
Retirar poder de investigação do Ministério Público é golpe na sociedade, diz Gurgel
Comissão aprova projeto que exclui poder de investigar do Ministério Público
CNBB se posiciona contra tirar poder de investigação do Ministério Público
Promotores lançam abaixo-assinado contra projeto que restringe investigações
Sergio Lima/Folhapress
Joaquim Barbosa, presidente do STF
Joaquim Barbosa, presidente do STF
Antes de ser ministro do STF, Barbosa fez carreira no Ministério Público e sua posição favorável aos poderes investigativos de procuradores e promotores já havia sido apresentada durante julgamentos do tribunal.
Sua crítica à PEC que tramita no Congresso se soma à do procurador-geral da República que, há meses, tenta convencer os parlamentares a não aprovar o texto.
USURPAÇÃO DE PODERES
Durante sua aula inaugural, o presidente do Supremo foi saudado com aplausos e gritos de mais de mil estudantes que foram ao Centro Comunitário da Universidade para ver o seu pronunciamento.
Ele respondeu a três perguntas feitas por estudantes, uma delas relacionada à constante crítica, principalmente elaborada por integrantes do Congresso, de que o Supremo Tribunal Federal, nos últimos tempos, tem usurpado os poderes do Legislativo e do Executivo e editando regras para a sociedade.
Para Barbosa, no entanto, os ministros do tribunal não estão preocupados com tais críticas. "Eu poderia responder de maneira evasiva, mas vou direto ao ponto. Ninguém, nenhum ministro, está preocupado com o que dizem sobre o STF estar usurpando funções de outros poderes", afirmou. "Vocês sabem que o Supremo não sai à caça de problemas. Os problemas chegam a ele e chegam da maneira em que a Constituição brasileira previu".
PASTOR FELICIANO
O ministro também se deparou com o que chamou de "saia justa", quando questionado por uma estudante de Ciências Sociais qual é a sua opinião sobre o deputado Marco Feliciano (PSC-SP) ocupar a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara.
Dessa vez, no entanto, ele preferiu a resposta evasiva: "A minha resposta é de quem viveu, durante anos e anos nesse ambiente de liberdade. É simples. O deputado Marco Feliciano foi eleito pelos seus pares para assumir um determinado cargo dentro do Congresso Nacional, perfeito. Os deputados fizeram porque está previsto regimentalmente. Agora, a sociedade tem o direito de se exprimir, como tem feito, contrariamente à presença dele neste cargo. Isso é democracia", afirmou Barbosa, muito aplaudido.
MENSALÃO
Joaquim Barbosa também disse que o acórdão do mensalão, resultado oficial do julgamento, deverá ser publicado "nos próximos dias". Para isso, no entanto, ele depende do colega Celso de Mello, que termina a revisão de seu voto e deve liberar sua contribuição "o mais rápido possível", segundo diz a assessoria do tribunal desde o início desta semana.
Assim que Mello liberar o voto, Barbosa deverá publicar o acórdão no Diário de Justiça. A partir de então, será aberto um prazo de cinco dias para que os advogados contestem a decisão do tribunal que condenou 25 réus pelos crimes de corrupção ativa e passiva, peculato, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta e formação de quadrilha.

Blowing In The Wind (Live On TV, March 1963)



Tempo muito especial!!

Desembargador pedia dinheiro por 'torpedos'


Por estadao.com.br
Afastado sob suspeita de corrupção usava mensagens de celular para solicitar 'empréstimos' de até R$ 35 mil a advogadas

Uma sequência de 23 torpedos enviados para os celulares de duas advogadas de Campinas é indício contra o desembargador Arthur Del Guércio Filho, afastado cautelarmente da 15.ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo por suspeita de corrupção. As mensagens foram redigidas no celular do próprio magistrado e endereçadas às advogadas Maria Odette Ferrari Pregnolatto e Giovanna Gândara Gai, de um escritório de Campinas (SP).
"Do TJ foram suspensos alguns pagamentos de férias atrasadas a que tenho direito e isso me deixou numa situação aflitiva", escreveu o desembargador Del Guércio, a 9 de maio de 2012, às 14h34. "Por isso me atrevo a perguntar se a sra poderia me emprestar R$ 35 mil por 60 dias, com o inconveniente que precisaria ser para amanhã."
Depois, insistiu. "Qualquer que seja sua resposta tenho certeza que nenhum de nós misturará as coisas, pois o pedido é pessoal, nada mais. Me desculpando pelo incômodo aguardo ansioso sua resposta. Abs."
Maria Odette, de 65 anos, integra o Tribunal de Ética da Ordem dos Advogados do Brasil em Campinas. Acumula 40 anos de experiência, como procuradora municipal e advogada. Por cautela, gravou as correspondências. "Fiquei muito indignada. Não emprestei dinheiro e não respondi", conta.
Dúvida. Ela defende uma pessoa jurídica em mandado de segurança relativo a questão de ordem tributária. No último dia 21 de março, Del Guércio ligou para o escritório de Maria Odette e pediu a ela que fosse ao seu gabinete, no prédio do TJ da Avenida Ipiranga, centro da Capital. "Ele disse que estava com dúvida sobre a perícia contábil", relata a advogada. "Fui à sala dele, mas ali não falou sobre dinheiro. Mal deixei o tribunal e veio torpedo."
"Dra, bom dia (eram 11h50)", iniciou o magistrado. "Depois que a sra saiu tive uma péssima notícia e constrangido gostaria de saber se poderia me ajudar. Amanhã entraria um pagamento do tribunal mas ele só será feito no dia 5 de abril. O valor é 19 mil e 800 reais. A sra poderia me emprestar esse valor até aquela data? Me desculpe pela amolação. Me dê um retorno, por favor."
Ao fim do texto, às 11h53, ele anotou. "Ah, já localizei o feito e o julgamento será simultâneo, mas sem qualquer relação com o meu pedido, creia." Às 17h52 ele cobrou. "Dra, alguma posição?"
"Tenho medo do que possa ocorrer com meu cliente, mas como não podia tomar providências?", argumenta Maria Odette, que segunda-feira foi à Presidência do TJ, denunciou o desembargador e entregou cópia da sucessão de torpedos.
Além de seu relato e do depoimento de Giovanna, confirmam a ação de Del Guércio outros três advogados a quem ele teria solicitado dinheiro.
Maria Odette disse que "nunca deu essa abertura" para que Del Guércio fizesse tal pedido. "Nunca vi uma coisa dessas e tem um agravante porque ele até assediou a Giovanna, uma advogada jovem e bonita."
Frustração. O assédio está em duas mensagens a Giovanna, de 31 anos. A primeira, a 9 de maio de 2012, às 12h12. "Gostei muito de falar com você. Seu jeito meigo me cativou. Sei das grandes diferenças que existem em nossas vidas, mas posso lhe perguntar se não podemos almoçar juntos um dia desses? O que acha da ideia? Estou aguardando sua visita. Beijos."
No dia seguinte, às 9h40: "Giovanna, bom dia. Você não me respondeu ontem. Te assustei?"
"É uma frustração grande", diz Giovanna. "A gente estuda, vai atrás de jurisprudências e aí você vê todo esse trabalho jogado no ralo. Ainda assim existem os bons e a gente acredita na Justiça. Talvez tenha acontecido com mais pessoas."
O criminalista José Luís Oliveira Lima, que ontem assumiu a defesa de Del Guércio, não comentou as acusações.

Dilma edita MP com novas desonerações


Por Reuters, Reuters


Dilma edita MP com novas desonerações
REUTERS
BRASÍLIA, 5 Abr (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff editou medida provisória ampliando os setores beneficiados pela desoneração da folha de pagamento e zerando a alíquota do PIS/Cofins para as indenizações do setor elétrico pela renovação antecipada de concessões.
A MP foi publicada em edição extra de quinta-feira do Diário Oficial da União.
A desoneração da folha já beneficia 42 setores da economia e tem como objetivo reduzir o custo de produção no Brasil. Além disso, o governo tem dito que espera que essa redução do custo se transforme em expansão do investimento.
Entre os novos setores que serão beneficiados pela desoneração da folha estão empresas de construção de obras de infraestrutura e empresas de engenharia, de equipamentos militares e aeroespaciais e de serviços de manutenção de veículos.
Esses setores vão pagar uma alíquota de 2 por cento sobre o faturamento bruto e deixarão de recolher 20 por cento da contribuição previdenciária incidente sobre a folha.
Outros setores beneficiados são carga e descarga de conteiners em portos, infraestrutura aeroportuária e empresas jornalísticas e de radiodifusão, armas e munições. O percentual que incide sobre o faturamento bruto, neste caso, é de 1 por cento.
Os novos setores desonerados desta nova MP são similares aos vetados pela presidente na última quarta-feira. Eles foram incluídos por emendas dos parlamentares em medida provisória que tratava do tema.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, dará uma entrevista para explicar os detalhes dessa MP na manhã desta sexta-feira.
Veja o link para a MP 612 no Diário Oficial da União:
http://www.in.gov.br/visualiza/index.jsp?data=04/04/2013&jornal=1000&pagina=2&totalArquivos=8
(Por Tiago Pariz)

Coreia do Norte diz a embaixadas para considerarem retirada do país


Por Redação*


Tensões aumentam na Península Coreana (© EFE)
A Coreia do Norte disse a embaixadas estrangeiras para considerarem a possibilidade de retirada de pessoal caso as tensões aumentem, informou a agência de notícias oficial da China, Xinhua, citando fontes diplomáticas, nesta sexta-feira (5). A agência não detalhou seu breve relato.
O país carregou em plataformas de lançamento móveis dois mísseis de alcance intermediário e os escondeu em algum ponto no litoral leste do país, informou mais cedo uma fonte militar sul-coreana, o que pode ser o indício de um iminente teste de mísseis de Pyongyang.
'No início desta semana, a Coreia do Norte transferiu de trem dois mísseis Musudan e os colocou em plataformas de lançamento móveis' no litoral do Mar do Leste (Mar do Japão), indicou um alto oficial do Exército sul-coreano à agência local Yonhap.
O movimento de Pyongyang, detalhou a fonte, é visto como uma tentativa de lançar mísseis de surpresa, uma vez que não está claro se os projéteis serão utilizados em um teste de disparo ou em manobras militares.
Analistas sul-coreanos enxergam uma alta probabilidade de Pyongyang realizar um teste de lançamento do míssil em meados de abril para celebrar o aniversário do nascimento de Kim Il-sung, fundador do país e avô do atual dirigente, Kim Jong-un, em uma tentativa de reforçar sua liderança.
A Coreia do Sul, por sua vez, desdobrou hoje em sua costa no Mar Amarelo (Mar Ocidental) e no Mar do Leste (Mar do Japão) dois navios com sistemas de intercepção de mísseis, perante a possibilidade de a Coreia do Norte preparar um lançamento nos próximos dias.
No início desta semana, Pyongyang movimentou o que pareciam ser dois projéteis Musudan rumo a sua costa oriental após ameaçar produzir um ataque nuclear contra os EUA, o que levou Washington a enviar seu avançado sistema de defesa de mísseis para sua base na ilha de Guam, no Pacífico.
*Com informações das agências Reuters e EFE

'É preciso considerar o fator emocional', diz criador da dieta Dukan


Entrevista

Em entrevista ao site de VEJA, o médico francês Pierre Dukan, autor do best-seller 'Eu não consigo emagrecer', fala sobre por que as celebridades seguem sua dieta, critica os nutricionistas e aponta falhas no método de emagrecimento criado pelo falecido cardiologista Robert Atkins

Juliana Santos
Dr Pierre Dukan
O nutrólogo Pierre Dukan está no Brasil para divulgar seu novo livro, 'O método Dukan Ilustrado' (Mary Erhardy/Divulgação)
Criada pelo nutrólogo francês Pierre Dukan, a Dieta Dukan ganhou visibilidade por supostamente ajudar celebridades como Jennifer Lopez e Penélope Cruz a perderem peso após a gravidez. Segundo a imprensa britânica, a duquesa de Cambridge, Kate Middleton, teria perdido sete quilo graças à dieta antes do casamento real, o que fez com que ela ficasse conhecida também como Dieta da Princesa. No Brasil, há 23 semanas o livro Eu não consigo emagrecer (Editora Best Seller, 308 páginas), no qual Dukan descreve a dieta, está na lista dos mais vendidos de VEJA, e chegou ao primeiro lugar na categoria autoajuda.

As quatro fases da Dieta Dukan

PRIMEIRA FASE – ATAQUE
A primeira fase consiste no consumo exclusivo de proteína, por um período de três a sete dias, dependendo da quantidade de quilos que se deseja perder. Dentre os alimentos permitidos, estão carne bovina, frango, ovos, peixes, tofu e laticínios sem gordura, e é permitido comer o quanto quiser. São recomendados 20 minutos de exercícios diários.
SEGUNDA FASE - CRUZEIRO
Na segunda fase são mantidas as recomendações e alimentos da primeira fase, mas com adição de todos os legumes e verduras. São recomendados 30 minutos de exercícios.
TERCEIRA FASE – CONSOLIDAÇÃO
É uma fase de transição entre a dieta restritiva e a normal. Na terceira fase deve-se adicionar aos alimentos já consumidos duas frutas por dia, duas fatias de pão integral, uma porção de queijo (40 gramas) e uma porção de carboidratos duas vezes por semana, como massa ou arroz. São adicionadas, duas vezes por semana, as chamadas "refeições de gala", na qual a pessoa pode comer o que quiser, mas não pode repetir o prato. São recomendados 25 minutos de exercícios diários.
QUARTA FASE – ESTABILIZAÇÃO DEFINITIVA
Essa fase deve ser seguida por toda a vida. É permitido comer normalmente, mas em um dia da semana deve-se ingerir apenas proteínas, como na primeira fase. São recomendados 20 minutos diários de atividade física.
Trata-se de uma dieta restritiva, dividida em quatro fases. Segundo o autor, as duas primeiras são voltadas para o emagrecimento e as duas seguintes para a estabilização do peso. De início, recomenda-se o consumo exclusivo de proteínas e, aos poucos, adicionam-se os demais alimentos, até a quarta e última fase, que deve ser seguida por toda a vida. Nesta etapa, a pessoa pode comer o que quiser, mas precisa seguir algumas regras, como se alimentar apenas de proteínas uma vez por semana e fazer 20 minutos diários de exercícios físicos.
Sem inovação – Com pequenas adaptações, o método Dukan é muito semelhante a outros que ficaram famosos no passado, como a dieta Atkins e a South Beach.  A primeira, desenvolvida pelo cardiologista americano Robert Atkins (1930-2003), foi considerada revolucionária nos anos 70, e tem como princípio a redução do consumo de carboidratos, que seriam substituídos por proteínas e gorduras. Já a South Beach, criada há dez anos por Arthur Agatston, também cardiologista americano, recomendava o corte de proteínas e gorduras na primeira de três fases.
Desde 2010, a Dieta Dukan figura na lista das "Cinco piores dietas das celebridades que não devem ser seguidas", elaborada pela Associação Britânica de Dietistas (British Dietetic Association), tendo ficado em primeiro lugar nos últimos dois anos.
Para os endocrinologistas Walmir Coutinho e Márcio Mancini, ambos da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem), a dieta Dukan não passa de uma nova moda, sem comprovações científicas. "Apesar de todas as criticas feitas à dieta de Atkins, uma coisa é certa: ele inovou, mostrou que é possível emagrecer através de uma dieta com gordura e proteína. Depois disso, diversos médicos escreveram livros e exploraram sua descoberta sem nenhum conhecimento novo. Essas dietas nada mais são do que adaptações com pequenas variações de Atkins", afirma Coutinho.
Segundo ele, qualquer dieta que imponha uma restrição alimentar é capaz de promover o emagrecimento em curto prazo, mas os maiores problemas são a manutenção do peso e as possíveis consequências para a saúde de tal restrição, como a perda de massa magra e o consumo excessivo de sal, no caso de Dukan. O próprio Dukan admite que, no começo, o programa pode ter efeitos colaterais, como mau hálito e constipação.
Em entrevista ao site de VEJA, Pierre Dukan, que está no Brasil para o lançamento de seu novo livro, O método Dukan Ilustrado (Editora Best Seller, 288 páginas), explica detalhes sobre sua dieta e rebate algumas das críticas recebidas.
Por que a sua dieta ganhou tantos adeptos mundialmente? Ela leva em consideração um detalhe muito importante: o fator emocional. Há alguns anos, o ser humano era visto como um motor. Você colocava combustível, ele funcionava. Isso era um desastre, essa teoria não leva em consideração que as pessoas têm sentimentos que afetam a forma de se alimentar. Uma das primeiras respostas às dificuldades da vida é comer — comer é fácil, não é muito caro e é viciante. Na dieta que desenvolvi, você tem uma estrutura, um mapa de como ela funciona. Na primeira fase, os resultados são muito rápidos: pode-se perder dois quilos em quatro ou cinco dias. E isso é algo anti-stress, já que você sobe na balança e descobre que a dieta é sua amiga. Além disso, tem a questão da quantidade do que se come. É possível comer uma porção grande, se a pessoa quiser. Um grande aliado da dieta é se sentir satisfeito, quando a pessoa não come o bastante, ela não consegue continuar. É possível evitar a vontade de comer doces, por exemplo, mas não a fome. A fome é biológica.
Como a dieta age fisiologicamente no organismo? Quando se come só proteínas, além de promover a saciedade, o organismo gasta mais calorias para digerir proteínas do que carboidratos e gorduras. E quando as pessoas comem um grande pedaço de carne, elas param. Mas quando se come pão ou macarrão, é mais difícil parar de comer.
Se a dieta Dukan deve ser mantida por toda a vida, ela deve ser considerada uma reeducação alimentar e não uma dieta? Não é mesmo uma dieta. Imediatamente após atingir o peso desejado, não se está mais de dieta, porque a terceira fase tem proteínas, vegetais, frutas, pão, queijo, carboidratos e refeições de gala. É uma dieta normal. E depois disso, na quarta fase, não é uma dieta de forma nenhuma, existe só um dia de proteína. Um dia na semana não é muito. Uma boa dieta é uma dieta que, quando acaba, você aprende alguma coisa. E o aprendizado da minha dieta é: menos carboidratos e um pouco mais de vegetais e proteínas. Só um pouco mais. E para quem não quiser comer carne, existe o tofu e outros produtos para vegetarianos.
Não consumir determinados tipos de alimentos, como os carboidratos, pode ser um problema para a saúde? Em primeiro lugar, minha dieta, mesmo nos primeiros dias, não é sem carboidratos. Existem carboidratos em dois produtos: a aveia e os derivados do leite. Também existe gordura em peixes e carnes, mas em uma quantidade menor. Em segundo lugar, nos dias de hoje, as pessoas não se movimentam muito, então não precisam tanto de carboidratos como há 50 anos.
Quais são os efeitos colaterais da dieta? Perder peso muito rápido pode causar mau hálito. Se a pessoa não ingerir líquido o suficiente, ela pode ter dificuldades para evacuar. Além disso, é possível apresentar fadiga nos primeiros dias, dependendo da alimentação que se tinha antes da dieta e da pressão sanguínea de cada um. 
Mas se é uma dieta segura, por que tem efeitos colaterais? Os efeitos colaterais são apenas aquelas pequenas coisas que eu mencionei, mas não há nenhuma consequência séria para a saúde. É preciso considerar que existe um problema e um remédio. Eu nunca ouvi falar de alguém que morreu com essa dieta, mas com diabetes e obesidade as pessoas morrem todos os dias. Por outro lado, existem benefícios. Após começar a dieta observa-se uma redução do diabetes, da pressão sanguínea, de problemas nas articulações e da apneia do sono.
A Associação Britânica de Dietistas considerou a dieta Dukan a número um a não ser seguida. O que o senhor tem a dizer sobre isso? Essas pessoas não são médicos, são nutricionistas. Estão muito bravos comigo porque eles perdem dinheiro quando as pessoas preferem comprar o meu livro a ir ao nutricionista. Os nutricionistas dizem "mil calorias por dia" e entregam um papel impresso para a pessoa. Eles dizem que a minha dieta é uma dieta para as celebridades. Algumas celebridades estão seguindo a dieta, mas eu não a fiz para celebridades. Não quero me gabar, mas acho que neste século não há outro médico que vendeu tantos livros de dieta. Mesmo Atkins, que era famoso em sua época, não vendeu tantos livros. Se vendi um milhão de livros, não é sem razão, é porque as pessoas dizem aos amigos: "Eu fiz essa dieta e ela funciona. Você pode fazer também".
Qual é a principal diferença entre a dieta Dukan e a dieta Atkins? Atkins recomenda o consumo de proteínas o quanto cada um desejar, mas ele diz o mesmo para a gordura. Na dieta dele é permitido comer manteiga e óleo, por exemplo, e para mim, nas primeiras etapas, não. A segunda diferença é que a dieta Atkins para após a segunda fase e ele diz "Se controle, faça exercícios e tome cuidado", mas "Tome cuidado" não é um programa. Essa é a grande diferença. Mas eu respeito Atkins. Eu o conheci em Nova York, era um homem muito interessante. Eu perguntei a ele "Por que você disse que não tinha problema ingerir gorduras?". Ele disse que acreditava que a gordura não era o problema, mas é um problema para o coração. Agora há um novo programa Atkins que reduz a gordura, assim como eu. Além disso, ele não aprovava os vegetais, porque eles têm carboidratos, mas é difícil fazer uma dieta sem vegetais.
As pessoas voltam a ganhar peso quando chegam à última fase da dieta? Durante a quarta fase é normal ocorrer um ganho de peso lento, de 100 a 300 gramas durante a semana, mas quando chega a quinta-feira, em que se come só proteína, esse ganho é reduzido a zero. Por isso não se deve deixar de seguir a regra das quintas-feiras de proteína, para não acumular peso novamente. Após dois a três meses isso se torna automático, não é um problema.
Correção: A reportagem afirmava que a modele Gisele Bündchen era adepta da dieta Dukan. Segundo a assessoria da modelo, "Gisele não é adepta e desconhece a Dukan Diet.  A modelo mantém a sua boa forma com uma alimentação saudável e rotina de exercícios e leva o assunto saúde muito a sério."

Redução de três gramas no consumo diário de sal já seria suficiente para salvar milhares de vidas, diz pesquisa


Alimentação

Segundo estudo britânico, a redução da quantidade de sal nas refeições evitaria problemas cardíacos, derrames e infartos

Exagero no sal: cerca de 69% das mulheres e 88% dos homens brasileiros consomem quantidades diárias de sódio acima das recomendadas
Exagero no sal: cerca de 69% das mulheres e 88% dos homens brasileiros consomem quantidades diárias de sódio acima das recomendadas (Thinkstock)
A redução da quantidade de sal na dieta das pessoas seria capaz de salvar milhões de vidas ao redor do mundo, diminuindo os níveis de doenças cardíacas e derrames. A pesquisa foi publicada no periódico científico British Medical Journal e conduzida pelo professor Francesco Cappuccio, da Warwick Medical School.
De acordo com a pesquisa, uma redução de três gramas de sal na ingestão diária resultaria na prevenção de 8.000 mortes por derrame e de 12.000 óbitos por doença coronariana por ano no Reino Unido.
Uma redução similar nos Estados Unidos resultaria em 120.000 menos casos de doenças cardíacas, 66.000 derrames e 99.000 ataques cardíacos a menos por ano. De acordo com o estudo, com a prevenção seriam economiazados 24 bilhões por ano com assistência médica.
A Organização Mundial da Saúde possui uma missão global para reduzir o consumo de sal para menos de 5 gramas por pessoa até 2025. O consumo de sal em alguns países, porém, supera muito esse número. Estima-se que o brasileiro consome, em média, 12 gramas de sal por dia.
Para Cappuccio, apenas a mudança de comportamento das pessoas não é suficiente para mudar essa realidade porque, segundo ele, grande quantidade do sal é adicionada ao produto antes mesmo de ele ser vendido. “A indústria alimentícia contribui para a epidemia de doenças cardiovasculares. Essa responsabilidade precisa ser reconhecida”, diz Cappuccio.
Em julho deste ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Ministério da Saúde lançaram a campanha Menos Sal. Sua Saúde Agradece!, que busca reduzir o consumo de sal do brasileiro. A proposta é conscientizar a população sobre os problemas causados à saúde pela ingestão excessiva de sal.

Comer mais potássio e menos sal protege o coração


Alimentação

Novos estudos concluem que o potássio, encontrado em vegetais frescos, ajuda a reduzir a pressão alta e o risco de AVC. E, para especialistas, redução do consumo de sal deve ser ainda maior do que a proposta pela OMS

Vegetais frescos: Comer mais alimentos como esses - e menos sal - pode ser o segredo para um coração saudável
Vegetais frescos: Comer mais alimentos como esses - e menos sal - pode ser o segredo para um coração saudável(Thinkstock)
Uma série de estudos publicados nesta quinta-feira no site da revista British Medical Journal(BMJ) reforçou que reduzir o consumo de sódio ajuda a evitar problemas cardíacos — e ainda revelou que ingerir maiores quantidades de potássio, encontrado principalmente em frutas, verduras e legumes frescos, também propicia esse benefício. De acordo com as conclusões, uma alta ingestão de potássio pode diminuir em até 24% o risco de uma pessoa sofrer um acidente vascular cerebral (AVC).
Uma das pesquisas divulgadas pela revista, que se concentrou em avaliar os efeitos do potássio sobre a saúde, foi feita por especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) e é uma revisão de 33 trabalhos sobre o assunto. Os resultados do estudo mostraram que consumir de três a quatro gramas de potássio por dia já é o suficiente para reduzir a pressão arterial e pode diminuir o risco de um derrame cerebral.
De acordo com o artigo, o potássio é fundamental para o funcionamento das células. Cada vez mais, as pessoas deixam de consumir o nutriente em quantidades adequadas, já que os alimentos industrializados reduzem os níveis de potássio na comida. Por isso, quanto mais alimentos frescos forem consumidos, maiores níveis do nutriente uma pessoa vai ingerir.  Fontes ricas em potássio incluem alimentos como feijão, ervilhas, couve, espinafre, banana e mamão.
Outra pesquisa publicada pelo BMJ reforçou as recomendações da OMS de que reduzir o consumo diário de sódio é fundamental para proteger a saúde do coração, mas indicou que essa diminuição deva ser ainda maior do que a proposta pelo órgão de saúde.

Segundo a OMS, a população mundial consome, em média, de 9 a 12 gramas de sal por dia, o equivalente a entre 3,6 e 4,8 gramas de sódio. Para o órgão, o ideal é que sejam ingeridos não mais do que cinco gramas de sal diariamente. Porém, de acordo com esse estudo, que foi feito na Universidade de Londres Queen Mary, embora a redução proposta pela OMS ajude a controlar a pressão arterial das pessoas, esse benefício pode ser ainda maior se as pessoas passarem a consumir, no máximo, três gramas de sal ao dia. Essa pesquisa foi feita com base na revisão de 34 estudos realizados anteriormente.
Assunto em evidência — A OMS elegeu a hipertensão como tema do Dia Mundial da Saúde deste ano, que acontece em 7 de abril. Segundo o órgão, a doença causa 9,4 milhões de mortes todos os anos no mundo e é responsável por 45% de todos os ataques cardíacos e 51% derrames cerebrais registrados globalmente. Um estudo publicado em 2012 na revista The Lancet revelou que a pressão alta é o principal fator de risco à saúde da população mundial — há 20 anos, a doença ocupava o quarto lugar nesse quesito, ficando atrás do baixo peso infantil, da poluição dentro de casa e do tabagismo.

Diretório Nacional aprova resolução política




No próximo dia 6 de março, as centrais sindicais, em sua marcha a Brasília, serão recebidas pela presidenta da República e apresentarão sua pauta de reivindicações. Entre elas, a redução da jornada de trabalho sem redução de salários; o direito à negociação coletiva dos servidores públicos; e a proibição de demissões imotivadas -– causas que o PT apóia e considera como avanços, sobretudo diante das conquistas que nossos governos possibilitaram nos últimos dez anos.
O último decênio, por sinal, foi marcado por transformações profundas, promovidas pelos governos do presidente Lula e da presidenta Dilma, com o apoio de uma coalizão de partidos aliados. O Brasil deixou para trás um período de triste memória—em que reinaram as políticas neoliberais e a submissão ao chamado consenso de Washington dando inicio a uma era de desenvolvimento sustentável, com distribuição de renda, geração de empregos e ascensão social, articulada com democracia, soberania nacional, integração regional e uma nova atitude internacional do Brasil, num mundo marcado pela crise, pelos conflitos militares e pela insistência de algumas potências em nefastas políticas de austeridade.
A participação da militância e os pronunciamentos do presidente Lula e da presidenta Dilma, no ato inaugural das comemorações dos 10 anos de governos liderados pelo PT, realizado em São Paulo em 20 de fevereiro, constituem um novo marco na conjuntura. Se antes o quadro era de tentativa de cerco pelos adversários, agora passou a ser de ofensiva e retomada da iniciativa política pelo PT.
Aliás, desde que o DN, em dezembro, aprovou uma agenda positiva e que o governo federal decidiu baixar os preços da energia, derrotando e desmascarando a sabotagem de nossos adversários - o cenário do País mostra-se mais favorável ao campo popular.
As comemorações dos 33 anos do PT e dos 10 anos do nosso governo (que estão ocorrendo em todas as regiões do país) devem servir para mobilizar a militância e para a disputa política com a oposição. É preciso levar para o povo os avanços sociais, econômicos e políticos do governo do PT, consolidando nossa base social e eleitoral, preparando desse modo o terreno para 2014. Com a retomada do julgamento da Ação Penal 470 pelo STF, que deverá publicar os acórdãos e abrir prazos para a apresentação dos Embargos – que pleiteamos sejam acolhidos no mérito – o Diretório Nacional reafirma os termos da Nota da Comissão Executiva Nacional aprovada em 14 de novembro de 2012.
A sucessão de fatos positivos (o mais recente foi a extensão, a 2,5 milhões de pessoas beneficiárias do Bolsa Família, de um complemento de R$ 70 mensais para retirá-las da condição de extrema pobreza) tem exacerbado a agressividade da oposição—a partidária e a extrapartidária, representada pelo oligopólio midiático, por segmentos da burocracia do Estado e por setores do grande capital.
Contrários à redução da conta de luz, inconformados com a popularidade do PT, do Lula e da presidenta Dilma, baixaram o nível. Partiram para o ataque pessoal à presidenta Dilma e tentam desqualificar nossas iniciativas. Ao mesmo tempo, torcem pelo fracasso das políticas públicas governamentais.
À falta de projeto e de propostas, acenam com a volta da inflação – que está sob controle – -, criticam a política de investimentos, o ritmo das obras estruturais, o desempenho do PIB, os gastos sociais… Como se fossem insignificantes, em meio à maior crise do capitalismo mundial, os ganhos em distribuição de renda, a ampliação do mercado interno, a expansão do crédito popular, as taxas recordes de nível de emprego com carteira assinada.
A omissão de um dos pretensos candidatos a presidente a estes fatos, bem como a ausência da palavra “povo” em seu discurso de lançamento, são sintomáticos do que representaria o retorno desta gente ao poder.
Esta mesma oposição procura antecipar o processo eleitoral de 2014, apesar de não ter candidaturas definidas, para obstar a reeleição da companheira Dilma Rousseff. Jogam, então, numa expectativa de pulverizar a disputa entre vários (as) postulantes, na pretensão de, pela multiplicidade de eventuais candidaturas oposicionistas, provocar um segundo turno e, quem sabe, uma ampla frente capaz de impedir a continuidade do nosso projeto.
Vale lembrar que, desde 1994, renovam-se as tentativas de criar uma “terceira via”, um caminho alternativo à polarização entre o bloco conservador, liderado pelo PSDB, e o bloco popular, comandado pelo PT.
Cabe ao PT e a nossos aliados contribuirem, dentro e fora do Congresso Nacional, para a consolidação do governo da presidenta. São muitas as tarefas nessa direção, a começar pela mobilização social e pela aprovação de medidas importantes que tramitam na Câmara e no Senado. Além disso, precisamos garantir o sucesso das administrações petistas e populares nos municípios e Estados que governamos, pois, em sintonia com as políticas públicas federais, ajudam a melhorar as condições de vida da população.
A fim de manter a ofensiva, nossa militância precisa ir às ruas para celebrar os 33 anos do partido e reavivar as conquistas dos 10 anos dos nossos governos. Não se trata de, simplesmente, revolver o passado, mas, com base nas experiências exitosas, abrir caminho para novas realizações. Também vale a pena relembrar para a população o que foram os anos do neoliberalismo, para que o eventual esquecimento da tragédia não franqueie uma reedição como farsa.
É fundamental fortalecermos o movimento pela reforma politico-eleitoral, para corrigir distorções do sistema e favorecer uma maior participação do povo nas decisões de governo. Paralelamente ao trabalho de entidades da sociedade civil, o DN conclama nossa militância a coletar, este ano, mais de 1,5 milhão de assinaturas para apresentar ao Congresso Nacional um projeto de lei de iniciativa popular. O PT se associará à campanha por um Projeto de Lei de Iniciativa Popular em favor de um novo marco regulatório das comunicações, tal como proposto pela CUT, pelo Fórum Nacional de Democratização da Comunicação (FNDC) e outras entidades.
Ao longo da campanha do PED e da realização do 5º. Congresso Programático do PT, temos de revigorar o debate de idéias na sociedade. É uma oportunidade valiosa para atualizarmos o nosso projeto, partilhá-lo com a população, assimilar suas novas demandas e projetar o futuro. Da mesma forma que no 3º. e 4º. Congressos, o PT debaterá este ano com nossos aliados nos movimentos sociais do campo democrático e popular, na forma de um III Colóquio PT e Movimentos Sociais, a agenda dos avanços programáticos e das reformas democráticas e populares, no processo de preparação de nosso 5º. Congresso. Para o PT, a relação partido, governo e movimentos sociais permite, respeitada a autonomia e a independência dessas diferentes frentes de atuação pela transformação de nosso país, produzir agendas comuns que potencializem os avanços já acumulados rumo a outras e mais profundas conquistas para o povo brasileiro.
A despeito das dificuldades para a instituição de um marco regulatório para a mídia, o PT continuará lutando pelo alargamento da liberdade de expressão no País. Como um direito social, contra qualquer tipo de censura, restrição ou discriminação, e insistindo junto ao Congresso Nacional para que dê eficácia aos artigos da Constituição que disciplinam o assunto.
Solidário com as lutas dos trabalhadores, o DN saúda os (as) companheiros (as) da CUT, que completa 30 anos em 2013; saúda, também, os 90 anos do Sindicato dos Bancários de São Paulo e Osasco; e congratula-se com o Congresso da Contag, a se instalar dia 4 próximo em Brasília. Ao mesmo tempo, conclama a militância petista a engajar-se em grande esforço de mobilização por ocasião do dia internacional da mulher. No dia 08 de março, o lilás e o vermelho se unirão por uma sociedade justa, igualitária e sem discriminação ou opressão.
Fortaleza, 01 de março de 2013.
Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores.

PT defende em resolução censura à imprensa, e Rui Falcão convida jornalistas a apoiar proposta. Exagero? Então leiam!



Agora é para valer. O Diretório Nacional do PT divulgou uma resolução nesta sexta em que defende um “novo marco regulatório das comunicações”, que vem a ser o outro nome do “controle da mídia”, mera perífrase para se referir à censura. Eles são petistas e não desistem nunca.
O governo Lula tentou, mais de uma vez, criar mecanismos para censurar a imprensa. Deu com os burros n’água. Dilma Rousseff, até outro dia, dava sinais de que não entraria nessa. Nunca se sabe. Também até outro dia, ela reconhecia em FHC o arquiteto do Real e coisa e tal. Há duas semanas, vem esculhambando o tucano. Lula decidiu antecipar o calendário eleitoral e impôs à presidente uma agenda. Emparedada por más notícias e pelo pibinho, ela não teve como fugir. De todo modo, é pouco provável que ceda a esse aspecto da agenda em particular. Mas os petistas já encontraram uma saída. E Rui Falcão, presidente do PT,  deixou claro que espera contar com a colaboração dos jornalistas em seu projeto de censura. Ele quer ver os coleguinhas botando a corda no pescoço para que um de seus estafetas possa puxá-la quando necessário.
Na resolução, escreve o PT (em vermelho):
(…) o DN [Diretório Nacional] conclama nossa militância a coletar, este ano, mais de 1,5 milhão de assinaturas para apresentar ao Congresso Nacional um projeto de lei de iniciativa popular. O PT se associará à campanha por um Projeto de Lei de Iniciativa Popular em favor de um novo marco regulatório das comunicações, tal como proposto pela CUT, pelo Fórum Nacional de Democratização da Comunicação (FNDC) e outras entidades.
(…)
Não percam de vista o tal Fórum Nacional de Democratização da Comunicação (FNDC). Já volto a ele. Antes, vou me fixar em outros aspectos. O PT sabe que o governo federal, de moto próprio, não criará mecanismos oficiais de censura, como quer o partido. Então é preciso recorrer à galera. O petismo pretende apresentar uma emenda de iniciativa popular. É só uma forma de tirar o peso das costas de Dilma. É claro que, se o governo quisesse, impediria que uma porcaria como essa (entre outras) constasse da resolução. Mas sabem como é.. Dilma não vai ela mesma censurar a imprensa, mas permite que seu partido lance uma proposta cujo objetivo esse. Faz sentido! A presidente manteve, por exemplo, o pornográfico esquema de financiamento estatal da imprensa suja, cujos objetivos mais do que declarados são puxar o saco do governo, atacar a oposição e difamar o jornalismo independente.
O governo permite, assim, que a investida petista contra a liberdade de expressão seja lavada por uma suposta emenda de iniciativa popular.
Ao defender a tal regulamentação, Rui Falcão afirmou:
“Nós aprovamos um documento que enfatiza de novo a questão do alargamento da liberdade de expressão. Peço para vocês, jornalistas, que enfatizem essa questão. Ela nada tem a ver com censura ou controle (da mídia). Mas pode ampliar o mercado (de trabalho), garantir que vocês possam ter um código de ética reconhecido pelas empresas. Para que vocês não tenham uma matéria eventualmente adulterada ou mesmo apurar matérias que fraudem a consciência de vocês”.
É asqueroso!
É mentira! A regulamentação que os petistas e uma penca de movimentos de esquerda defendem agride, sim, frontalmente a liberdade de expressão, constitui censura e busca o controle de conteúdo da informação. Falcão poderia dizer o que significa “apurar matérias que fraudem a consciência” dos jornalistas. Vamos a um exemplo: digamos que um petista ladrão seja flagrado roubando o Banco do Brasil. Caberia a um jornalista eventualmente filiado ao PT alegar escrúpulo de consciência se escalado para fazer uma reportagem a respeito?
Vejam que coisa: o pedido de Falcão aos jornalistas, em que ele nega a pretensão da censura e do controle, já circula por aí. Que tal, então, a gente entrar no mérito do que diz a resolução? Lá está que o petismo usará como referência de sua luta o que foi “proposto pela CUT, pelo Fórum Nacional de Democratização da Comunicação (FNDC)…” Ok! A íntegra da  proposta do tal fórum, encampada pelo partido, está aqui. Destaco abaixo, em vermelho, alguns mimos do texto. Comento em azul.
O FNDC reivindica que este Marco Regulatório leve efetivamente à regulação da mídia, e contenha, também, mecanismos de controle, pela sociedade, do seu conteúdo e da extrapolação de audiência que facilita a existência dos oligopólios da comunicação que desrespeitam a pluralidade e diversidade cultural.
Viram? A “sociedade” teria “mecanismos de controle do conteúdo” do que é veiculado. Mas quem é “a sociedade”? Ora, todos sabemos! Trata-se de ONGs, sindicatos, associações disso e daquilo, movimento sociais, todos aqueles grupos que são controlados pelo… PT! Mas isso é pouco: seria preciso evitar a “extrapolação de audiência”. Se uma emissora, por exemplo, começasse a ter telespectadores demais, seria preciso dar um jeito de cortar suas asinhas. Como? Sei lá! O tal fórum dá uma pista de como seria esse “mecanismo de controle”. Leiam.
O FNDC propõe inclusão, na estrutura das empresas de Rádio e TV, de mecanismos que estimulem e permitam o controle público sobre a programação, como conselhos com participação da sociedade, conselhos editorais e serviços de ouvidoria.
A exemplo do que acontece na Venezuela chavista, rádios e TVs seriam comandados por “conselhos” populares, entenderam? Uma miríade de ONGs e movimentos sociais — tudo franja do petismo — decidiria a pauta do Jornal Nacional. O PT também não abre mão da possibilidade de punir jornalistas rebeldes. Mais uma proposta:
O FNDC propõe a criação de mecanismos de controle público, tais como conselhos de comunicação municipais e estaduais, agências reguladoras, ombudsman e Conselho Federal dos Jornalistas.
As emissoras ficariam sujeitas a essa borrasca de conselheiros, e os jornalistas, individualmente, seriam monitorados pelo Conselho Federal de Jornalismo — proposta já repudiada pela sociedade. O PT já arrumou um laranja para apresentar o texto. O órgão teria competência, imaginem só, para cassar a licença de jornalistas.
PublicidadeO fórum também está preocupado com as criancinhas, é certo!. No que diz respeito à publicidade, prega:
Quanto à influência da publicidade nas relações de consumo e na construção de subjetividade, em especial no período da infância, o FNDC defende:
- A necessidade de resgatar a plenitude do desenvolvimento da criança em virtude do assédio do mercado, fortalecendo os valores da infância, priorizando o ato de brincar e não o objeto, o brinquedo anunciado.
- Que as reais necessidades da criança sejam contempladas quanto à preservação da saúde, inclusive quando são evidentes os apelos publicitários para o consumo de alimentos inadequados e prejudiciais como gorduras trans e outros, camuflados em elaboradas mensagens publicitária
s.
Eu sempre fico fascinado com o verbo “resgatar”. Dá a ideia de que vivíamos no Éden antes de essa porcaria de capitalismo vir dar nas nossas terras. Digam-me cá: jogar pião, como joguei (e sou bom nisso até hoje, como constatei outro dia; sei fazer o bicho “dormir” na fieira… Alguns leitores, a esta altura, hão de perguntar: “Do que fala esse Reinaldo?”), é superior a brincar no iPad? Por quê? Uma criança, não sendo “assediada pelo mercado”, será assediada por quem? Por pedagogos do partido? Trata-se de uma linguagem rançosa, boçal, velha, que expressa uma concepção de educação que é prima pobre da doutrinação, que já é uma lástima. Mas entendo essas almas: depois de submeter os meios de comunicação à censura dos “conselhos populares”, o PT quer golpear também a sua receita publicitária. Quanto mais dependentes eles forem da Petrobras, do Banco do Brasil, da CEF e do próprio governo federal, melhor!
Se vocês lerem a íntegra da proposta que o PT tomou como modelo em sua resolução, encontrarão lá a reivindicação para que o estado passe a financiar as produções comunitárias. E quem é a “comunidade”? Bidu! A turma do partido. Faltasse besteira, lá vai outra: o fórum quer a volta da obrigatoriedade do diploma de jornalista.
Mas por quê?O PT chegou ao poder com a “mídia” que está aí — ou quase. Digo “quase” porque, na média, o jornalismo brasileiro já foi mais crítico, menos sabujo, mais independente, menos atrelado à pauta do partido do poder, mais corajoso, menos pusilânime diante daqueles que se querem “os donos do povo”. Quando na oposição, o partido jamais falou em controlar a imprensa. Ela lhe era útil, e o partido foi uma fonte inesgotável de dossiês e denúncias contra seus adversários. Algumas chegaram a ser estupidamente veiculadas pela imprensa, sem qualquer comprovação, tal era a intimidade do partido com jornalistas.
Hoje, essa imprensa, com importantes exceções honrosas, está muito mais rendida ao poder. Mesmo assim, isso parece pouco ao PT. O partido está em seu terceiro mandato no governo federal; tem chances imensas de conquistar o quarto mandato. Desde que as eleições diretas foram reinstituídas no país, é a agremiação mais bem-sucedida: venceu três das seis disputas… Tudo o mais constante, em 2015, serão quatro de sete. 
Cumpre, então, perguntar: que diabo de mal a imprensa livre faz ao PT? Em que prejudica os seus anseios? Ao contrário: até Lula reconhece ser ele próprio produto da liberdade de imprensa. Por que a sanha autoritária, a volúpia da censura? A resposta é óbvia: o partido quer o poder absoluto. Isso não significa que pretenda, sei lá, pôr a oposição na clandestinidade. Ele só quer torná-la irrelevante, demonizando aqueles que não se submetem à sua vontade. Lembram-se daquele blogueiro lulista que chegou a sugerir que reportagens procurassem identificar os que consideravam o governo ruim ou péssimo? É fascismo na veia!
Notem, ademais, que o “controle da mídia” voltou a ser pauta urgente e inegociável para os petistas depois da condenação dos mensaleiros. Eles não querem uma imprensa que possa, enfim, vigiar os seus corruptos, os seus peculatários, os seus quadrilheiros.
EncerroMas Rui Falcão, mesmo assim, quer o apoio dos jornalistas para a proposta. Diz que é tudo em favor do mercado de trabalho e da liberdade de expressão. O PT deu uma prova recente do que entende por pluralidade e imprensa livre: mandou seus bate-paus para a rua para xingar e agredir Yoani Sánchez. Na reunião que organizou a tramoia contra a blogueira, estava um homem de Gilberto Carvalho, que vem a ser um dos dois braços esquerdos de Dilma Rousseff.
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/pt-defende-em-resolucao-censura-a-imprensa-e-rui-falcao-convida-jornalistas-a-apoiar-proposta-exagero-entao-leiam/

A imprensa brasileira, com medo da regulação e assediada por patrulhas internas e externas, está se tornando uma agente da ditadura do falso consenso: emburrece o debate, sataniza a divergência e lincha pessoas por delito de opinião. Ou: Beijo na boca não pode ser a outra forma do escarro




Ontem você encararam com galhardia um texto longo. Aí eu me animo, né? Mais um do mesmo porte. Quem me detesta já desiste; quem gosta faz a festa.
*
Um deputado que não pensa segundo os cânones de certa militância política assume uma comissão da Câmara. Tem início uma campanha para esmagá-lo, à qual adere quase toda a imprensa, ao arrepio de qualquer fundamento que orienta a boa prática jornalística. O secretário particular de um governador de estado emitiu, antes ainda de ocupar a atual função, opiniões políticas distintas daquelas consideradas “progressistas”. Um colunista de jornal se sente no direito de cobrar desculpas desse governador, e o veículo no qual ele trabalha dá início a uma campanha de desmoralização do funcionário. Um senador, possível candidato à Presidência da República, chama o, digamos, “evento” de 1964 de “revolução”, e tem início uma patrulha agressiva porque, sustenta-se, o certo seria chamar de “golpe”. Pessoas e forças políticas que se oponham às posições consideradas “corretas”, quando não ignoradas, são impiedosamente ridicularizadas, tratadas como idiotas, vistas como expressões do atraso. A democracia brasileira está doente, e o nome dessa doença é intolerância. A imprensa, que deveria denunciá-la, transformou-se em agente do linchamento da divergência. Com medo a regulação, assediada por patrulhas internas e externas, torna-se, a cada dia, mais refém dos grupos de pressão e das militâncias organizadas. Quando não é ativamente fascitoide, é de uma pusilanimidade espantosa. Fecho este parágrafo assim: não existe esta sociedade de um lado só em nenhum lugar do mundo — ou, para ser mais preciso, em nenhuma democracia do mundo. Sociedade de massa de um lado só é fascismo.
Se um dia o PT conseguir emplacar o “controle social da mídia” (algum controle virá, fiquem certos; lembro que o projeto defendido pelo partido numa resolução do Diretório Nacional prevê controle de conteúdo), não terá tanto trabalho assim. Restará uma cidadela ou outra a colonizar, a domesticar, a domar, a dominar, a esmagar. O que Hugo Chávez conseguiu na Venezuela por meio da violência está sendo paulatinamente conquistado pelos petistas no Brasil por meio da cooptação e da ocupação das redações por uma forma de militância política que já dispensa a carteirinha de filiação. A fantasmagoria imaginada por Gramsci (que ele achava ser a redenção da humanidade, o tarado!) começa a se materializar. O teórico comunista italiano afirmava que o “Príncipe” moderno não era mais, obviamente, aquele de Maquiavel. O “Moderno Príncipe” era o partido político. E ele sintetizou, então, como seria a sociedade sob o comando dessa força — eu não resisto à provocação — verdadeiramente satânica:
“O Moderno Príncipe, desenvolvendo-se, subverte todo o sistema de relações intelectuais e morais, uma vez que seu desenvolvimento significa, de fato, que todo ato é concebido como útil ou prejudicial, como virtuoso ou criminoso, somente na medida em que tem como ponto de referência o próprio Moderno Príncipe e serve ou para aumentar o seu poder ou para opor-se a ele. O Moderno Príncipe toma o lugar, nas consciências, da divindade ou do imperativo categórico, torna-se a base de um laicismo moderno e de uma completa laicização de toda a vida e de todas as relações de costume”.
Bingo! É a definição do totalitarismo perfeito. Na sociedade antevista por Gramsci, é impossível pensar fora dos limites do que estabelece, então, esse “Moderno Príncipe”. Desaparecem as noções de crime e de virtude. Esse ente de razão dirá quando cada ato é o quê, de sorte que, sob certas circunstâncias, pode-se tomar o crime por virtude e a virtude por crime. A verdade desse coletivo passa a ser o imperativo categórico.
Naquele longo texto de ontem, em que afirmei que a causa gay está sendo usada como ponta de lança de uma ação maior contra a democracia representativa, comentei um texto de Vladimir Safatle (aquele humanista que toma um nascituro por uma lombriga). Ele chama a ação fascitoide contra Feliciano (e não! Eu não concordo com o deputado) de “o primeiro embate”. Segundo Safatle, as ações contra o parlamentar representam uma “profunda discussão” sobre “a sociedade que queremos”. Por alguma estranha razão, o seu “nós” — ele se refere aos brasileiros — não inclui o “eles”. O seu “nós”, de uma sociedade que chama “radicalmente igualitária”, exclui os que pensam de forma diferente porque seriam apenas manifestações do atraso. Trata-se da reiteração do pior lixo produzido pelas esquerdas em sua história. Foi com essa visão de mundo que o comunismo se tornou a maior máquina de matar que a civilização conheceu. Subjacente a esse pensamento está a convicção de que a humanidade tem um sentido e uma direção — no artigo, ele sugere que até a história tem uma moral intrínseca — e caminha segundo alguma lei da evolução. E, é evidente, a esquerda estaria no comando desse processo; estaria aí para acelerar a história. Como bom esquerdista, Safatle nem aprendeu nada nem esqueceu nada.
Sou, no entanto, realista e reconheço que eles estão avançando. Safatle mesmo só se tornou colunista fixo de jornal depois de ter tido a ousadia de especular, num artigo, sobre as virtudes da ação terrorista como um campo pouco explorado de um humanismo alternativo. Ele resenhava o livro de um delinquente intelectual chamado Slavoj Zizek. E, o que não me surpreendeu, conseguiu piorar o original. Vejo o noticiário de TV, leio jornais, revistas, sites… Escolhas políticas, valores ideológicos de grupos, patrulhas as mais odientas, tudo aparece como se estivéssemos diante de verdades universais. Nos dias de hoje, também o “Moderno Príncipe” de Gramsci passou por um aggiornamento. As minorias formam as células, que se organizam na rede, que é o partido. Aquilo que Marina gostaria de fazer, o PT já fez. Faz sentido. Ela é de lá. É que tem mais ambições do que o permitido… 
Poder-se-ia, ao menos, constatar, ainda que isso não mudasse o caráter autoritário do que está em curso: “Pô, Reinaldo, vivemos nesse mundo sem contraditório, mas reconheça que o Brasil está uma maravilha; estamos no caminho certo!” Pois é. Não estamos! Um país que não debate, que vive da reiteração das mesmas verdades, que sataniza o conflito de ideias, que busca eliminar a divergência, vai dar em quê?
Voltando ao começoO governador Geraldo Alckmin indicou para seu secretário particular um jovem advogado chamado Ricardo Salles. Não sei a idade, mas deve estar na casa do 30, 30 e pouquinhos. Não participou, portanto, do golpe militar de 1964. Antes de ser indicado para a função, integrou um grupo chamado “Endireita Brasil” — que era público, não clandestino. Ainda que pareça exótico aos ignorantes convictos, existe uma direita democrática. Já houve um tempo em que jornalistas sabiam quem era Churchill e ignoravam a Beyoncé da época, seja lá quem for essa… Frases ditas por Salles num debate no Clube Militar foram escandalosamente retiradas do contexto e lhe atribuíram o que não disse: ele teria negado a existência de tortura durante o regime militar. Não negou. Também se noticia em tom de escândalo o fato de que criticou os rumos tomados pela Comissão da Verdade. Mais: em algum momento, ele teria chamado a presidente Dilma de terrorista — o que ele nega. Não se reproduziu texto nenhum seu com essa afirmação.
Marcelo Rubens Paiva, colunista do Estadão e filho do deputado Rubens Paiva — que desapareceu em janeiro de 1971, sequestrado pela ditadura — passou a pedir a cabeça de Salles, campanha endossada de maneira mais do que indiscreta pelo Estadão, por meio de reportagens. Marcelo foi além e exigiu, imaginem só!, uma “retratação” de Alckmin. De súbito, parecia que o governador e seu secretário eram, sei lá, dois agentes da ditadura.
Marcelo já andou me criticando por aí. Respondi com bom humor. Ele pode achar que não tenho o direito de pensar o que penso, mas defendo o direito que ele tem de pensar o que pensa. Na minha República, haveria pessoas como ele; na sua, desconfio que eu seria banido. Ele pode achar que assim seria porque é melhor do que eu. Prefiro achar que assim seria porque sou mais tolerante do que ele, ainda que eventualmente ele possa ser melhor do que eu.
Acho absolutamente compreensível que ele tenha uma percepção especialmente aguda, dura mesmo, daquele período. Certamente não foi fácil para ele e para sua família. Eu defendo a Lei da Anistia e acho um absurdo que a Comissão da Verdade esteja forçando a mão para ir além do que estabelece essa lei e a que criou a própria comissão. Mas me coloco na situação de Marcelo e me pergunto se eu também, vivendo o que ele viveu, não pensaria algo parecido. Tivessem sequestrado meu pai, seu corpo não tivesse aparecido até hoje, com a memória do sofrimento da família… Talvez eu quisesse revanche. Faço essa observação para deixar claro que não arbitro sobre questões e dores pessoais.
“Não é questão só pessoal; é também política!”, poderia objetar um indignado apressado. Sim, eu sei. Mas nem a dor de Marcelo o autoriza a cassar de alguém o direito à opinião. Tampouco o autoriza a cobrar do governador uma retratação. Por quê? Com base em quê? E, se é de política que estamos falando, indago: o filho de Rubens Paiva cobrou, alguma vez, retratação de Lula por sua proximidade com alguns próceres do regime militar, incluindo signatários do AI-5? Exigiu retratação de Fernando Haddad por ter se abraçado a Paulo Maluf na eleição para a Prefeitura de São Paulo — ou também Marcelo, a exemplo de Marilena Chaui, acha que, agora, “Dr. Paulo” deixou de ser um homem da ditadura para ser apenas um engenheiro? Salles não tem uma fatia do governo do Estado. Maluf tem um fatia da Prefeitura. Salles tem apenas uma opinião. Maluf é poder.
Sem jamais relativizar os fortes motivos que tem Marcelo, eu me pergunto em que medida o passado está sendo usado para cuidar de demandas que dizem respeito ao presente. Estou tratando de matéria de fato, não de opinião: em 2013 (e desde 2003), é o PT que está próximo de fiéis servidores da ditadura, não Alckmin ou o PSDB. O governador não participou do golpe, tampouco seu secretário, que talvez tenha nascido já na década de 80.
Comissão da VerdadeTenta-se fazer um escarcéu porque Salles seria “crítico” da Comissão da Verdade. Eu também sou. E daí? E fui perseguido pela ditadura, o que não é o caso de boa parte dos patrulheiros. Alguns tontos nem sabem do que estão falando. O grupo começou os trabalhos anunciando que ignoraria o próprio texto que o instituiu. Existe para apurar também os crimes de grupos terroristas. Já deixou claro que não vai fazê-lo. O respeito à Lei da Anistia é pressuposto de sua existência. Paulo Sérgio Pinheiro, o coordenador da comissão — e outros membros se manifestaram nesse sentido —, já evidenciou o seu inconformismo com esse limite. A questão não é só de gosto, mas também jurídica. A Lei da Anistia é parte do arcabouço legal que instituiu a Constituinte no país. Ademais, anistia — e já houve outas — quer dizer esquecimento (no quer tange às questões criminais e políticas), não absolvição.
Ora, então não se pode ser um crítico da Comissão da Verdade — ou mesmo se opor à sua existência na esfera da opinião (já que nada se pode fazer a respeito) — sem que isso transforme o indivíduo num agente da ditadura? Tenham paciência!
TerrorismoSalles nega que tenha chamado a presidente Dilma de “terrorista”. Acredito nele. Também já me atribuíram tal coisa, e nunca ninguém encontrou o texto. O que escrevi, sim, e escrevo de novo agora, é que ela pertenceu a dois grupos terroristas. A presidente não é, obviamente, terrorista. A militante Dilma Rousseff foi. Não é matéria de gosto, mas de fato. Claro, claro, sempre se pode argumentar que o Colina e a VAR-Palmares, que lutavam por uma ditadura comunista e mataram inocentes em sua trajetória, só queriam democracia. Essa é certamente a conclusão a que a Comissão da Verdade já chegou — daí que não vá investigar os crimes de organizações do gênero. Mas essa é só uma das mentiras que vai contar essa comissão.
Qual é o problema do nosso jornalismo em encarar os fatos? Dilma tem orgulho de sua biografia. Já deixou isso claro mais de uma vez. É ilegítimo que pessoas possam ter uma abordagem crítica, negativa se for o caso, sobre o seu passado? Por quê? Porque Salles pensa o que pensa, isso faz dele um agente da ditadura, um homem conivente com a tortura, alguém impossibilidade de exercer a função que exerce?
Um jornalismo que se entrega a essas especulações há muito abandonou o sua missão. Está fazendo campanha eleitoral antecipada.
Golpe ou revolução?Nesta quinta, foi a vez de o senador Aécio Neves (PSDB-MG) entrar na dança. Num evento do seu partido, num dado momento, referiu-se a 1964 como “revolução”. A patrulha imediatamente apareceu: “Ah, ele chamou golpe de revolução”; “revolução é como os militares chamaram o seu golpe”. Ora, até outro dia, os mesmos jornais que davam curso a essa questão ridícula referiam-se, em editoriais, àquele período como “Regime Militar”, e ao golpe como “Movimento Militar de 64”. E não era por imposição da censura nenhuma!
Era evidente que o senador não estava fazendo uma escolha política. Referiu-se àquele tempo por uma das expressões pelas quais ficou conhecido. Nada além disso. A conversa mole que se seguiu é só mais uma manifestação desses tempos estúpidos, de embotamento da inteligência. Sem contar que foi Tancredo Neves um dos protagonistas do fim do regime militar.
E não que essas coisas não devessem ser debatidas. Desafio qualquer historiador a provar, com dados objetivos e exposição de critérios do que seja uma coisa e outra, que 1930 tenha sido uma “revolução” e 1964 “um golpe”. Aí o tontinho patrulheiro se assanha: “Lá vai o Reinaldo tentar provar que os militares fizeram revolução”. Não, Zé Mané! Eu afirmo que 1930 também foi GOLPE, escancarado sete anos depois. Não existe revolução sem povo! De resto, povo por povo, havia muito mais em 1964 do que em 1930. A República brasileira, como sabe qualquer estudioso, foi inaugurada com uma quartelada.
Então por que 1930 é “revolução”, o ditador Getúlio Vargas é um herói, e 1964 é “golpe”, e os militares passam por esse processo de banditização? Por ideologia rasteira. Os nossos historiadores se debruçaram sobre 1930 e enxergaram ali o confronto entre progressistas e reacionários, entre o Brasil arcaico e o Brasil moderno. Como se chegou à conclusão — e nem contesto o mérito — de que houve um avanço, então é “revolução”. Já 1964 foi apenas “golpe” porque se entendeu que a nova ordem veio obstar a ascensão das camadas populares revolucionárias… As camadas populares revolucionárias não passavam de meia-dúzia de radicais, que não resistiram ao primeiro tiro. Aliás, não se disparou em 1964 tiro nenhum. Também a ambicionada “revolução socialista” não tinha… povo!
Um amante da objetividade é obrigado a indagar se os pobres brasileiros melhoraram ou pioraram de vida com o “golpe”. A pergunta pode ser feita ao metalúrgico Lula, depois sindicalista, que viveu a era do milagre e tinha, como já confessou em entrevista, o seu “carrinho”. Ia namorar de táxi, ele contou — um luxo a que o trabalhador brasileiro não se entrega ainda hoje.
O mesmo critério que chamou de “revolução” a ditadura inaugurada em 1930 — “é o moderno vencendo o arcaico” — poderia transformar em “revolução” também o movimento de 1964. Também nesse caso o “moderno vencia o arcaico”. Ah, mas, no regime militar, houve tortura e morte. E durante o Estado Novo? Ora…
Caminhando para a conclusãoO Brasil precisa é de mais debate, não de menos; o Brasil precisa é de mais divergência, não de menos; o Brasil precisa é de mais dissenso, não de menos. E precisa de mais respeito às regras do estado democrático e de direito, não de menos.
E olhem que isso tudo pode ser feito com muito beijo na boca.
Que as bocas se beijem como expressão da tolerância, não para ofender aquele de quem se discorda. Beijo na boca que ofende, modificando um pouco o que disse o poeta, é só a outra forma do escarro.
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/a-imprensa-brasileira-com-medo-da-regulacao-e-assediada-por-patrulhas-internas-e-externas-esta-se-tornando-uma-agente-da-ditadura-do-falso-consenso-emburrece-o-debate-sataniza-a-divergencia-e-linc/

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