segunda-feira 05 2013

O pouso forçado de Sérgio Cabral: decreto estabelece dez regras para uso de helicópteros oficiais

Rio de Janeiro

Aeronaves só poderão decolar "em missão" ou por "questões de segurança", para uso pelo governador, vice, secretários, chefes de poderes e presidentes de autarquias

20 de junho - 13h04: Cabral e o filho Marco Antono embarcam no Agusta, aeronave comprada em 2011 por 15,7 milhões de reais, rumo ao Palácio Guanabara, que fica a uma distância de apenas sete quilômetros
20 de junho - 13h04: Cabral e o filho Marco Antono embarcam no Agusta, aeronave comprada em 2011 por 15,7 milhões de reais, rumo ao Palácio Guanabara, que fica a uma distância de apenas sete quilômetros - Oscar Cabral

Um decreto publicado nesta segunda-feira no Diário Oficial do Estado do Rio estabelece dez regras para o uso de helicópteros oficiais “no âmbito da administração pública”. O decreto é uma reação à repercussão negativa para o governador Sérgio Cabral das revelações de que as aeronaves do estado servem a viagens de fins de semana e para o transporte diário, feitas por VEJA. A medida também atende uma recomendação do Ministério Público para que o Executivo criasse regras para o uso dos helicópteros.
Basicamente, o decreto 44.310 de 2 de agosto de 2013 formaliza o que foge ao bom senso das autoridades: as aeronaves devem ser usadas apenas para “desempenho de atividades próprias da administração pública estadual”. Em missão ou oficial ou “por questões de segurança da autoridade”. Podem usar os helicópteros o governador, o vice, os chefes de poderes, os secretários de estado e os presidentes de autarquias e empresas públicas.
Sempre que solicitar uma aeronave, a autoridade deverá informar data e hora do voo, motivo do deslocamento, trajeto, tempo previsto de permanência e lista dos passageiros. O decreto também transfere três helicópteros da Casa Civil para a Polícia Civil, a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros. O descumprimento das novas regras implicará em abertura de sindicância e processo disciplinar.
Justificativa – O voo de Cabral até a "humildade" foi longo, demorado e custou ao governador pontos preciosos de aprovação num momento em que já era ele o principal alvo dos protestos de rua no Rio e, mais recentemente, no Brasil. Confrontado com os motivos para o uso cotidiano de helicópteros de sua residência, no Leblon, até o Palácio Guanabara, em Laranjeiras, Cabral afirmou que “não era o único” a fazer esse tipo de viagem, e alegou ter direito também de usar a aeronave para transportar sua família, empregados domésticos e o cachorro Juquinha do Rio a Mangaratiba, na Costa Verde, para passar fins de semana.
Há duas semanas, a pesquisa CNI/Ibope aferiu a popularidade dos governadores, e revelou que, no Rio, apenas 12% da população aprovam o governo Cabral. Desde então, a estratégia de comunicação do governo Cabral passou a incluir aparições públicas – como na visita às vítimas do rompimento de uma adutora, na Zona Oeste. O governador admitiu, na semana passada, que cometeu “erros de diálogo” e disse que precisava de mais "humildade".
(Com Estadão Conteúdo)

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