segunda-feira 05 2013

Neil Ferreira: Pobre cãozinho rico, obrigado a andar de helicóptero barulhento — e sem primeira classe

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Juq**nha, pobre cãozinho rico, obrigado a viajar de helicóptero, geringonça barulhenta sem primeira classe (Foto: VEJA)
Juq**nha, pobre cãozinho rico, obrigado a viajar de helicóptero, geringonça barulhenta sem primeira classe (Foto: VEJA)
Por Neil o melhor amigo do cão Ferreira, publicado no Diário do Comércio da Associação Comercial de São Paulo
POBRE CÃOZINHO RICO
É o Juq**nha; combinei com seu assessor de comunicações, ex- do Neymar, que não escreveria seu nome por inteiro para preservar a sua privacidade, tão desrespeitada há pouco tempo.
É tão riquinho que poderia ser o cãozinho de estimação do Eike antes da queda. Poderia ser enfeitado e aprisionado com uma coleirinha de strass, adornada com com pedrinhas de diamantes, com o nome Eike bem legível, como outra histórica e belíssima propriedade desse novo pobre.
Seria igualzinho a essa outra propriedade impressionante, que já foi dele há alguns bilhões de dólares e que ostentava a mesma coleirinha em ocasiões especiais como o Tríduo Momesco, pra mostrar pra plebe rude quem era o proprietário daquela propriedade acima de qualquer valor e possibilidade de imitação, o que aumentaria seu suposto valor de mercado — até um Van Gogh pode ser imitado.
Ela, porém, volátil, voou das chamas de um suposto calor insuportável, salva que foi pelo esforço heroico de um musculoso bombeiro – tanquinho.
Propriedade que foi do Eike, me é impossível descrevê-la com o meu pobre cabedal de palavras e imaginação; missão a ser confiada ao Reynaldo de BH e seu vizinho de blog, o Caio.
Eles poderiam estar aqui comigo, tomando um chopis e dois pastel e sofrendo em busca das palavras justas no balcão de algum pé sujo de nomeada. Os dois falam bem de mim no blog-revista do Ricardo Setti, isso sim é que é chacrinha da boa, da pura, da legítima, da escocesa. Mas estou só.
“Não me deixem só” choramingou um ogro, êmulo do personagem rodrigueano, Palhares O Canalha, que vivia saboreando, ou tentando saborear, as vergonhas íntimas da cunhada pra lá de gostosa (cunhada do Palhares, um dos meus dois neurônios de plantão adiciona, tremendo de medo).
Se ainda não atingi a confusão na minha escrita, necessária para sua compreensão, vou buscar socorro na garrafa de Jack Daniel’s , pois a humanidade teima em viver duas doses abaixo do normal, como pontificou Frank Sinatra, um dos meus filósofos prediletos. Falô e disse.
É por isso que o povo popular é tão perdidão que vota no Lula e em quem o Lula manda votar; é um povo popular perdidão por ter sido aleitado com a 51.
Sugiro que a Estela “Minha Cumpanhera d´Armas” institua com urgência urgentíssima e por Medida Provisória a Bolsa Jack Daniel’s, pra ganhar aquele restinho de Classe Mérdia de verdade, que ainda por milagre sobrevive, antes que algum aventureiro o faça — e aí babau reeleição em 14.
Sendo a propriedade exclusiva do Eike vista apenas num relance, Proudhon cunhou sua frase: “Toda propriedade é um roubo”. O MSL, Movimento dos Sem Luma, convocaria a cumpanherada pra parar com essa besteira de quebrar o Quebódromo da Paulista e se juntar às nossas fileiras pra tentar a invasão e coletivização dessa propriedade que, com a sabedoria do Top Top Garcia, seria declarada improdutiva pelo Foro de São Paulo.
Rico é improdutivo, sabe-se; e sabe mais um certo produtivo bombeiro acima citado. Certo porque acertou na Mega Sena existencial e ninguém rasga.
A modelo Luma de Oliveira, no Carnaval de 1998, no desfile da Tradição, utilizando uma coleira com o nome do marido, o até então discreto milionário Eike Batista. Os dois se separaram em 2004.(Foto: João Wainer / Folha Imagem)
A modelo Luma de Oliveira, no Carnaval de 1998, no desfile da Tradição, utilizando uma coleira com o nome do marido, o até então discreto milionário Eike Batista. Os dois se separaram em 2004 (Foto: João Wainer / Folha Imagem)
Conheço Juq**nha só por fotos, granfininho com retrato nos jornais e nas colunas sociais e políticas, de onde voou para as páginas policiais, seguindo as gloriosas pegadas do “Cachorro também é gente” e do bode “Galeguinho”.
Parece um poodle de cabelo cortado, da raça pura dus brancão duzóio azur, culpada como disse nosso Principar Inconomista, pela crise mundial de 2008 e que aqui seria uma “marolinha”. Afundei e me afoguei na marolinha, afogado estou e permaneço; pra mim, somados os anos, a marolinha virou o maior tsunâmi.
O Chefão do território, pai do dono do Juq**nha , quase o matou de humilhação ao inventar e estrelar o “Dançando Com o Guardanapo na Cabeça”, musical lançado mundialmente em Paris.
Ainda por cima obrigou seu filho e o Juq**nha a viajarem por cima, de helicóptero, geringonça barulhenta sem primeira classe e de lanchinho, “Senhor Juq**nha, barrinha de cerais?”
Depois da chegada, tem de aguentar o cerco do seu apêsinho de um andar inteiro, ou cobertura duplex, esqueci de perguntar, tal o pesar que senti pelo pobre riquinho.
Se eu fosse catapultado à pobreza, com a cota diária de Jacke reduzida pela metade, me regozijaria mesmo assim, feliz na pobreza, como ensinou Chico de Deus.
No bairro pobre do Leblon onde reside, cito o Juq**nha: “Sitiado por gente feia, mal vestida e pobre querendo quebrar, tocar fogo e pichar tudo por pura dor de cotovelo, a choldra banguela vaiava e xingava o pai do meu dono. ‘Ladrão!’ Até o papagaio da vizinha deu suas bicadas ‘Currupto paco papaco!’ Já estou fingindo que não o conheço”.
Sobrou ao Juq**nha bater um papinho com o lhasa-apso Caetano, habitante do Arpoador, periferia pobre do Leblon pobre; o lhasa-apso tem um jeitinho meio “assim”.
Chico de Deus deu o nihil obstat às pessoas como o Caetano, mas Juq**nha, por mais liberal que se afirme (cão de político, político é) ainda assim guarda forte preconceito existencial.

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