sexta-feira 01 2013

Vinhos Italianos do Passado e do Presente

 Revista Junho 2013

A história dos vinhos na Itália remonta da Pré História; sementes de uvas e sedimentos de vinho foram encontrados em sítios arqueológicos datados de 1.200 a.C. Suas ilhas do sul e terras do norte, que na antiguidade clássica receberam visitas de tribos bárbaras e mercadores de todas as partes da Europa e África, absorveram influências culturais de cada um destes povos, mas são, sem dúvida, os romanos que arraigaram o valor do vinho no subconsciente coletivo do país.
Disse o poeta romano Horácio que “poema algum jamais foi escrito por um bebedor de água”, e, independentemente da verdade contida ou não nesta máxima, ela apenas comprova parte do valor que os romanos atribuíam a bebida, creditando ao vinho, inclusive, a qualidade de um presente dos deuses – mais especificamente um presente de Baco, ao qual festejos e celebrações eram dedicados, sempre regados a muito vinho.
A Itália era conhecida pelos gregos, na Antiguidade
como “Enotria:” Terra dos Vinhos.
baco
As inúmeras estátuas e pinturas de do deus Baco espalhadas pela Itália mostram a importância do vinho no Império Romano.
A influência dos romanos sobre a viticultura italiana se inicia com a expansão do Império para a ilhas da Sicilia e Sardenha. Enquanto outras partes do território que, no futuro viria a se transformar na famosa bota, recebiam influências vinícolas de gregos e etruscos, os romanos que se estabeleceram em territórios da Itália desenvolveram muitas das técnicas que são ainda usadas não apenas no país como também ao redor do mundo até os dias de hoje: maturação e envelhecimento, conservação em barris de carvalho e escolha de variedades cultivadas conforme o território em que melhor estas se desenvolviam, são parte do legado deixado pelo Império Romano a Itália, e repassada às demais regiões produtoras de vinho no mundo com o passar dos séculos.
Muito embora a queda do Império tenha desestruturado a cultura do vinho na Itália, ela jamais foi abandonada por completo. Com o alvorecer da Revolução Industrial, a partir do final do século XIX, a vinicultura da Itália passou a desenvolver novas técnicas, desenvolvendo suas castas locais e firmando sua identidade e reputação como dona de alguns dos melhores rótulos do planeta.
Sendo atualmente o maior exportador de vinhos mundial e o segundo país em maior produção, a Itália conta com uma diversidade de rótulos suficiente para entreter um grande apreciador por toda uma vida. São cerca de 18.000 nomes, quer produzidos por grandes ou pequenas vinícolas, cujas vinhas podem se originar tanto de terras nobres ou camponesas; praticamente não há lugar na Itália onde pelo menos uma plantação de videiras não possa ser encontrada.
mapa-italia
Praticamente todas as regões da Itália produzem vinho.
As principais regiões produtoras se dividem, em linhas gerais, em Norte, Centro e Sul. No norte, encontramos a região de Piemonte, com seus vinhos Barolo e Barbaresco, além de inúmeras vinhas dedicadas a produção de espumantes, vinhos tintos e em maior escala, vinhos brancos. A região central concentra a lendária Toscana e seu arredores, ainda hoje na linha de frente entre os vinhos de primeira grandeza italianos. Nas ilhas do sul, as já mencionadas Sicilia e Sardenha, mantendo viva a tradição mediterrânea de vinhos tintos mais potentes e alcoólicos, e também a de especialidades, como o fortificado Marsala.
Em cada uma das grandes regiões, inúmeras micro-regiões produzem seus vinhos a todo o vapor, protegendo seus nomes e marcas sob legislações de qualidade, necessárias em vista da quantidade enorme de produtores do país, que provavelmente alcança a casa dos milhões.
“Vino di Tavola” é como é chamado o vinho de mesa comum,
italiano. Outras denominações, tais como a IGT, DOC e DOCG, trazem vinhos de qualidades mais controladas, mediante legislação dos órgãos vinícolas.
Durante as décadas de 1980 e 1990, a Itália concentrou grande parte de suas energias na valorização das produções de Cabernet Sauvignon e Chardonnay, mas retorna agora ao passado, redescobrindo e explorando as possibilidades de uvas locais e autóctones, tais como a Barbera, a antiga Malvasia, a Montepulciano e a Nebiolo.
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Tradições antigas e modernidade se unem na vinicultura italiana de hoje.
A influência externa, trazida dos vizinhos franceses e também de outras regiões produtoras da Europa e do mundo continua, entretanto, a se fazer presente nas produções atuais, que ao do contrário do que se pode pensar, se configuram numa transformação positiva dos vinhos italianos, misturando as tradições antigas com a modernidade, na elaboração de uma identidade própria, cada vez mais características das terras prediletas de Baco.
https://www.clubedosvinhos.com.br/vinhos-italianos-do-passado-e-do-presente/

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